Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Já tenho divulgado neste blogue várias iniciativas culturais realizadas no Concelho de Almada. Uma parcela pequena das que efetivamente se realizam. Das que tenho o grato prazer de assistir.
Uma parte efetivamente diminuta das possibilidades que esta Cidade nos oferece. Também nem de todas me debruço nos posts.
Nos mais variados e diversos contextos em que estes termos podem ser equacionados…
Um dos campos culturais que mais me motivam é o Cinema, a 7ª Arte, nos seus vários enquadramentos.
No Fórum Romeu Correia decorrem, ao longo do ano, vários Ciclos de Cinema.
Já aqui me debrucei sobre o 10º Ciclo de Cinema Brasileiro.
Outros decorreram entretanto, mas que não assisti.
Está a decorrer, conforme título em epígrafe, o 6º “Ciclo de Cinema Católico”.
Ontem, tive o grato prazer de assistir ao filme estoniano/georgiano, “Tangerines”, de Zaza Urushadze.
Já foram exibidos os filmes “Um Homem para a Eternidade”, de Fred Zinnemann e “Os Olhos da Ásia”, de João Mário Grilo.
Prevê-se, para hoje, sábado 12 de Dezembro, o filme “Timbuktu”, de Abderrahmane Sissako.
O filme de ontem, 6ª feira, e o de hoje, sábado, substituem o inicialmente previsto “Os Dez Mandamentos I e II”, de Roberto Benigni, que não pôde ser apresentado, segundo me esclareceram, porque tiveram um problema com a legendagem do original.
Amanhã, domingo dia 13 de Dezembro, está previsto o admirável filme soviético “Andrei Rublev”, de Andrei Tarkovsky.
Lembro-me de o ter visualizado, quando foi estreado em Portugal, na década de oitenta, 1983, no saudoso Cinema “Quarteto”.
Sobre este Ciclo de Cinema e a sua designação, gostaria de questionar.
Que sentido faz nomear este Ciclo de Cinema como “Católico”, apenas Católico?!
Tenho consciência que a organização pertence a pessoas e estruturas da Igreja Católica, ponto final. Presumo que de Almada. Mas esse aspeto, per si, justifica o nome?!
Não será reducionista “etiquetar” o Ciclo como “Católico”?!
A temática da filmografia é muitíssimo mais alargada, sob todos os aspetos, tanto num contexto espacial como temporal. Em todos os âmbitos culturais. E sociais. Religiosos até!
Num contexto de “Mundo Global”, o título do Ciclo limita muito e “à priori” restringe demasiado os assuntos, os temas, os problemas que posteriormente são abordados nos filmes que são riquíssimos e muito bem escolhidos.
Será que não faria mais sentido designar o “Ciclo” com um título mais abrangente e mais globalizante, tanto no que respeita às temáticas, como aos objetivos, salutares, frise-se, que este “Ciclo de Cinema” nos proporciona?!
Se fosse intitulado de “Cristão” seria mais abrangente tanto espacial como temporal e culturalmente. Ainda assim seria reducionista.
Se a designação fosse “Ecuménico”, o título aproximar-se-ia cada vez mais do conteúdo e móbil do Ciclo, mas ainda assim não abrangeria toda a riqueza ideativa da respetiva filmografia.
Talvez, e repito talvez, o termo “HUMANISTA” seja o mais adequado. Apesar de nos podermos também interrogar se com esta palavra, ao centrarmos o tema no “HOMEM”, não estarmos também, de algum modo, a restringir a ideia de “DEUS”.
E a “idealização divina” perpassa sempre explícita ou implícita nas temáticas abordadas.
Mas não terão os credos religiosos na sua base o “HOMEM” na sua elevação para “DEUS”?
E não é o Homem que importa “trabalhar”, para o fazer “alcançar” Deus?!
Um contraponto à crescente "desumanização" das Sociedades.
Deixo estas reflexões à consideração dos organizadores.
Ah! E Parabéns pelos belos e excelentes filmes que nos proporcionam!
Nota Final: Foto original de D.A.P.L. - Solar dos Zagallos, Sobreda, Almada, 2015.
Apesar do novo "estardalhaço" que por aí anda com mais um "caso mediático", quantos já tivémos este ano? E onde vamos parar com este descalabro todo?! Pois apesar de tudo isso vamos continuar a "postar" mais um texto sobre as aventuras da menina Odete, de "estórias que parecem mentiras". Pois, até pode parecer mentira que nos mostremos relativamente alheios ao imediatismo das notícias...
Pois! Mas este excerto também é sobre notas, notas, notas, as notas é que motivam isto tudo, tal é a ambição, a cupidez do ser humano! De alguns seres humanos, diga-se...
Notas e moedas...
F.M.C.L.
Só que a menina Odete andava, na altura, preocupada com o "destrocar a nota de cinco contos", mas também com a nota de Matemática. A ação decorreria com o aproximar do final do ano letivo, certamente.
Capítulo III
Subindo a Avenida, encontrou o professor de Matemática que descia apressado. Pasta na mão, contendo um portátil, camisa desapertada, gravata ligeiramente deslaçada, casaco aos ombros, do fato de meia estação que usava, dirigia-se ao gabinete de arquitetos onde participava, em equipa, na elaboração de projetos de construção. (Melhor, de destruição! Tipo deita abaixo “arte nova” e faz torre de vidro refletor.)
- Setôr, você é que me vai desenrascar com esta nota.
- Ah, não me venha com conversas que estou cheio de pressas. (Pressa de chegar ao gabinete para a reunião, pressa que acabe a reunião, pressa de chegar a casa, pressa de acabar o dia e ir descansar, pressa de terminar o ano e virem as férias, pressa… pressa. Pressa da pressa…) E já dei a nota que havia de dar. Não faço alterações. Tem o que merece e até tem uma nota muito boa, não me diga que ainda queria melhor! Nas provas de ingresso terá oportunidade de melhorar. Se toda a gente tivesse as suas notas!..
- Setôr, não é bem isso…
- Pois, pois… depois falamos. Já estou mais que em cima da hora da reunião. (imaginava os colegas todos em volta da mesa, prontos para reunirem e ele a entrar, mesmo em cima da hora, a pisar a hora, a pisar o risco, a pedir desculpa, faz favor de dar licença, desculpe, por favor, até chegar ao seu lugar para se sentar…) desculpe, senão vou chegar atrasado… até à próxima, adeus. Há Deus?!
Acrescentaria: Há Justiça?! Há Justiça Divina?!
Nota de rodapé:
Uma versão deste texto foi publicada no Boletim Cultural nº 82 do Círculo Nacional D'Arte e Poesia, Ano XVIII, Maio 2007