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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

“A Família Krupp” - “Eine Deutsche Familie” Teil IV - (Reposição)

Série Alemã na RTP 2

Ponto Prévio:

Finalmente, consegui retomar a escrita sobre esta série.

 

emblema in. blog.equinux.com

 

Teil/Episódio

IV

 

Tempos Sombrios/ Ventos de Mudança

 

E as dúvidas foram esclarecidas. Houve mesmo um Episódio IV, no passado domingo, 24 de Janeiro. O último da mini série, agora em reposição e que eu não vira na 1ª apresentação em Outubro. E, apesar de haver eleições presidenciais e de ter acompanhado parte do programa respetivo, ainda assim optei por visualizar este quarto e derradeiro episódio.

Muito lúgubre, este episódio final. Afinal aconteceram as mortes dos personagens e narradores principais.

Bertha, em 1957. Tendo o marido Gustav morrido em 1950.

A narrativa prolongar-se-ia ainda pelos anos sessenta, até à morte de Alfried, em 1967.

Este episódio quatro relata os principais acontecimentos destes personagens e da Firma, nos anos pós Guerra até à morte de Alfried, o segundo narrador.

 

O tempo narrado vai continuando, centrado no presente, 1957, protagonizado por Bertha, doente, no seu quarto. Que aguarda ansiosamente a vinda do filho Alfried.

Voltamos a este ponto, porque ele é fulcral no enredo. Porque Bertha adoeceu (AVC), sequencialmente à discussão com o filho primogénito, Alfried, herdeiro e dono legítimo da Firma. E precisa, urgentemente, que ele se lhe apresente...

Este foi preso, no final da II Grande Guerra, em 1945. Imagens que finalizaram o 3º episódio. Em 1948, foi julgado em Nuremberga, como criminoso de guerra, condenado a doze anos de prisão e foi-lhe confiscado o património.

Assim se esclarece a minha dúvida sobre a questão dessa condição de “criminosos de guerra”.

O pai Gustav não foi condenado devido à idade e estado de saúde. Morreria em 1950, junto da mulher, Bertha, no castelo dos Alpes Austríacos, para onde se retiraram no final da Guerra.

Ele e o filho já não se veriam, estando este ainda na prisão, aonde a mãe o foi visitar. Informou-o da situação da empresa, do que dela restava, que o irmão Berthold administrava.

Alfried, proprietário da Krupp, como criminoso de guerra da Família, perdera tudo. Mas tentavam reaver todo o património, através de advogados e processos judiciais.

 

Neste episódio, as desavenças, tricas, conflitos explícitos ou recalcados, entre os membros da Família, expressam-se na narrativa.

No centro, Alfried, como dono da Firma. Que a Família e a Firma fundem-se e interpenetram-se. Confundem-se!

Além do conflito entre Alfried e a Mãe, que o aguarda ansiosa..., mais adiante veremos para quê..., também são apresentados os conflitos entre Alfried e o irmão Berthold, que tomou conta do que restava da Firma e das empresas, enquanto aquele esteve na prisão e que, regressado antecipadamente ao previsto, 1951, Berthold não quer largar mão da respetiva gestão. Apesar da posse jurídica ainda ser do irmão mais velho, na sequência da célebre Lei Krupp, pela qual os bens da firma lhe foram transmitidos por herança direta, em 1943, por decisão de Hitler, sem pagamento a imposto sucessório!

As desavenças com Harald também já vinham sendo reveladas, embora menos fortes que as manifestadas com Berthold. Mais centradas no facto de aquele, não sendo primogénito, se sentir e ser preterido, em todos os aspetos, nomeadamente no afeto maternal.

alfried arndt in. zdf-enterprises.de.jpg

 

O desentendimento com o filho Arndt é quase total, pela sua “personalidade extravagante”, a sua não aceitação, a rejeição mútua, o abandono a que este foi sujeito, pelo divórcio forçado da mãe, em 1941, que o criou.

Só que o filho é o herdeiro legítimo da Firma, e será a ele que os direitos sucessórios serão, em princípio, transmitidos. Filho que não manifestava qualquer apetência para essas funções empresariais.

 

Alfried saíra da prisão muito antes do tempo previsto. Em 1951, apenas seis anos após ter entrado, quando se previra doze anos. Saiu escondido numa carrinha, que havia repórteres e fotógrafos à porta da prisão e houve que ludibriá-los.

Arranjou-se logo com uma namorada, Vera, seria a célebre do baile em Munique, nos dourados anos trinta, antes da eclosão da Guerra? Deram uma volta ao mundo, para espairecerem, que seis anos de reclusão, mereciam um ano sabático de diversão.

Ao regressar, em 1952, quis voltar a assumir os destinos da Firma. Só que o irmão Berthold dela tomara conta nos anos de ausência e não queria deixar esse poder do pé para a mão.

 

A situação da firma é outra das temáticas do enredo. A sua situação patrimonial. Os direitos de propriedade. A sua reconstrução. A sua colocação em funcionamento. O tipo de produção a desenvolver, o fabrico de armas, sempre altamente rentável, foi uma das hipóteses equacionadas, apesar da proibição. O financiamento a obter para a realização dos investimentos. A sujeição ou não às leis condicionantes do seu funcionamento impostas pelos aliados. O tipo de propriedade e a definição do proprietário. A situação da transmissão da herança ao filho de Alfried, Arndt. O imposto sucessório a pagar, caso esta situação se concretizasse. Desta situação haviam sido isentos, no início do século, pelo Kaiser, quando a herança transitou para Bertha e, em 1943, Hitler também os isentou, quando a propriedade passou para Alfried. Em 1957, não havia ninguém com poder discricionário na Alemanha para poder decidir tal situação.

Havia que equacionar outra solução para a Firma.

Muitas situações mudariam na política alemã e ocidental. A correlação de forças entre os vários intervenientes na Guerra e os respetivos papéis, alterou-se. Os parceiros circunstanciais na derrota alemã, Aliados e União Soviética, eram agora inimigos. A Alemanha dividida entre zonas de influência. A génese da “Guerra Fria”. Sempre a Guerra! Que o Ser Humano não aprende!

 

Bertha in. tv.orf.at.jpg

 

Neste episódio houve momentos cruciais que importa relembrar.

 

A visita do neto Arndt à avó Bertha, no leito, que não seria de morte, que ela não era mulher para se deixar morrer na cama. Estava com uma enxaqueca!

Que não, não era enxaqueca, respondeu-lhe o neto, que a confrontou com o facto de ela ter oferecido milhões à mãe, para os deixar e ao filho, criança, que ficaria entregue à Família. O que sabemos Anneliese, a mãe, não aceitou, acabando por se divorciar, em 1941, mas levando a criança, que criou. Bem? Mal? O que é bem ou mal?, por vezes depende dos pontos de vista...

E Arndt além de a desmentir que estivesse apenas com uma enxaqueca, também lhe frisou que ela estava para morrer, que ele bem o sentia, e pareceu sentir-se bem ao dizer isto, que amor nele não havia. E abalou. E a avó bem o chamou, bem lhe pediu que voltasse, que não precisava ter medo dela, uma velha mulher, mas era tarde... Tarde demais para ambos!

 

E esta visita surpresa do neto, inesperada, mas que teria feito bem a Bertha se tivera tido outro desfecho, antecedeu a do filho, tão aguardada, desejada e necessária na estruturação narrativa. E, finalmente, após outros enlaces e desenlaces narrativos, alternando no tempo narrado, e nos assuntos abordados, surgiu o filho primogénito em cena, a visitar a Mãe!

E aí percebemos a urgência dessa visita. Porque tanto Bertha desejava que o filho chegasse.

Bertha agradeceu-lhe por ter vindo e, por favor, pediu-lhe que a perdoasse. Perdoa-me. Alfried, perdoa-me.

Já não precisas de continuares a seres forte, Mãe.

E assim, Bertha, perdoada pelo filho, poderia partir em Paz com a sua consciência, que ela sabia que o momento da Morte se aproximava. E aqui, nesta cena, podemos também observar o arrependimento de Bertha, pelo menos relativamente ao Filho. Algo que eu também questionara em relato anterior se aconteceria. E aconteceu! Não direi que “mais vale tarde...”, porque contar um conto é mesmo assim. Os acontecimentos cruciais mais aguardados são guardados para o fim... Foram momentos sublimes de redenção, este encontro entre Mãe e Filho, que a Música, sempre a Música!, sublinhou com pássaros a cantarem no jardim!

 

E a Morte aconteceria, que a morte chega sempre. Não sem que, antes, Bertha, erguendo-se do leito, com dificuldade, se fosse olhar uma última vez, no espelho, de corpo inteiro. E nele se espelhasse a sua Alma e toda a narrativa, e ao olhar-se, ela se visse e olhasse e revisse tudo o que nos contara. E ao virar-se, que ela já se vira e se olhara, se mostrara, mostrando-se-nos, se revelara, revelando-se-nos, na sua história, que também fora História; da sua família, que fora a Família; da sua firma, que fora a Firma; da sua Alemanha, (ou Alemanhas?!), ela, ao virar-se, encontrou finalmente a Morte, que a esperava após esse derradeiro Olhar!

Caiu. E, deste modo, caindo, morreu!

 

E a narrativa podia até ficar por aqui. Fora Filme, melhor até, Teatro, e não ficaria mal tal desfecho. A Morte de Bertha, a heroína principal.

 

Mas talvez Bertha tivesse sido, neste enredo, apenas uma das narradoras da história que foi História.

 

E esta história inicialmente centrada em 1957, como presente, também evoluiu no futuro, que passou a presente. E essa História, agora, aos nossos olhos, é já tudo Passado.

 

E a história que nos foi contada por Bertha, por Alfried, e pelo realizador e argumentista (?), ainda se focalizou em momentos de charneira, que saltei no meu estoriar.

 

Em 1952, na sede da Krupp, o reassumir de funções por Alfried, ainda possuído de sonhos megalómanos de devolver todo o antigo esplendor à Firma.

Mais tarde, em Hamburgo, em negociações com Berthold Beitz, conhecido especialista industrial, para este o ajudar a reestruturar a Firma. Beitz teria futuramente um papel crucial nessa função até à morte de Alfried, 1967, e, após a sua morte, nas mudanças múltiplas e diversas operadas na Firma até à sua estrutura organizativa enquanto Fundação. Papel e função que ele desempenhou, inclusive negociando com o filho de Alfried, Arndt, que renunciou aos seus direitos sucessórios, em troco de uma avultada renda vitalícia anual.

Desta forma, estruturando a empresa numa sociedade por ações e a firma numa fundação, sequencialmente à renúncia de Arndt, alterando completamente a sua orgânica jurídica, entre outros aspetos, evitaram o pagamento de imposto sucessório, que, dado o valor patrimonial das empresas, seria uma enormidade.

Que isto é assim, os ricos quanto mais ricos são, mais o querem ser. E, obviamente, custar-lhes-ia imenso pagar uma conta enorme que reverteria para o Estado e, supostamente, para os cidadãos. Mas qualquer cidadão quando transmite uma pequena herança pagará os respetivos impostos. Mas proporcionalmente a quem custará mais?!

Mas isso pouco importa na narrativa, apenas nesta estória que eu vos conto.

E ainda relativamente a Beitz, convém mencionar que sendo ele alemão e também industrial, ele foi um dos alemães, que, durante a Guerra, ajudaram muitos dos perseguidos pelos nazis, ele e a sua mulher, pondo-se em risco a si e a toda a sua família. Paradoxalmente, ou precisamente por isso, Alfried foi buscá-lo para seu coadjutor e conselheiro na Firma, onde desempenhou papel fulcral.

Relativamente aos papéis desempenhados durante e após a Guerra, também o realizador nos alertou para o facto de que famílias, que haviam sido perseguidas, martirizadas e “usadas” como força de trabalho escravo nas empresas da Krupp, exigiram indemnizações e que Alfried se prontificou a pagar.

 

A transformação da estrutura jurídica da Firma seria concluída em 1967, e teve direito a anúncio à Comunicação Social, com destaque para a Imprensa, ainda o veículo comunicacional predominante na época. Realça-se este aspeto, para relevar a importância crescente que os Media foram adquirindo gradualmente na nossa Sociedade, até atingirem o Poder que atualmente detêm. E que já faz parte da nossa vivência pessoal! Da nossa história!

 

Voltando à história de Alfried, este morreria em 1967, sentado, julgo que no escritório da sua casa e só, como praticamente sempre viveu.

Em fundo, na Música, ouviam-se um solo de trompete e um piano, num dueto lastimoso.

 

O episódio terminaria com Arndt, na sua Villa Blad Tagri, de Marraquexe, atendendo o telefonema de Beitz, informando-o da morte do progenitor. E, sequencialmente, na sua viagem de descapotável, embrenhando-se no árido deserto; de óculos escuros, não sem antes ter limpo o rímel, esborratado de alguma lágrima que vertera pelo pai. Final de dinastia e término de episódio!

 

Pelo meio, ocorreram mais alguns pormenores narrativos, na perspetiva dos vários narradores, sobre si mesmos ou sobre outros personagens, que fui omitindo na minha estória narradora.

Perdoem-se-me esses lapsos.

 

Que a estória já vai longa e tarda a respetiva publicação, que deveria ter ocorrido logo no início da semana. Afazeres...

 

E, Obrigado, se me conseguiu Ler até Aqui!

 

 

 

“A Família Krupp” (Reposição) - Teil III - Parte II

Série Alemã na RTP 2 

Episódio III

Parte II

 

Destino Final?

 

Alfried 1945 in skulbach.de.jpg

A estruturação narrativa dos episódios desta série centra-se, temporalmente, em 1957, o tempo presente.

A ação decorre em Essen, na Villa Huguell, onde Bertha Krupp convalesce, de um AVC (?), na sequência de discussão com o filho Alfried, novamente por causa da possível sucessão na Firma, neste caso face ao neto, filho de Alfried e Anneliese, Arndt de nome.

Também em Essen, mas na casa de Alfried, este e o irmão Harald também fazem o respetivo balanço das suas vidas. Do passado e do futuro. Lembrando Harald o sofrimento do irmão, por ter desistido de Anneliese.

 

Enquanto convalesce, Berha aguarda que o filho primogénito, Alfried, a venha visitar e pedir perdão, ignora Harald, que não é Krupp, e vai desfiando as suas memórias, em conversa com a criada de quarto.

 

Através da sua peculiar visão do mundo, ficámos a conhecer episódios da sua vida pessoal e familiar, entrosados na História da sua Pátria, a Alemanha e da sua Mátria, a Empresa Krupp, de que ela era a herdeira universal e que ela considerava, de algum modo, também a sua Família, estruturando este conceito de forma alargada a todos os trabalhadores da Empresa: os Kruppianos. 

Faz essa análise e retrospetiva, de certa forma, distanciada no tempo, mas também com uma certa distância quase autista, como se os acontecimentos em que a sua Família esteve diretamente envolvida, foi participante ativa, teve um papel decisivo, fossem isentos de juízos de valor. Estivessem para além da realidade Ética, do Bem e do Mal.

Alguma vez se observa nesta mulher um olhar crítico, reprovador ou de arrependimento face aos atos e barbaridades a que a sua ação, enquanto dona da Firma Krupp, a possa ter levado direta ou indiretamente?!

Seja no plano da sua família nuclear, a relação com o filho primogénito; quer avaliando as consequências dos seus atos face à sua Pátria e ao Mundo, na sequência das trágicas duas Guerras Mundiais, em que as empresas Krupp tiveram um papel decisivo no fornecimento de armas. Ao regime nazi, na Segunda e aos vários beligerantes da Primeira, mesmo que estivessem em lados opostos das trincheiras.

 

É algo que me impressiona, questão que já levantei num post, é se estas Personagens que têm um papel crucial nas Guerras, as atuais também, se estas pessoas que produzem, financiam, fornecem as armas, alimentando as Guerras, não se interrogam sobre este seu papel tão cruel e destruidor da Humanidade!

 

E parafraseando as produções da Krupp, fabricar tanques de guerra ou tratores agrícolas será a mesma coisa?! Produzir eletrodomésticos ou bombas terá o mesmo efeito?!

 

E aqui faço um intervalo musical, imaginando, e lembrando como o som vai acompanhando a narrativa, seja com um solo de piano, uma orquestra melodiosa ou quando o realizador nos quer alertar para a carnificina das guerras, em que se ouvem os corvos a grasnar.

A Música, repito, tem um papel fundamental na condução da narrativa!

 

O realizador é também o narrador, melhor, o narrador principal, porque mesmo colocando a narração centrada em Bertha e Alfried, é ele, com o argumentista, que conduzem a narrativa pelas vias que pretendem. E, já frisei. Acho que ele(s) deram um determinado rumo à História, não relevando ou omitindo aspetos parcelares.

 

Por ex. a questão dos “Crimes de Guerra”. Esta questão é aflorada pela voz de Harald, considerando-se injustiçado por ter pago doze anos de prisão na União Soviética, por ser um Krupp, quando a própria mãe não o reconhece como tal!

Mas é alguma coisa mencionada relativamente a Alfried e ao pai Gustav, neste também no respeitante à 1ª Grande Guerra?!

E, relativamente a Bertha, esteve ela acima e para além de todas essas coisas?!

 

A ação de Bertha centra-se principalmente na continuidade sucessória da Firma, encaminhando Alfried para a assunção destas funções. Tanto mais que o pai, Gustav, ia ficando mais velho e doente.

E, nos finais de trinta e princípios de quarenta, era essa a primordial preocupação de ambos os progenitores.

 

A relação com o Poder Político é sempre um dos leit-motiv do enredo. Esta Família esteve sempre umbilicalmente ligada ao Poder. Ao Político, nomeadamente. Nesses conturbados anos, encabeçando Hitler esse Poder, esse relacionamento nem sempre foi linear.

As visitas dos poderosos à Villa Huguell eram uma das formas de se criarem ou estreitarem esses laços de interdependência.

Com o Kaiser Guilherme II essas visitas eram frequentes, tendo este até um quarto específico na Villa. O Quarto do Kaiser! Que era um local de refúgio para Alfried!

 

Hitler não tinha esse privilégio, evidentemente. Não tinha condição Real.

Na 1ª visita, em 1937, Bertha nem se dignou recebê-lo e aos seus apaniguados.

“Não vou receber esses campónios! Diz que estou com uma enxaqueca.” Recomendou ao marido, Gustav. E ficou a espreitá-los e ouvi-los nos corredores.

 

Mas em 1938 já foi diferente.

Entretanto Alfried assumira a direção produtiva do armamento nas fábricas e, na frente ocidental, as tropas alemãs posicionavam-se perto das fronteiras.

Nesse ano houve nova receção ao Fuhrer.

Aí, já Bertha esteve presente.

Quem não teve direito a participar foi a nora Anneliese. Que, coitada, até chorou e se embebedou! Valia a pena!...

Mas aqueles ainda eram os anos dourados pré guerra, em que os alemães, na sua maioria, efabulavam Hitler e o seu poderio.

Mas também foi narrado que Fritz Thyssen havia sido enviado para um campo de concentração, na sequência de carta contestatária enviada ao Ditador.

Que, em contrapartida, ofereceu o emblema dourado do partido, a Gustav, envaidecendo Bertha!

Pelos vistos já não seria campónio...

 

E na estrutura narrativa, a distância entre o tempo presente, 1957, e as lembranças do passado vão-se aproximando.

Anos quarenta. A guerra no auge. Os irmãos, Harald e Eckbert, nela participantes. O último aí morreria. Carl morrera antes, num voo de treino.

1943, ano crucial no desenvolvimento da guerra.

Da Villa Huguell, Bertha avistava os sinais dos bombardeamentos, ao longe. Aviões sobrevoavam os céus.

Alfried, finalmente, assume a direção completa da Firma, que, por decisão de Hitler, passara a ser sua propriedade.

E foi no correspondente conselho de administração que, até Bertha fez a celebérrima saudação verbal e com o braço estendido.

Mas, foi também nesse ano que a Gestapo prendeu os tios Tilo e Bárbara!

 

1945: As fábricas destruídas; Alfried deambulando entre os escombros; o conselho avisado de um funcionário kruppiano, para fugir... as jovens judias aparecendo e escapulindo-se novamente para as ruínas... os aviões aliados sobrevoando os ares... e, na música, os corvos grasnando.

 

E o tempo narrativo salta novamente para 1957. Conversa ou debate entre irmãos, Harald e Alfried, que acentua: “Sou um Krupp. Foi para isso que me preparei desde criança!”

Como se fora um Rei, preparado pela Rainha – Mãe, Bertha Krupp, direi eu.

 

E o tempo retorna novamente a 1945, em que Alfried, assumindo essa condição de Krupp, na Villa Huguell, pelos vistos poupada aos bombardeamentos, dá uma última volta pelos salões austeros e, impecavelmente trajado, desce a escadaria para ser levado num jipe aliado, li que das tropas canadenses, para ser preso.

 

E, em termos de imagens, assim termina este episódio, não sem que a Música, extraordinária e maravilhosamente, nos embale na leitura do genérico.

 Episódio III - Parte I

 

E a minha dúvida se haverá ou não outro episódio, reside precisamente se na estrutura narrativa há ou não essa junção dos tempos narrados.

Se esse hiato, entre 1945 e 1957, vai ou não ser-nos contado em termos de acontecimentos destes personagens. Ou se fica em aberto...

Não sei, pois que na 1ª apresentação da série não tive oportunidade de ver e no próximo domingo haverá eleições.

Aguardemos!

E, Obrigado por ter lido esta narração, um pouco enviesada, da narrativa original.

Volte sempre, S.F.F.

Nota Final / Musical: A Música, com um papel tão relevante na construção narrativa, é de Christian Brandauer.

 

 

“A Família Krupp” (Reposição) - Teil III - Parte I

Série Alemã na RTP 2

 

Teil III 

Parte I

Uma narrativa parcial!

 

 A narrativa sobre o 2º Episódio terminava com os seguintes parágrafos:

 

(...)  “A importância de se chamar Alfried!”

 

“Será que Alfried vai dar lições de voo a Anneliese?!

Aguardemos o 3º, não sei se último, episódio!”

 

Bertha e Alfried in fernsehen.ch.jpg

 

Quanto a este episódio ter sido o 3º, disso não há qualquer dúvida. Se terá sido o último, de facto, não sei de todo.

 

No referente às lições de voo, no vertente episódio, não me apercebi que Alfried tivesse dado lições desse tipo a Anneliese. De natação, talvez. Ou ela a ele. Que os vimos a nadar num lago dos Alpes, tal qual Deus os mandou ao Mundo!

Fosse qual fosse o tipo de lições que terão dado um ao outro, o certo é que houve casamento. Ocorrido em 1937, em Potsdam. Um casamento muito simples, com três ou quatro convidados, que mais não foram precisos, e da Família do noivo, não concordando com o enlace, ninguém compareceu. Bem que, para a realização de um matrimónio, bastam os noivos, as testemunhas e o celebrante!

 

E neste ponto vamos à importância do Nome. Que por isso mesmo, porque a matriarca da Família, Bertha, verdadeira Krupp, não concordando com o casamento, porque o filho, Alfredo de nome, e também veramente Krupp, não se podia casar com qualquer uma, só porque era esse o seu desejo, sem o consentimento da Mãe. Não se podia sequer casar, porque tinha que se dedicar à Firma.

E casando-se, Alfredo acabou por se descasar, porque levando a noiva, já mulher, e já em vias de ser mãe, para a Villa Huguell, a sua Mãe, Bertha, fez de tudo o que é possível e imaginário para fazer a vida negra à nora, Anneliese, inclusive oferendo-lhe milhões para ela se ir embora.

E tanto a maltratou e destratou psicológica e socialmente, e tanto pressionou o filho para que ele se descasasse, que este assim acabou por fazer, divorciando-se, abalando Anneliese, mas levando o filho de ambos, Arndt, nome do primeiro Krupp. Que nem o nascimento da criança, e neto, e contra todas as expetativas do recém casal, nem o menino adoçou o coração da avó, que o desprezava também, ignorando-o, que é uma das maiores formas de desprezo!

 

Estes factos ocorriam nos finais de trinta, princípios de quarenta, já Hitler consolidado e incrustado na cadeira do Poder!

 

E, neste episódio assiste-se a essa consolidação até à paranoia final. Embora centrando-se a narrativa na Família, (uma Família Real?) muitos dos aspetos da tragédia são remetidos para segundo plano. Que o primeiro plano são as próprias tragédias familiares. A morte trágica de dois filhos, um dos preferidos, Carl e Eckbert. O AVC? do pai, o impasse sucessório na Firma, pela indecisão continuada de Alfried. Que finalmente, assumiu essa decisão em 1943. E houve loas e braços estendidos no Conselho de Administração, inclusive de Bertha, exceto do próprio Alfried, que não percebo porquê, dado ele ter pertencido e desempenhado cargos importantes no âmbito do partido nazi!

 

E este aspeto é um dos que no filme não são abordados pelo realizador ou pelo argumentista (?). A omissão, (propositada?) dos papéis e funções desempenhadas por Alfried, no contexto da hierarquia nazi. (Razão, aliás, porque no post anterior, de 18/01, “Personagens Reais” remeti para links em que estes aspetos são mencionados.)

Apenas se subentende a importância e projeção que ele possa ter tido, quando, em 1943, na sequência da prisão dos tios, Tilo e Bárbara, os irmãos, e mais especificamente Harald, lhe pedem ou sugerem para ele intervir junto de Hitler. Mas, mesmo aqui somos mais levados a interpretar esse pedido, pela importância da Firma, armeira de Hitler. Até porque a resposta de Alfried vai nesse sentido, frisando a ineficácia do armamento dos Krupp no contexto da Guerra, tendo revelado falhas, de que o ditador tinha conhecimento.

 

Ditador e louco lhe chamo eu, porque, na altura, os protagonistas e narradores desta História, não o afirmavam, nem ousariam expressar verbalmente, embora disso já tivessem plena consciência e, aliás, medo atávico. Lembremos que, à data, além da prisão dos familiares, também já o grande industrial Tyssen havia sido preso e enviado para um campo de concentração, tempos antes. E com este dado também podemos, de algum modo, ajuizar sobre as atitudes destas grandes personagens, que inicialmente apoiaram o fuhrer, mas que se foram apercebendo da espiral de loucura em que este os foi enredando e levando à destruição.

 

Nesta conversa, Alfried dá conhecimento ao irmão de que o pai, em 1938, também ajudou a resistência, aqueles que conspiraram, sem sucesso, contra Hitler. Surpresa de Harald, pelas atitudes públicas do pai, Gustav, quando alguém ousava dizer mal de Hitler na sua frente, em que ele se retirava ostensivamente.

 

Nesta narrativa, aquela que o realizador desenvolve, observa-se que ele pretende mostrar a ambivalência da Família com o Poder Político, que no caso específico de Hitler, era também sustentada pelo medo. Medo das represálias associadas à loucura do Ditador e de toda a estrutura repressiva em que assentava o aparelho de Estado!

 

Mas não posso considerar que ele, realizador, seja isento. Penso que, de algum modo, pretende (?) branquear o papel desta Família neste contexto, da relação com o nazismo. Porque se é verdade que a relação que tiveram, bem como a da Alemanha em geral, com Hitler, e nesta série podemos considerar que a Família, de certa maneira, é uma metáfora da Nação Alemã, digo, que a forma como os alemães e os kruppianos especialmente se relacionaram com Hitler, no final, foi de medo, mas primeiramente foi de admiração e adulação.

E foi a Nação Alemã, no seu todo, que levou Hitler ao Poder. Não podendo esquecer que as Potências Ocidentais e Orientais também para isso contribuíram, com o seu fechar de olhos às diatribes de Adolfo!

 

Voltando ainda à narração sob a perspetiva da realização, tenho que frisar que não observei, talvez me tivesse escapado, qualquer referência ao papel de Alfried no contexto político do nazismo, ainda que ele nisso tivesse tido participação ativa.

Contudo, já no final do episódio, quando Alfried se passeia e contempla a destruição das suas fábricas, obra sua também, porque que “quem com ferros mata, com ferros morre”, nessa cena, quase final, surgem dos escombros duas jovens judias aterrorizadas, que depressa se escondem novamente entre as ruínas.

Sabemos que são judias, porque a estrela na farda assim as identifica. Aqui, o realizador dá-nos uma evidente “piscadela de olho” para o facto comprovado de Alfried ter usado, nas suas fábricas de Essen, trabalho escravo de judeus dos campos de concentração, nomeadamente de jovens mulheres.

 

Mas esta cena eu só a compreendi nesta reposição e após ter lido, na wikipédia, vários artigos, nomeadamente o que referi no post anterior, que focam este aspeto.

Sim, porque para percebermos bem o enredo da série temos que pesquisar sobre a história dos personagens. E nisso a net fornece-nos alguma informação disponível, supomos que também credível.

 

Porque com base na narrativa dos personagens principais, Alfried e a Mãe, pouco sabemos sobre estes subterrâneos familiares, porque eles pairam, especialmente Bertha, acima dessas coisas.

 

E, segundo o narrador – realizador/argumentista, também há omissões!

 

E, por agora, a minha narração também fica por aqui. Para ficar também incompleta e, porque não?, também tendenciosa.

 

Voltarei à narrativa! Que muito fica ainda por contar!

A Família Krupp - Personagens Reais!

Série ficcionada e História real!

 

Tendo ocorrido ontem a visualização do 3º episódio da Série "A Família Krupp", tinha-me proposto redigir um post narrativo, como tenho feito sobre as Séries que aprecio.

Contudo, hoje foi de todo impossível realizar tal tarefa.

Resolvi deixar dois links, em inglês, porque não consegui em português, sobre as duas personagens reais, que são os principais protagonistas da Série e, no contexto do enredo, os narradores da trama.

E as respetivas fotos, que até no tamanho, que assumem aqui no post, retratam e espelham a importância relativa de cada Personagem na vida real! E na série. O domínio da Mãe sobre o filho!

 

 

-Nicola_Perscheid - Bertha_Krupp. in wikipedia.jpg

 

Bertha Krupp

 

Alfried krupp in wikipedia.jpg

 Alfried Krupp

 

Para os leitores e leitoras que se interessam por esta série, as informações nestes sites ajudam e enquadram, contextualizam e explicam aspetos que na ficção narrativa estão mal explicados ou são apenas sugeridos.

Lendo os textos da wikipédia fica-se a perceber muito melhor!

Porque a Série é excelente, mas...

Ainda escreverei e publicarei um post sobre o III Episódio.

Me aguarde, S. F. F.

E, Obrigado por ler!

1975 - 2015: Passaram-se quarenta anos!

 Ainda a propósito de “Mad Men”. 

E de um acontecimento de 1975.

 

E volto ao blogue e ao post em que abordei um acontecimento real ocorrido em 1975, a propósito dos “Homens Loucos” de Madison Avenue, N. Y. C., “Mad Men”. E dos computadores, na altura uns verdadeiros “monstros”, não só na forma, como no conteúdo, pela perspetiva de como eram vistos e percecionados, mesmo por quem lidava de perto com eles nos escritórios, mas não sendo especialista no assunto. Mais ainda para quem era completamente desconhecedor das suas funcionalidades e modus operandi.

Agora em que, a propósito de alguns acontecimentos mediáticos da política portuguesa atual, tanto se tem falado de 1975

 

Gostaria de deixar registado neste blogue alguns aspetos relevantes de algumas mudanças significativas deste Portugal de início século XXI, 2015, relativamente a esse findar do 3º quartel do século XX, 1975.

 

Neste Portugal atual, e apesar da tão apregoada Crise, vive-se significativamente melhor do que nessa data já longínqua de setenta e cinco.

Em termos de Consumo, os portugueses têm genericamente acesso a um cabaz de compras de bens mais ou menos essenciais muito mais vasto e diversificado não só pelos bens suscetíveis e acessíveis à sua bolsa, como pela existência e proliferação de locais de compra. Tanto de bens de consumo imediato, como duradoiro.

Vivemos numa Democracia consolidada. A Liberdade também é um Valor inquestionável!

O acesso a bens e serviços englobados no contexto da Educação, da Saúde, da Habitação, é um Direito também estruturado. Apesar de algum retrocesso que se tem verificado nomeadamente no campo da Saúde, face ao que já adquiríramos entretanto.

Portugal vive em Paz, apesar dos medos que hoje se sentem e pressentem, resultantes do alastrar à Europa de Guerras, que, até há poucos anos, pareciam confinadas a Países distantes… Que não deixavam de ser Guerras por isso…

 

in. escreveretriste.jpg

 

Estas são algumas situações em que, no plano interno, se constatam diferenças positivas relativamente há quarenta anos atrás.

 

E, no plano externo?!

 

Constate-se.

Portugal está integrado na União Europeia.

Faz parte da Zona Euro.

Não existe o “Muro de Berlim”, apesar de muitos outros muros que têm sido criados, por esse mundo afora. Físicos e psicológicos, culturais e sociais…

Não existe “Cortina de Ferro”.

Não existe “Pacto de Varsóvia”.

Não existe a URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas!

 

Thefalloftheberlinwall1989 in wikipedia.JPG

 

Vivemos num Mundo substancialmente diferente, mas…

Em que apesar de a designada “Guerra Fria” ter terminado, vivemos atualmente numa tensão e medo ainda maior. Em que a “Guerra” atual, há quem fale que vivemos numa “Terceira Guerra Mundial”, uma Guerra com contornos diferentes das anteriores, em que essa “Guerra” invadiu diretamente a Europa. E indiretamente chegou ao Continente Europeu através dos refugiados das Guerras por essas Áfricas e Médio Oriente.

 

E quem “produziu” essas “Guerras”?

Quem as alimenta com armas de todos os tipos?

Quem as financia?!

E com que fins?!

Quem as semeou e continua a sustentar, a adubar e fertilizar, com armas, munições, tanques e explosivos e carne para canhão de tantos inocentes?!

E quais os meios utilizados para obtenção de dinheiro para sustentar essas “Guerras”, umas “Grandes” e outras pequenas?

 

in imdb.com

 

Por vezes questiono-me e lembrando a “Família Krupp”, e a “Queda do Terceiro Reich”, se as pessoas que de facto alimentam as guerras, produzindo e financiando o armamento, mas vivem afastadas dos locais de conflito, quando ocorrem situações como as que têm acontecido por essa Europa, não se interrogam sobre o seu papel no Mundo…! Sobre a sua ação destrutiva da Humanidade!

 

E voltamos ao ponto de partida.

Vale a pena comparar 1975 com 2015?!

Apesar do pessimismo recente, vivemos ou não num Portugal substancialmente melhor?!

É ou não possível haver em Portugal abertura a novas e diversas perspetivas de “conduzir” este barco “Portugal” a bom porto?!

Que não faltarão as tempestades, os ventos alterosos, as borrascas…

 

Ah! E não posso esquecer o Imperialismo!

E o Imperialismo ainda existe ou não?!

Os Estados Unidos da América continuam a ser uma nação imperial, mesmo e apesar de terem um Presidente Obama?

E a Rússia, a nova Rússia, continua a ser também um Estado imperial, como o foi a antiga U.R.S.S., talvez o maior império à face da terra? Tal como fora também um império a antiga Rússia czarista?!

E o Reino Unido? E a França? E a Alemanha? São ou não nações imperialistas ou vivem apenas na nostalgia dos respetivos impérios passados?!

E a China?! É a terceira potência militar mundial, já detentora de enorme poder e liquidez financeira, “proprietária” e “co-proprietária” de variados setores estratégicos por esse Mundo fora, a nação mais populosa, com “colonos” espalhados também por todo esse Mundo, ocupando setores variados, talvez a maior produtora e fornecedora de bens utilitários de maior ou menor préstimo, mas que os Ocidentais, na sua febre consumista, tudo compram...

E o imperialismo das grandes multinacionais, dos grandes grupos financeiros, das grandes petrolíferas?!

(…)

E voltamos a interrogar:

O Imperialismo continua a existir ou não?

E Portugal e os Pequenos Países podem ou não tomar decisões e tomar conta do seu Destino fugindo às garras do Imperialismo?!

 

E com esta pergunta nos ficamos, por Hoje!

E terei esquecido o E. I.??!!

 

 NOTA Final:

HOJE, dia 24/11/2015, tomei conhecimento deste texto publicado na Revista "Visão" sobre o "financiamento" desta "Guerra" em curso.

Imprescindível LER!

 

"A Família Krupp” - Série Alemã - RTP2

“A Família Krupp” - Série Alemã

RTP2 – Episódio II, III e IV (?)

4ª, 5ª, 6ª Feira (?) – 14, 15, 16 (?) /Outubro/2015

 

E a saga da “Família Krupp” continuou nesta semana, presumo eu, que, ontem, não vi. E na 5ª feira também não vi o episódio na totalidade.

 

Então, como escrever sobre o que não vi?! Será que ontem, 6ª feira, terminou a mini série?!

 

Na 4ª feira, no episódio dois, Bertha Krupp, doente, continuou a sua narrativa, no presente, em 1957, falando com a criada de quarto, enquanto aguarda a visita do filho Alfried, dono, diretor, gestor da firma Krupp.

Paralelamente recorda o passado desses conturbados anos iniciais do século XX, que incluem a Grande Guerra, 1914 – 1918. De má memória, neles e deles, senhores que foram dessa grande guerra, que fornecedores foram e abastecedores de armamento, indireta ou diretamente causadores de milhões de mortos e mutilados, nas trincheiras de França, nas Verdun e outras batalhas, de tormentosas e inúteis lembranças.

Quando é que a Humanidade deixará de glorificar essas tamanhas atrocidades de guerra?!

A visita do Kaiser à Villa Huguell, âncora e porto de abrigo da família, quase no final da Guerra, a conversa de caserna daquele com o seu Estado-Maior, a contenda quase perdida; a opinião do mesmo sobre os Krupp, que os achava “sem honra nem patriotismo”, que vendiam armas a todos os contendores, o que era verdade, “uns mesquinhos”!

 

Alfried, também narrador principal, paralelamente, conversa com o irmão mais novo, Harald, também em 1957. Estas conversas são também um ajuste de contas deles entre si e com eles mesmos; uns com os outros, irmão com irmão e mãe com filho; e um deve e haver também com o passado, com o seu passado enquanto cidadãos na sociedade em que viveram e em que foram protagonistas principais dessa sociedade alemã, nessa primeira metade do século XX.

 

ataque-gas-primeira-guerra-mundial-1915-getty cont

 

Atores, agentes, fautores da História Alemã, de muito má memória nesses cinquenta anos. O seu ajuste de contas é também com esse seu mau passado, de algum modo uma catársis necessária ao entrosamento com eles próprios e com a nova sociedade em que se inserem e onde continuam a ter papel relevante, no mundo pós guerra.

Protagonistas que foram dessa História, de má memória, sempre ligados ao Poder instalado, conseguindo sobreviver mesmo nos anos conturbados da revolução proletária do final da Primeira Grande Guerra, passando as fileiras do “Exército Vermelho do Ruhr”, 1920, para o aconchego das montanhas alpinas da Áustria.

Sempre negociando, comprando e vendendo, mesmo aos mais improváveis clientes, no caso Lenine, vencedor da Revolução Russa, que, no início da década de vinte, precisou de comprar milhares de Km de ferrovia, aos Krupp, pagando em ouro. Negócio que ajudou a firma a sair do desespero económico e financeiro em que se encontrava, acabada a guerra, sem encomendas do estado alemão vencido e com restrições impostas ao respetivo desenvolvimento industrial, pelas potências vencedoras, Inglaterra e França.

 

Que a Família Krupp, segundo os próprios, não era apenas a família nuclear e alargada aos consanguíneos, mas eram todos os que trabalhavam na firma, nas várias fábricas e serviços: “os Kruppianos”. Cada um no seu lugar e função, claro! E a verdadeira mentora da firma era Bertha, uma verdadeira Krupp, que o marido, Gustav, apesar de ser o gestor durante os primeiros quarenta anos do século, era-o, porque fora o marido que o Kaiser lhe havia destinado, no início do século, após a morte do pai, Fritz, em 1902.

 

Ela, Bertha, e o filho, Alfried, esses, sim, eram verdadeiros Krupp!

 

E era Gustav quem realizava esses negócios. Não interessava a cor do dinheiro.

 

Mas Bertha, apesar de inicialmente manifestar alguma relutância ideológica e moral face aos mesmos, acabaria por aceitá-los.

O que aconteceria também com Hitler nas décadas de trinta e quarenta durante a 2ª Grande Guerra.

Até gritaria e faria a célebre saudação nazi!

Que isto do Dinheiro e do Poder pode muito.

 

E, nestes episódios, a narrativa com a visão dicotómica e muitas vezes antagónica destes dois protagonistas, mãe e filho primogénito e herdeiro da firma, continuou em diferentes momentos marcantes dos cinquenta anos primeiros do século XX. Tendo sempre como base limite o ano de 1957, retrocede aos anos da 1ª Guerra, 1916, Verdun; aos anos vinte, revolução proletária; ao início dos anos trinta, ascensão hitleriana; aos anos da 2ª Guerra, 1943, os próprios filhos mais novos também na frente… ao final da guerra, 1945.

 

E esse confronto interpessoal centrava-se também no assumir da gestão das empresas por Alfried, que adiava sistematicamente essa decisão. Paralelamente o pai, Gustav, marido de Bertha, um Krupp apenas de nome, dirigia as empresas desde que casara na primeira década do século, adquirindo então o nome, mágico e emblemático, por decisão do Kaiser, mas a idade e a doença avançando, tornavam premente essa decisão.   

E na vida pessoal do filho também a mãe intervinha. Destinando e determinando com quem casar, que isso o filho também lhe arremessara na cara, num dos confrontos de vontades em que se embateram.

E a assunção da gestão da firma viria a acontecer em 1943, em plena II Grande Guerra, já o prenúncio do fim se anunciava, os bombardeamentos na Alemanha já se vislumbravam ao longe. Mas foi aí, na reunião do conselho de administração, que Bertha também entoaria loas a Hitler!

 

br.sputniknews.com

 

E os bombardeamentos atingiram o Ruhr industrial e a cidade de Essen e as fábricas da firma, coração da indústria alemã, motor do armamento das forças armadas alemãs, isto é, de Hitler e do nazismo. E vê-se Alfried no meio dos escombros, das suas fábricas em ruínas, e aconselhado a fugir, ripostou “para onde?”. Sim, para onde poderia fugir, se a Alemanha estava acossada a Leste pelos soviéticos e a Oeste pelos aliados e, em breve, estaria ocupada e destruída pelos exércitos ocupantes? Só uma fuga tipo a que encetaram Hitler e os seus mais fiéis seguidores…

Alfried ficou e foi na sua Villa Huguell que os exércitos americanos o foram buscar. Estará preso alguns anos, até 1953.

 

E, como temos visto, em 1957, já reassumira as funções de direção das fábricas, porque era um verdadeiro Krupp e fora para isso que o haviam preparado desde criança.

 

E com este remate, também remato o final desta narração, porque também não tenho a certeza se a história desta família que se confunde com a História da Alemanha e do Mundo, durante a última metade do século XIX e a primeira do século XX, se essa história, narrada na mini série, terminou na 5ª, se na 6ª feira.

 

Mas ainda há uma questão final que gostaria de colocar.

Será que estes Personagens da História tiveram realmente consciência do seu papel malévolo nessa mesma História, enquanto fabricantes e fornecedores de armas e alimentadores das Guerras?!

 

Que muito conto fica por contar nesta narração, que não se pretende exaustiva relativamente à narrativa original!

 

 

 

“A Família Krupp” - Série Alemã - Teil I

“A Família Krupp” 

 

Drei_Ringe_von_Krupp in wikipdia.jpg

 

RTP2 – Episódio I

3ª Feira – 13/10/15

 

rtp.pt.jpg

 

A história de uma Família, entrosada na História e outros considerandos de maior ou menor relevância…

 

Foi transmitido ontem, dia 13 de Outubro, 3ª feira, o 1º episódio desta série alemã sobre esta célebre família de industriais, ligados ao nascimento da indústria no território alemão, desde inícios do século XIX. Industriais produtores de aço, indústria siderúrgica. "Aciaria!"

 

A visualização da série era para ter-se iniciado anteontem, 2ª feira, mas devido a um problema técnico na RTP2, a emissão foi interrompida. Facto de que, ontem, antes do início da emissão pediram desculpa.

 

E eu que pensara que era um problema apenas da minha TV, que, de vez em quando, me prega essa partida.

Foge a imagem ou fixa-se parada numa cena qualquer, esquecida do que vem a seguir, é como se tivesse lapso de memória visual. Depois, desfoca-se, abala o som, desfaz-se em cores abstratas como se ensaiasse uma pintura de Vieira da Silva, até que foge também a cor, aparece um “sem sinal” e a sigla “Ext”, ou qualquer coisa assim parecida e era uma vez…

Mas esta situação é comum em diferentes TVs que usam essa tecnologia TDT, que nem sei o que significa e, periodicamente, ocorre em variadas localidades por esse País fora.

Mas continuamos a pagar sempre a taxa áudio visual, na fatura da eletricidade. O que ainda não vi foi que, num mês ou até mais, na fatura não viesse esse valor acrescentado à despesa. Um aviso tal como: “Este mês não paga taxa audiovisual, porque a TV nem sempre se porta bem!”

 

Mas a quem é que nós nos podemos queixar?! Já o fiz para o Provedor do Cliente, mas não tive qualquer resposta!

 

A forma como este negócio das telecomunicações funciona, das várias operadoras, dos vários meios de comunicação, das várias televisões, dos media e das ligações e interligações entre eles, da concorrência feroz, da manipulação da opinião pública, o seu “modus operandi” deixa muito a desejar…

 

Mas vamos ao que titula o post.

 

Ainda bem que foi um problema geral.

Assim alteraram a programação e apresentaram o 1º episódio da série.

 

Acho que vale a pena seguir. As temáticas que aborda. A História da Alemanha por mais de meio século, desde o início do século XX. Os ambientes e ambiências retratadas. Os conflitos e paixões, o entrosamento entre a vivência desta família e dos seus trabalhadores como se fossem uma grande Família, mas cada um no seu lugar, que cada rato tem seu buraco.

E, nesta família, vão-se descobrindo muitos buracos.

A ligação umbilical ao Poder, sendo também eles parte e suporte desse mesmo Poder. Em determinados momentos competindo de igual para igual.

O seu suporte desse mesmo Poder Político e Militar. E Económico. Base do desenvolvimento e poderio, primeiro da Prússia, potência continental emergente no século XVIII, e cujas guerras com a Áustria e França sustentou, ainda em meados do século XIX, consolidando esse estatuto de potência continental.

Depois da Alemanha, a partir da sua constituição como Estado unificado, em 1871, precisamente após a vitória sobre a França, na Guerra Franco-Prussiana. Base económica do Império Alemão até à 1ª Guerra. Pilar e estrutura fundamental da indústria alemã, sendo que a siderurgia, a produção de aço de alta qualidade era a matriz de múltiplas e variadas outras indústrias, na Alemanha e nos outros países em processo de industrialização acelerada. E também do expansionismo ultramarino alemão, com a colonização de África, que a Alemanha também partilhou com as outras potências europeias.

Base da indústria de guerra, da corrida aos armamentos, prenúncio, preparação e sustentáculo da Primeira Grande Guerra. E de outras Guerras… E o mais que estará para vir, que apenas ainda veio o primeiro episódio…

 

A qualidade técnica. A música. A interpretação dos personagens. Não são artistas que conheçamos, como aliás acontece com as outras séries europeias, excetuando as britânicas, pois nos últimos cinquenta anos a quase monopolização da cultura cinematográfica tem sido exacerbada pelo domínio anglo-saxónico, com especial realce para o lado americano.

 

E, o enredo?

 

Neste episódio, a ação decorreu em dois momentos temporais marcantes.

 

Em 1957, já bem após a 2ª Grande Guerra, em que os Krupp tiveram um papel relevantíssimo. E nos primeiros anos do século XX, 1901 e 1902, antes ainda das Guerras, mas em que as respetivas sementes estavam já lançadas e eram ensaiadas e testadas noutras guerras “menores”. E os armazéns e celeiros dessas mesmas guerras, de ódios assassinos e irracionais, estavam a ser recheados, na corrida aos armamentos. Papel fundamental que a Família desempenhou na Alemanha recentemente unificada, sob a égide imperial, nesse 2º Reich! E, mais tarde, também no terceiro. Mas ainda não vimos nada disso. Não nos adiantemos!

 

O espaço em que decorre a ação situa-se principalmente na cidade de Essen, ainda hoje um dos pólos industriais da Alemanha da Senhora Merkl, nesta Alemanha reunificada. Cidade situada no Centro Oeste do Estado Alemão.

Na villa Huguel, palácio residência da família, edifício monumental, mas austero; nas indústrias siderúrgicas, com demonstrações do funcionamento das máquinas colossais e do seu grau de precisão minuciosa, visitas de clientes nacionais e estrangeiros, até do Extremo Oriente, que o Japão também iniciava a respetiva industrialização. Visitas que as meninas da família, Bárbara e Berta estavam proibidas de realizar, que segundo a mãe, a fábrica não era lugar para mulheres.

Cenas episódicas em Berlim, no palácio do Kaiser Guilherme II, que os Krupp e o Império andavam entrançados, de braço dado.

Passagens por Capri, ilha italiana, no Mediterrâneo, lugar de descanso, veraneio, sonhos, paixões e devaneios, onde estavam atracados os iates da família.

 

A narração centra-se em Berta Krupp, jovem solteira ainda, no início do século XX, mas que em 1957, após ter vivenciado e vivido todos os enredos, enlaces e desenlaces da primeira metade do século XX, sofre um ataque de coração, estando a Vida entre cá e lá. Como o seu País também estava na época, Guerra Fria, Alemanha dividida, na linha de fronteira entre Ocidente e Leste.

E, convalescendo, não assumindo a doença, mas sentindo que a “Ceifeira de Gadanha” se aproximava, prepara a sua sucessão no império industrial e vai recordando a sua vida nesse meio século de história familiar, da História da Alemanha e do Mundo, que como sabemos, se entrosam e entrelaçam para o Bem e para o Mal.

Mas tudo isso ainda veremos. Que ela ainda nem ao casamento chegou. Apenas vimos o funeral de Estado do pai, Frederico Krupp, em 1902, a que o próprio Kaiser Guilherme II compareceu, seguindo isolado atrás do caixão, como comandante supremo das Forças Armadas, numa encenação político militar, mas igualmente de consideração e estima pelo industrial a que o Estado tanto devia.

E, a propósito de Berta, lembramos que foi este o nome de batismo dos célebres canhões de longo alcance, que bombardearam Paris na 1ª Grande Guerra.

Mas também lá irão, digo eu!

 

 

 

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