Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Um poema de denúncia do atropelo aos direitos de seres humanos que, por serem “negros”, estão a ser impedidos de sair da Ucrânia, sendo preteridos face a outros que são “brancos”.
(Este postal não segue necessariamente os cânones do considerado “politicamente correto”!)
A guerra leva aos maiores flagelos da Humanidade e a desumanidade vem ao de cima, pelas mais diversas razões e por variadas formas.
O racismo é bem expresso nestas atitudes dos guardas.
Há jovens portugueses, estudantes de Erasmus, de Medicina. Um até é alentejano, de Évora e até viveu em Portalegre. Distrito onde até temos Médicos ucranianos, que muito estimamos!
E também há cidadãos de outros países a sofrerem pela mesma razão discriminatória!
As Pessoas não devem ser discriminadas sob aspeto algum relativamente a si mesmas, enquanto Pessoas. Este é um axioma, inseparável da condição humana.
Mas uma realidade, é a das pessoas, seres humanos, outra, a dos animais. São realidades distintas.
Isso de os donos de “animais de estimação” não serem discriminados no acesso à habitação, por esse facto, levanta-me a questão de saber se os moradores dos prédios urbanos, que por qualquer razão se achem no direito, igualmente legítimo, de não coabitarem com “animais de estimação” não se sentirão eles próprios discriminados e lesados nos seus direitos enquanto cidadãos.
Que essa atitude, agora tão na moda, de que os “animais de estimação” fazem parte da “família”, não tem que ser necessariamente aceite por todas as Pessoas.
Quem vive num prédio urbano, destinado a Pessoas, tem o direito de viver nele sem ser incomodado pelos diferentes atropelos a que estão sujeitos pelos donos de “animais de estimação”.
E tem o direito de contestar e não aceitar essa coabitação que lhe é imposta.
A preocupação legalista pelos direitos dos animais faz, genericamente, todo o sentido.
Mas e no referente aos ditos “animais de estimação” e, como já reportei noutro post, convinha, antes de tudo o mais, definir, preto no branco, quais são os animais de estimação.
Que é um conceito quase impossível de definir em termos de objeto, porque essa definição depende de muitos contextos.
Desde logo se se trata de um contexto urbano, se de um rural.
Como é evidente, num contexto rural, de pessoas que disponham de espaço e condições, há um conjunto de animais que podem ser tidos como animais ditos de estimação, que num contexto urbano são completamente impossíveis de considerar.
Mas há por aí gente tão louca, que levam os mais imponderáveis animais como de “estimação” para os respetivos andares nos prédios das nossas cidades!
E, também no respeitante ao tratamento dado aos animais, atuar e autuar sobre espetáculos em que os animais são objetivamente torturados.
Isto é, haver a coragem de “pegar o touro pelos cornos”!
Mas os aspetos fundamentais neste assunto dos “direitos dos animais” continuam a ser esquecidos!
Para não referir que com esta preocupação dos “direitos dos animais” se esquecem dos “Direitos do Ser Humano”.
Porque em quantos contextos não são os Seres Humanos tratados abaixo de lixo?!
Para não falar daqueles Humanos que vivem abaixo das condições mínimas de dignidade e que todos os dias constatamos nas nossas cidades. E a quem já nem ligamos! É só vermos com olhos de ver!
Que eu sou totalmente contra o maltrato dos animais.
Mas os animais são os animais. E as pessoas têm o Dever de serem Pessoas!
O que não acontece.
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Hoje, atualmente, nestas modernidades a que o conceito de “politicamente correto” nos tem levado e neste enquadramento dos cães, que são os animais em que há unanimidade em considera-los como de estimação, a tudo nos querem sujeitar.
Para além de, ao sairmos do nosso apartamento,
- depararmos com um caniche qualquer a defecar ou urinar nas escadas, caso frequente;
- de as ombreiras dos prédios, os muros e muretes, pilares e postes e equipamentos coletivos, de variados serviços públicos, estarem devidamente “esterilizados” por milhares de mijadelas;
- de passeios, jardins e relvados, altamente estrumados por cacas de canídeos;
- ainda nos querem, as sumidades “defensoras” dos animais, brindar-nos com mais alguns "presentes".
Por ex., o “Jornal de Arroios” Nº 11, Junho 17, pg. 15, informa-nos que “Agora donos e cães podem partilhar o mesmo bebedouro de água”.
Mais!
Esta medida é destacada no próprio Editorial, como se tratasse da mais iluminada e iluminante modernidade!
Paralelamente, ou nem por isso, também se prevê no nosso Parlamento legislar sobre a entrada franca de animais de estimação nos cafés e restaurantes, sentarem-se à mesma mesa que clientes humanos. Talvez tomarem café e bagaço juntos!
Assombrosa e estimulante modernidade!
Que este país gosta de viver na m****, não duvido.
Mal saiu ainda da pré-história do saneamento básico… Sim, não é ainda há muito tempo que neste país existem as condições mínimas neste aspeto…
Pois, agora, que praticamente os alojamentos atuais estão dotados dessas serventias, pois é vermos as ruas, os passeios, os jardins, os parques, cheios de lixo e porcaria.
É só olhar e passear com olhos de ver!
E é esta a “modernidade” a que nos leva o “politicamente correto”!
E para que os nossos representantes se ocupam no nosso suprassumo legislativo!
(Notas Finais:
Imagem: in. ndonline.com.br.
Esta imagem foi propositadamente escolhida da net, por ser dúbia e irónica.
É por demais evidente que há "pedidos / exigências" que não podemos esperar dos animais. Precisamente. Porque pessoas são, em princípio, Pessoas. Animais são animais!
Mas há muito boa gente que acha que é tudo igual!)
Setembro é sempre um tempo de recomeços. Começou o Outono, outro e um novo outono. É sempre tempo de retorno, de retornos. De inícios, de reinícios.
(Um outono que continua a vaga de secura que nos vem assolando. Nunca mais chove!
E quando chover?... E os campos serranos, da “Zona do Pinhal”, tisnados pelos fogos?!
…)
Os tempos outonais trazem-nos sempre um novo ano letivo, nomeadamente no ensino superior. (E como é agreste recomeçar com este calor!)
Para quem será agradável este recomeço, com sol e calor, será para os “praxados”! Será?!
Uma tristeza! Uma lástima, que estudantes (?), ademais universitários (?!) tanto se empenhem em práticas humilhantes e ainda as venham mostrar para as montras mais concorridas da cidade.
Lisboa, invadida (?) por turistas, uma verdadeira chusma de estrangeiros calcorreando a Baixa Lisboeta, vem cumulativamente sendo enxameada por hordas de jovens universitários, que em bandos, mais ou menos ajaezados, descem o Chiado, percorrem as mais concorridas artérias pombalinas, pousam em locais emblemáticos a testarem as capacidades de absorção alcoólica, desaguam no Rossio.
Sintomaticamente, nesta Praça, aos pés da estátua de Dom Pedro IV, paladino do Liberalismo, jovens (?), ajoelhados, em genuflexão perante outros de capa e batina, (a adoração que esta juventude atual tem por fardas!), num arrazoado de frases feitas e cantilenas, em palavras de ordem, mais ou menos chocalheiras, repetindo-as às ordens de comando de uns supostos “doutores”! (Na verdade, seus iguais, mas que se assumem como superiores…)
Paradoxalmente, numa Praça que já foi palco, de entre outros eventos de barbárie, numerosos autos de fé, em tempos que julgávamos ultrapassados, reeditam estes jovens universitários (!) atitudes e comportamentos de aviltamento da condição humana, rebaixando-se e rebaixando outros iguais, à condição de inferiores, de subespécie, de “bichos”.
Atos e ações não supostamente atribuíveis a Pessoas, jovens, estudantes, universitários.
Na passada 2ª feira, dezoito de Setembro, rapazes e raparigas, estas na maioria (!!!), de Medicina(!!) e da Nova(!), submetiam e submetiam-se a estas práticas junto ao pedestal, onde se diz estar representado o Rei Soldado, frente ao teatro Dona Maria II, aos olhos de Garrett!
Que dirão estes ideólogos da Liberdade, do ideário da Revolução Francesa, face a estes atos de aviltamento dos Direitos e Liberdades fundamentais?
E numa Praça que também tem sido palco de eventos de Liberdade, nomeadamente antes e depois do 25 de Abril de 74?!
Que nada!
As praxes, supostamente, estão para ficar.
(Tornaram-se um negócio, e tudo quanto envolve “money”…)
Também não haverá muitas hipóteses alternativas. Haverá?! E é urgente e imperioso que elas existam. Atividades construtivas de integração dos novos alunos, envolvendo todas as academias, em que todos se empenhem e se sintam participantes.
E que contribuam para a integração e companheirismo.
Todavia, no meio daquela chinfrinada “praxeira”, nem tudo é negativo.
As atuações das Tunas são e proporcionam momentos interessantes. Nesse mesmo dia, ao meio da tarde, ao cimo da Rua do Carmo, tivemos a oportunidade de presenciar uns momentos deveras interessantes, na atuação da Tuna da Faculdade de Belas Artes, frente a uma afamada gelataria.
Valeu o gelado, mas também os encores da Tuna. (Infiro que a respetiva atuação estivesse também incluída em presumíveis “praxes”. Teria estado?! Antes não estivesse.)
Neste caso, algo positivo. E que ainda rendeu pecúlio assinalável aos seus promotores, que eles estenderam a manta e os transeuntes, que pararam para assistir, na maioria turistas estrangeiros, não se fizeram rogados.
Aqui está uma atividade que deverá ser fomentada na integração dos jovens estudantes.
O resto visível?! Na maioria e no mínimo, uma tristeza!
(Imagem in. empregopelomundo.com)
Valerá alguma coisa apelar à rejeição das “praxes”?!
Entrou em vigor, hoje, uma nova Lei que, no âmbito do Código Civil, categoriza os animais numa outra perspetiva, deixando de ser considerados, perante a Lei, como “coisas” e perspetivados como “seres vivos dotados de sensibilidade”.
Legalmente, não duvido que, no papel e, em teoria, há um progresso.
Na prática faltará mudar comportamentos, a começar, em primeiro lugar, pelos de muitos “donos” de animais.
Que os animais não são coisas, que são seres vivos dotados de sensibilidade, julgo que a grande maioria das Pessoas conscientes sempre teve noção desse facto.
Muitos “donos” de animais não!
Reforço esta afirmação, basta observarmos os respetivos procedimentos face aos animais em variados contextos.
Uma que me ocorre imediatamente, também já aqui levantada, situa-se no procedimento futuro das autoridades, dos poderes instituídos, quer a nível central, quer a nível local, perante “espetáculos” em que os animais são objetivamente torturados perante milhares de “seres ditos humanos” para respetivo gáudio e contentamento e, em muitos casos, esses acontecimentos são ainda transmitidos televisivamente. (?)
Haveria muitas outras questões que poderia levantar, nomeadamente sobre este assunto mais específico e também sobre a questão mais geral. Seria um nunca acabar de interrogações, algumas já referenciadas em textos anteriores.
Não quero deixar de abordar uma última, por agora, meio em jeito de sério e também a ironizar. Lá vai!
Quando se fala em animais, tal a diversidade e riqueza da Terra neste âmbito, a que animais nos referimos? Apenas àqueles que habitualmente são considerados no contexto de “domésticos”, ou a todos, desde o mosquito ao cavalo?!
*******
E nem ou mesmo a propósito, ontem, a RTP2 transmitiu mais um dos seus excelentes Programas.
(Lembrar-me-á, caro/a leitor/a, que há muito não abordo nada sobre séries. É verdade. Tenho visto algumas, tenho seguido “1992”, que nos prepara para “Gomorra”, mas não me tem puxado ainda para a escrita.)
Bem! Mas, ontem, a RTP2 transmitiu o filme documentário “Sal da Terra” sobre Sebastião Salgado, a sua trajetória de vida e a sua Obra!
Uma vida heroica, uma Epopeia, a sua Vida e a Obra artística produzida.
Um registo histórico e documental, através da lente fotográfica, sobre a Humanidade, o Ser Humano, a Vida e a Morte, a Condição Humana, nalguns dos seus registos mais trágicos e aterradores; noutros, na sua capacidade de redenção e subsistência nos limites inimagináveis, para quem vive vidas comuns.
A inserção e comunhão do Humano no contexto da Natureza e dos outros Seres Vivos, igualmente “Obras” da mesma “Criação”: “Génesis”.
Sublime!
Apesar de em muitos dos “relatos”, “Koweit”, “Jugoslávia”, “Ruanda”, ser aterrador!
Aterrador, pela capacidade, loucura descomunal, do “ser humano” ao infligir tamanho sofrimento, tamanha atrocidade ao seu semelhante e tamanha destruição na Natureza! E como essa prática é recorrente, acontece nos nossos dias, sem qualquer justificação plausível, e ocorre bem perto de nós!
Este refletir podia levar-nos para o primeiro ponto da crónica e ainda e também através de outra pergunta.
Sendo, supostamente (?), o Homem, o Ser Vivo mais inteligente à face da Terra, conhece algum outro Ser que provoque tamanha destruição do seu Semelhante e do Ambiente em que vive e de que depende a respetiva sobrevivência?!
(…)
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E ainda…
E sobre essa “nova categorização” dos animais e contrapondo à condição humana.
E em quantas situações e quantos milhares, milhões, de Seres Humanos não levam uma existência desprovida de quaisquer direitos, muito menos que coisas, em vidas e condições abjetas, abaixo do limiar das condições de sobrevivência?
Com quantas Pessoas, seres Humanos como nós, não nos cruzamos, no nosso dia-a-dia, nos mais diversos locais das nossas cidades, em situações por demais problemáticas e a que maioritariamente “olhamos” indiferentes?
E quantos de nós não nos sentimos já tratados como “objetos descartáveis”, mesmo e até por quem e pelas entidades que nos deviam tratar como Seres pensantes, de ideias, ideais e afetos, de inteligência e sensibilidade e nos consideram meros números, eventualmente consumidores, ávidos de coisas e de dinheiro para comprá-las?!
E com esta questão, termino. Muitas outras ficam na gaveta...
E lembro que hoje é “Primeiro de Maio” – “Dia do Trabalhador”!
E remeto para o que já escrevi.
P.S. – Depois das três da tarde, fui a uma conhecida superfície comercial que anunciou os célebres mega descontos percentuais. E não constatei a loucura do primeiro ano!
- Não assentam no princípio do primado da Defesa das Liberdades, Garantias e Direitos Individuais.
- Não se estruturam no “Respeito e Consideração” que devem prevalecer nas relações interpessoais, entre todos os Indivíduos, Seres Humanos, Homens e/ou Mulheres, Cidadãos, em pé de Igualdade.
- Ignoram o Respeito e Consideração que as Pessoas devem ter por si mesmas, caso dos “praxados”; e relativamente aos Outros, caso dos “praxantes”.
- Tudo isto, e tão somente isto, é por demais suficiente para que não concorde com as Praxes, pelo menos da forma e pelo modo como têm sido, maioritariamente, exercidas.
- Sou totalmente a favor da promoção de atividades de integração dos novos estudantes nos respetivos estabelecimentos de ensino, e Meio para onde vão estudar, conforme já aqui referi; envolvendo todos os Agentes Educativos e todas as Entidades abrangidas, a começar pelos mencionados Estabelecimentos de Ensino.
E fico-me por aqui, que ainda quero ver o jogo de Portugal.
E também não me esqueci que ainda falarei sobre o filme da “Festa do Cinema Italiano”.
Iniciou-se, na passada 3ª feira, 3 de Maio, a 4ª Temporada da Série “Un Village Français”. Também de 12 episódios, reportados igualmente a um dia específico de 1942, desde Julho a Novembro, conforme link da wikipedia, apresentado anteriormente.
Episódio 1 – “Le train” / “O comboio” – 20 de Julho de 1942.
Um comboio militar alemão aportou a VIlleneuve para deixar, temporariamente, cerca de uma centena de homens, mulheres e crianças, famílias completas, de judeus, em trânsito para um destino incerto, para os próprios, para os franceses residentes na cidade, para as próprias autoridades francesas colaboracionistas nessa ação. Para uns supostamente designados “campos de trabalho”!
No primeiro episódio, somos nós telespectadores, desde logo, também transportados para uma das situações mais trágicas, mais vis, mais absurdas, mais chocantes, mais humilhantes, mais degradantes, mais repugnantes, da 2ª grande guerra: a deportação de judeus, com todo o cortejo de horrores que lhe conhecemos. Sim. Que conhecemos e que, hoje, não podemos ignorar, ainda que passadas sete décadas.
Não é fácil abordar a temática desta temporada, como habitualmente tenho feito nas abordagens das outras séries, dado que os acontecimentos narrados têm uma base demasiado verdadeira e chocante, tanto mais porque, ao que observamos, passados setenta anos do final da guerra, a Humanidade não aprendeu, a respeitar-se. Nem a respeitar o Outro, enquanto Ser Humano!
Mais do que narrar sobre o enredo vou, antes, questionar:
- Como foi possível que tais acontecimentos tivessem ocorrido e durante tanto tempo, sob o olhar indiferente, complacente, colaborante, de tanta gente responsável?!
- Como foi possível que seres humanos tenham tratado outros seres humanos assim e daquele modo?!
- Mais... Como é possível, e agora no presente, que tais situações, ou semelhantes, ainda aconteçam e humanos continuem a cometer atrocidades iguais ou idênticas às perpetradas?!
- Que, ao longo destes setenta anos, a humanidade tenha continuado a exercitar todo um cortejo de horrores pelos mais diversos países, por esse mundo afora?
- E como é possível que os descendentes das vítimas, dos agredidos e sofredores nessa guerra atroz, sejam eles agora que agem como agressores, exercendo sevícias análogas às que sofreram os seus ascendentes?
- E como explicar que após setenta anos em que líderes tresloucados dirigiram os destinos de várias potências beligerantes nessa guerra, um deles, o detonador de todo aquele enredo catastrófico, eleito, ainda seja possível haver um candidato de igual cariz, a tentar ser eleito para a chefia do estado mais poderoso do planeta?
- Sim! Como é possível?!
Falta demasiado bom senso à Humanidade. Pelo menos a uma parte significativa dessa humanidade!
E fico-me por aqui, que o comboio chegou à cidade de Villeneuve, mas ainda não partiu.
Mas, e ainda sobre o enredo, não posso deixar de referir que assomam sinais de Esperança e Altruísmo nalgumas personagens, que, apesar de todas as atrocidades, nos fazem crer numa Redenção possível!
É de visualizar a Série e refletir sobre as ocorrências!
Porque as condições daqueles prisioneiros são inumanas, terríficas. E, neste ponto, julgo que os guionistas também pretendem acentuar uma questão de denúncia, de uma clara e aviltante violação dos Direitos Humanos.
Também foi aterrador aquele excerto em que Frederik se lançou à irmã e quase a estrangulou.
Já antes fora assustadora a sua atitude com o procurador e o advogado, quando naquela reunião, enquadrada numa receção aparentemente cheia de nove horas, mas apenas de pura hipocrisia e falsidade, Frederik se passara, perante a verdadeira chantagem, disfarçada de lábia cheia de finura, em que o procurador procurava extorquir, disfarçadamente, mais dinheiro. Realmente seria difícil manter a calma, para mais para Frederik sempre destrambelhado.
Já anteriormente manifestara esse destrambelho, na visita ao irmão. (E em que condições se processam aquelas visitas!)
E eu que supusera que a leitura daquelas trocas de mensagens ente Emil e Solveig não o haviam perturbado. Que nada! Resolvera ir à Tailândia precisamente para se vingar!
Mas sendo inteligente como é e também profundamente apegado aos irmãos, especialmente aquele irmão, Emil, a quem o Pai, Carl, recomendara que o protegesse, em sua substituição, antes de se suicidar.
Todas estas situações marcam tragicamente Frederik, o perturbam, tornando-o um perigo para si mesmo, mais ainda para os outros que o rodeiam, como se viu.
(Neste ator, igualmente para os outros, realce-se o extraordinário desempenho do personagem, pessoa em permanente tensão.
Transparece nele, personagem, um forte recalcamento de pulsões primitivas. Que o ator muito bem evidencia.)
Mas, arrependido, tenso e perturbado como sempre, resolveu ir procurar o Governador, certamente daquela Província, sabendo que ele desenvolvia uma luta contra a corrupção, nomeadamente no respeitante ao Procurador e à Polícia.
E, interrompendo uma sua visita a uma Escola, arriscando-se a ser também preso ou mesmo morto, arrojou-se aos seus pés, tal qual faziam os antigos suplicantes em tempos ancestrais na nossa cultura ocidental, antes da constituição dos Estados de Direito e da consagração dos Direitos Humanos. E lhe rogou insistente e emotivamente que se dignasse ler o relatório que apresentava sobre o “julgamento” e prisão do irmão Emil.
E o Procurador leu e levou consigo para ler com mais atenção.
E, ao outro dia, o advogado, surpreendidíssimo, os informou que o procurador alterara a decisão judicial e que Emil seria libertado no dia seguinte, que podiam ir buscá-lo.
E foi Gro. Frederik não se atreveu!
E, nos entretantos, como correram as situações no Reino da Dinamarca?!
Bem e mal!
Bem, porque Signe lá vai dando conta do recado de agricultora.
Também diria que ainda dá em artista, tem veia de Veronika. Observe-se aquela instalação dos espantalhos nos campos de cânhamo. Num determinado campo visual e num certo contexto, pode ser considerada uma verdadeira “instalação artística”! Tal Mãe, tal filha! (Filha fica com letra minúscula, porque, artisticamente, Signe ainda não se compara com Veronika!)
Cumulativamente, a avaliação da Obra que ela adquirira foi um verdadeiro sucesso.
Para mais estando ela própria lá representada.
Todos ficaram agradavelmente surpreendidos com o impacto forte da peça.
“Pode mesmo ser a Obra-Prima dela!” Afirmou Kim.
A avaliadora valorizou-a de pelo menos novecentas mil coroas!
“Fizeste um negócio da China!”, lhe disse a advogada, Leone.
Também de amores as coisas estão a encaminhar-se bem e poderiam ter ido melhor.
Não fora...
Então o que correu mal?!
Estava Signe numa boa com o pretendente, julgo que se chama Martin, mas não tenho a certeza, quando chegou um intruso, indesejado.
Henrik, pai de Isa, veio com a própria, buscar a neta Melody e, apesar dos esforços de Signe e de Thomas, entretanto chegado, aquele conseguiu levá-la, melhor, roubá-la, para ser educada em família “normal”!
E por aqui ficamos. Que sobre normalidade e patologia há milhares de páginas escritas.
Neste décimo primeiro episódio pudemos observar o que aconteceu a Emil, na Tailândia. Quando tudo parecia indicar ser breve a sua libertação das amarras daqueles poderes discricionários e corruptos, metem-no outra vez na choça. Não sem antes o terem desancado. Com tanta porrada, malhado que nem maçarocas, quando o milho era descarolado com moeiras, nas eiras ensolaradas dos nossos campos. Arrastado pelo chão, como se fora saco de lixo, e atirado para um tugúrio nojento, desprovido de qualquer iluminação e provavelmente arejamento. Numa solitária, um verdadeiro horror! Uma desqualificação de qualquer atitude minimamente humana.
Penso que os realizadores da série pretenderam também apresentar uma denúncia político – social, mostrar como são as condições de vida em países como a Tailândia, tão idealizados em termos turísticos, mas com sistemas organizativos que não respeitam minimamente os mais elementares Direitos Humanos. Talvez, também, para as questões das drogas que, nalguns destes países, são completamente proibidas, com leis férreas nestes aspetos. Não só no referente ao comércio, como no respeitante ao próprio consumo.
E, em contraponto, de algum modo, comparar com a situação, por ex. no país de origem de Emil, a Dinamarca, em que estas realidades são completamente diferentes.
Talvez também alertar, para que ao viajar-se para esses países “exóticos” ter em atenção essas “particularidades” comportamentais e legais.
Mas sobre tudo isto, opino eu.
Paralelamente, no Reino da Dinamarca decorria outra realidade, completamente diversa.
Convém referir previamente que, na série, como aliás é hábito neste modo de narrar televisivo, há sempre um pequeno introito, resumindo algo de temas anteriores e fazendo alguma ligação com a temática do episódio a ser apresentado.
Também neste décimo primeiro episódio, previamente nos informaram que o tempo narrativo se situava um ano após o que fora apresentado anteriormente. “Um ano depois...”
Situemo-nos, pois, no tempo.
Verónica redigiu a célebre carta na véspera de Natal de 2013, morrendo no próprio Dia festivo, no 1º Episódio!
Todo o enredo que se foi desenrolando nos nove episódios seguintes terá demorado alguns meses. Assistimos aos campos nevados, Inverno; mais tarde, já na posse do Solar, Signe projetava as futuras sementeiras a ocorrerem na futura Primavera. Quando ela fazia esses projetos, pela aparência dos campos, seria Verão. Tudo isto em 2014.
Também foi nessa época que chegou ao Solar a tal Isa, toda rosada, que viera da Índia e se embrenhara na música com Tomás. Veremos que não se ficaram apenas pela música...
Neste 11º episódio, Signe, juntamente com Isa, foram assistir, ajudar nas sementeiras do célebre cânhamo para fins industriais.
Participar não, Signe bem queria pegar no trator, mas o técnico responsável não autorizou.
Situando-nos então no tempo... Seria Primavera. De 2015.
Também no início deste episódio vimos uma criança, de alguns meses, ao colo de Gro, toda enlevada. Também Signe cirandava à sua volta e lhe pegava.
Inicialmente pensei, será que Signe se esqueceu de tomar a pílula quando andava com Andreas e veio o rebento tão desejado por este? Ou será de Gro e Robert?!
Pois, nada disso.
A criança resultara das sessões extra musicais de Tomás e Isa. Mas não podia fugir à Música e chamava-se Melody. Bonito e sugestivo nome.
Iria ser batizada nesse dia.
(Quanto ao tempo narrativo e considerando que a gestação são nove meses e que a criança já teria alguns, pelo menos aparentava, então as contas não batem muito certas. Não sei. Posso estar enganado ao afirmar que seria verão quando Isa voltou da Índia, talvez fosse ainda primavera. Melhor, seria início do Verão: Junho. E assim as contas já batem certo.)
Bem, localizemo-nos no espaço. Situamo-nos no Solar, onde havia uma grande azáfama, pois haveria o batizado de Melody.
Tomás andava enlevadíssimo, não só com a filha, como com a festa que preparara. Um verdadeiro “happening”, um acontecimento, à moda dos anos sessenta.
Estava o elenco todo convidado e todos compareceriam. Aliás uma grande troupe de amigos do pai Tomás, músicos, “performers”, já lá estava. Cirandavam por todo o lado. Tresandaria a erva!
Quem não aparentava nenhum entusiasmo, era a mãe da criança, Isa. Nem pela bebé, muito menos pela festa ou sequer pelo batizado. Completamente alheada. Revelando vários sinais de perturbação. Só se sentia bem com Signe.
Signe, agora dona do Solar e dos campos, de algum modo herdara o modo de estar da mãe biológica: Veronika. Era a anfitriã daquela gente toda. Deixava correr... Provavelmente todos eles se sentiriam muito mais à vontade, em todos aqueles espaços, que já teriam frequentado durante a vida da Matriarca.
Todo o pessoal andava numa boa e se sentia perfeitamente na deles. Signe, por vezes, tinha que chamar a atenção de algum, mas deixava todos a seu modo.
Por desejo de Isa, iria ser a madrinha de Melody, contrariamente ao que haviam planeado inicialmente, pois previram que seria Gro, mas esta atemorizava Isa, que afirmava que ela lhe roubava a roupa da menina!
E os convidados foram chegando.
Frederik com a família. Vindos de uma nova casa, isolada, que ele havia comprado junto ao mar, mas afastada trinta quilómetros do centro. Idiossincrasias dele, que obrigava mulher e filhos a compartilharem.
Aparentemente tudo parecia melhor, na relação com mulher e filhos. Mas mal se falou em dinheiro, em vender mais uma peça de arte da Mãe, logo ele e Gro se engalfinharam.
Mas envolveu-se em todo aquele teatro do “batismo”. (Que mais se assemelhava a um ritual de praxe!)
Muito agarradinho à esposa, aos beijinhos, que até se esquecera dos filhos.
Estes também se perderam naqueles meandros. E terão tido, pelo menos Villads, a primeira visão de uma cena “hard-core”. Enquanto os pais os procuravam, estiveram eles num “pipe-show”, que aqueles casarões davam para tudo, sobremaneira naquele dia, com tanta gente e tanta passa, que até Hannah experimentou, na frente de Signe.
(Paralelamente ocorreriam as cenas de violência com Emil, na Tailândia. A tal análise comparativa de que falei, entre hábitos culturais completamente diferentes.)
Na cena de sexo, que eles tiveram oportunidade de observar, ao sentir-se observado, o homem voltou-se e pareceu-me, de relance, ser John!
Sim, é preciso informar que John e Lise também compareceram, muito bem, muito amigos e bem-dispostos. Numa ótima, como se poderá comprovar até pela cena do palheiro, sobre que não tenho uma certeza absoluta e peço desculpa por isso, caso esteja a errar.
Também foram convidados para o batizado, Lise, um pouco deslocada daqueles ambientes, já se vê, até perguntou a Signe quem era o padre!
Pois quem fez de acólito principal naquele ritual, como referi, muito inspirado nos “sixties”, mas para mim, mais nas praxes, quem ritualizava, era Thomas, o celebrante!
Chefiava uma “procissão”, oficiava uma “cerimónia”, supostamente de batizar a filha. Numa plataforma que instalara num lago da quinta, aí se colocou mais a filha Gro, mais Signe, e Isa que segurava Melody, numa espécie de cesto que fora amorosamente confecionado por Gro.
Não vou descrever os passos anteriores da pretensa “cerimónia batismal” da menina, porque, sinceramente, não acho grande “piada” a este tipo de rituais. Que só me reportam para os das “Praxes”!
Isa, que, como já reportamos, não estaria nada bem, também não se sentia nada confortável naquela “cerimónia” e, invocando um desequilíbrio na plataforma, ou propositadamente como a câmara nos pretendeu mostrar, é certo que atirou a filha ao lago. Pelo menos, é o que se depreende da focalização da câmara. Ou a criança foi cuspida do cesto, com o balanço que houve na plataforma.
Desequilíbrio houve. Na plataforma foi evidente. Na cabeça de Isa também, já manifestara vários sinais, reforçados posteriormente com tudo o que ela atirou a Tomás, em que o menos foi dizer-lhe que fedia da boca.
Então, e a menina Melody? Salvou-se?!
Sim, valeram-lhe Gro, Signe e Tomás, que rapidamente se atiraram à água e Gro recolheu-a sã e salva. (O seu Moisés, versão feminina!). E batizadinha da silva.
E ficamos por aqui, não sem antes ainda contar que Emil, único ausente, esteve sempre presente e muito dele se falou, nomeadamente o sobrinho Villads, que questionou os pais sobre o dito cujo. A apodrecer na cadeia tailandesa, mas disso só sabemos ainda nós.
Uma sugestão que dou aos irmãos: tratem de ir à Embaixada e procurem resolver o assunto pelas vias diplomáticas, breve, mas breve!
Até porque julgava que as coisas teriam melhorado. Mas não!
Continua a mesma barbárie...
Pelo que, e face ao que voltou a acontecer, não posso deixar de remeter para o que já publiquei neste blogue.
E um APELO às AUTORIDADES deste PAÍS.
Não basta dizer que os Alunos são livres de irem ou não às Praxes, até porque sabemos que, psicológica e socialmente, individual e coletivamente, não são. Ninguém o é totalmente! Há múltiplos e variados condicionamentos nas decisões que tomamos e não apenas nos contextos referidos.
Há que ter a coragem de dizer: Não Vão às Praxes!
Participem, Promovam, Organizem ATIVIDADES de INTEGRAÇÃO, sim, mas em que todos sejam IGUAIS!
E a tutela, as várias tutelas deste País, devem intervir, até preventivamente, para que não se continuem a repetir, nas Praxes, atentados aos mais elementares DIREITOS de qualquer Cidadão.
Que os atos de desrespeito pelos mais simples direitos cívicos ocorrem na via pública!
Que não, e apenas, se atue, ou se tente atuar, quando ocorrem situações como a descrita na notícia!
E, para que não se repitam tragicamente ocorrências como as que, infelizmente, aconteceram em anos anteriores!
E este assunto também poderá ser uma Questão dirigida Ao Excelentíssimo Senhor Ministro de Educação!
Nesta análise iniciada sobre alguns programas televisivos de canais generalistas não posso deixar de mencionar também o concurso “Quem Quer ser Milionário”, na RTP1 e a novela “Lado a Lado”, na SIC.
“Quem Quer Ser Milionário?”
Este concurso que é apresentado de 3ª a 6ª feira, atualmente cerca das 22h / 23h, por Manuela Moura Guedes, põe à prova a cultura geral dos concorrentes que a isso se submetem, na perspetiva de auferirem cem mil euros, o que, até ao momento nesta série, apenas um indivíduo conseguiu. Episódio a que não assisti.
Já não é a primeira edição deste conhecido concurso internacional, que foi apresentado por outros profissionais de nomeada da RTP, mas penso, sem desprimor por ninguém, que a atual apresentadora é a que, até agora, mais apelativo tem tornado o programa, nomeadamente pela forma cativante como consegue envolver os participantes, procurando geralmente “pô-los à vontade” e ir mantendo o suspense e doseando a tensão face às respostas e ao seu grau de certeza/incerteza… Por vezes, até muito subtilmente, propositada ou involuntariamente, ajudando-os…? Ou é apenas impressão minha?
É um programa de que sou fã.
Para quem gostar de aprofundar esta temática é imprescindível a visualização do conhecido filme britânico, de 2008, “Slumdog Millionaire” / “Quem quer ser Bilionário”, realizado por Danny Boyle e baseado no livro de Vikas Swarap, também de leitura muito interessante.
Então, “mãos à obra”! Que, é como quem diz, olhos e cabeça na TV, no DVD e Biblioteca!
"Lado a Lado"
Sobre esta novela de época, que passa na SIC perto da meia-noite, aos dias de semana e às 23 horas, nos sábados, o reparo a fazer é a hora tardia a que é transmitida.
Pelas temáticas abordadas, pelas excelentes interpretações deveria passar a horas mais convidativas.
A ação decorre no dealbar do século XX (1904 - 1910), no Rio de Janeiro, à data, capital do Brasil.
Num Brasil republicano recentemente saído do Império (1889) e que abolira a escravatura em 1888.
No enredo da peça se entrelaçam personagens ainda pertencentes, melhor dizendo, defensoras da Antiga Ordem Imperial e outras que procuram e afirmam os novos Valores da Modernidade do século XX, iniciado apenas há uma dezena de anos, uma criança, diga-se…
Nesta novela, os papéis marcantes são, de facto, os femininos. As personagens femininas não só pelos temas que defendem, mas pelo seu desempenho, são as mais fortes e as que têm maior relevância. E é a primeira novela em que um par negro tem um dos papéis principais, sendo que no elenco os negros desempenham papéis muito importantes. A luta dos negros e das mulheres são duas das tramas principais do enredo.
Questões e Valores como Liberdade, Igualdade, Fraternidade; reconhecimento dos Direitos Humanos mais básicos - Direitos Civis (por ex. direito a entrar num Café...), que ainda que consignados na Constituição não eram reconhecidos e aceites pela Sociedade; Direitos Políticos (direito de voto de que mulheres estavam excluídas bem como analfabetos, ou seja quase toda a população...); Direito à Educação... Direito ao Trabalho... Direito à Habitação... Direito ao Amor... Direito "ao Pão nosso de cada dia", que faltava na mesa, nomeadamente das crianças, que também têm desempenhos adoráveis! (...) (...)
Todas estas temáticas e Valores, para além de outras, hoje comummente aceites e consignadas na Lei perpassam e são abordadas na trama da novela.
E todos estes assuntos mencionados e outros, nomeadamente preconceitos raciais e sociais, que passado um século aparentemente estariam desbloqueados, muitos ainda estarão bem presentes na sociedade (brasileira e não só)!