Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

O apelido Carita e o Alto Alentejo

Carita não será propriamente um apelido muito vulgar.

Lopes, por exemplo, é muitíssimo mais difundido.

Todavia, no Alto Alentejo, conheço várias pessoas com este apelido. Dir-me-á: Pudera, é um dos apelidos na sua família, logo é natural que conheça um razoável número de pessoas assim apelidadas.

Verdade! Todavia muitas dessas pessoas não as conheço como pessoas da família. Aliás, essa é uma das minhas questões. Será que todos os Carita(s) têm ligações familiares entre si?! Não sei, realmente.

Os Caritas que conheço são da minha família, nomeadamente os que ascendem às localidades de Aldeia da Mata, de onde sou natural e os de Monte da Pedra. Mas no concelho de Crato, município a que pertencem as duas freguesias referidas, existem indivíduos com este sobrenome, mas que não conheço como familiares.

Portalegre. Foto original. 26.11.22.

No distrito de Portalegre – Alto Alentejo, Norte Alentejano, este sobrenome também existe noutros concelhos. No próprio concelho de Portalegre existem Caritas. No de Castelo de Vide, no de Nisa e no de Campo Maior. Não sei se existem noutros concelhos deste distrito ou fora dele. Para além desta Região, também há pessoas assim nomeadas, mas integrantes da designada “Diáspora Alentejana”. Conheço em Almada e em Lisboa. Existirão também noutras regiões de Portugal?! Ignoro.

Relativamente aos Carita(s) da minha Família há uma particularidade que sempre me suscitou interesse e curiosidade. Uma parte significativa desses familiares teve ascendência num povoado que se extinguiu em meados do séc. XIX. Concretamente a aldeia do “Monte Chamisso”. Localizada no concelho do Crato, relativamente próxima de Aldeia da Mata, Monte da Pedra e Vale do Peso.

Uma das minhas trisavós paternas ainda viveu com a sua família nesta antiga aldeia. Daí tendo abalado, provavelmente nesses meados de Novecentos. Chamava-se Rosa de Matos, o marido, João Carita.

A minha Avó, Rosa de Matos Carita, 1893 -1978, falava dessa sua Avó e contava a história dessa abalada!

Em próximos postais irei escrevendo sobre este tema, contando algumas histórias.

(Umas em Aquém-tejo. Outras no Apeadeiro.)

Se O/A Caro/a Leitor/a conhecer algo relevante sobre este apelido, CARITA, comunique, SFF!

 

Sessão de CANTE ou Sessão de POESIA?

Um Dilema Resolvido?!

 

Já aqui tenho abordado que “Almada é uma Cidade de Cultura e Arte”.

Acontecem regularmente eventos culturais, de diversos âmbitos, sendo que, por vezes, é difícil escolher em quais participar, dada a sua simultaneidade.

 

Foi o que aconteceu, ontem, sábado, dia dezasseis de Janeiro, da parte de tarde.

Entre os vários que me podiam despertar a atenção, houve dois que me cativavam muito especialmente, a horas relativamente simultâneas, em dois locais emblemáticos, no que a este aspeto se refere: Cultura!

 

No C.I.R.L. – Clube de Instrução e Recreio do Laranjeiro, programava-se uma Sessão de Cante, com diversos Grupos Corais, do Alentejo Interior e do Alentejo da Diáspora. Grupos Masculinos e Femininos!

Na Oficina da Cultura, em Almada, previa-se uma Sessão de Poesia - “O que é a Poesia?”, integrada no Programa da Exposição do 21º Aniversário de A.A.C.A. – Associação de Amigos do Concelho de Almada.

 

Ambas prometiam. Balançava entre os dois acontecimentos. A qual deles assistir? Ir um pouco a cada um, o que acabaria por resultar em não ficar de coração em nenhum deles?!

Para onde acham que balancei mais?!

 

O ideal é quando estes eventos ocorrem em tempos diferentes. Ou ainda melhor, quando, no mesmo evento, se juntam as duas vertentes: Cante e Poesia!

 

Bem, comecei por ir ao C.I.R.L., estavam os Grupos a chegar e a sala a compor-se, mas já com bastante gente. Ficar, não ficar?!...

 

Acabei por ir para a Sessão de Poesia, a que assisti na totalidade, não me consegui desligar, dado o interesse que me suscitou, só tive pena de não ter “dito” um Poema, apesar de ter havido apelos nesse sentido, pelo organizador, ao público presente.

 

No final, ainda passei novamente pelo C.I.R.L., mas a Sessão de Cante já terminara. Um “Compadre” trajado à moda alentejana e ao modo alentejano de bem receber, me incentivou a ir ao 1º andar, ao beberete, que o pessoal estava nos comes e bebes. E até fui, observei, mas não fiquei. Sinceramente, nestas cenas nunca me sinto muito à vontade. E fui-me embora.

Aguardo outra sessão de Cante!

 

E, como já referi, em boa hora, fui à Sessão de Poesia, a que assisti, e que passarei a relatar alguns aspetos essenciais.

 

Subordinou-se ao tema “O que é a POESIA?”

 

Após as apresentações e explicações prévias e enquadrantes do evento, decorreram as intervenções substantivas propriamente ditas, conforme o previsto.

 

O Professor de Literatura, Gabriel Silva, teceu uma narrativa magistral, subordinada ao tema em epígrafe, num discurso claro e apelativo, riquíssimo de conteúdo, num didatismo de exemplar maestria, e de uma enorme simplicidade explicativa e compreensiva, mas extraordinariamente rico em termos de substância ideativa, que fascinou todos os ouvintes.

A partir de exemplos muito concretos, de três objetos que expôs e nos mostrou para elucidar a sua narração, objetos, de maior ou menor valor, mas significativos e significantes para si, e cumulativamente para nós, através do seu discurso, do seu narrar e da sua forma de narrar, nos fez entrar, encadear, enfeitiçar, qual Xerazade, numa história de um rei sofrendo de um encantamento, provocado por um anel. (…) (…)

Esse anel de encantamento é a Poesia!”

 

Uma narração e uma história que mereciam ser passadas a escrito, talvez até estejam, não sei… Não tive oportunidade de dialogar posteriormente.

 

Houve oportunidade de intervenções, e todas elas foram elogiosas para o palestrante e para a palestra. (Acho este conceito pobre… Lição, de Mestre, é mais preciso. Mestre, no sentido clássico do termo.)

Nem que fosse apenas para “beber” esta Lição, valera a pena ter ido à Oficina!

 

E deu-se início à divulgação de POESIA!

 

Ana Neto deu-nos a conhecer Poesia de Manuel Alegre. Gil Marovas declamou um Poema sobre Catarina Eufémia!

 

Seguiram-se Momentos Poéticos, a cargo da “Tertúlia Poética” – “As Portas que Abril Abriu”, com Vicktor Reis e a colaboração musical de Helder Charneira e João Azenha.

Disseram Poesia o próprio Vicktor Reis, também apresentador destes momentos poético-musicais, e ainda Maria Teresa Reis e Irina Bettencourt.

Cantou e encantou Beatriz Grilo!

Esta apresentação poética e musical, que estes artistas levam a efeito em vários contextos culturais, consistiu em prestações de poesia entremeadas de canções.

Irina declamou Poemas do livro “Cem Poemas para salvar a nossa Vida”, uma Antologia poética organizada por Francisco José Viegas.

Declamou “Quem não ama não vive”, de António Boto e “A brevidade dos rostos da vida”, de Gregório de Matos.

Beatriz cantou-nos sempre belas e saudosas canções, estruturadas sempre em belíssimos Poemas, apelando à nossa participação.

Lembrou-nos “Lisboa, menina e moça” e “Traz um amigo também”.

Maria Teresa Reis disse dois Poemas de sua autoria, dedicados ao Mar. “Louvor ao mar” e “Em busca de Neptuno”.

Beatriz voltou a estar em cena, cantando “Canção de madrugar” e “Maio, maduro Maio”.

Voltou novamente Irina, dizendo, “Eu cantarei um dia de tristeza”, de Marquesa de Alorna e “Formoso Tejo meu”, de Francisco Rodrigues Lobo.

Seguiu-se um interlúdio musical, “Musicó”, protagonizado pelos solistas Helder Charneira e João Azenha.

Maria Teresa, defendendo a tese que um dos domínios da Arte é também o Sonho, deu-nos a conhecer outro Poema da sua autoria “Utopia”.

 

Vicktor Reis além das apresentações também foi chamando o público à participação, mas ninguém se abalançava a tal. (Eu próprio estive para isso, mas não me atrevi!)

E, então, o apresentador também desempenhou papel de “diseur” ou “dizedor”? E disse o Poema “Que flores são estas?”, que não sei se é de sua autoria ou não.

 

E estava para se processar o encerramento com mais uma canção de Beatriz, quando esta anunciou que um amigo iria dizer uma Poesia.

 

Um jovem, Leonardo Faria, que disse uma Poesia, composta de três quadras, de um Amigo (Imaginário?). “Construi-me a mim próprio…” No final, confidenciaria ser de sua autoria.

Registo aqui uma particularidade neste Poeta, além do facto de ser jovem, mas nesta Sessão estiveram vários jovens, ressalto o seu processo de leitura. Enquanto nós, os “cotas”, lemos de um papel A4, ou de um livro; os mais dotados de memória, declamam ou dizem de cor, este, jovem, leu do telemóvel.

Pois, muito bem, gostei, e porque é jovem, continue, que o que escreve é bonito, disse bem, e a Poesia precisa de gente que a divulgue a partir do telemóvel. É sinal que se adapta à modernidade!

 

E, para finalizar em beleza, com “chave de ouro”, Beatriz brindou-nos com a belíssima “Desfolhada”, que o público teve o grato prazer de acompanhar.

 

Cartaz de AACA 2016  Digitalização de João Flávios.JPG

 

Este post está ilustrado com uma digitalização do convite para a Exposição da A. A. C. A. – Associação dos Amigos do Concelho de Almada, amabilidade de “João Flávios”, a quem agradeço.

Mas fico a aguardar uma fotografia, ou várias, da Exposição, para ilustrar num post específico.

 

É imprescindível visitar esta Exposição!

 

E ainda volto a uma alfinetadela que gosto de colocar nestes textos, quando escrevo sobre “CULTURA LOCAL”.

Porque é que as televisões generalistas, especialmente as privadas, transmitem tanta… tanta… tanta quê…?!

Alto! Que neste Blogue não se escrevem palavrões!

 

XIII Antologia de Poesia do CNAP – Poema: “Ao Cante Alentejano”

Círculo Nacional D’Arte e Poesia

 

Antologia

 

Neste Post nº 271, voltamos à publicação de Poemas da 13ª Antologia do C.N.A.P., de 2015.

 

Desta vez, um Poema de um Alentejano, Luís Ferreira, de S. João de Negrilhos, Aljustrel, debruçando-se sobre uma Arte identitária das Terras Transtaganas, mais especificamente originária do Alentejo Sul e Central, mas que se estendeu à Grande Lisboa, mercê da Diáspora Alentejana, a partir dos anos sessenta do século XX.

Falamos do Cante, que após a atribuição pela UNESCO, do galardão de pertença ao “Património Cultural Imaterial da Humanidade”, em 2014, alcançou foros de Cidadania Global.

Pois o Poema de que falamos designa-se precisamente:

 

“Ao Cante Alentejano”

 

“Cantam em coro

E a sua voz se eleva

A uma voz,

Em grupo, ao mesmo tempo

De nós raízes são

De sofrimento, amor e solidão

E nesse momento

De vertical paixão

Dão ao silêncio luta

E a sua voz em coro

Rompe a solidão!”

 

“Ao Cante Alentejano, género musical tradicional do Alentejo, foi classificado pela UNESCO, em 2014, Património Cultural Imaterial da Humanidade.”

 

Luís Ferreira, S. João de Negrilhos (Aljustrel)

 

Na Antologia, este Poema está ilustrado por um sugestivo desenho, também da autoria de Luís Ferreira, composto por três elementos figurativos: o sol, uma espiga e uma sugestão de mar... Uma trilogia também identificadora do Alentejo!

Lamento não apresentar o desenho neste post, mas não me foi possível digitalizá-lo. E, o ideal seria publicar um original. Caso o Autor me fizesse chegar um exemplar de um desenho, ficaria muito grato.

Luís Ferreira é também o Autor da Capa da Antologia, conforme também já referi. Quando puder e se puder, tentarei digitalizá-la.

Este Autor também teve a amabilidade de me ilustrar o exemplar da Antologia que guardo para mim, com os autógrafos dos antologiados, com um bonito desenho, que valoriza ainda mais aquele exemplar único, porque contém as assinaturas de vários dos Poetas antologiados, de todos os que até ao momento pude contactar.

 

Sobre o “CANTE” já publiquei neste blogue algumas crónicas. Aliás, a primeira, e, de facto, o primeiro post foi precisamente sobre esta Arte Coral.

Também já divulguei eventos sobre o mesmo, para que reporto também.

 

E com toda esta conversa penso como ilustrar esta apresentação.

Seguindo o óbvio, uma imagem de um Grupo Coral seria ilustrativa. Mas não tenho nenhuma pessoal. Na net é o que mais há, dir-me-ão!

 

Nem sempre gosto de enquadrar os temas no que será mais explícito à primeira vista.

 

Mas após muito pesquisar… No meu “depósito” fotográfico já tenho cada vez menos fotos… e não tenho nenhuma suficiente sugestiva.

 

Pensei numa de “giestas floridas”, giestas como uma sinfonia de cor, em tons de amarelo, como o das searas… Do “meu” Alentejo, do Nordeste, que não é tanto de planícies… como a foto muito bem ilustra.

 

Giestas floridas Foto original  DAPL 2014.jpg

 

Uma da “Ponte Vinte e Cinco de Abril”, visualizando o Cante como uma ponte entre o Passado e o Presente, e entre este e o Futuro.

Uma ligação entre as duas margens do Tejo, Aquém e Além do Tejo, que o Cante irmana na Diáspora e liga e une os espaços e tempos do Alentejo profundo do Centro e Sul da planície, com este Tejo das duas margens do Rio, em que se canta esse Cante de Além ou de Aquém(?) Tejo.

Sempre o Tejo, como marca profundamente identitária dos Povos a que pertencemos, deste Sul de Portugal.

 

Ponte 25 Abril Foto original DAPL 2015.jpg

 

E são precisamente estas duas fotos, originais de D.A.P.L., que ilustram este Poema, da identidade alentejana.

Também porque “Almada é a Capital do Cante”.

E a “Ponte 25 de Abril” é também um marco identitário de Almada, da Margem Sul e do Alentejo, que é como quem diz de “Aquém Tejo”!

 

E anexo ainda um link para o Grupo Coral de Serpa, que para isso também temos a net e o youtube.

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Posts mais Comentados

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D