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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

O Amarelo é ou não uma Cor bonita?!

Passeio ao “Cabeço das Antenas”: Imagens (III)

Giesta amarela florida. Foto original. 2021. 04. jpg

A 1ª foto é de uma giesta florida, em toda sua explosão de amarelo.

São arbustos autóctones, que proliferam naturalmente por estes campos. Face ao contexto ambiental têm a particularidade de serem apreciadíssimas pelo gado: lanígero - ovelhas, e caprino - cabras.

Mesmo no final do Verão, as sementes são um maná para este gado. Havendo estes animais nos terrenos, desbastam-nas e assim controlam a respetiva propagação. Lembre-se do terreno que mostrei no anterior postal. Aqui não há sinais de gado e é pena! Como se observa também na imagem seguinte.

Pinheiral no Cabeço Antenas. Foto original. 2021. 04. jpg

As antenas, rodeadas do pinheiral, que abunda excessivamente em toda a encosta.

Sobreiro no matagal. Foto original. 2021. 04. jpg

Foto do matagal, um sobreiro e vislumbrando ao fundo, novamente a Cidade!

Sobreiro descortiçado. Foto Original. 2021. 04. jpg

Sobreiro descortiçado em 2018.

Já agora... Sabe quando será novamente descortiçado?

Eucalipto. Foto original. 2021. 04. jpg

Uma exótica, à beira do caminho! Não são muitas nestas encostas, apesar de tudo. São mais os pinheiros.

Carvalhinho negral. Foto original. 2021. 04. jpg

A Natureza sempre a renovar-se: um pequeno carvalho negral, novíssimo.

Pinheiral. Foto original. 2021. 04. jpg

O pinheiral excessivo. A pedir um desbaste radical.

Fetal. Foto original. 2021. 04. jpg

E terminamos, já no vale do Boi D’Água, com a imagem de um fetal.

Também autóctones, estes fetos. Neste vale, corre um ribeiro atrevido, perto há uma cascatinha que o ajuda no caudal sempre murmuroso, entoam sinfonias os rouxinóis, coadjuvados por melros, outras passaradas que desconheço nomes... e insetos.

Um deleite para os ouvidos!

E o que espera para fazer caminhadas?!

Votos de muita Saúde. E linda Primavera. Aliás, floridíssima!

 

 

Pastor a Tempo Parcial

“Eu nunca guardei rebanhos

Mas é como se os guardasse.”

Alberto Caeiro

  

 Pastor a Tempo Parcial

 

Rebanho... Foto de F.M.C.L. (início anos 80)

 

Ovelhas, andei a guardá-las

Como se as não guardasse

No meio delas, a olhá-las

Não tardava me ausentasse.

 

Com elas falava, só falando

Gritava-lhes, estando calado

Ouvia-as, não as escutando

Festas fazia com o cajado.

 

Acariciava-as, magoando

Mandava o cão que não ia

Ou ia não o mandando

E, ao chamá-lo, fugia.

 

Ao vedar-lhes o trigal

Era certo que lá estavam.

Onde quer que fosse mal

Insistindo elas teimavam.

 

Se do fruto as separava um muro

Quantas vezes o galgavam.

E por um figo maduro

Corriam mal o cheiravam.

 

Era louca a correria

Ao cobiçado troféu.

Todo o rebanho fugia

E atrás dele ia eu.

 

Pequenos e fracos ficavam

Coxeando mais atrás

Pouco a pouco se atrasavam

Andando o que eram capaz.

  

Pela água ia tudo

Se fartando de beber.

Comendo figo ou embudo

Acabavam por morrer.

 

Morriam ovelhas, tal e qual

A Mestre de Filosofia

Que embude a cicuta é igual

Só que, à data, eu não sabia.

 

As ovelhas são assim

Sempre em rebanho.

Muitos homens, outrossim

São iguais, de igual tamanho.

 

À cabeçada, por vezes,

Lutavam duas ou mais.

E entre os cornos soezes

Sangue escorria demais.

 

Nove, dez horas, aquece

O sol quente de verão

Cada chocalho estremece

Na corna amarrada ao chão.

 

Em fila indiana indo

Sempre no mesmo carreiro,

Ao acarro vão seguindo

Na mesma azinheira ou sobreiro.

 

Primavera, erva e cheiros tantos

Dá gosto vê-las espalhadas

Aquecendo lanudos mantos

Pastando nas abrigadas.

 

De brancas ondas um mar

Na verdejante relva dispersas

Nas lombas, filhos a dormitar

Manchas brancas mais diversas.

 

Espelham reflexos de luz

Num verde "Mar da Palha"

Na erva que tanto as seduz

Tirá-las daí…Deus nos valha!

  

Era então que o sol

O fascínio da luz e da cor

Sinfonia de rãs, grilos e rouxinol

Das mil e uma ervas o odor…

 

Me afastavam do rebanho

Sem sair do meio dele.

O caminho era tamanho…

Partia, deixando a pele.

 

O apitar do comboio, ao longe

Era um convite à viagem.

Naquele deserto de monge

Seguia a minha miragem.

 

Uma águia esvoaçando

Meu passaporte assinava.

Era então, quando

Eu, com ela, voava.

 

Este poema, de inícios dos anos oitenta, é versão rimada de outro escrito em finais de setenta.

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