Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
No passado sábado, 22 de Maio, realizou-se a 65ª edição deste festival.
Alguns aspetos me chamaram mais a atenção. Uns mais pelo lado positivo, outros pelo lado negativo.
Em primeiro lugar, realço a heterogeneidade da matriz eurovisiva. A base são países europeus, mas alarga-se a outros continentes, até à Austrália.
Essa variedade expressa-se nos artistas representantes dos mais diversos países, com pessoas de múltiplas condições étnicas e culturais, traduzindo essa idiossincrasia do mundo moderno, multicultural, multiétnico, por demais expresso na Europa, para o bem e para o mal, pólo de atração de gente de todo o Mundo.
Tanta gente, naquele contexto espacial e temporal, e sem máscaras, pelo menos a maior parte do tempo em que visualizámos. Toda a gente fora testada? Todos deram negativo? Já estavam todas e todos vacinados?
Este festival, já há vários anos, ultrapassa em muito e em variados aspetos a competição de canções. É cada vez mais todo um conjunto de execuções artísticas variadas, dança, bailado, mímica, artes performativas diversas, uma barulheira infernal tantas vezes, em que cada artista procura gritar mais que o anterior. Maioria das vezes, as canções perdem-se no meio de todo esse chamariz e engodo de execuções e apelos e atropelos das músicas e letras e respetivas melodias. (Para além de todos os negócios que o sustentam que, per si e à priori, não advirá daí mal ao mundo, diga-se.)
A modalidade de votação com base em júris nacionais e do público, via telefone, provoca alterações nas classificações, como se viu nesta vez. Em 2017, quando Portugal ganhou, houve até quase uma unanimidade nas duas modalidades. Saudades: “Amar pelos dois”!
A “canção” que ganhou?! Da canção propriamente dita não faço ideia. Toda aquela apresentação artística, uma mistura de iggy pop, david bowie, mick jagger, punk e hard rock e eu sei lá mais o quê de miscelânea representativa andrógina, deixou-me desinteressado da dita cuja.
Preferia que tivesse ganho a francesa, apesar da rapariga também se ter fartado de gritar “Voilá… voilá e mais voilá”!
Enfim… Gritarias e execuções televisivas só para apelar ao televoto compulsivo. Pois… mas não votei!
E a cantiga portuguesa deste ano?! A classificação mais justa era a que lhe foi atribuída pelos júris nacionais: sétimo lugar. Ficou em décimo segundo, após o televoto.
Peculiar, no mínimo, que países como Reino Unido, Alemanha, Espanha e Holanda tenham ficado nos últimos lugares, Reino Unido com zero votos! (Outros tempos...)
Notas Finais: estas competições entre países, noutros contextos também, o desporto por ex., apesar de alguns aspetos negativos que também têm, são milhões de vezes preferidas face às guerras e conflitos que os países travam entre si. Apelo à PAZ!
Digo eu, que não mando nada no assunto.
E só realça estes aspetos, dir-me-á, Caro/a Leitor/a.
Certamente há mais situações a destacar. Queira ter a amabilidade de as referir, Se Faz Favor! Obrigado!
(A foto: Uma rosa para França!)
E, por sugestão de "Silêncios", uma rosa também para a Suíça. Espero que gostem.
Se Faz Favor, veja se consegue identificar algumas das plantas que enquadram a rosa e a roseira. Obrigado!
Circulam pedidos para que Conan Osíris não vá representar Portugal na Eurovisão, em Israel.
Deverá o cantor aceder a esses pedidos? Sim? Não?
Penso que, primordialmente, essa decisão deverá pertencer ao próprio, condicionado obviamente pelos acordos ou compromissos que tenha com as instituições que representa e a que está conectado. E obviamente também ao bailarino com quem contracena.
Do meu ponto de vista, acho que deverá ir. Mas tomando uma atitude adequada face às situações invocadas, mas in loco. Terá muito mais impacto global, do que se desistir.
E como?!
De uma forma relativamente simples.
Usando apenas os recursos disponíveis, nem precisa de verbalizar sobre o assunto. (Aliás, o artista não é de grandes falas, a canção também tem poucas palavras e quem percebe o português?).
Bastará a coreografia, a encenação, as roupas a utilizar e o recurso a quatro cores fundamentais, duas das quais usaram no vestuário em Portugal. Depois é jogar com a combinação, a improvisação e o inesperado. Proceder como fazem os futebolistas.
E a mensagem visual passará, desde que a articulação seja bem feita, e com dificuldade de lhe pegarem por “intervir politicamente” e o desclassificarem.
Mas a mensagem passará. Para bom entendedor… uma boa imagem, bem estruturada e organizada, bastará.
Como?!
Bem, essa parte terá que ficar em segredo e só os próprios envolvidos dela poderão ter conhecimento.
Mas que devem agir, do modo que melhor acharem, no sentido de reprovarem o regime, devem!
(P. S. – Se não entenderem o que quero transmitir, perguntem-me, que explicarei melhor.)
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E o capricho da Dona Mandona?!
Pois!... Cá por mim, não só poderia levar o cavalo, ademais de puro-sangue português, mas também um elefante, o que tocava a sineta no Jardim Zoológico, que não sei se ainda é vivo ou não. Até poderia levar uma manada de vacas barrosãs a calcorrearem as ruas íngremes de Sintra!
A Dona Mandona, era só mandar! Pedido feito, pedido aceite. Pedido tal, seria uma ordem!
O Círculo Nacional D’Arte e Poesia continua na sua meritória caminhada, há quase trinta anos, desde 1989, na divulgação da Arte e da Poesia.
No passado dia oito de Maio, como tem ocorrido nos últimos anos, graças à amabilidade da Direção do Centro de Dia de São Sebastião da Pedreira, aí decorreu mais uma Tertúlia dedicada à Poesia, irmanada com uma bonita Exposição de Pintura.
De entre os vários artistas, com obras expostas na improvisada galeria, estiveram presentes na inauguração (que piada eu acho à palavra “vernissage”!), digo, deram-nos a honra da sua comparência, D. Josefina Almeida, D. Fernanda de Carvalho, D. Maria Ivone Azevedo e D. Teresa Filipe. Autodidatas da arte de pintar, com alguns cursos de tempos livres, não académicos, mas nem por isso menos primorosas no seu labor!
D.Josefina apresenta-nos trabalhos paisagísticos, da sua região natal: Ponte Manuelina, na vila de Góis; Rio Ceira, na aldeia do Colmeal e “Cai neve”, em Viseu.
Pintura figurativa, em tons escuros, a que não são alheios os estados de alma e a tristeza vivida nas tragédias, ainda bem presentes, dos recentes incêndios que devastaram as áreas da “Zona do Pinhal” e das Beiras!
Mas o verde também sempre poeticamente presente, de esperança!
Essa nostálgica tristeza também se reflete em “Rio Turvo” “…meus desenganos…”, título e excerto de poema de sua autoria que nos deu a conhecer.
Já em “Mulher vais ser Mãe!”, “poema que escreveu há quase sessenta anos”, impregnado de realismo vivenciado, a que Mãe se referirá o sujeito poético?!
D. Fernanda de Carvalho opta por uma estética surrealista. Expõe duas peças artísticas. Uma “Sem Título”, que ela própria não consegue muito bem decifrar o que pretende mostrar-nos, segue o que o seu estro ordena, embora na obra vislumbre parte de mulher, uma pata de touro… Deixa-nos a nós, a capacidade e primazia de lermos o desenho e a pintura, segundo a nossa perspetiva de observadores.
Cores alegres, bem presentes também no sugestivo Rosinha dos Limões”. Lembrou-se deste título, pois veio-lhe à memória essa célebre canção, que eu desconhecia. (Mas vale-nos a net!) Na cara da “Rosinha” um lagarto pintado. (Lagarto pintado, quem te pintou?! A D. Fernanda que por aqui passou…)
Leu-nos poesia de índole pessoal. “…caminho passo a passo…”, ”Retalhos de uma Vida” e o sempre divertido, irónico, alegre: “Os meus namorados”.
D. Maria Ivone Azevedo, algarvia, traz-nos além de uma versão de “Girassóis” de Van Gogh, uma peculiar e icónica pintura do seu Algarve, com alguns elementos parcelares e temáticos desta província do sul de Portugal. Como se estivessem a ser visualizados a partir da estrutura de uma casa, envidraçada ou aberta à paisagem figurativa. A luz, a cor, as imagens… Os elementos marcantes do Sul: amendoeira, alfarroba, chaminé, moinho, o sol e a lua. E assim constrói a sua poesia!
D.Teresa Filipe apresenta-nos também uma pintura sobre uma paisagem, um ribeiro imaginário, correndo entre margens verdejantes. Não faz um plano prévio sobre o que pretende, vai inventando e dando largas à sua imaginação, à medida que vai construindo o quadro… também a sua forma de se expressar poeticamente!
(Desta pintora, não temos, por agora, imagem elucidativa. Lapsos do senhor fotógrafo! As novas tenologias permitir-nos-ão corrigir o problema, logo que possamos.)
Em termos picturais, está também exposto um quadro de Vitor Hugo: uma paisagem realista de Marvão, perspetivada a partir de uma das portas góticas.
De Elmanu: pintura no domínio do imaginário, atrevo-me a integrá-la também num conceito de surrealismo, bebido igualmente em Miró(?)
Tente o caro/a leitor/a expressar-se opinativamente!
Estão ainda expostos os seguintes sugestivos e festivos quadros.
O primeiro mais abstrato e algo impressionista.
E o segundo, um verdadeiro Hino à Primavera!
(Autoria: Méli - Amélia Figueiredo.)
E refiro, aqui, como seria sempre importante a presença dos Artistas, que nos dessem um vislumbre pessoal da sua Arte!
E como no C.N.A.P. a Poesia é uma das vertentes primordiais, também esta Arte teve o seu papel.
D. Olívia Diniz Sampaio, a Alma-Mater do Círculo, trouxe-nos “Noctívago”, de Fernando Pinto Ribeiro e “Cântico e Súplica de Louvor a Deus”, de Amélia Figueiredo. Ambos figurando no recente Boletim Cultural (Nº 131 – Ano XXIX – Março 2018.)
Também de Pinto Ribeiro, o seu irmão, Carlos, presença habitual nestas tertúlias, assumindo quase a missão de divulgar a obra do irmão falecido, Fernando, nos leu o poema “Bendito Amor”, de canção gravada por José Mourão, com música de Jorge Fontes.
Igualmente do mesmo poeta, Drº Santos Silva também leu poemas do livro “O Cisne Submerso”: “… foi Deus quem de mim te raptou…”
E de Alberto de Serpa: “Há instantes tão longos…”, que também figura no citado Boletim nº 131 do CNAP.
E na sequência de Drº Santos Silva nos ter reportado para o JL e para um comentário de José Carlos Vasconcelos sobre o Facebook, acabei por dizer “Meu Amor do Facebook!”. Que encerrou a Tertúlia!
Rolando Amado, que, de novo, colabora com as fotografias, a quem desde já agradeço, por esta vez não cantou! Reportou-nos, via telemóvel, para a audição do clássico: “Ninguém é de ninguém.” (Vantagens das novas tecnologias!)
Em contrapartida, tendo-nos enviado o seu último poema, é este que encerra esta crónica.
(Dir-me-á, caro/a leitor/a que estes são eventos culturais que passam quase despercebidos. E, infelizmente, é verdade!
Mas o que é que os nossos meios de comunicação divulgam?!
E a quem dão direito à palavra as nossas TVs?!
Há por aí uns quantos, que nem o bê-á-bá sabem soletrar, em que não há dia nem canal que não tenham direito de antena exclusivo!!!
É só estar atento, caro/a leitor/a.
E acha isso bem, estarmos a ouvir tantas calinadas diárias?!)
Bem, mas nem tudo é mau!
Esta crónica veio sendo escrita no contexto do espetáculo único que foi a realização do Festival da Eurovisão em Portugal!
E, na minha opinião, passe algumas futriquices de somenos importância, a realização portuguesa não ficou nada a dever às anteriores! Parabéns Portugal!
AH! A classificação da canção portuguesa… E o que posso eu dizer?! (…) (…)