Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Tarde, porque “mais vale tarde que nunca”, mas ainda em boa hora, aventuro-me, narrando sobre a série.
Apenas sobre o décimo quarto episódio, que o décimo quinto não vi e já sabe que funciono à moda antiga. Não volto aos programas gravados automaticamente, como se essa funcionalidade não existisse.
Tentarei abordar sinteticamente alguns dos planos em que se move a narrativa:
Os media divulgaram a notícia de que o modo de travessia do Estreito será através de um túnel, que foi essa a proposta que a União Europeia decidiu financiar.
Khaled, que já ganhara através dos franceses, às escondidas, muito ou pouco que não o contei, jogou, a descoberto, nas duas frentes e também se candidatou a um centro comercial à boca do túnel, em Marrocos!
Por baixo da mesa, mantem o móbil do crime, ainda que os franceses e os espanhóis vendidos achem que os atentados da Akrad irão terminar.
Mas não é isso que os chefes da organização terrorista projetam.
Com a mulher decidiu dar-lhe aparentemente mais liberdade: a de sair, mas na sua companhia!
De mão dada, visitam a família, aproveitando para se despedirem de Nayat, que irá para colégio interno em Sevilha, mas com telemóvel oferecido pelo cunhado.
Morey, como bom profissional e herói com valores, ajudou a mulher de Serra, que não tem culpa das falcatruas do marido, a procurar uma conta onde ele guardava dinheiro.
Pelo meio, ela ainda se questionou sobre a respetiva origem, que também não sabemos o destino que terá, pois igualmente desconhecemos se lhe conseguirão deitar a mão. De qualquer modo, Morey teve acesso aos registos e assim pôde aceder à possibilidade de descortinar como Robledo e eventualmente outros chefões fariam as respetivas transferências para um banco nas Ilhas Caimão. Nem mais e sempre os famigerados “paraísos fiscais”.
Isto, se no CNI não bloquearem os respetivos acessos ou fecharem, entretanto, as contas.
Bloqueando ou não, no CNI, Robledo resolve golpear Morey de forma mais vil, que matá-lo seria dar muito nas vistas e os heróis não podem morrer. Senão como continuaria o seriado?! Engendrou um plano artificioso.
Resolveram difamar Morey, como um vendido, fornecedor de informações aos terroristas e divulgaram essa notícia em todos os canais televisivos!
Queimaram-no, a melhor forma de o matar, continuando vivo, mas sem poder trabalhar e investigar.
Teve ordem imediata de regressar a Madrid. Mas antes ainda induziu Faruq a ir buscar os explosivos que estão em casa de Khaled.
Mas até lá terem chegado, os ditos explosivos deram muitas voltas…
Hazam, que já roubara uma vez, já aprendera a mentir, já estava integrado e aceite no meio e no modo de vida do Bairro, conforme queria, estava incumbido de localizar os explosivos na obra, mudados de sítio, após esse primeiro roubo.
Após localizá-los, nem mais nem menos, à vista de toda a gente, isto é, num contentor do lixo das obras; recebeu ordens de Faruq e Morey, dupla estranha a trabalhar em conjunto, digo, recebeu ordem deste duo improvável, de fotografá-los e lhes colocar um localizador.
Esta segunda tarefa foi executada, mas o rapaz, na pressa, esqueceu-se da primeira. Para esse fim, voltou novamente ao contentor, fotografou e enviou mensagem, recebida por Morey.
Só que, entretanto, há sempre um entretanto, Ismail e o outro servente voltaram e apanharam-no com a mão na massa e não houve perdão, que ele já era reincidente.
O outro rapaz, um corpanzil de urso, deu-lhe quantos pontapés quis, por tudo quanto é sítio, especialmente na cabeça. Deixou-o morto ou quase, e levaram-no para um arrabalde da cidade, escondendo-o no cano de saída das águas pluviais para uma barragem.
Supostamente aí apodreceria e, quando chovesse, seria arrastado para a água.
Toda esta cena final, da deposição do corpo, aparentemente morto, no cano da água, foi presenciada por Fran e Mati, que os haviam perseguido à distância, dado que eles também levaram os explosivos, onde Hazam conseguira acoplar o localizador.
Mal Ismail e o servente abalaram, os polícias foram retirar o corpo de Hazam e, após várias tentativas de reanimação, o rapaz recuperou, sendo levado para o hospital, onde deu entrada com identidade falsa.
Como pelos vistos os explosivos na obra estavam sempre a desaparecer, Ismail achou por bem guardá-los em casa do xeque Khaled.
Mas nem aí eles estavam sossegados, que, como vimos, foi ao cofre da casa do cunhado que Faruq os foi buscar, mas não teve sorte nenhuma, pois foi apanhado e, pelos vistos, irá para a prisão.
E com tudo isto estou a encurtar a narração, que me desculpe a narrativa!
Também soubemos que Khaled já oferecera a Paco trinta mil, para este matar Faruq.
E ainda que Fati e Khaled foram dialogar com Javier, na própria esquadra, que não havia melhor local para essa conversa e aí ficou selado que a mocinha ficaria não com o herói, mas sim com o vilão.
E você acha bem?!
E dir-me-á, caro/a leitor/a, que sabe muito mais que eu, porque viu o décimo quinto episódio e eu não!
O que é inteiramente verdade.
Mas, hoje, vou-me esforçar por ver o décimo sexto episódio!
Esta série dramática, exibida de 2007 a 2015, teve na quinta-feira transata, dia 5 de Novembro, o seu epílogo na RTP2, com o 14º Episódio desta 7ª Temporada.
Houve o cuidado, por parte dos guionistas, de rematar o enredo, atribuindo aos personagens principais, um final satisfatório aos seus anseios e objetivos, conforme foram manifestando ao longo do seu desempenho na narrativa.
Vejamos…
Pete Campbell, menino bem, de “boas famílias” tradicionais, ambicioso … arranjaram-lhe um novo emprego numa empresa de jatos privados e é vê-lo a ir passear num desses mini aviões, executivo topo de gama, acompanhado da filha e da mulher, com quem se reconciliou.
Ao abandonar a “MacCann – Erickson”, teve a amabilidade de se ir despedir de Peggy e de ser simpático com ela, com quem tinha sido por vezes grosseiro ao longo de vários episódios.
Peggy Olson, secretária esforçada que fora subindo arduamente na “Sterling Cooper”, com uma entrada problemática na “MacCann”, acabou por ter o reconhecimento do seu estatuto e profissionalismo na nova empresa, sempre aspirando ao cargo de chefe criativa.
Paralelamente acabou por reconhecer-se enamorada de Stan Rizzo, iniciando um par romântico, um amor desencontrado que através do telefone se encontrou, em declarações apaixonadas, que frente a frente davam sempre para o torto. E foi vê-los a beijarem-se na sala de trabalho da secretária criativa, esforçada, centrada no trabalho e ascensão profissional e, finalmente, também recompensada com o desejado, aguardado e merecido Amor.
Cumulativamente, a sua ex-colega, Joan Holloway, ofereceu-lhe parceria num negócio de produção de filmes industriais, numa empresa independente, que Joan quer fundar e associar Peggy como guionista.
Aquela, Joan, realizou um dos seus sonhos: a criação da sua própria produtora, “Holloway & Harris”. Mulher assertiva e independente, proactiva, afirmando-se e afirmando o papel da Mulher no contexto social e profissional nessas décadas já tão distantes e ainda tão chegadas: anos sessenta e inícios de setenta do século XX.
No plano emocional, terá perdido o seu novo namorado, um pouco mais velho e já reformado, cheio de bago, que pretendia seguir com Joan para as curvas, que é o que não lhe falta a ela, e a ele, pelos vistos, dinheiro. Viajarem pelo mundo, gozando da sua companhia, que a ela não lhe desagradaria, mas também tem outros projetos para si mesma, que também tem em conta a sua realização profissional. E, nesse plano, ficou nas sete quintas.
Para ajudar a criação do filho também, e ainda, conta com a mãe. E teve uma ajuda preciosa de Roy, Roger Sterling, que deixou parte da sua herança à criança.
Se mal pergunto, mas o menino de Joan é filho de Roy ou do indivíduo com quem ela esteve a viver, não sei se casada?! Dúvidas de quem não viu todas as temporadas, nem nestas, todos os episódios…
Roger Sterling, após a venda da sua “Sterling…”, uma “maçã podre” na “Grande Maçã”, vai gozar da reforma… passeando pela Europa com uma jeitosa matrona da sua estirpe, que conheceu através de Megan Draper, que por acaso, só por acaso, é a sua própria mãe. E que fala francês! Só não sabemos se tocará piano…
Sally Draper, filha de Don e Betty, adolescente, que iniciara um processo natural de pequenas rebeldias de filha mimada, jogando com a separação dos pais e a “massa” destes, cresceu de repente. Tomando conhecimento da doença fatal da mãe e do desfecho iminente, ganhou maturidade e protagonismo no enredo e na sua própria vida e na dos que a ela estão mais chegados, os irmãos e a progenitora.
Esta, Betty Draper, após passar a maior parte da vida como esposa dondoca e boneca enfeitada, resolveu frequentar a Universidade e estudar Psicologia. Talvez à procura de si mesma, do tempo perdido e de um significado para a sua própria existência algo vazia, de aparências e cabelo sempre arranjado e vestidos aprumados. E foi precisamente aí, na Faculdade, que encontrou um primeiro sinal do seu destino. Ao cair na escada, subindo os degraus do estudo e do saber, viria precisamente a ter conhecimento, após os devidos exames, ser portadora de doença fatal, ainda hoje, muito mais naquela época, uma verdadeira sentença de morte: um cancro de pulmão. Inexoravelmente, morte certa!
Um sinal também da “morte” daquele modelo de Mulher?!
E um prenúncio das famigeradas campanhas anti tabagismo?
E Don?!
Bem, o protagonista da série ficou para o final deste trecho narrativo.
Don, após a célebre e paradigmática reunião de diretores criativos na “MacCann – Erikson”, num 14º andar de um escritório nova-iorquino, com vista soberba sobre os arranha-céus, que menosprezam a torre da Catedral de São Patrício, deu-se ao devaneio… Abandonou a sala, o andar, o elevador, o edifício, a cidade e pôs-se a andar… “On the road”. Qual Kerouac, percorreu os Estados Unidos, de Leste para Oeste, no seu esbanjador de gasolina, à data, abundante e barata, que para a crise petrolífera ainda faltavam dois anos…
Viveu as peripécias da vida errante de cow-boy moderno, sem causa nem destino, sem um fim ou finalidade, que não fora fugir de si, à procura de algo que nem ele próprio é. Que ele não é quem diz ser, possuidor de uma falsa identidade que não lhe pertence.
Acabou num retiro espiritual, num local isolado da Califórnia, com uma soberba vista para o Pacífico, numa comunidade pacífica e de pacifistas, relaxando numa de yoga ou tai tchi, e frequentando psicoterapia de grupo.
Andando na sala sem destino, exprimido sentimentos sem nada dizer, tê-los-á alguma vez ele expresso?!... Preso ali, naquele espaço de aparente libertação, que o carro lhe fora roubado pela mulher, Stephanie, que o levara para aquele local recôndito de fim de mundo.
Desesperado, telefonou a Peggy, desabafou, que fizera tudo errado, que não era quem julgavam, que estragara tudo, que quebrara todos os seus juramentos…
Peggy apreensiva…
Afinal rematou que só ligara, porque percebeu que dela não se despedira e queria ouvir a sua voz… Mais um que foi simpático com a ex secretária subalterna, reconhecendo-lhe o valor, não devidamente reconhecido enquanto trabalhavam juntos.
E Draper voltou a novo seminário, também a convite de outra senhora.
E ouviu outro participante, Leonard, relatando a sua vida e um sonho…
“… passam por mim e não me veem… dizem que me amam… se calhar, amam… (…)
Sonho que estava numa prateleira de um frigorífico… …” E chorou, chorou. Caiu num choro convulsivo, incontrolável…
E Don, num gesto espontâneo e sentido, numa atitude de empatia, levantou-se da sua cadeira, dirigiu-se ao local do Outro, e abraçou-o. E também chorou!
E voltou a novo relaxamento com a memorável vista sobre o mar, em posição de yoga e exercícios respiratórios.
E um hino de agradecimento espiritual…
“Mãe Sol, adoramos-te! E agradecemos-te a doçura da Terra. De um novo Dia!” Hino muito peculiar daqueles tempos de “Make Peace, Not War!” De “The Flower Power”!
Mas o episódio, a temporada, o seriado terminou não com este hino, mas com outro bem mais prosaico e, na verdade, mais consistente no tempo e no espaço, ou não fossem eles publicitários e delineadores do constructo, do designado “american dream”, sonho americano.
Pois a série findou ao som de um célebre spot publicitário de 1971: o “hino” à Coca-Cola, “que é a melhor bebida do mundo”.
Que um ponto ficou por esclarecer. Continuando a contar este conto, e aplicando o ditado, sempre acrescentando algum ponto!
E talvez seja bom começar, recomeçando sobre a personagem que designei de “noviça de freira”, que me foi esclarecido através de comentário, nomear-se esta categoria ou função, de “postulante” e agora me lembro de ouvir esta designação. E que o seu nome é Alicia.
Assim esclarecidos e feita a devida constatação, cabe-nos agradecer a quem tem a amabilidade de nos ler e ainda corrigir, quando é necessário. Obrigado!
Mas já que estamos na “postulante”, personagem sobre quem só falámos no texto anterior, referindo ser ela uma pessoa doce, também sofrida e humilhada, com um caso mal resolvido com o boticário, de que ela tinha uma péssima recordação. No episódio treze dispôs-se a confessar-se, não sei o que disse, que é segredo, mas pelos vistos parece-me que se confessou, mas com Duarte no confessionário! Este Duarte é melhor que a encomenda! Não sei até onde vai esta personagem…
Também se propôs falar a Rosália do mau caráter do boticário, pedindo a opinião da enfermeira mor, que anuiu. Mas não chegou a fazê-lo, pois que ao observar o derriço de Cristobal para com a enfermeira Rosália, tendo-se aquele revelado com uma postura e comportamento diferente do que lhe conhecia, não teve coragem de intervir e portanto não falou nada!
Personagem sofrida e sofredora, usada pela Enfermeira Mor, vítima constante de bullying (conceito desconhecido à época), mas por vezes revoltando-se pelas ações que ela lhe impõe, embora maioritariamente cedendo às chantagens e ameaças a que a “Dragão” a sujeita.
E, agora já no Episódio catorze, cheio de peripécias…
Alicia confessara-se mesmo a Duarte, ficando ele a saber o seu segredo.
E, conhecendo-o, tratou de o usar a seu favor.
Disfarçado e apresentando-se como Doutor Alvarez de Castro e expressando-se oral e corretamente, pediu a Padre Manuel, Pároco de Santa Susana, para consultar os registos do Hospital. E para quê?!
Ele próprio foi um enjeitado, recolhido pelo Hospital, quando Irmã Úrsula nele deu entrada, há trinta anos. Teria ele cerca de oito.
Isto soubemos porque Dom Cristobal por ele e pelas suas origens indagou à Enfermeira Mor. Que solícita e prestável, à sua maneira e para o que lhe convém, neste caso ter Duarte na mão, o avisou de que o Boticário andava querendo saber coisas dele.
Os entremeses entre o que escrevemos antes e o que escreveremos a seguir, desconhecemos, que nos filmes nunca mostram tudo, mas também temos a cabeça para pensar…
E o que se passou a seguir é que no quarto da menina enfermeira Rosália apareceu uma carta que era um registo de nascimento de uma criança, nascida em 1790, filho de Alicia Bermudez, solteira e de pai desconhecido… não sabemos como a carta lá foi parar, mas deduzimos, não acha?!
E está tudo dito e explicada a tristeza de Alicia e porque tanto se agarra às crianças e chora com o seu infortúnio e as suas desavenças com Cristobal e porque o considera tão mau caráter e porque queria avisar Rosália.
Rosália que ao tomar conhecimento deste assunto logo tratou de se ir embora do Hospital, abandonar a profissão, agora até com salário, para não mais ver esse mau caráter.
Só que não pôde, porque os portões do Hospital estavam fechados por ordem do Administrador, por razões de que falaremos, quando terminar este excerto, respeitante à enfermeira, monja postulante, de nome Alicia, de quem agora até já sabemos o sobrenome, personagem doce, meiga, sofrida e sofredora, de que pouco falara em capítulos anteriores.
E vamos ainda aos entretantos…
Quando nos dispomos a visualizar uma série, apelativa como esta e com personagens tão cativantes, agindo num contexto como o daquela época tão exacerbada de paixões, com contrastes tão marcantes sob variados aspetos, é difícil não nos enredarmos, não tomarmos posição, gostarmos de uns e detestarmos outros. Tomarmos partido, em suma.
E, neste posicionamento, pretendermos que a história siga este ou aquele rumo, castigarmos esta ou aquele personagem e premiar esse outro ou estoutra.
Só que não somos guionistas da série e estes é que determinam o Caminho da história, o percurso das personagens. Que nem sempre é do nosso agrado, nem corresponde às nossas previsões, motivações e simpatias.
E vamos lá saber porque os portões do Hospital estão fechados…
Seria devido à doença misteriosa que nele grassa, que tanto apoquenta médicos e enfermeiras, que tanto trabalho lhes dá, tanto desassossega o Administrador e tanto aflige, inquieta e perturba Alicia? Que só deixa indiferente a Enfermeira Mor, alma de gelo, coração de pedra?
Não, embora por vezes pudesse funcionar a quarentena!
À série chegou, por pouco tempo é certo, um novo interveniente, Breixo Tabuada, irmão da nossa estimada Olalla, podemos manifestar-lhe a nossa simpatia, pois quase unanimemente goza desse privilégio no Hospital, com exceção de quem nós sabemos!
Com ele chegaram também, declaradamente, os Ideais da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade, Fraternidade! Já havia simpatias por essa Causa, é certo, mais acentuadas em Dona Irene, com uma práxis toda para aí virada; menos acentuadamente em Dom Daniel, que até estudou em França!
Mas manifestar simpatias por esses princípios, para mais ainda atuar em conformidade, distribuindo panfletos nessa onda e contra a Guerra, quando a Espanha estava em guerra com a França, era pedir o direito à forca!
E era precisamente disso que Breixo fugia e que foi para Santiago, também para ver a irmã querida, mas ainda e prioritariamente para não sentir o nó apertar-se na corda ao pescoço. Pediu guarida à irmã, que não teve melhor ideia que levá-lo à mercearia de Dona Irene que, em consideração por Olalla, lhe deu asilo por uma noite.
Cedência de asilo que lhe irá custar muito caro, a si própria e aos que lhe são mais queridos.
Isto porque o Alcaide, que está ufano na mó de cima, à sua loja enviou, na manhã seguinte, uma patrulha para revistar a casa e apanhar o fugitivo. Na confusão e refrega que se seguiu, Dona Irene, num gesto espontâneo, embora irrefletido, puxou de uma tesoura e espetou-a no ajudante do oficial de justiça.
Ainda o levaram para o Hospital, Dona Irene, Breixo, também o Oficial. Não chamaram o INEM, que ainda não havia, nem sistema ambulatório. Os nossos médicos, nossos pela simpatia que lhes temos, os cirurgiões, de tudo fizeram para o salvar, tentaram estancar a hemorragia, o sangue escorria como em açougue, impressionando quem fosse de impressionar. Mas apesar de todos os esforços dos médicos, que também são cientistas dedicados à investigação, e embora todas as suas tentativas, o ajudante de oficial de justiça morreu.
Morrendo de morte assim, Dona Irene era uma assassina. Para além de também ter dado asilo a um desterrado e fugido à Justiça. Nesses tempos de guerra ou em quaisquer outros dessa época já se sabe qual seria o veredicto.
Estando no Hospital Real, com jurisdição própria, autonomia nesse e noutros campos, daí tão cobiçada a respetiva Administração, podia aí ficar com autorização do Administrador, com capacidade e poder de justiça civil, dentro do espaço territorial do Hospital.
E ele, também irrefletidamente (?), a essa atitude se prestou, nem que fosse para poder ficar um pouco mais com a Mulher que admira, mas também ama e que, finalmente, talvez sentindo o tempo escapar-lhe, a beijou. Em fundo, a música que, julgo eu, seriam variações sobre o tema “Concerto de Aranjuez”… Seria?
E, para proteger Dona Irene e impedir a entrada dos soldados do Alcaide, mandou fechar os portões do Hospital, não entrando nem saindo ninguém.
E assim se explica porque a menina Rosália não se pôde ir embora para a sua santa terrinha.
E, com este gesto, também o Administrador, Dom Andrés, aperta mais a corda que vai tendo ao pescoço, como já o Alcaide lhe fizera lembrar antes destes acontecimentos. Agora, e depois de tudo o que aconteceu, o que ocorrerá?! Esperemos o 15º Episódio. O último?!
E, voltando aos entretantos, e ao que vai acontecendo aos personagens. Vemos os que são execráveis, surfarem as ondas na maior e os que gozam das nossas simpatias serem maltratados. Será que os guionistas vão manter as coisas neste pé?! Ou vão ceder às pressões das audiências e das redes sociais, como nas novelas brasileiras? Aguardemos!
Vermos o Padre Bernardo nos calaboiços da Inquisição… Valeu-lhe, todavia, a intervenção do Arcebispo, Malvar de nome, que condicionou o Inquisidor a requisitar um médico, para o atender. Pronta e solicitamente, Doutor Devesa o foi auscultar e medicar, aconselhando-o a comer e a dizer a tudo que sim, ao que Somoza lhe pedisse, para ser libertado. Que, se não o fizesse, seria ele próprio, Sebastian Devesa, que divulgaria que a carta na posse do Inquisidor, a ele, Doutor Devesa, era dirigida.
E nós que gostaríamos de conhecer o conteúdo exato da célebre carta.
Vermos Clara num exercício de auto flagelação psicológica, a embebedar-se, toda desgrenhada e a ouvir a sogra, aparentemente contrita e com remorsos (?) dizer-lhe que para perpetuar a linhagem o apelido é mais importante que o sangue.
“Como é possível que consinta e apoie que eu engane o seu próprio filho e na sua própria casa?!”
E o marido, Doutor Daniel, substituído enquanto marido e como médico, sem ter conhecimento de nada.
Contudo, e enquanto Médico, o Doutor Alvarez de Castro, juntamente com Doutor Devesa, está a desempenhar o seu papel. Juntos, e sempre utilizando a metodologia científica, por deduções, a partir de hipóteses, foram construindo uma tese de que aguardam confirmação experimental no próprio ser humano.
Deduziram que é no sangue da ama-de-leite que está a explicação para o facto de o próprio filho não ser portador da doença misteriosa. Que esse facto não será apenas uma casualidade, mas antes a respetiva causalidade.
E, daí, inocularam sangue dessa paciente na outra doente também infetada e posteriormente nos bebés, para supostamente os defenderem da doença, imunizando-os. Ignoro se esta palavra já seria utilizada, ou se foram eles, enquanto cientistas, que descobriram o conceito e criaram a palavra, após saberem os resultados da experiência, que espero sejam positivos.
E esta experimentação, que não foi assim tão linear e simplista conforme a descrevo, foi decorrendo enquanto ocorriam muitas das peripécias já relatadas, até anteriormente a algumas delas, ou simultaneamente a outras.
Que esta narração ao que se desenrola nos episódios nem sempre é, nem pretende ser, exata e rigorosamente fidedigna. Me desculpem por tal!
E ficamos por aqui, pela Ciência, que deu um salto qualitativo muito grande nesse final de século, conforme nos é mostrado no Hospital, que seria muito avançado para a época.
Até já têm microscópio, imagine-se! Para além de toda a experimentação e investigação que desenvolvem. E têm um corpo excelente de profissionais empenhados, os médicos, as enfermeiras, o boticário e o administrador, que tendo que dar aval a tudo quanto se passa, se revela moderno e esclarecido. Imagine-se que seria alguma das outras trempes a comandar o Hospital!