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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Confinamento e Chuva!

Crónica de Confinamento - 1ª de Fevereiro 21

Os dias de chuva continuam. Não é sempre igual em todo o lado, mas parece que onde estamos e quando estamos, é tempo de chover. A Senhora das Candeias ou se enganou ou nos trocou as voltas bem voltadas. Seja lá como for ou pelo que for, continua a chover. Aquela chuva miudinha, todos os dias, quase todo o dia. A chamada “molha parvos”!

Parvos ou não, cá estamos em confinamento. E certo seja que, gostemos ou não, observa-se correlação entre confinamentos e diminuição do número de novos casos Covid 19. E com as temperaturas haverá alguma correlação?!

Não se apressem a desconfinar. Deixem estar as coisas como estão, por enquanto, sem pressas nem atropelos, nem folias carnavalescas. Mascarem-se online!

As Escolas, a não funcionarem presencialmente, colocam objetivamente muito menos gente a circular.

Em dias de confinamento, sai-se para o indispensável. Compras, principalmente.

E, saindo, mesmo à hora de almoço, muito menos gente se observa. A rapaziada das escolas, pura e simplesmente, não circula. Os papás e as mamãs também não. Não precisam ir a correr nos popós, buscar e levar meninos e meninas. O trânsito é muitíssimo menos.

Em dias de aulas presenciais, na hora de almoço, nas ruas de acesso aos estabelecimentos de ensino, é um ver se te avias e um castigo ter de atravessar as passadeiras. Agora não. Uma calmaria! “Há males que vêm por bem”!

Compras a um dos supermercados mais antigos da povoação. Antes de todas as grandes superfícies, de lojas por todo o país e estrangeiro. Bem antes do Fórum.

Este, a que chamo sempre “Europa”, mas cujo nome de registo é diferente atualmente, já nem sei há quantos anos. Para mim é sempre “O Europa”.  Gestão da mesma família há vários anos. Já numa segunda geração.

Indo a este supermercado, dou, com muito gosto, uma volta maior, ando mais a pé e percorro a povoação e “vejo as montras”. Isto como quem diz. Que impressiona tantas lojas, cafés, serviços vários, restaurantes, fechados.

Alguns destes últimos, em serviço de comida para fora, mas com muitíssimo menos movimento, sem os habituais comedores e bebedores, em cavaqueiras amenas. Enfim, tempos… Sem as esplanadas.

As lojas das raspadinhas, lotarias e afins têm sempre filas. Ele há pessoal que tem cá uma fezada! São lojas indispensáveis?! Para onde vai todo esse dinheirame dos jogos de fortuna e azar?

Mas há sempre gente a circular ou “confinados” em grupinhos, debaixo das arcadas ou das varandas, resguardando-se da chuvinha. Pessoal de “negócios”!

Também há quem não se coíba de cavaquear no meio do passeio, impedindo a passagem dos transeuntes.

Ainda os habitués passeantes de canídeos. Nem sei como tão boa e santa gente consegue colocar cães enormes, nos modestos apartamentos que possuímos! Animal sofre!

Sol e Aloés. Foto Original. 2020. 01. jpg

E, a gente também sofre. Tomara que isto da Covid acabe! E venha o Sol!

Gratidão para quem trabalha!

Ramalhete e Flores. Foto original. 2020. 05. jpg

Ramalhete de Questões. Terceiro de 2021!

Medidas… Atitudes… Solidariedade… Campanhas… Links

 

O Governo resolveu-se a aplicar medidas mais duras. Não sei se irão dar resultado. O que sei é que, de Domingo (10385) para Segunda (6702) o número de novos casos diminuiu. Consequência de, no domingo, ter havido menor circulação das pessoas?

De ontem, 2ª feira, para hoje, 3ª feira (10455), os novos casos voltaram a aumentar. O facto de ontem, dia de trabalho, de funcionamento das escolas, haver mais pessoas em circulação, terá originado o ressurgimento de maior número de pessoas infetadas?

Aguardemos o dia de amanhã e observemos os números.

Que as pessoas se deviam restringir às saídas imprescindíveis é atitude que defendo e comportamento que procuramos seguir. Basta-nos quem tem de trabalhar, em contexto de risco, em contacto com outras pessoas, no enquadramento de pacientes. Basta-nos! Quem pode resguardar-se, deve fazê-lo. Por si mesmo. Pelos seus próximos, familiares, vizinhos, amigos… Por todos. Deixemo-nos de egoísmos estúpidos.

Quando se iniciou esta coisa de Covid, em Março 2020 e começou o 1º confinamento, o pessoal foi muito mais ordeiro. Também mais altruísta. Solidário. Assertivo. Posteriormente começou tudo a andar ao molho… No final do ano, descarrilharam de vez. O Corona aproveitou. Cavalgou por tudo quanto é sítio.

Atualmente, atrevo-me a afirmar que certamente não haverá nenhum portuga que não conheça outro ou outros portugas que estão ou estiveram infetados. Familiares, amigos, vizinhos, conhecidos, mais perto ou mais longe, certamente todos conhecemos.  Se observarmos os focos de que temos conhecimento, conseguimos aferir algumas constâncias na propagação. E, em muitas delas, quase todas, a interação familiar ou relacional e/ou funcional de proximidade, caso dos lares, foi determinante.

Faça esse exercício mental, SFF. E tire as suas próprias conclusões. (É claro que escrevo sobre o que conheço e não julgo que o que conheça seja paradigma global.)

No 1º confinamento, as pessoas, os cidadãos souberam ser gratos com quem para eles trabalha. Profissionais de Saúde. Trabalhadores que nos asseguram os bens e serviços que nos são indispensáveis no dia a dia.

E, agora, neste 2021 que se inicia e com muito mais perigo, muitos mais casos, não há lugar ao agradecimento e ao aplauso?! Bem sei que tudo isso foi fogo de artifício!

E os candidatos presidenciais vão continuar em campanha presencial, terra a terra, rua a rua, casa a casa, comício a comício, jantar a jantar?! …?!

Houvesse sensatez, que não se compra nem vende, todos eles, sem exceção, teriam terminado essas ações. Dão péssimo exemplo. Todos, todos os que andam nessa roda.

Ide antes bater palmas para quem trabalha em locais e contextos de perigo. Relevância para os Profissionais de Saúde!

E, as Escolas vão continuar a funcionar presencialmente?!

Deixo umas ligações sobre trabalhos poéticos ou outros sobre o Corona e Covid, eles próprios também refletindo a evolução das minhas perspetivas sobre o tema. Ultimamente pouco tenho produzido de artístico sobre o assunto. Talvez, também cansaço. O mesmo que se observa em muita, boa e santa gente, por aí.

Votos de muita e santíssima Saúde! Para todos!

 

https://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/tens-c-roa-de-rei-em-reino-de-terror-199673

https://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/reclusao-forcada-expressao-artistica-199894

https://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/corona-conection-200097

https://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/venceremos-200578

https://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/da-janela-o-hospital-vejo-201917

https://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/poema-em-verso-desconverso-221488

 

Confinamento de Janeiro de 2021?

2º Ramalhete de Questões de 2021: Algumas com Resposta.

Covid? Escolas abertas? Campanha Eleitoral? Vacinas?

Líquenes. Foto original. 2020. 01. jpg

Neste início de ano 2021, os números de novos casos de covid e de mortes associadas vêm atingindo números record.

Entrámos na 6ª feira, 15 de Janeiro, em novo confinamento.

Contrariamente ao anterior, este é bastante suave. Saindo à rua, de tarde, na Cidade de Régio, pouco se notou de diferente dos dias anteriores. Havia gente por todo o lado. Escolas abertas, não faltava rapaziada nos locais habituais. São mais as exceções que a regra de confinar. Talvez por isso tanta gente tenha andado à vontade.

No sábado não passeámos por aí. Apenas visitas à família. E ida ao quintal. Mas, nos noticiários da noite, relataram esse deambular das gentes por tudo quanto era sítio, se especialmente agradável para os “passeios higiénicos”.

Hoje, domingo, o confinamento notou-se bastante bem no tráfego automóvel. Muitíssimo menos trânsito. Muito menos! Tanto no IP2, quanto nas autoestradas!

Escolas abertas: Percebo que o ensino à distância não se compara com o presencial. Mas não serão as escolas fontes de contágio? E as condições em que se trabalha?

Campanha eleitoral: faz algum sentido?

Confina-se, mas no dia das eleições, 24 de Janeiro, pode andar tudo à vontade. E há candidatos que fazem campanha presencial, de rua em rua, de terra em terra.

Neste aspeto, o candidato Vitorino é o que apresenta mais Tino!

Seria necessário haver tantos candidatos? Percebo que vários funcionam como correias de transmissão dos respetivos partidos e são um meio de fazer publicidade e obtenção de financiamentos. Acaba por se desvirtuar o conceito de candidato a Presidente da República. A campanha também adquiriu o ar de atração de feira, pela mercê de um candidato que tudo tem feito para achincalhar. E os outros e outras têm-se deixado levar. Perdem todos. Perdemos nós também. Seria conveniente devolver dignidade a estas eleições, mas já a perderam em definitivo.

A atuação das nossas governanças na gestão da pandemia, a partir do fim do primeiro confinamento, deixou muito a desejar, é certo. Mas nós, cada um de nós tem de consciencializar que nos cabe um papel fundamental na contenção do vírus. Natal foi o que foi e Ano Novo não ficou atrás. Agora todos reclamam do descalabro.

Muito boa e santa gente, até com muita responsabilidade, antes do Natal, fartou-se de mandar vir porque o Governo queria impedir os santos convívios natalinos.

Agora, aproveitam para malhar, porque a pandemia parece descontrolar-se.

O Governo e o Presidente bem podem apelar ao civismo das pessoas, que quase ninguém faz caso. Então com a campanha eleitoral em que Professor Marcelo é simultaneamente “Presidente de todos os Portugueses” e candidato a futuro presidente e, neste papel, é saco de pancada de todos, bem pode invocar a respetiva condição de Supremo Magistrado da Nação, que o pessoal não liga.

Neste contexto, nem Governo nem Presidente se atrevem a impor medidas mais duras. E, assim, o confinamento nem é nem deixa de ser.

(É neste aspeto que entendo os monárquicos, o Rei não precisando de se sujeitar a plebiscitos. Se a realeza é bem aceite no país, mesmo sendo folclore demasiado caro.)

E as vacinas?! Vão começar com a segunda dose. É importante essa aplicação, mas não podem deixar de ter cuidado, mesmo vacinados. 

E, por hoje, aqui fico. Que há dias que não escrevia.

(Foto? Imagem de líquenes em propagação numa talha no quintal. Uma(s) metáfora(s)!)

Ramalhete de Questões: o 1º de 2021!

Há muito sem comentar algumas das ocorrências dos últimos tempos.

Sobre que discorrer?!

Bonfim Serra. Foto Original. 2021. 01. 08. jpg

As eleições presidenciais? Os respetivos debates? Os orçamentos dos candidatos? Que acho um desperdício a colocação de cartazes para irem apodrecendo nos “fora de portas / outdoors”, passados meses? Que o Vitorino até se revela bem sensato no meio dos outros todos? Que não seriam precisos tantos candidatos, mas que até ganham uma certa graça estes duelos de personalidades?

 

O aumento dos casos de Covid nos últimos dias? A possível correlação entre estes aumentos e o desregramento nas festas natalícias e subsequentes festejos de ano novo? As medidas quase sempre reativas das nossas governanças? As agora anunciadas, que não acrescentam nada de novo, mas mantêm as escolas em funcionamento? Percebemos o porquê, pois como seria fechar escolas e os reflexos nas vidas dos progenitores e encarregados de educação dos alunos? E irão conseguir manter o respetivo funcionamento?! E o frio e janelas abertas?!

 

Abordar o caso do magistrado indicado para um cargo europeu e as incongruências associadas a essa nomeação? Manifestar a minha surpresa de como é possível que os nossos governantes e dirigentes achem que este país é um quintal da respetiva casa, onde podem colher laranjas a seu bel prazer? (Falo em laranjas, porque agora é o que mais abunda. Mas podiam ser nêsperas!)

 

Congratular-me com o início da vacinação? Desejar que continue sendo progressivamente alargada a todas as pessoas? Almejar o respetivo alcance aos recantos mais pobres de todos os países? Realçar o facto de que, com ajuda mútua, os povos conseguem encontrar soluções construtivas para a Humanidade, em tempo recorde? Admirar-me que tivesse pegado a moda de que, para serem vacinados num braço, seja necessário despirem-se da cintura para cima?! Imaginem se fosse numa nádega!

 

Escrever sobre o que se passou recentemente nos EUA? Que provaram do veneno de terem colocado um louco a dirigir os destinos da nação?! Que deveriam erradicá-lo da cadeira do poder, ainda antes do final do mandato? Antes que faça mais algum disparate? Que, aplicando a Lei, o deveriam submeter a julgamento?

 

Que me congratulo com o acordo entre EU e Reino Unido sobre a saída dos britânicos da União Europeia?? Que, todavia, considero o Brexit um ato de puro egoísmo dos ditos cujos?

 

E sobre que mais discorrer?! Haverá mais, mas, por agora, fico por aqui.

 

E por aqui, referir que hoje, apesar do frio, demos uma valente caminhada, percorrendo desde o “Boi D’Água” até ao Bonfim. O meu Pai dizia que fizemos uma “tapada”, pois concretizámos uma volta, a modos que circular, contornando todo um espaço territorial. “Matámos Saudades”, pois passámos junto às nossas Escolas!

Bom Fim Foto Original. 2021. 01. 08. jpg

Até próximo postal! E Excelente Ano de 2021 com muita Saúde!

Almada será a Capital do Cante?!

SESSÃO de CANTE

C.I.R.L. – Clube de Instrução e Recreio do Laranjeiro

Sábado, 15/11/14

Cante Laranjeiro. Foto de F.M.C.L.

Não sei responder, pois ignoro o que se passa noutras regiões, nomeadamente no Alentejo do Sul onde certamente existirão regularmente sessões de cante, pois há muitos grupos nessa região.

 

Havendo ou não noutros lugares certo é que, em Almada, frequentemente acontecem eventos desta natureza com a participação de vários grupos de outras zonas. E foi também aqui, mais precisamente na Biblioteca José Saramago, que pela primeira vez ouvi, com ouvidos de ouvir, um grupo no seu exercício e arte de cantar, o “Grupo Coral Etnográfico Amigos do Alentejo do Feijó”. Grupo a que, aliás, se deve a organização de vários destes acontecimentos artísticos.

 

Este Grupo, como o próprio nome indica, tem também a preocupação de evocar, através dos trajes, algumas das profissões em voga no Alentejo até aos anos sessenta, quiçá setenta, algumas ainda terão persistido. Feitor, almocreve, pastor, moço de fretes… são mais de uma dezena, as profissões evocadas através dos trajes.

 

Numa altura em que está em execução a proposta de candidatura do Cante a Património Cultural Imaterial da Humanidade, pela UNESCO, cuja decisão se espera no final deste mês, o Cante ganha cada vez mais foros de Cultura e Cidadania Nacionais, merecendo inclusive direito a ser tema de estudo na Universidade, como comprovado por alunas do Curso de Antropologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa que neste dia se encontravam, in loco, a realizar uma investigação sobre o assunto, através do Grupo Coral mencionado.

 

Fui a esta sessão para ouvir os vários Grupos, com especial curiosidade para com os grupos femininos, pois nunca ouvira senhoras a cantar e atuar neste contexto do Cante.

 

Após os entremezes habituais, apresentações das entidades organizadoras, oficiais e participantes, os discursos da praxe, iniciou a sessão o “Grupo Coral Alentejano Recordar a Mocidade”, grupo anfitrião e organizador, que atua e canta há dezasseis anos. As senhoras, de fato completo, saia e colete, azul-escuro, camisa amarela e laço.

De braço dado, ondulando em evocação das searas e conforme manda a tradição, cantaram modas tradicionais: “vai correr a silva…”, “O Alentejo canta”, “Ceifeira linda ceifeira”…

 

Seguidamente interveio Dr. Teixeira, pessoa envolvida na questão da Candidatura do Cante, que, entre outros aspetos relevantes, frisou a importância dos Grupos para a persistência do Cante, para a sua não extinção, para a sua capacidade de resistência ao desinteresse pelo assunto, que houve até mais ou menos há quinze/vinte anos. E que foi essa resistência que permitiu que o Cante se mantivesse vivo e não se tenha extinguido. 

Realçou o papel das coletividades onde normalmente estão sediados, bem como das entidades e autarquias que os apoiam.

E acentuou, algo que concordo absolutamente, isto é, a necessidade de transmissão às novas gerações, ação que tem que ser prioritária, nomeadamente ensinando-o nas Escolas.

Tomaria a liberdade de acrescentar, apesar de leigo no assunto, que também é preciso renovar no conteúdo e também na forma. Mantendo embora a ligação ao tradicional, ensaiar modas novas e apresentar-se com sinais de atualidade. Algo que me encantou no Grupo de jovens que atuou no dia 4/10/14, no Clube Recreativo do Feijó, “Os Bubedanas”, que mantendo o modelo tradicional, como matriz de referência, na estrutura, na forma, no conteúdo, no espírito e na sua essência, agem de forma moderna e atual, tanto nas modas como nos figurinos. Desde grupo só acho que pecam pelo nome que, à priori, nos remete para estereótipos que não têm nada a ver com a qualidade que ostentam. Mas essa é outra estória.

 

Em seguida, atuou o “Grupo Feminino e Etnográfico As Margaridas”, de Peroguarda, Ferreira do Alentejo, trajadas com fatos à moda antiga, de trabalhadoras das lides no campo. Dez senhoras, queixando-se a ensaiadora de que são cada vez menos. Cantaram modas tradicionais: “Não quero que vás à monda”, “Os lírios são lírios”, “Oh, vizinha dê lá lume” e “É tão grande o Alentejo”.

 

O terceiro grupo a atuar foi o “Grupo Coral Amigos do Independente”, de Setúbal. O ensaiador e apresentador do Grupo teve sempre o cuidado de, antes de cada moda, referir os respetivos solistas: o “ponto” e o “alto”. Frisou o conceito de “Catedral do Cante”, reportando-se ao local em que e quando Grupos de Cante estão a atuar.

E fez muito bem pois algo aborrecido em praticamente toda esta sessão de Cante foi o barulho que persistiu em quase todo o evento…

Cantaram, sem microfone, “Ceifeiros do Alentejo”, “Ao romper da bela aurora”, “Na planície alentejana” e “Alentejo é nossa terra”.

 

O quarto grupo a atuar foram “As Madrugadeiras de Alvito”, cujo nome evoca a moda “Ao romper da madrugada”. O ensaiador é o senhor Manuel Cansado, sendo o porta-estandarte também um senhor. Estão integradas no Grupo Cultural de Alvito, pois como já foi referido são as sedes destes grupos culturais ou recreativos que permitem manter a logística dos Grupos de Cante. Também atuam de braço dado e no tradicional movimento ondulatório, evocativo do vento ondulando as searas. Fizeram sete anos.

Cantaram: “Já lá vem o romper da aurora”, “Alentejo és lindo”, uma terceira moda dedicada a Alvito e “No Alentejo ganho o pão”.

 

Alguns gestos são também marcantes e identitários da cultura do Cante: no final, as senhoras agitam lenços e os homens tiram o chapéu, sinais de estima, consideração e respeito, como era tradição no ALENTEJO!

 

O quinto e último grupo foi o “Grupo Coral Etnográfico Amigos do Alentejo do Feijó”, que apresenta os trajares tradicionais, identificativos de profissões de uma certa época da vida alentejana. Também atuam segundo o padrão tradicional e sempre, antes de cada moda, o apresentador identificou o “ponto” e o “alto”.

Cantaram, também sem microfone, as seguintes modas: “Quando eu fui ao jardim”, “Ai que noite tão serena”, “O grande lago”, moda criada por um elemento do Grupo e encerraram com “chave de ouro”, com a moda “Há lobos sem ser na serra”!

Haverá melhor metáfora para o que o Cante sempre representou no “Alentejo profundo”?!

 

Quero dar os meus sinceros Parabéns a todos os Grupos participantes, sem exceção, a todos os elementos dos grupos, a todas as pessoas envolvidas para que estes acontecimentos possam ocorrer. Muito trabalho, muita dedicação, muito amor, muitos aborrecimentos também, por vezes, para que se possam operacionalizar estes eventos, que merecem toda a nossa consideração.

Nesta tarde, a sala, objetivamente, nunca encheu e praticamente só “aqueceu” no final, só aí se pressentiu o calor humano sempre tão presente nas sessões de CANTE e que as tornam tão mágicas e extraordinárias.

Lamentavelmente, houve sempre barulho, algumas pessoas a falarem, outras a mandarem calar e outros barulhos de desatenção e desconsideração. Como foi referido, é fundamental “uma plateia que respeite o cante, o silêncio de quem ouve”!

Ao assistir-se a uma Sessão de Cante é preciso, antes de tudo o mais, qualquer pessoa ter a consciência de que os protagonistas são os cantores e que há que saber ouvir, escutar com os ouvidos, mas também com o coração. Que quem vai cantar são pessoas que desenvolvem esta atividade como Amadores, no sentido de que amam o que estão a fazer, que não recebem qualquer cachet, que fazem muitos sacrifícios, muitos deslocando-se de longe para ali estarem, que há muito trabalho realizado antes e depois do evento, que passa despercebido. Que há muita “carolice” em toda a execução de um evento destes! E que é preciso respeitar o trabalho de quem está ali, como deve ser feito em qualquer espetáculo a que se vá assistir, ou então não se vai. Paradoxalmente, observei que, por vezes, são elementos de outros grupos que não se aquietam antes ou depois das respetivas atuações, talvez por nervosismo ou inquietação, não sei…

 

Interessante nestes eventos é sempre a “troca de galhardetes”, as prendas oferecidas entre os grupos e neste caso, ou não estivéssemos entre alentejanos, houve as suas cenas com piada e o humor que nos é próprio!

 

Termino, parafraseando, mais uma vez, o senhor Afonso, como encerramento da sessão: “as melhores prendas são a Amizade, a Colaboração, o Préstimo…”

 

E que a CANDIDATURA seja aceite!

 

 P. S. - Digamos que estes foram alguns apontamentos de quem assistiu ao espetáculo com atenção, com interesse e “devoção”, mas que está numa fase de iniciação ao conhecimento do CANTE! Por isso e provavelmente haverão falhas na perceção do que foi observado e aqui escrito e descrito!

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