Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Afinal, o caril não era de gambas, mas de camarão. Correção feita!
Chegados ao Jardim para o piquenique, depressa os preconceitos voaram. O que mais havia era gente a piquenicar. As mesas junto aos eucaliptos estavam ocupadas, precisamente com pessoal a comer. Os bancos em redor, vários deles, em idêntica funcionalidade. Pela relva, também havia grupos, na função digestiva. Debaixo das sombrosas árvores, várias pessoas observei, comendo.
Um dos preconceitos: o “cesto do supermercado”. No final da visita, observaria um senhor, todo descontraído, com um desses cestos a tiracolo, onde levava o que sobrara do piquenicar que ele e a família haviam feito num dos bancos de cimento, debaixo dos eucaliptos!
Não tenho memória, se antes da eclosão da pandemia, era costume ver-se tanto pessoal a almoçar pelo parque. A hora de almoço costumávamos passá-la nessa função.
Comemos, piquenicando, divertimo-nos e tivemos direito a sobremesa, após termos arrumado os apetrechos, conforme foto do postal anterior. Não deixámos restos, nem papéis. Não demos nada, nem aos pombos, nem aos patos, que, gulosos, nos abordaram, enquanto comíamos. Seguimos as instruções que nos interpelam logo à entrada leste do parque, junto ao Centro Interpretativo Ribeiro Teles, conforme foto documental.
Foi precisamente na gelataria que pedimos a sobremesa. Por mim, decidi-me por gelado de alfarroba, nunca havia provado. Gostei. Sou guloso! Mas também houve de morango e de chocolate. Para mim, triviais.
E houve direito a café, para quem quis, com ou sem açúcar! Em chávena. Havia quem não bebesse assim café, há imeeennso tempo! Na bandeja, levei-os para a sombra do exterior, que no espaço interior, apenas se podia ficar tendo o tal certificado. Devolvi a bandeja à origem, claro!
Uma tarde muitíssimo bem passada. Passeata no jardim. Exercícios, à moda olímpica. Aproveito para felicitar os nossos atletas, os medalhados e os não medalhados, que também se esforçaram para tal.
O Jardim oferece excelentes sombras, nalguns locais, verdadeira floresta temperada, sempre bem irrigada. Ouve-se a passarada. Pareceu-me rouxinol, quando chegámos. Gaio também me pareceu no seu “grasnar”?
Não me atrevi a visitar a exposição na galeria principal.
O candeeiro da “prima” Joana está exposto num dos átrios principais. É tão grande que não passa nada despercebido.
A fila para o museu manteve-se sempre crescida até depois das cinco, quando partimos. Também não queríamos visitar. Já o fizemos por diversas vezes.
As esplanadas, a do restaurante do Museu e a do Centro Interpretativo, estavam cheias.
A quase totalidade do pessoal andava de máscara, aonde ela era devida. Nós, inclusive.
No final da visita, encontrámos este casal, bem simpático. Entre oitenta e noventa. Com a devida autorização, fotografei-os. Não costumo colocar, no blogue, fotos com Pessoas. Mas não resisto a esta. Há sempre uma excepção, o que só confirma a regra.
Também fotos de plantas. Esta de uma plantinha minúscula. Para contrapor ao tamanho do candeeiro da “prima”! Há beleza e harmonia em toda a Arte. A natural e a humana, que “copia” a da Natureza?!
Sala Experimental do Teatro D. Maria II – Lisboa - Portugal
Já abordei no blogue, pelo menos uma vez, a realização deste evento de natureza poética, de divulgação de Poesia, realizado no final de 1986, Dezembro, no Teatro Nacional Dona Maria II, em Lisboa – Portugal.
A partir do Diário de Notícias, de 23/12/1986, 3ª feira, quando saía o DN Jovem, transcrevo parte da notíciasobre o acontecimento, citando Manuel Dias, Jornalista do referido Diário matutino e autor da reportagem.
«No Teatro D. Maria II
Trinta e cinco poetas entraram em cena nos primeiros quatro dias da Adiafa, que prosseguirá na sexta-feira (às 21 e 45) e no sábado e domingo (às 16 e 30) na Sala Experimental do Teatro D. Maria II, em Lisboa. A iniciativa, que visa divulgar a poesia de autores consagrados e iniciados, é da responsabilidade do actor-declamador João d’Ávila, em colaboração com «DN Jovem», «JL», Assírio e Alvim («Anuário de Poesia») e Centro Nacional de Cultura.
A condução das sessões (quinta, sexta, sábado e domingo) evidenciou a extraordinária capacidade de João d’Ávila para estabelecer a comunicação entre as pessoas, mas concedeu talvez ao lado humano das questões uma projecção mais acentuada do que esperávamos. Feito este pequeno reparo, só justificado pelo desejo de que a Adiafa possa ter ainda melhor nível, é preciso dizer que se assistiu a bons momentos de poesia e a curiosos apontamentos de comunicação, teatralidade e testemunho de vivências.»
(…)
«…nomes dos que leram ou deram a ler poemas seus…
Sexta-feira – José Silva Teixeira, Cecília Rodrigues, Paulo Garcia, Luís Graça, Joaquim António Oliveira, Vitor Perdigão, Zé Manel, Domingos Galamba e Armindo Silva. (…)»
In. Diário de Notícias Jovem 1986/12/23 (3ª Feira)
Notas Finais:
A notícia é acompanhada com fotos de vários intervenientes.
(Negritos, de minha lavra.)
Eu participei na 6ª feira, 19 de Dezembro, de 1986. (Pseudónimo: Zé Manel)
Que poema(s) terei lido? Li mesmo ou dei a ler a João d’Ávila?
Não me lembro. Tentarei ainda pesquisar em apontamentos meus… Mas já lá vão quase quarenta anos…
Desde logo a toponímia. Peculiar! Não conheço a respetiva etimologia. Pessoa amiga me disse ser assim designado, esse espaço entre Cidade e Campo. Povoamento de algumas casas, dispersas, tão diferente do território regional em que se insere: Alentejo, melhor, Aquém – Tejo!
O nome?! Entendo que será devido à fartura de água. Que é uma das suas peculiaridades. A água escorre pelas faldas da montanha, o murmurejar nas valetas, nas pequenas cascatas, no ribeiro que escoa na direção do Bonfim, para a Ribeira da Lixosa; mais a jusante irá para a Ribeira de Seda, desta para a da Raia, daí para o Sorraia, e depois, muito depois, lá irá parar ao Tejo, para os lados do Porto Alto! Muito corre a água!
Um local que estando na Cidade, deduzo que faz parte da freguesia urbana, portando citadino, na realidade não está na cidade. É campo, espaços de cultivo, hortas, floresta autóctone: sobreiros, carvalhos, loureiros, salgueiros; árvores de fruto: nogueiras, macieiras, aveleiras, figueiras; arbustos: giestas, lentiscos, troviscos, estevas e estevinhas, rosmaninhos, alecrins; medronheiro, de porte arbóreo; heras pelas paredes e carvalhais, rivalizando com o pegamassa… Muitas e variadas plantas que desconheço.
Floresta de pinheiros, enormes, mansos e bravos, adaptados aos nossos climas, há séculos. Floresta, a necessitar de limpeza, nalguns locais. Espaços tão dentro da Cidade, envolvendo – a, cercando – a, mas perigosamente muito sujos.
Um espaço territorial que estando em Aquém Tejo, é montanhoso, lembrando os territórios do Norte, pela orografia, o relevo, o arvoredo verdejante, a correnteza das águas.
É a este espaço que propomos uma Visita Virtual. Também Botânica! Utilizarei algumas fotos do ano passado, que as deste ano ainda não foram trabalhadas.
Este postal está conjeturado há algum tempo, tal como os anteriores sobre estas temáticas de visitas virtuais, funciona para descomprimir e talvez anteceder algum hiato na comunicação bloguista, espero que não tão demorado como o anterior, que foi quase um mês.
Interessante que nos últimos dias, 24 e 25 Junho, o postal mais visualizado no blogue foi “Portalegre tem um Passadiço?!” Coincidências? (A quem se terá devido a divulgação?!...)
Vista da Cidade
Uma Avelã
Um Feto das Paredes
Um Pegamassa ou Bardana
Uma planta que desconheço o nome
Um sinal de caminheiros. Sabe o que significa?!
O Caminho!
E as aves a cantar? E as ovelhas, os balidos? Os chocalhos? Os cheiros dos trevos, quando as ovelhas passam?
Vá, por si, Se Faz Favor! SFF! Experimente! Caminhe!
Mas pela Natureza nas Cidades, Vilas e Aldeias, em "Aquém - Tejo"!
Volto a modelo de postal que já apresentei várias vezes, inicialmente sob o título “LocaisPitorescos…” e que, no último post sobre o tema, intitulei de “Passeio Virtual na Cidade!” Já ando para elaborar este, há semanas. Sai hoje!
Nestes tempos de passeios problematizados, recordamos algumas imagens de passeios já realizados. Propositadamente não explicito onde se situam as imagens. São todas de Aquém Tejo! Em todas elas a Natureza se apresenta na sua beleza e magia, nos locais mais inimagináveis e na sua simplicidade aparente, mas também na sua enigmática riqueza. A ação humana também nelas se apresenta, explícita ou implicitamente.
A 1ª imagem é de um local de todos os dias. “Azinhaga da Atafona”, assim se nomeia. Azinhaga – caminho estreito e antigo. Atafona – antigo lagar, puxado a animais. Não há memória de tal indústria artesanal no dito caminho, mas dado que o nome persiste, provavelmente terá havido em tempos por demais recuados. Persistência da memória e tradição oral, provavelmente...
Caminho bordejado de papoilas. Sabe que às plantas que dão as lindas flores das papoilas se chamam “papoilegos”? (Será certamente um regionalismo.)
A foto será de há três anos. Nos últimos dois, pelo menos, já o caminho não se bordejou com tal garridice, porque a autarquia persiste em “adubar” o espaço com um daqueles produtos maravilhosos que secam as plantas. Detesto este procedimento!
A 2ª imagem é de duas plantas floridas num local bem distante do primeiro, junto ao mar, e num castelo. Vila, com porto de pesca e excelentes praias, abrigadas pela serra. (2019)
Duas plantas nascidas entre as pedras da muralha. A Natureza tem destas peculiaridades.
A do 1º plano conheço bem. Costuma chamar-se “Coelhos” ou “Bocas de Lobo”. São cultivadas nos jardins, mas também nascem muito espontaneamente, caso desta. A planta, em segundo plano, que foi a que me motivou para a foto, não conheço de todo.
A 3ª imagem é de um pequeno jardim, particular, mas na rua, um “alegrete”, com duas plantas do mesmo tipo, em tons rosa e branco. Conheço-as por malmequeres. Num bairro popular, duma Cidade, com rio e mar, na freguesia da Pietá! A foto foi colhida em 2018, por ocasião de uma celebração tradicional, habitualmente evocada a 1 de Maio!
A 4ª imagem (2018) - com junquilhos e alecrim, também num alegrete, numa aldeola antiga, situada numa colina, no meio da planície, com uma vista incomensurável. Tem topónimo replicado na Vila, situada no plaino.
E esta 5ª imagem?!
Num local icónico da Grande Cidade - 2019. Espaço natural, mas construído pelo Homem, tentando seguir a Natureza. As espécies animais presentes também foram introduzidas pelo Homem. O pato não tenho a certeza.
A 6ª imagem é de uma Barragem, à data, Outubro 2019, quase completamente seca. Entretanto, Dezembro, choveu e voltou a encher-se. A estrutura central, sempre submersa, intriga-me sobremaneira.
A 7ª. Uma bela laranjeira carregada. (2018) - Junto a muro de antigo cinema ao ar livre, na Cidade. Que é o que mais jeito dá agora. Eventos ao ar livre, mas com lugares marcados e devidamente distanciados.
Dizia-me o meu Pai (1926 – 2008), que lhe dizia o Ti Zé Tabaco, que “ter um limoeiro à porta é como ter um médico em casa”.
Nestes tempos ou contratempos de reclusão forçada, tenho aproveitado também para arrumar o acervo de fotos tiradas com o telemóvel nestes últimos anos.
Entre elas, várias do Limoeiro que temos no quintal.
Não sei porquê, acho por bem divulgar e publicar algumas delas e, deste modo, constituir este postal.
(Algumas notas finais:
O Ti Zé Tabaco era de uma geração anterior à do meu Pai. Terá nascido nos inícios do século XX ou mesmo no século XIX. Não sei. Não éramos de família. “Ti” é expressão comum nas Aldeias. Morava numa quinta frente à Horta do Carrasqueiro, ainda existente, com uma casa bem bonita, pintada de uma cor quase salmão, que me lembra paisagens de outros países.
Ainda sobre o limão, todos sabemos da sua componente Vitamina C e do respetivo poder preventivo que tem nas defesas do organismo.
Realço ainda a expressão “ O meu Pai dizia, que lhe dizia…”, forma tradicional de transmissão do conhecimento, em épocas transatas e entre Pessoas que maioritariamente não sabiam ler ou escrever, nem havia acesso generalizado a livros ou jornais, quanto mais a todas estas novas tecnologias e a este “informar” (?) segundo a segundo, em ene meios de comunicação!
E os limões lembram-me também as canções: "Limão, verde limão..." e a "Rosinha dos limões...", da Amália?)