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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

PRAXES! Ainda...

À Atenção das Entidades Competentes!

Praxes In.uniarea.com

Volto a este assunto reportando-me para notícia publicada segundo link em anexo.

E ao que já escrevi neste blogue.

Aqui!

Aqui!

É preciso que as Entidades Competentes, dos vários âmbitos de Cidadania, tenham a coragem de agir, na preparação já do próximo Ano Letivo! E não esconderem a cabeça no chão para não verem, nem refletirem!

E gostaria de já não voltar a este tema, de futuro.

O Governo tomou posse!

O Governo do Partido Socialista, chefiado por Drº António Costa, tomou posse hoje, dia 26 de Novembro. Apenas com membros afetos a este Partido, mas apoiado parlamentarmente pelo Bloco de Esquerda, pelo Partido Comunista Português e pelos Verdes.

Um Governo de um Partido que não sendo maioritário na Assembleia da República tem, contudo, o apoio maioritário no Parlamento. O que só pode acontecer assim, dado que vivemos numa Democracia Parlamentar.

Situação aliás frequente em vários países de Democracia avançada.

 

Apenas dois desideratos fundamentais que precisamos que este Governo nos traga:

 

- Estabilidade – Este objetivo implicará que este Governo cumpra a Legislatura.

Objetivo que deverá determinar necessariamente que os “parceiros” que o apoiam, cumpram esse compromisso. Apoiar o Governo durante os quatro anos da legislatura.

Não será fácil que isso venha a acontecer sempre. Surgirão crispações, desentendimentos mais ou menos fortes, que inclusive serão muito bem aproveitados e fomentados pelas forças políticas que estão contra estes acordos do PS, bem como pela Comunicação Social que lhes é afeta. Pelos Detentores do Poder Económico, Financeiro… Para além de todas as pressões externas que surgirão, às claras ou na sombra das tomadas de decisão e em todas as jogadas políticas que existirão nestes jogos de Poder.

Necessariamente haverá que buscar acordos e consensos entre o Governo e os Partidos apoiantes.

 

Este Governo não terá a vida fácil. Sofrerá ataques dos mais variados setores de Poder e Contra Poder. Tanto nacionais como internacionais. Que saiba resistir a esses “ataques” e que não soçobre internamente, nem no contexto dos grupos apoiantes.

Que saiba resistir ao que quebra muitas vezes os Ideais: a Fome de Poder, a Corrupção, o "Compadrio"…

 

- Este Governo deverá implementar medidas, dentro dos respetivos contextos ministeriais, que focalizem as “Pessoas”, como móbil fundamental das políticas governativas.

Em termos de Valores, que implementem ações subordinados ao conceito de Dignidade. Que devolvam a Dignidade às Pessoas. Àqueles que dela mais se viram espoliados: Trabalhadores, Velhos, Reformados, Jovens… “Classe Média”…

 

Há setores em que a ação deste Governo irá ser muito elucidativa: Educação, Saúde, Justiça, Trabalho e Segurança Social.

As medidas a tomar nestes campos vão indicar-nos, com maior ou menor clareza, qual vai ser o “norte” desta governação.

Num destes setores há questões muito mediáticas que serão a "pedra de toque" desta governação, a curto prazo. Conforme este Governo nelas "pegar" assim deduziremos se nos trará ou não a "Estabilidade" e a "Dignidade" que precisamos.

Aguardemos...

Desejamos que tudo corra pelo melhor, que o que Portugal precisa é de um “Governo que governe bem”, passe a redundância.

 

P.S.-

E com este post, de algum modo, quebrei mais acentuadamente um dos meus tabus.

Sim, também tenho os meus tabus!

Esclarecendo. Abordo muito diretamente questões de Política “tout court”. Isto é no sentido mais imediato do termo. Falo deste tema, “política”, de uma forma muito direta e até, temporalmente, muito em cima do acontecido. Ainda que de modo muito “suave”.

 

 

 

 

Séries, Borgen, Política, Eleições

Ficção e Realidade no Exercício da Cidadania!

 

Borgen rtp.jpg

E eu que, quando delineei a estrutura ideativa deste blogue, quase há um ano, que me mentalizara que, em princípio, não falaria da dita cuja, política.

Mas não me posso abstrair, ignorar a vida da “Pólis”, na “Cidade”, de pôr em prática o conceito de CIDADANIA.

Daí, quer quisesse ou não à partida, a realidade e a interação com essa mesma realidade, leva-me à abordagem de situações ligadas à Política, porque estão ligadas à Vida e ao nosso dia-a-dia!

E a forma que muitas vezes encontro para tratar esses temas, de uma forma mais distanciada, é abordá-los sob o ponto de vista dos filmes, da ficção!

Estranho, não?!

Mas, por vezes, e cada vez mais com a comunicação interativa, ficção e realidade estão entrosadas, para o bem e para o mal.

E o Poder que têm os Media!

 

Borgen DN TV Media.jpeg

 

Assim, e novamente, volto a Borgen, apesar de ontem não ter visto o episódio desta reposição da série. Vira o de oito dias antes. E na 1ª transmissão dos episódios, vi-os quase todos. Nesta reposição vejo quando me é possível, e ontem não o vi.

Sobre esta série escrevi alguns posts, que refiro aqui! E aqui!

 

A personagem principal é Birgitte Nyborg.

E que falta nos fazia termos assim alguém na Política.

Alguém que defenda Valores Humanistas, Ideais de Liberdade, os Direitos Humanos, que trabalhe para as Pessoas e não em função de si mesma, que defenda e lute por Valores Altruístas, que defenda os valores do seu próprio país e não esteja à mercê dos interesses de outros.

Que saiba negociar.

Que saiba criar acordos, mesmo não governando com maioria, muito menos com maioria absoluta. Porque não é preciso ter necessariamente maioria absoluta para se poder governar. E muito menos é conveniente.

Porque é preciso saber equacionar, criar acordos de convergência com outros partidos, até porque em variados campos é mesmo necessário haver um amplo consenso. Saber criar consensos. Discutir ideias e ideais, orientar-se por Princípios, num mundo em constante mudança.

Saber e aprender a sentir o pulsar das Pessoas, dos Cidadãos.

Relevar o papel da Mulher na sociedade e na política.

Atender a causas fracturantes, defender a integração das comunidades imigrantes.

Saber dizer não à demagogia do lucro fácil.

Respeito pelo Ambiente. Procura de soluções alternativas no campo da energia.

Saber e poder dizer não à ditadura dos mercados financeiros, que controlam a economia e a política. Porque na Europa, e se na União Europeia se quiser, isso é possível.

Participar na construção de um União Europeia mais solidária.

 

Nesta série, o enredo ficcional entrosa-se regularmente com a própria realidade. O que se passa no filme, assemelha-se ou enreda-se na própria realidade.

Sendo que na série, e pela primeira vez na Dinamarca, uma mulher ascendia ao cargo de 1ºMinistro, tendo a visualização do seriado passado em 2010, no ano de 2011, e de facto e pela primeira vez na realidade, uma mulher passou a exercer esse cargo na política dinamarquesa, a célebre Helle Thorning-Schmidt, que algumas dores de cabeça terá provocado em Michelle, com já referi em post anterior.

 

Mas deixemos essa cusquices tão peculiares nas duas jornalistas loiras, só loiras, da televisão dinamarquesa, uma delas, agora, é spin-doctor de Birgitte e do seu novo partido, “Novos Democratas”.

E que falta nos fazia termos uma política e um partido assim!

 

E o papel dos media?! E como eles controlam e determinam a opinião pública?! Sabendo que eles têm dono. “His master voice”!

 

Respeito pelas Pessoas, nomeadamente por quem trabalha,

Tratar as pessoas com Dignidade, nomeadamente quem já trabalhou e deu o melhor ao seu País.

Trabalhar na Política para o País, para os Cidadãos, para as Pessoas e não em função dos seus partidários e da sua pessoa, não ao compadrio e jogos de interesses.

Altruísmo! Trabalhar politicamente para os Outros e não para si próprio e amigos do partido.

 

Penalizar o capital e não tirar a quem já pouco tem. Que os lucros da Banca têm sempre crescido exponencialmente e comparativamente com o empobrecimento de quem trabalha e, na base da sociedade, sustenta a pirâmide socio económica.

 

Não à corrupção, ao nepotismo.

 

Atenção ao Ambiente, Educação, Integração, atenção às minorias.

 

Consciencialização e conscientização de que Cidadania assenta em Direitos, mas também em Deveres, de Todos, de todos os Cidadãos!

 

borgen.jpg

 

E com este enumerar de princípios, estratégias, conceitos, e sei lá mais o quê, onde, em que partido os vou encaixar?!

Sabendo que a candidata Birgitte Nyborg não irá dirigir nenhum dos futuros governos em Portugal?!

E estas ideias desarrumadas, como se uma “tempestade mental” integrassem, reportam-se todas ao ideário da mencionada protagonista, da série supracitada, ou algumas serão minhas, que as coloquei como se fossem da líder partidária?!

Bem, tantas perguntas e só preciso de colocar uma cruzinha.

Fácil, não é?!

 

 

 

Não pensava já escrever sobre as PRAXES!

Não, não pensava!

Até porque julgava que as coisas teriam melhorado. Mas não! 

Continua  a mesma barbárie...

 

Pelo que, e face ao que voltou a acontecer, não posso deixar de remeter para o que já publiquei neste blogue.

 

E um APELO às AUTORIDADES deste PAÍS.

Não basta dizer que os Alunos são livres de irem ou não às Praxes, até porque sabemos que, psicológica e socialmente, individual e coletivamente, não são. Ninguém o é totalmente! Há múltiplos e variados condicionamentos nas decisões que tomamos e não apenas nos contextos referidos.

 

Há que ter a coragem de dizer: Não Vão às Praxes!

Participem, Promovam, Organizem ATIVIDADES de INTEGRAÇÃO, sim, mas em que todos sejam IGUAIS!

 

E a tutela, as várias tutelas deste País, devem intervir, até preventivamente, para que não se continuem a repetir, nas Praxes, atentados aos mais elementares DIREITOS de qualquer Cidadão.

Que os atos de desrespeito pelos mais simples direitos cívicos ocorrem na via pública!

Que não, e apenas, se atue, ou se tente atuar, quando ocorrem situações como a descrita na notícia!

 

E, para que não se repitam tragicamente ocorrências como as que, infelizmente, aconteceram em anos anteriores!

 

E este assunto também poderá ser uma Questão dirigida Ao Excelentíssimo Senhor Ministro de Educação!

E não só!

 

PRAXES!

E uma vez que, neste mês, iniciámos a abordagem de temáticas relativas à EDUCAÇÃO

não podemos deixar de tratar, ainda que muito sinteticamente, o tema das PRAXES!

 

Agora que se concluiu a 1ª Fase de Acesso ao Ensino Superior, que os Alunos, que tiveram entrada nesta 1ª Fase de Candidatura, terão realizado as respetivas Matrículas, nas Escolas Superiores em que tiveram entrada, ir-se-ão iniciar as respetivas Aulas.

E, com este início, também o desenrolar das PRAXES.

 

Sobre o assunto pouco mais poderei dizer, para além do que quase toda agente conhece, já que, nos últimos anos, estes acontecimentos têm sido muito comentados nos media.

Para quem quiser aprofundar e conhecer melhor o tema, e acho que deve fazê-lo, consulte, por ex., o excelente artigo da wikipédia e este acervo de imagens.

E formule o seu próprio juízo crítico.

 

Quanto a mim, tenho opinião formada.

 

NÃO, às PRAXES, da forma como têm sido concretizadas, embora nos últimos anos, principalmente após os acontecimentos trágicos que ocorreram recentemente, tenha havido alguma modificação no respetivo modus faciendi.

 

SIM, a ATIVIDADES de INTEGRAÇÃO dos NOVOS ALUNOS, nas respetivas INSTITUIÇÕES do ENSINO SUPERIOR e nas LOCALIDADES e MEIO em que estas se inserem.

ATIVIDADES organizadas por Alunos, Professores, Entidades Académicas, Instituições do Ensino Superior, que não se podem nem devem colocar à margem destas iniciativas.

Felizmente e, como digo, principalmente nos anos mais recentes, têm-se verificado mudanças pela positiva!

 

A si, que é ALUNO, caso já esteja a frequentar o Ensino Superior, e caso participe nas Atividades de Entrada dos novos Alunos, seja qual for a respetiva designação, não se envolva em ações em que não respeite os seus colegas novos, enquanto seus IGUAIS. Nenhum Aluno é superior a outro Aluno, só porque este acabou de entrar este ano no Ensino Superior, que você já frequenta há mais anos!

 

Para si, que é ALUNO recentemente entrado no Ensino Superior, não se sujeite a atividades em que não seja respeitado e tratado enquanto IGUAL, a

todos os seus outros colegas mais velhos, de anos mais avançados de estudos, pretensamente auto intitulados de graus supostamente de ascendência nobiliárquica, invocando o peso de uma falsa tradição, destituída de sentido racional e que só existiu em tempos recuados de atraso civilizacional.

Não se vem construindo uma DEMOCRACIA, há mais de quarenta anos, em que é suposto todos os CIDADÃOS serem LIVRES e IGUAIS em DIREITOS e DEVERES, para se retroceder a tempos e modos de agir socialmente que já nem no tempo final do Estado Novo existiam.

E ocorrendo em Instituições onde é suposto formarem-se Pessoas, Cidadãos, com graus académicos de nível superior!

Ninguém tem o direito de lhe impor, de o coagir, física ou psicologicamente, a ter atitudes e comportamentos em que seja humilhado, rebaixado e não seja tratado enquanto CIDADÃO LIVRE e IGUAL!

 

http://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/praxe-integracao-ou-violencia ...

http://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/diz-nao-as-praxes

http://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/porque-nao-concordo-com-as-praxes

http://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/nao-gostaria-mais-de-postar-sobre-praxes

http://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/praxes-ainda

http://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/nao-pensava-ja-escrever-sobre-as-praxes

 

 

 

Em Abril, abriu-se um dia...

“ … um dia valendo mil.” 

 

O dia 25 de Abril é uma data memorável na História de Portugal! Há outras, obviamente. Não deixaria de lembrar, entre várias, o 5 de outubro de 1910 e o 1º de Dezembro de 1640.

Mas o “Vinte e Cinco de Abril” é a mais recente e aquela em que, provavelmente, ainda a maioria da população portuguesa viveu ou vivenciou.

Nessa data, o que de início foi um “ golpe de estado”, promovido por militares, que sem derramamento de sangue depuseram o governo do “Estado Novo”, rapidamente se transformou numa revolução, pela rápida e espontânea adesão da população à causa defendida pelos militares do M. F. A. – Movimento das Forças Armadas.

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Associados a esta data há conceitos fundamentais, que hoje tomamos como dados adquiridos, consignados na Constituição da República Portuguesa, apesar de constantemente ameaçados e muitos terem sido cerceados a pretexto de “crises” e outras idiossincrasias que tais.

A Liberdade, nas suas mais diversas variantes foi uma das grandes conquistas: liberdade de expressão, liberdade de opinião, liberdade de reunião, liberdade de manifestação, liberdade de associação…

Foi abolida a censura e o “exame prévio”. Foi extinta a PIDE/DGS. Foram libertados os presos políticos.

Imagine, quem não viveu essa época, simplesmente uma sociedade em que uma pessoa, no seu dia-a-dia, o mais comum dos mortais, tivesse cuidado, diria até medo, ao emitir uma simples opinião sobre algum assunto que pudesse parecer mais problemático, com receio de que algum pide o pudesse denunciar…

 

A promoção de uma maior Igualdade entre os cidadãos foi outro dos desideratos de Abril. Sob diversas e variadas formas, foi, de facto, na sequência desta data que em Portugal se promoveu a construção concertada de um modelo de “Estado Social”, já em vigor há décadas noutros países.

Foram conquistadas e implementadas medidas que possibilitaram criar melhores condições de vida aos cidadãos: melhores salários, “semana inglesa”, direito a férias e respetivo subsídio, 13º mês, impostos progressivos, (…)

 

As designadas “Conquistas de Abril”, assentaram fundamentalmente na proclamada “Política dos 3 Ds”: Democracia, Descolonização, Desenvolvimento.

Não direi que todos estes objetivos foram alcançados de modo idêntico, que não houve custos e percalços no almejar de alguns deles. Que tudo foi executado num “mar de rosas”. Não! Houve “sangue, suor e lágrimas” na prossecução destes desideratos. Mas penso que foram alcançados. E que, hoje, apesar de todos os “senãos” desse processo, temos um País substancialmente melhor relativamente ao passado antes de setenta e quatro!

 

A expressão da Fraternidade entre os cidadãos foi também apanágio da “Revolução dos Cravos”. A materialização dessa fraternidade ficou bem patente ainda e por ex. na Manifestação do primeiro “1º de Maio, em Liberdade” (1974).

1º maio 1974 rtp.pt.jpg

Depois e mais tarde, outros e outros tempos vieram… Outros abris e maios! Quiçá novembro!

 

A luta pelos Direitos fundamentais de Cidadania foi uma constante de “Abril” de que resultou a respetiva consignação na Constituição da República Portuguesa (1976), dimanada da designada “Assembleia Constituinte”, para cuja formação se realizaram as primeiras eleições livres em Portugal, em 25 de Abril de 1975, um exemplar ato de civismo e democracia a que o Povo Português correspondeu em massa.

Aí foram, entre muitos outros, consignados alguns Direitos considerados basilares. Para além dos Direitos Cívicos e Políticos, inerentes a qualquer Democracia, também: Direito à Educação, Direito à Saúde, Direito à Habitação, Direito à Justiça, Direito ao Trabalho, (…) Essa Constituição foi, à data, uma das mais avançadas no mundo, no plano social.

Na década seguinte e precisamente porque Portugal vivia em Democracia, foi possível ao país candidatar-se e posteriormente entrar na Comunidade Económica Europeia ( 1986). O impacto desta situação viria a possibilitar ao país grandes transformações. Umas de sinal positivo, outras com algum cariz negativo, certamente.

 

E para finalizar esta sinopse sobre o assunto, de tão vasta e variada documentação em múltiplos e variados suportes informativos e também suscetível de variegadas opiniões, não quero deixar de frisar o seguinte:

- O exercício da CIDADANIA assenta na construção/consignação dos DIREITOS fundamentais dos CIDADÃOS. Mas também e sempre na assunção dos correspondentes DEVERES por esses mesmos CIDADÃOS.

- Direitos e Deveres são as duas faces da mesma realidade: Cidadania.

- O usufruto dos Direitos fundamentais por qualquer Cidadão, pressupõe o respeito e cumprimento dos Deveres que lhe são inerentes e correlacionados. Só na concretização e inter-relação entre estes dois parâmetros se equaciona e resolve o exercício da CIDADANIA.

 

Consultar: crónica sobre sessão de poesia

 

Dia 1º de Dezembro

O Dia 1 de Dezembro, feriado até há pouco tempo, porque nos recordava a “Restauração da Independência”, em 1640, relativamente ao governo espanhol da dinastia filipina, é um dia em que se comemoram várias ocorrências ou acontecimentos importantes.

O evento anteriormente referido, segundo os nossos governantes atuais, pelos vistos deixou de ser relevante!

 

Além do acontecimento mencionado também é o Dia Mundial do Combate à SIDA.

 

E é ainda o dia em que, em 1955,em Montgomery, no Alabama, EUA,  Rosa Parks se recusou a ceder o seu lugar num autocarro a um branco.

Este gesto deu início à luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos.

 

Pode parecer-nos a nós, hoje, paradoxal esta situação. Contudo é algo para que convém estarmos atentos.

A questão dos designados “Direitos Humanos” é uma luta de séculos, mais acentuadamente a partir dos finais do século XVIII (Revolução Francesa).

Se quisermos recuar, podemos dizer que o Cristianismo ao instituir que todos os Homens são criados à imagem e semelhança de Deus definiu a matriz da filosofia inerente ao conceito de “Direitos Humanos”.

É possível que outras Religiões, outras Culturas e outras Filosofias também tenham definido conceitos idênticos...

 

Mas quanta ignomínia foi necessário à Humanidade suportar ainda e durante tantos séculos para se poder considerar que esta premissa é um postulado base da existência humana, do Homem e de cada homem, da Mulher e de cada mulher, de cada Ser Humano, independentemente de cor, religião, ideologia, situação económica, trabalho, orientação sexual, origem social, situação familiar... De que todos os Homens nascem Livres e Iguais em Direitos e Deveres.

 

Destacamos pois a luta desta Mulher pelo seu simbolismo e significado. Lembrando que esta é uma luta que não finda. Que o reconhecimento da Igualdade de Direitos é um dado adquirido em muitos Estados, mas completamente ignorado noutros.

 

Falar em Direitos Civis, Direitos Políticos, Direitos Económicos, Direitos Sociais é algo que pode parecer uma redundância nas designadas "Democracias Ocidentais", onde, pelo menos aparentemente, parecem dados adquiridos e consubstanciados nas respetivas Constituições.

 

Mas é só olharmos, com olhos de ver e ouvirmos com ouvidos de ouvir e sentimos, porque  sentimos na pele como no dia-a-dia há atropelos constantes a muitos destes Direitos, mesmo nas designadas "Democracias Ocidentais".  Noutros tipos de regimes nem é bom falar! Não há, em muitos Estados, o reconhecimento aos mais elementares Direitos Cívicos.

Rosaparks.jpg

Rosa Parks em 1955, com Martin Luther King, Jr. ao fundo.

 

“Rosa Louise McCauley, mais conhecida por Rosa Parks (Tuskegee, 4 de fevereiro de 1913 – Detroit, 24 de outubro de2005), foi uma costureira negra norte-americana, símbolo do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Ficou famosa, em 1º de dezembro de 1955, por ter-se recusado frontalmente a ceder o seu lugar no autocarro a um branco, tornando-se o estopim do movimento que foi denominado Boicote aos Autocarros de Montgomery e posteriormente viria a marcar o início da luta antissegregacionista.”

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre

 

 Reportamos para a leitura de:

Declaração Universal.jpg

Fábula: O Hoje e o Amanhã

Vamos iniciar uma fábula...  

 

A fábula que vos vou contar ouvia-a à minha avó que já cá não mora, mas me a segredou ao ouvido, numa noite de insónia. Deve ser lida com sotaque de português do brasil, suave e adocicado, para que o “Acordo” seja levado com mais amenidade.

Tem quatro atos e a respetiva ação decorre em dois momentos: no “Hoje” e no “Amanhã”.

O “Hoje” é um dia que já é uma tarde… O sol já riu e chorou, buscou agasalho e refrigério, amou e desamou, já teve esperança e agora desalento.

O “Amanhã” tem o condão de, apesar do “Hoje” taciturno e deprimido, desesperançado e triste, trazer sempre a ilusão ou esperança possível de que “ amanhã é um novo dia” e o sol vai nascer radiante e luminoso.

O Hoje e o Amanhã situam-se num “Reino da Bicharada”, situado algures num espaço e num tempo em que os animais ainda falavam, pois que ainda havia liberdade de expressão e os ditos agiam, pensavam e sentiam como nós os humanos.

 

Apresenta-se o 1º Ato da fábula

Aproveitamos para lançar um repto: esta fábula ficaria muito bem se fosse ilustrada. Competência que nos escapa. Haverá algum eventual leitor que seja capaz de tal?!

 

Hoje - Ato Um

O Senhor Burro

 

O Senhor Burro que é trabalhador e honesto, pontual e assertivo, assíduo e proativo, experiente e motivado, com licenciatura e mestrado, que trabalha por objetivos, cumpre metas e horários, que é ‘burro de carga’, ‘pau para toda a obra’… foi despedido do local de trabalho que já exercia há vários anos.

Invocou as suas competências e qualidades, atitudes e valores, conhecimentos e experiência, sabedoria e sapiência, a dedicação à “Firma", o seu apego à "Casa”, mas nada! Era velho! Já não prestava para trabalhar, que pedisse a reforma antecipada, que mesmo penalizado, era melhor que nada!

Mencionou direitos. Que não, agora, “HOJE” “direitos são regalias”, poder trabalhar é um privilégio. Não há “direito ao trabalho”, os despedimentos são flexíveis…

 

Nota: Este ato pode ser representado por qualquer outro animal, especialmente burro, de qualquer idade e condição.

 

Hoje - Ato Dois

O Senhor Pato Ganso

 

No final do mês de novembro, o Senhor Pato Ganso abriu o seu e-mail para ver o seu estrato de conta e quanto recebera e verificou um acentuado decréscimo face ao que recebia habitualmente.

Foi falar com o contabilista da repartição onde trabalhava, não se tivesse este enganado.

Ouviu uma voz off, responder-lhe: você é pato, ainda por cima ganso, por isso recebe menos este mês, no subsídio de natal. Menos prendas compra. Hoje, é só pato ganso que recebe menos, amanhã será também o pato marreco. E assim por diante… Depois do pato vai o peru, direito à ceia de natal.

 

“Amanhã”  

 

Ato Três

Dona Galinha Có Ró Có 

 

Era dia de voto, de eleição, prática já enraizada entre os animais do Reino da Bicharada. Fora marcada a votação, para o primeiro dia do ano, primeiro de janeiro, que coincidira em domingo. Para poupar nos feriados, foram marcados o da “restauração”, o da “república”, o “primeiro de Maio” e o da “democracia”, todos neste mesmo dia! E mais alguns com outro significado, que assim se reduzia no feriado.

Dona Galinha Có Ró Có se apresentou para votar. Se vestira a preceito, de cravo no peito, cabelo arranjado, de ar anafado. Entrou na assembleia de voto e cacarejou: sou Galinha Có Ró Có, venho exercer o meu direito de voto.

Votar?! Galinha não vota! Galinha cacareja, está no galinheiro, põe ovo e dá pinto e, no fim, canja de galinha. Votar, só vota o Galo! Ouvia-se em off, a voz do “Pig Brother”.

Mas não, que tenho direito, que voto é livre, que é “Democracia”, respondia a Dona, abanava as asas, espanejava as penas.

Mas não, votar não votou, e tanto espanejou que a “ramona” a levou para caldo de galinha.

 

Ato Quatro

Dona Cachorra

 

Dona Cachorra, pêlo luzidio e preto, ar reluzente, feliz e contente, foi tomar o autocarro, para seguir para o trabalho.

Na paragem, viu sinal de “Aqui cachorro não entra!”, um sinal stop com imagem de cachorro preto em fundo, mas não ligou.

Tentou entrar no onibus, mas não, que não podia entrar, barraram-lhe a entrada, enquanto se ouvia “Aqui cachorro não entra!”, voz gravada em off, do mesmo “Pig Brother”. Mas Dona Cachorra, chamada de “Rosa”, argumentava que precisava de ir de autocarro, que tinha direito a ir, que tinha dinheiro, as vacinas em dia, os impostos pagos, trabalhava a horas, era cumpridora, honesta e trabalhadora, mãe de família, cachorra – diligente e fiel, sem parasitas, cidadã livre do Reino da Bicharada …

 

Será que Dona Cachorra Preta, chamada de “Rosa”, entrou e sentou no autocarro?...

 

Saber a resposta para esse Amanhã, só depende da Bicharada!

 A ler também, S.F.F.

Notas:

Esta fábula foi escrita em Dezembro de 2011. Como qualquer fábula não tem absolutamente nada a ver com a realidade.

Recebeu Menção Honrosa nos X Jogos Florais  da “Associação Cultural dos Amigos do Concelho de Avis” , em 2012.

Foi publicada no Boletim de  “Mensageiro da Poesia” nº 119 Ago/Set/Out 2013, pag. 25.

 

Ah! E continua lançado  o repto de algum leitor fazer ilustrações para a fábula.

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