CORES da nossa memória!
Branco, branco de cal, sempre na tela
Nos povoa memória, nos enche a vista.
Rodapé azul, grená, barra amarela
Cultura de povo, nascente de artista.
Castanho ocre da paisagem ressequida
Verde cinza dos montados e olivais
Preto de viúva, primavera já esquecida
Florescente no seu tempo até nos matagais.
Searas verdes, boninas, rubras papoilas
Giestas, urzes, jeans em rosadas moçoilas
Apanhando ramo d’espiga nos trigais.
Trigo louro, talha barroca num altar
Azulejo, azeite, tinto, pão alvar
Branco absoluto, desejo de mortais!
Escrito em 1988.
Publicado no Jornal “Fonte Nova” em 22/09/1988.