Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Logo agora que foi aprovada a designada “Europa Social”, no Porto e em início de Maio, mês de “Dia do Trabalhador”…
Pois, nem de propósito, a situação de escravidão, em que vivem trabalhadores das atividades nas estufas das agriculturas intensivas, ganhou foros de manchete nos meios de comunicação.
Era algo que se sabia, não é situação nova, não é específica do Alentejo, noutras regiões de Portugal existem casos semelhantes; em Espanha, França, Itália também proliferam casos idênticos. Por esse mundo afora…
Alguns desses trabalhadores migrantes, nas mãos de máfias organizadas, até serão levados de umas regiões para outras.
Nada justifica estas posições, a não ser a ganância de alguns, em detrimento de quem pouco ou nada tem.
A génese destes problemas até estará nos países de origem destes e doutros migrantes, dos que atravessam oceanos em fuga. Portugal já foi porto de origem de situações semelhantes, hoje é porto de destino.
Em todas elas a tónica dominante é a exploração desenfreada de pessoas, em modo de escravidão, sem o mínimo de condições que respeitem a dignidade humana.
O cinismo com que este assunto foi abordado em diversos contextos, a forma como foi tentado de resolver apressadamente, também não terá sido de louvar.
Todas as Pessoas têm direito a serem respeitadas, a sua condição de seres humanos valorizada, a uma remuneração digna, a condições de vida satisfatórias, para si e seus familiares.
Que resolvam a situação de modo que estes trabalhadores, vindos dos mais diversos locais do mundo, sejam considerados e valorizados pelo seu trabalho.
Que são eles que executam tarefas que portugueses não querem fazer.
Que permitem aos supermercados terem muitos dos produtos hortícolas que consumimos, nós e muita da Europa, “Social” ou não.
Que as Entidades, públicas e privadas, que tutelam os vários enquadramentos em que se processa o trabalho destes migrantes, sejam responsáveis. Que atuem! Que ajam!
(Toda a gente sabia, mas fingiam que não.)
Não fora a Covid e a “utilização” de um resort turístico, que tanta celeuma levantou, ademais já várias vezes falido, não sei onde vão buscar o dinheiro e ainda mais o que lhe fazem, não fora tudo isso e continuavam a assobiar e olhar para o lado.
Tratem de reconhecer a dignidade devida aos trabalhadores! Destes e dos milhares de portugueses também em trabalhos precários.
(Adenda: Os restos do foguetão chinês caíram lá para o Índico, não vieram cá para os lados de Portugal, e ainda bem. Já basta o Corona!)
E a foto original? Maio, é mês das rosas! E fica o mote para próximo postal, que agora tenho um grande acervo de rosas.
- Mas, então não se comenta, neste blogue, sobre algumas questões pertinentes, que têm ocorrido ultimamente, de evidência relevante?!
Sei lá! Por ex:
- A aclamação de António Guterres para secretário-geral da ONU?
- A Atribuição do Nobel da Literatura a Bob Dylan?
- O orçamento e o facto de contemplar um ligeiro aumento nas pensões de valor mais baixo?
Sobre Guterres e o facto de vir a ser o novo e futuro Secretário-geral da Organização das Nações Unidas, a partir de 2017, quero frisar:
- Primeiro, felicitá-lo. Congratular-me com o facto de ser uma Personalidade que creio engrandecerá o cargo e a função. Ganhará a Organização, julgo que também ganhará o Mundo e a Humanidade, com esta escolha.
- Realçar também o Processo, o modo de operacionalizar a questão. Pelo que fui observando, os vários candidatos foram-se sujeitando, digamos, como que a vários “exames”, em que foram sendo avaliados pelos decisores e finalmente, após várias fases, processou-se a decisão final.
Digamos, que houve, neste modo de operar, bastante transparência. Haverá sempre alguma opacidade, sempre algumas jogadas de bastidores, que, pelo visto, a que foi mais evidente, não resultou.
Pois, e para finalizar.
- Parabéns ao próprio. Parabéns à Organização. Parabéns a todos. Sincera ou ingenuamente, espero que haja uma evolução positiva na resolução de algumas questões prementes que afligem o Mundo e a Humanidade.
Quanto à atribuição do Nobel da Literatura a Bob Dylan, só posso afirmar que a minha perceção do assunto é apenas uma: Perplexidade!
Aliás, atrevo-me a supor, que o Sujeito também terá ficado admiradíssimo. Embasbacado! Nem seria de menos.
O respetivo silêncio denotará essa atitude? Fora eu, e assim continuaria. Aguardemos.
Pois que adianta a Bob Bylan ser-lhe atribuído um Prémio assim?
Provavelmente, só lhe causará constrangimento. Isto digo eu, que pouco sei do Objeto e menos ainda do Sujeito!
E, por aqui me quedo.
Mas não deixo de comentar sobre o Orçamento e o previsto aumento das pensões de menor valor.
O dinheiro faz falta a toda a gente e mais ainda a quem ganha pouco. E, como já tenho dito “ a cavalo dado…” E desvalorizar o que nos dão, até pode transfigurar para “mau agradecido…”
Mas… Sincera e realmente, o que penso, o que acho, o que perceciono, é que tudo isso, e primordialmente, a forma como nos é transmitido esse previsível aumento, é que o tema é tratado, como se de esmolas se tratasse. “Esmolas”!
Bem sei que um orçamento é, antes de tudo o mais, um cálculo de despesas e receitas e que as contas têm que ser devidamente feitas.
Mas o que julgo também e, agora, para finalizar: Penso que as Pessoas precisam de Dignidade! De serem tratadas com Dignidade! Com tudo o que isso representa nos mais diversos contextos em que essa Atitude não é aplicada.
O Governo do Partido Socialista, chefiado por Drº António Costa, tomou posse hoje, dia 26 de Novembro. Apenas com membros afetos a este Partido, mas apoiado parlamentarmente pelo Bloco de Esquerda, pelo Partido Comunista Português e pelos Verdes.
Um Governo de um Partido que não sendo maioritário na Assembleia da República tem, contudo, o apoio maioritário no Parlamento. O que só pode acontecer assim, dado que vivemos numa Democracia Parlamentar.
Situação aliás frequente em vários países de Democracia avançada.
Apenas dois desideratos fundamentais que precisamos que este Governo nos traga:
1º - Estabilidade – Este objetivo implicará que este Governo cumpra a Legislatura.
Objetivo que deverá determinar necessariamente que os “parceiros” que o apoiam, cumpram esse compromisso. Apoiar o Governo durante os quatro anos da legislatura.
Não será fácil que isso venha a acontecer sempre. Surgirão crispações, desentendimentos mais ou menos fortes, que inclusive serão muito bem aproveitados e fomentados pelas forças políticas que estão contra estes acordos do PS, bem como pela Comunicação Social que lhes é afeta. Pelos Detentores do Poder Económico, Financeiro… Para além de todas as pressões externas que surgirão, às claras ou na sombra das tomadas de decisão e em todas as jogadas políticas que existirão nestes jogos de Poder.
Necessariamente haverá que buscar acordos e consensos entre o Governo e os Partidos apoiantes.
Este Governo não terá a vida fácil. Sofrerá ataques dos mais variados setores de Poder e Contra Poder. Tanto nacionais como internacionais. Que saiba resistir a esses “ataques” e que não soçobre internamente, nem no contexto dos grupos apoiantes.
Que saiba resistir ao que quebra muitas vezes os Ideais: a Fome de Poder, a Corrupção, o "Compadrio"…
2º - Este Governo deverá implementar medidas, dentro dos respetivos contextos ministeriais, que focalizem as “Pessoas”, como móbil fundamental das políticas governativas.
Em termos de Valores, que implementem ações subordinados ao conceito de Dignidade. Que devolvam a Dignidade às Pessoas. Àqueles que dela mais se viram espoliados: Trabalhadores, Velhos, Reformados, Jovens… “Classe Média”…
Há setores em que a ação deste Governo irá ser muito elucidativa: Educação, Saúde, Justiça, Trabalho e Segurança Social.
As medidas a tomar nestes campos vão indicar-nos, com maior ou menor clareza, qual vai ser o “norte” desta governação.
Num destes setores há questões muito mediáticas que serão a "pedra de toque" desta governação, a curto prazo. Conforme este Governo nelas "pegar" assim deduziremos se nos trará ou não a "Estabilidade" e a "Dignidade" que precisamos.
Aguardemos...
Desejamos que tudo corra pelo melhor, que o que Portugal precisa é de um “Governo que governe bem”, passe a redundância.
P.S.-
E com este post, de algum modo, quebrei mais acentuadamente um dos meus tabus.
Sim, também tenho os meus tabus!
Esclarecendo. Abordo muito diretamente questões de Política “tout court”. Isto é no sentido mais imediato do termo. Falo deste tema, “política”, de uma forma muito direta e até, temporalmente, muito em cima do acontecido. Ainda que de modo muito “suave”.
Algumas explicações sobre a publicação dos textos hoje divulgados:
I - Primeiro
O texto “Diálogo através duma máquina fotográfica”, publicado hoje, 4ª feira, 5 de Novembro, era para tê-lo sido na pretérita 2ª feira, dia 3 de Novembro, o primeiro dia que tivemos realmente de “inverno”, nesta estação outonal.
Mas acabou por não ter sido porque me questionei que sentido faria divulgar um texto que fala de sol, de luz ferindo a vista, de verão de calor ardente… num dia tão escuro, cinzento e chuvoso como foi a passada segunda-feira?!
Por tal motivo ficou em stand–by.
II - Segundo
Seguidamente perspetivei publicar uma poesia que tinha acessível, especificamente na Antologia sobre “Portalegre em Momentos de Poesia”, precisamente e também porque estava na cidade de Portalegre e tinha um exemplar do livro na minha posse.
A poesia designa-se “De Portalegre para Timor”.
Por estranha coincidência apercebi-me, entretanto, que havia notícias online sobre Timor. Notícias relatando acontecimentos que não percebia muito bem o respetivo significado.
Por esse motivo também deixei ficar a divulgação do poema suspensa até entender melhor a situação. O que agora, apesar de mais algumas leituras talvez tenha vislumbrado um pouco melhor, embora ainda não compreendendo tudo…
III – Terceiro
De modo que, HOJE, 5 de Novembro, depois do dia muitíssimo especial que foi Ontem e embora os dias continuem cinzentos, como é natural nesta estação outonal e apesar de ainda não ter percebido tão bem como gostaria o que está acontecendo em Timor, tendo, inclusive, alguma apreensão pelo que toda esta realidade possa significar…
Mesmo assim e apesar de todas as contrariedades, decidi divulgar estes dois textos, um em prosa, outro em poesia, seguindo o princípio estabelecido de divulgar prioritariamente trabalhos já publicados noutros suportes (papel), no que respeita a poesia e prosa de ficção.
No concernente ao texto em prosa, porque apesar de ser outono quase inverno e o verão já ter terminado, ele virá novamente e, queira Deus, nós cá estejamos com ele!
O texto em verso, porque ele nos reporta para um acontecimento em que, nalguma quota-parte, Portugal e os Portugueses, a Nação Portuguesa e o Estado Português, desempenharam um papel fundamental, em que a Solidariedade de cada um e de todos nós, do Povo Português, permitiu, contribuiu, muito ou pouco, conforme o nosso papel, função e poder, para um desfecho que levou à Independência de Timor-Leste.
Foram atos e ações, momentos, gestos e atitudes, que com o peso relativo e a importância da respetiva origem e proveniência, contribuíram, a seu modo, para um construir, para um fluir positivo e progressivo da História de um Povo e quiçá da Humanidade. Poderá ter sido pouco, não terá sido o suficiente, mas foi certamente um exemplo que convém lembrar aos Homens, que quando as vontades se centram em objetivos positivos estes podem ser alcançados.
Paralelamente chegou-me às mãos uma carta com um folheto da unicef e um pedido de dádiva para Timor-Leste, com imagens carregadas de significado sobre a situação naquele País, especificamente no referente à obtenção de água potável e em que se destaca: “Timor-Leste é um dos países mais pobres do mundo.” (…)
Não há muito mais a dizer. Mas friso que é nestas realidades que os dirigentes mundiais, os senhores do mundo, os dirigentes dos países, se deveriam concentrar. Primeiramente os dirigentes dos próprios países que, antes de tudo e de todo o mais, têm a primeiríssima responsabilidade sobre a situação dos Povos que regem e governam! Que têm a obrigação e o dever de elevar o nível de vida dos seus cidadãos a um patamar de dignidade.
Muitos se esquecem deste DEVER, quando atingem o Poder! Que o Poder deve ser para servir e não para se servir!
Por tudo o que foi dito e o que fica sub dito, divulgo o poema que nos reporta para um ato de DIGNIDADE, profundamente belo e construtivo, prova de que Povos, Nações, Estados, Cidadãos, Todos e cada Um de nós, todos juntos e unidos, somos capazes de construir um Mundo Melhor!