Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Estou quase a encerrar este ciclo sobre “Descortiçamento”, no Ervedal, em Aldeia da Mata.Tarefa agroflorestal por demais icónica!
Realizada em propriedade nossa e também no Ervedal do Srº José Mendes, atualmente dos herdeiros.
Neste postal nº 1057, documento com foto de um sobreiro situado na linda das propriedades, mas na parte dos terrenos anteriormente mencionados. São geralmente sobreiros melhores e mais antigos.
Este, que tutela o texto, terá cerca de cento e cinquenta anos, segundo me informou o eng. Nuno. Na respetiva tirada, na ação propriamente extrativa, envolveu três tiradores da cortiça, dois dos quais subiram ao sobreiro, conforme documenta a escada.
Fiz um vídeo sobre as várias fases do processo. E foi no final desta função que tirei uma foto de conjunto dos envolvidos em todo este “Descortiçamento”.
Foi também quando entrevistei o empresário João Alves e o filho, eng. Nuno Figueiredo. Os outros artistas não quiseram ser entrevistados. Estava na hora da bucha e de ligeiro descanso e descontração. Estavam visivelmente exaustos! Eram cerca das nove horas.
Acabei por não lhes perguntar os nomes, como pretendia. Penso concluir estas crónicas, documentando com foto final, em próximo postal, que pretendo publicar em “Apeadeiro da Mata”. Nomearei aqueles cujo nome sei, pois, por mais tentativas telefónicas que tenha feito, ainda não o consegui.
Mas isso será assunto para outro postal.
Votos de Saúde. De Paz!
Que goze o Verão que parece estar realmente a chegar.
A saga do Descortiçamento no Ervedal – Aldeia da Mata – Crato
(15 de Junho de 2022)
Relativamente a esta tirada da cortiça, Caro/a Leitor/a, dissera eu que poderia ter pensado: “Mas que pipa de massa este gajo terá ganho!”
Lancei essa pergunta em anteriores postais, prometi divulgar o assunto, tanto a “Cheia”, como a “Rykardo”.
Lembro que esta venda a um empresário do ramo, incluiu também uns eucaliptos.
Atentem, meus caros! A verba que recebemos foi, nem mais nem menos, quinhentos euros! Uma fortuna, já se vê! Nem chega a um ordenado mínimo!
E ainda sobre este descortiçamento de 2022, friso que o empresário, o Sr. João Alves, que conduz a furgoneta onde vai transportando as pranchas de cortiça, traz, nesta faina, cinco pessoas, nas quais se inclui o filho, engenheiro Nuno Figueiredo, que como comentei com o pai “mede meças”!
Esta faina é sazonal e os trabalhadores são temporários nestas funções. Não sei se, além do filho, alguns dos outros profissionais serão efetivos na empresa.
Na data mencionada, a atividade envolveu o conterrâneo António Caetano, um senhor com quem nunca cheguei a falar e mais dois senhores, um da Cunheira, que enquadrei em postal e outro do Crato. Apesar de ter falado com eles, não cheguei a perguntar-lhes os nomes. Pensara fazê-lo numa entrevista final, mas quando surgiu essa possibilidade, no intervalo que efetuaram cerca das nove horas, para breve descanso e uma bucha, eles não quiseram ser entrevistados. Estavam visivelmente extenuados e esfomeados. Naturalmente.
Iniciam o trabalho pelas seis horas da manhã, andam numa lufa-lufa três horas seguidas, fazem essa pausa cerca das nove horas, para comerem e relaxarem um pouco e continuam até às treze horas.
E quanto ganha cada trabalhador?!
Já respondi em comentários, tanto a “Cheia”, como a “Rykardo”.
Ganham cem euros limpos, por dia. E o empresário paga-lhes seguro e segurança social.
O que ronda cerca de 150 euros diários por cada trabalhador.
Estes são assim alguns dados sobre esta atividade tão peculiar.
E porque divulgo nos blogues estas narrativas sobre “Descortiçamento”?!
Porque, nas já algumas dezenas de anos de vida que tenho, este ano foi a primeira vez que assisti a esta faina. Provavelmente nunca mais presenciarei esta atividade!
Cumulativamente, ocorreu em propriedade nossa e em sobreiros que meu Pai e eu semeámos.
A atividade, per si, é por demais digna de relevo, divulgação, registo. É única, sazonal, periódica, merece valorização e ser dada a conhecer. Pena tenho que ainda não consiga deixar registados alguns dos vídeos que gravei!
É um trabalho artesanal, ancestral, quem sabe se, daqui a alguns anos, terá continuidade?! Pouca gente sabe fazer, são profissionais já não muito jovens. A pessoa mais nova está na casa dos quarenta. Os outros cinquenta e sessenta.
Em Almada, a Câmara Municipal tem territórios em que há sobreiros enormes que não são descortiçados há anos. E bem que precisam. Lancem-se nessa empreitada. Promovam-na e aproveitem-na sob as múltiplas perspetivas em que pode ser enquadrada. Desenvolverei sobre o assunto, algum dia…
Saúde! E Paz!
E bom Verão! Hoje já se parece um pouco mais consigo mesmo, o Verão.