Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Saberá, o/a Caro/a Leitor/a, o que é uma “alta celestial”?!?
Não se admire, se não souber, que eu também soube apenas há poucos dias. E achei um piadão ao termo! Salvo seja!
Na noite em que dei entrada no Hospital Garcia de Orta – Almada, para a intervenção cirúrgica no dia seguinte, fiz montes de exames, análises, controles de temperatura, sei lá mais o quê. Como é lógico e, mais ou menos, todos sabemos. (Processo metodológico e terapêutico que decorreu em todos os dias em que estive internado.)
Mas… adiante…
Na noite em que dei entrada, já aí pela meia-noite, fui, de cadeirinha empurrada por senhora bem-disposta, fazer uma TAC (Uma! Não um. TAC é uma Tomografia Computorizada - feminino.) (Eu até dissera à senhora que podia ir a pé, mas ela corrigiu-me que, para sair da Unidade e ir em tratamento, vai-se sempre acompanhado e de cadeira ou maca. Não se sai pelo seu próprio pé. Percebo e compreendo perfeitamente!)
Após concluída a intervenção – as aparelhagens são novas, modernas, funcionais, rápidas, eficientes, eficazes - nada claustrofóbicas, como as da ressonância magnética, em que entro em pânico, saímos do compartimento.
Já no corredor, de saída, no cruzamento com outro corredor que julgo de acesso às urgências, vem outra colega desta Auxiliar.
Esta nova Auxiliar empurrava uma maca - mesa, com um recipiente em cima, supostamente de alumínio, tapado - a modos de um meio cilindro truncado longitudinalmente, cerca de metro e meio a metro setenta / oitenta. Fiquei curioso e intrigado??!!!
Elas conhecendo-se, não se vendo há algum tempo, cumprimentaram-se oralmente, foram simpáticas uma com a outra. Olá, como estás? Há muito que te não via, vai tudo bem? Então hoje, estás nas urgências?! Como vais?! Bem, obrigado, … O trivial nestas coisas, que estas senhoras são habitualmente expansivas, conversadoras, atenciosas e simpáticas. Estavam apressadas, não chegaram, obviamente, a vias de afetos, nem as condições de trabalho permitem ou sugerem, ademais após a pandemia…
Seguimos para o corredor / hall que acede aos elevadores para o sexto piso e, então, lancei a minha pergunta. Sou muitíssimo cusco. (Costumo dizer que pergunto como é, para saber como foi!)
Minha senhora, peço desculpa, mas o que levava a sua colega dentro daquele recipiente sobre a maca – mesa?! Era comida?!
A senhora, obviamente, achou piada, riu-se. (Também a pergunta era para isso.)
Não sabe o que vai ali naquela maca-mesa?! Pois eu digo-lhe. É uma “Alta Celestial”!
(E eu também me ri).
Estamos sempre a aprender, retorqui. Aprendi uma expressão nova, que desconhecia completamente: “Alta Celestial”! Nunca ouvira falar!
E o/a Caro/a Leitor/a, sabe o que é uma “Alta Celestial”?!
Nestas “Memórias”, para além do que já foi referido, há ainda mais alguns aspetos que gostaria de realçar. Ficando ainda muita informação, mas que convido a quem tiver interesse que pesquise nos “sites” já referidos e que assinalo no final, especialmente no da Universidade de Évora.
Todas as povoações tinham Pároco e algumas coadjutor(es) e outras pessoas adstritas ao trabalho religioso da Paróquia.
Todos eram remunerados, recebendo “ordenado / côngrua / renda”, na forma de géneros e dinheiro.
O nível de respostas é muito variado. Alguns párocos são bastante prolixos, desenvolvendo e pormenorizando nas respostas, incluindo até assuntos sobre outras paróquias, enquanto outros são bastante sintéticos.
Todos referem o orago, bem como os altares e santos das respetivas igrejas e ermidas existentes.
Todas as paróquias pertenciam ao “Priorado do Crato”.
Não tinham correio próprio, serviam-se do do Crato. Gáfete servia-se do de Portalegre.
Entre outros aspetos, referem-se também à situação das povoações, a distância às principais localidades e a Lisboa, em léguas.
Entre as paróquias ainda figurava a de “Monte Chamisso”, que ainda era habitada nesta data. (Despovoar-se-ia cerca de um século depois.)
Também existia a “freguezia de Nossa Senhora dos Martires” como paróquia independente e que englobava três lugares: “Monte de Ordem, Monte da Velha, e Monte Pizam”.
O pároco de Monte da Pedra desenvolveu bastante sobre a sua localidade, explicando, entre vários outros aspetos, a origem do respetivo nome (topónimo), que se deve à notabilidade de duas pedras que estão no limite da terra: o “ Penedo Gordo” e a “Lagem de Santo Estevão”.
O pároco do Crato menciona que Monte da Pedra era povoação no Lugar do Sourinho, tendo os moradores mudado para o local atual, mas que em 1634 ainda a Igreja estava nesse Lugar.
A aldeia de Nossa Senhora de Flor da Roza tinha três feiras francas de direitos reais, que duravam um dia: na primeira 6ª feira de Março, a 15 de Agosto e a 8 de Setembro. Estas eram as três feiras existentes no espaço do atual concelho.
Fora recentemente elevada à categoria de Paróquia, em 21 de Setembro de 1749.
Fazia-se muita e singular louça de barro. Havia também um pinhal grandioso.
Sobre a “Aldea do Val do Pezo” também são disponibilizadas pormenorizadas informações.
Refere-se a origem do nome da povoação. A antigamente cidade do Pezo, tomou o seu nome de uma formosa e bem parecida pedra, existente perto da aldeia, junto da qual se supunha existirem tesouros da antiga cidade.
Também a leste da aldeia existia uma pequena povoação, chamada Pedo Rodo, à data já em ruínas, mas de que existiam ainda nos livros da igreja, assentos de casamentos e batizados datados de cem anos antes, século XVII.
Em Fevereiro, havia duas romarias: a dois, a da Senhora da Luz e a doze, a de Santa Eulália.
A villa nova de São João de Gáfete, embora integrada no Priorado do Crato, tinha termo próprio, não pertencendo, à data, ao do Crato. Tinha Hospital e Casa de Misericórdia.
Na Villa do Crato houve um grande incêndio, a 29 de Junho de 1662, em que arderam todos os cartórios e papéis oficiais. Este incêndio ocorreu na sequência do ataque dos espanhóis, capitaneados por D. João de Áustria, na frente de um exército de 5000 infantes e 6000 cavaleiros. Este ataque integra-se na designada “Guerra da Restauração” (1640 - 1668), após Portugal ter recuperado a “Independência” em 1 de Dezembro de 1640.
Neste ataque a que a guarnição da praça resistiu durante cinco horas, apesar de em piores condições que o atacante, acabando a vila por ser invadida e sujeita à vontade do vencedor. Pelas cinco horas da tarde, entraram os vencedores e puseram fogo em muitas casas de cada rua, destruindo 282 moradas de casas na vila e 30 no castelo. Destruíram a torre, edifícios, fortificações, a igreja de S. João, arrasando completamente o castelo.
Estes são alguns aspetos que podem ser realçados da análise sobre o tema abordado “As Memórias Paroquiais de 1758”.
Muito ainda fica por abordar.
Formulo um convite à pesquisa sobre esta temática.
E, quem consultar o blog, a leitura de "posts" anteriores que enquadram todo o tema.
Notas Finais:
Neste trabalho para o “post” resolvi documentá-lo com os “brasões de armas” das freguesias recentes, antes da última alteração de 2013, porque sendo embora brasões atuais, na imagiologia apresentada e simbologia imanente “vão beber informação às fontes” do passado.
Uma versão deste trabalho global sobre as "Memórias Paroquiais de 1758" foi publicada no Jornal “A Mensagem”, em 2014.
Com este "post", concluo, em princípio, o trabalho sobre este tema e que me propusera divulgar na net.
Na elaboração deste trabalho também foram feitas pesquisas em documentação bibliográfica. Alguns livros também estão disponíveis online, nomeadamente:
- “Memórias Paroquiais de Campanhã”, versão online.
- Sinopse das “Memórias Paroquiais do Alandroal”, de Isabel Alves Moreira.
- (…)
Outra Bibliografia:
CARDOSO, P. LUIZ; DICCIONARIO GEOGRAFICO … ; Regia Officina SYLVIANA e da Academia Real, Lisboa, 1747.
FLORES, Alexandre M.; Vila e Termo de Almada nas Memórias Paroquiais de 1758, Separata da Revista Anais de Almada, Nº 5 – 6; Almada, 2009; Edição de Autor.
(Imagens de brasões das freguesias, in wikipédia.)