Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Ou a Volta da Filha Pródiga, Melodramático Folhetim em Cinco Sensacionais Episódios e Comovente Epílogo: Emoção e Suspense!
Jorge Amado
Editora Record – 2ª Edição – 20/8/77
Capa de Carlos Bastos
Ilustrações de Calasans Neto
Retrato do autor por Flávio de Carvalho
Foto do autor por Zélia Amado.
Comprei o exemplar que tenho, numa Feira do Livro de Lisboa, em 6/6/80, há 40 anos! Li-o nessa data. Mais tarde, vi a novela que passou na TV portuguesa - (89 / 90).
Agora, resolvi voltar a lê- lo. Apenas comecei. Mas interessante (!), ao fazê-lo e imaginar as personagens, associo aos artistas que lhes deram corpo na novela, de que gostei muito, aliás.
Betty Faria na personagem principal, Tieta; a célebre Perpétua, representada por Joana Fomm e assim por diante.
Questiono-me: Quando li pela primeira vez, antes da novela, como imaginaria as personagens?! Será que as associava às de Gabriela que já vira em 77?! (Mistério… como diria Dona Milu.)
Jorge Amado (1912 - 2001) é, de entre os escritores brasileiros, aquele de que mais tenho lido. Certamente será dos mais conhecidos, mercê também da sua divulgação através dos audiovisuais: televisão, cinema.
Além do supracitado, também Gabriela…, duas apresentações novelísticas, e também cinema; Dona Flor… Mar Morto… pelo menos estes de que me lembro.
No caso de Gabriela… considero que o livro e as duas novelas subsequentes são três obras artísticas ricas e peculiarmente diferenciadas, embora partindo do mesmo universo narrativo. Não sei de qual delas mais gostei. Se ler, se visualizar as tramas novelísticas!
Voltando ao Escritor. Cidadão envolvido social e politicamente na vida do seu país, apesar da trama narrativa dos livros mais emblemáticos se situar geográfica e culturalmente no universo do seu Nordeste / Baía – Região do Cacau, consegue transpor nos seus personagens os sentimentos universais do Ser Humano.
Partindo dum contexto muito particular, alcança a universalidade no conteúdo da sua trama narrativa. Também gosto, na sua escrita, como transparece o sentimento geral do Amor e a luminosidade otimista da Vida de um país cheio de sol!
(Livro escrito em português do Brasil, frise-se, com quase 600 páginas.
No final da sua narração, o Autor, após registar “FIM”, escreve: “Bahia, Londres, Bahia – 1976 / 1977”.
Quer dizer que o escreveu no período da ditadura militar: 1964 - 1985.
Havia Portugal saído há pouco da sua dita dura e, aliás o Autor refere isso logo no início pag. 16: “… ninguém sabe o que pode acontecer no dia de amanhã, recente, aí está, o exemplo de Portugal, quem poderia prever?”
Também já Chico Buarque editara “Tanto Mar” – 1975 - e cantava: “Sei que estás em festa, pá / …”
Esta 2ª edição fora de 50.000 exemplares – A 1ª, de 120.000, datada de 3/8/77. Distribuição: Centro do Livro Brasileiro, Lda)
Divulgados todos estes dados o melhor é recomeçar a ler.
Mas antes e ainda, referir que a ação decorre “… nos idos de 1965 – data tão próxima, ainda ontem, parecendo contudo distante passado ante as transformações do mundo; …” (pag. 333)
E também, que Jorge Amado, após conclusão da escola primária, em Ilhéus, aos 10 anos, vai estudar para Salvador de Baía, como interno no Colégio António Vieira… de onde foge. (Esta informação tem a ver com a atualidade de ontem em Portugal!)
Livro de ALMEIDA GARRETT (Porto, 1799 – Lisboa, 1854), publicado sob essa forma, em 1846. Primeiramente os textos foram sendo publicados, por capítulos, na Revista Universal Lisbonense, de 1843 a 1846.
É o livro que tenho andado a reler. Concluído hoje.
E não resisto a transcrever um excerto, do final do Capítulo XLII, pag. 284.
“Jesus Cristo, que foi o modelo da paciência, da tolerância; o verdadeiro e único fundador da liberdade e da igualdade entre os homens, Jesus Cristo sofreu com resignação e humildade quantas injustiças, quantos insultos lhe fizeram a ele e à sua missão divina; perdoou ao matador, à adúltera, ao blasfemo, ao ímpio. Mas, quando viu os barões a agiotar dentro do templo, não se pôde conter: pegou num azorrague e zurziu-os sem dor.”
Almeida Garrett referia-se aos vendilhões do Templo, sendo que o Templo figurava Portugal.
Há alguma semelhança com o Portugal de hoje?!
Nota: O negrito no texto de A. Garrett é de minha autoria.
Está a decorrer a Feira do Livro, de Lisboa, na sua 85ª edição, no espaço tradicional, Parque Eduardo VII.
É um local de visita obrigatória, para quem goste de ler, folhear livros, ver novidades, passear… e eu estou a propagandear, mas já lá não vou há alguns anos… principalmente por comodismo.
Mas, nos anos setenta, principalmente a partir de 74, quando estudava na capital, confesso que me perdia na Feira e nos saldos… para além dos catálogos e todo o tipo de panfletos e acessórios das edições.
E, nos “Livros do Dia”!
Mas como estamos nesta época, resolvo partilhar convosco o livro que estou a (re)ler, de que apresento imagens digitalizadas da capa e contracapa:
Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett; Editora Livraria Sá da Costa, 1ª Edição, 1963; Reimpressão, 1966.
Não vos vou falar nem do Autor, Almeida Garrett, 1799 - 1854, possuidor de uma atribulada biografia, que de algum ou diferentes modos transpôs para a sua Obra, notabilíssima, sendo Autor de uma bibliografia extraordinária.
Viveu em pleno os tempos conturbados dessa primeira metade do século XIX, enquanto Homem, Cidadão, Político,… paralela e concomitantemente publicando as suas Obras, precursoras e introdutoras da Modernidade. É considerado o “Pai do Romantismo” em Portugal.
A minha pretensão é simplesmente sugerir a leitura da Obra mencionada, 1846, um clássico da Literatura contemporânea.
Esta edição tem um excelente prefácio e notas do Professor José Pereira Tavares, datado de 1953 e explanado em quatro momentos: 1 – “Escorço da biografia de Garrett”, 2 – “ A Obra”, 3 – “História das “Viagens” ”, 4 – “A nossa edição”. E o Prefácio dos Editores de 1846.
Só após, se inicia a Obra propriamente dita, até ao Capítulo XLIX.
Estou a iniciar a leitura do Capítulo XXVII, quando, na narrativa, o autor/narrador chega a Santarém.
O livro lê-se relativamente bem, sem pressas, lendo e refletindo, interrompendo, intervalando, ao sabor da narrativa, das considerações e divagações do Autor, das notas de rodapé. Os capítulos são curtos, o exemplar facilmente manuseável.
Exige, contudo, algum conhecimento do contexto espácio temporal, cultural, social e político em que se desenrola a ação.
Mas… e quando não se conhece algum significado, é sempre bom ter um dicionário e sobre os assuntos, uma enciclopédia ou a net também ajudam.
Aprende-se muito, para além da riqueza verbal e ideativa que o acompanha e que nele se explana.
O enredo romanesco, o romance propriamente dito entre Joaninha e Carlos, começa bem tarde na trama, nem sei mesmo se será a parte mais importante... Os diálogos dessa parte da narrativa são muito claros, transparentes, acessíveis, simples e compreensíveis, lembrando muito os do teatro, ou não fosse Garrett o criador do teatro moderno em Portugal.
Ao ler esses excertos, só imagino uma peça de teatro, de que tenho saudades, aliás. A televisão praticamente não transmite e é pena!
Concretamente, o exemplar de livro que possuo tem alguma história associada.
Ganhei-o, sim foi ganho num concurso promovido pela antiga Emissora Nacional, não sei se nos finais de sessenta, se já no início de setenta do século XX, de qualquer modo antes de 74.
Foi dos primeiros livros meus, para além dos escolares, que os meus pais, apesar das dificuldades da época e dos sacrifícios que tinham que fazer para eu poder estudar, sempre fizeram questão de me comprar e que ainda guardo com carinho e estima.
Nessa época, anos 60 / primeira metade de 70, ter livros próprios era um luxo!
Por todas e as mais diversas razões, económicas, principalmente, mas também sociais e políticas, frise-se!
Por isso mesmo, quando foi a explosão de Liberdade após 25 de Abril de 74, a 1ª Feira do Livro em liberdade foi uma Festa!
Voltando ainda a este exemplar que possuo foi para mim uma enorme satisfação ao obtê-lo, não só pelo concurso, algo sem importância certamente, qualquer coisa como responder a alguma pergunta ou tema de que não me lembro, mas cuja resposta era “Lourenço Marques”, que anotei na 3ª página do exemplar. Só me esqueci de apor a data…
Eram tempos em que havia falta de tudo, não vivíamos, nem vislumbravamos viver alguma vez numa sociedade como a atual, nomeadamente no que concerne ao consumo e revolução tecnológica, às mudanças políticas e sociais.
Seria pura ficção científica imaginar sequer que poderia estar algum dia a comunicar neste “blog”! !!!!!!!!!!!!!!!!
Por isso, à data, ter um livro meu, para além dos escolares, e no âmbito da Grande Literatura era estar no píncaro!
Contudo e pelo que expliquei anteriormente, algum desconhecimento do contexto espácio temporal, cultural, social e político em que se desenrolava a ação; falta de vocabulário, praticamente nulos recursos de pesquisa, tive alguma dificuldade em ler e compreender a Obra.
Essa é uma das razões por que estou a reler o livro.