Tertúlia Poética da APP no “Vá – Vá” - Uma Ronda de Poesia!
Associação Portuguesa de Poetas – APP
Restaurante, Café, Pastelaria, Snack – Bar, “Vá – Vá”
Lisboa
11 Fevereiro 2018 (Domingo) – 16h. 30’
No Restaurante – Café – Pastelaria, Vá – Vá, em Lisboa, são organizadas tertúlias, há décadas.
Algumas estão documentadas, através de cartazes emoldurados nas paredes da sala onde habitualmente se realizam.
É esse facto que a fotografia apresentada, a documentar este post, nos atesta.
Alguns dos cartazes em que figuram algumas das personalidades homenageadas: os atores Rui de Carvalho e Eunice Muñoz, Lili Caneças, padre Feytor Pinto, maestro Victorino de Almeida… Ainda e também no lado oposto da sala, figura outro conjunto de posters, com outras personalidades: Herman José, Júlio Isidro, Lauro António, Lia Gama, Lurdes Norberto, Nicolau Breyner, e até o atual Presidente da República, Professor Marcelo Rebelo de Sousa. (Noutro contexto, evidentemente!). Também António Sala, Carlos do Carmo, Maria Eduarda Colares…
Estas tertúlias e/ou homenagens, que não sei de todo como funcionam, não pertenço a esse “meio” em que se enquadram estas Personalidades, têm um nome sugestivo “VÁ.VÁ.DIANDO”!
Mas não é sobre elas que lhe quero falar, Caro/a Leitor/a.
Antes de mais, e “o seu a seu dono”, frisar que a fotografia é um original de Carlos Cardoso Luís, atual Presidente da Associação Portuguesa de Poetas – APP.
E é sobre as Tertúlias da APP – Associação Portuguesa de Poetas, no Vá – Vá, que eu quero dizer de sua justiça!
Já se realizam também há anos, não sei desde quando, mas até seria interessante saber. (Caso tenha conhecimento, agradeço…).
Sei que já se realizavam quando, a saudosa, D. Maria Ivone Vairinho era Presidente.
Não me recordo se alguma vez terei comparecido nessa época, tinha muito menos disponibilidade… Mas compareci nesta última Tertúlia, dizendo poesia.
E, tal como eu, estiveram outros Poetas e Poetisas, também dizendo, declamando, lendo, cantando, os seus poemas, as suas canções ou de outros Autores, consagrados ou não.
Abençoados os Dizedores de Poesia!
Que transportam e difundem a Luz, que a Poesia representa e significa, culturalmente!
Dizer, Declamar, ler POESIA é quase um ato de “transgressão” Social!
Choca esta afirmação?!
Explicito: No sentido de ser um ato minoritário, quiçá ‘marginal’, perante o enquadramento e o destaque que outras atividades culturais têm na nossa sociedade.
(Se perspetivarmos o assunto reportando-nos ao destaque que os mass-media concedem à Poesia, as televisões, as rádios, os jornais, as redes sociais… Bem…
Em contraponto, observe-se a peroração nos “media”, sempre que um qualquer árbitro dá uma canelada no regulamento… Ou que um jogador dá uma cabeçada na bola!
Sem menosprezo pelo futebol, mas que acho hipervalorizado sob todos os ângulos de análise!)
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E vamos então à Tertúlia.
Como é habitual nestes eventos, cada Poeta ou Poetisa, Leitor ou Leitora, “Diseur”, Dizedor ou Dizedora, apresenta um dos seus trabalhos, original ou não, completando uma rodada, de modo que todos tenham a sua oportunidade. A não ser que queiram “passar”, como aconteceu desta vez com algumas pessoas.
Havendo ocasião, dependendo dos presentes, vai-se a uma segunda rodada ou até terceira, conforme o número de presenças e a disponibilidade de cada um e da Instituição onde se realiza o “sarau”.
Nas Tertúlias da APP, conforme tenho observado, há sempre um número razoável de presenças, quase sempre se chega a uma segunda volta, mas nem sempre todos voltam a participar, porque algumas pessoas têm que se ausentar, dado que a primeira ronda é mais demorada.
É também habitual fazer-se um pequeno lanche. Aliás, realizando-se numa Instituição particular de restauração, esse comportamento é mesmo de norma social! “Faz-se sempre despesa.”
Pessoalmente, prefiro chegar mais cedo e, antes de iniciar, tomar a minha bebida e bolo ou salgado e, no final, repetir.
Então… dirá… nunca mais diz quem esteve ou não esteve, que disse ou não disse, que cantou ou não cantou… e se encantou ou não?!
Bem, meu caro, se encantou ou não, fica à consideração de cada um. Que eu, por norma, não ‘adjetivo’ estas atuações. Não formulo juízos de valor. Todos contribuem, a seu modo, para o grande valor que têm estas ocorrências poéticas.
Que pena e que desperdício os media não lhes darem a merecida importância. Ademais, nelas comparecem Pessoas, Poetas e Poetisas que já têm alguma idade, alguns com mais de noventa anos, apesar de jovens de espírito e extremamente criativos!
E, nem a propósito, quem iniciou propriamente a ronda dos Poetas presentes a dizerem Poesia foi precisamente João Baptista Coelho, (1927), um dos decanos dos Poetas, sócios da APP. Quatro sonetos: “Tetralogia do Amor – Primavera… Verão… Outono… Inverno!”
Bem… dirá o/a caro/a amigo/a… mas não foi assim que se iniciou a Tertúlia…
E tem toda a razão!
É de praxe referir que a mesa era constituída por três elementos da Direção da Associação: Carlos Cardoso Luís, a presidir e que fez a apresentação do evento e a coadjuvar, Maria Graça Melo e Rogélio Mena Gomes.
Que, também como é habitual nas Tertúlias APP, são lidos poemas de ausentes, que, por dificuldades logísticas, não podendo comparecer, os enviam para serem lidos aos presentes. “Os Poemas do Mês”!
Foram lidos textos de Valquíria Imperiano, de Manuel Canela e Cassiano Santos Cabral, de Porto Alegre, Brasil. De Valquíria, "Batalha" e dos seguintes, refiro respetivamente: “Da minha janela” e “Sol e café”.
Ainda antes de se iniciar a ‘Ronda dos Poetas Presentes’, Carlos C. Luís leu um texto sobre a significação da quadra do Carnaval e uma quadra de Gilberto Gil.
E foi continuando as apresentações dos Poetas, intercalando com pequenos excertos, pensamentos e epigramas (?) sobre a temática carnavalesca e também alguns improvisos seus (?)
Ah! Esquecia-me de frisar que, estando nós, à data, no Carnaval - “Domingo Gordo”, esta temática do “Entrudo” foi sendo abordada por vários dos presentes.
Talvez por isso mesmo, quando chegou a sua vez, que foi logo em segundo, Rogélio Mena Gomes leu um seu poema, de um conjunto de "poemas do absurdo", que considerou o mais pequeno de todos, do seu livro “In Verso”, intitulado “Gargalhada”: “Há? Há. Ahhh...!"
E foi com esta boa disposição que o sarau e convívio foi continuando.
Pais da Rosa disse “Perdido no tempo”.
Tereza Pais da Rosa, “É dia de Carnaval”.
Vitor Camarate, “Carnaval: Sai-me um bafo do coração…”
Felismina Mealha não disse, “passou”… estava de férias de Carnaval!
Esmeralda, “Mar de mulher”.
Alcina Magro, “Do vermelho dos poentes…”
Graça Balsa trouxe-nos Fernando Pessoa e “Comboio descendente”.
Júlia Pereira, Carnaval.
E, chegando a minha vez, fui dizer “Meu amor do facebook”.
Conceição Serra, de António Nobre, apresentou “Menino e moço”.
Carlos Cardoso Luís, de Sidney Poeta dos Sonhos, “Terno Carnaval”.
Maria Melo, “Pastor do monte”.
José Branquinho disse “Por uma vida em flor” e cantou “Amo-te desde criança… Portalegre”.
Maria Isilda Gonçalves deu-nos a conhecer um poema de Ruy de Carvalho, seu filho, não o ator anteriormente mencionado, intitulado “Máscara”, do livro “Matizes da Vida”.
Aurélio Tavares, outro dos decanos presentes, “Fui pai, agora avô…”
Outro senhor que também “passou” e, que me desculpe o próprio, mas não fixei o nome…
João Coutinho disse “Diferente de mim”, in. “Sonetos”.
Ana Herédia, “Férias de Verão”.
E Bento Durão, supostamente fecharia este primeiro ciclo, dizendo, “Gosto do Bairro da Graça” e cantando o fado “Carmencita”.
E Bento não fechou a primeira ronda, porque, entretanto, aparecera Márcia Rocha que nos disse que “Sei que vivo num mundo maravilhoso…”
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E, seguidamente, surgiu a oportunidade para se provarem os préstimos da Casa, tomando as suas bebidas e degustando os doces e salgados, ação que já executara previamente, antes do início da tertúlia.
Aproveitei para esclarecer nomes e títulos de poemas e canções… e mesmo assim terá saído esta crónica “transgressora” da realidade, porque certamente, imperfeita.
E na segunda parte…
José Branquinho cantou “Bairro negro”: “Olha o sol que vai nascer… anda ver o mar…” E quem sabia, acompanhou.
Pais da Rosa disse “o Vento”, “Formosa serra da Estrela”.
Tereza Pais da Rosa, “Vivendo como velhos…”
Vitor Camarate, “Sauda” (?).
Graça Balsa disse “Balada da neve”, de Augusto Gil.
Alcina também “passou” desta vez.
Júlia Pereira disse “No hospital”.
Esmeralda, “Ela a passar na rua…”
Eu disse a ‘alegoria’ ao telemóvel, texto dos finais de noventa, que nunca publiquei, inspirado numa canção de Ágata, integrado num programa televisivo chamado “Paródia Nacional”. (Texto que também não enviei para o Programa.)
Carlos Cardoso Luís disse “Chinela de varina”.
Maria Melo disse um poema de Amor: “Vazio”.
José Branquinho cantou “… Na margem da ribeirinha…”, que cantara pela primeira vez, quando tinha catorze anos!
Maria Isilda Gonçalves disse “Verde paz”, poema igualmente do filho, Ruy de Carvalho.
Aurélio Tavares disse/‘leu’ “Minha cidade está triste”, a partir da boina, que metaforicamente funciona como tampa da “caixa” onde tem os poemas guardados, a sua, dele, memória.
João Coutinho, “Aqui um homem de qualquer cor…”, “Estão aqui…”
Carlos Cardoso Luís, “Um palerma como tu”.
E Márcia Rocha terminou: “Uma nova decoração”!
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E assim decorreu e se concluiu a Tertúlia da APP no Vá – Vá.
(O local é ótimo, porque bem situado no centro de Lisboa. A Entidade, pelo que observo, é bastante recetiva. Os funcionários são atenciosos e alguns até manifestam interesse nas intervenções poéticas, como pude constatar. Também clientes se manifestam curiosos.
Pena é que as portas, com os enfeites sugestivos que têm, não possuindo vidros, permitem que o ruído exterior entre na sala.
Mas até essa dificuldade a Poesia consegue superar!)
Importa mencionar que estas tertúlias ocorrem, por norma, nos segundos domingos de cada mês, a partir das 16h e 30’.
Preste bem atenção, caso queira comparecer.
Informar ainda que a APP organiza outra tertúlia, na sua sede, aos Olivais – Lisboa, no último domingo de cada mês, a partir das 15h.
Compareça nas Tertúlias da APP.
Bem como nas de outras Instituições Poéticas que conheço:
CNAP – Círculo Nacional D’Arte e Poesia, em Lisboa;
SCALA – Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada, em Almada;
“Momentos de Poesia”, em Portalegre;
“Mensageiro da Poesia”, no concelho do Seixal.
E para terminar: Um Viva à Poesia!
E, esta crónica é ou não, de certo modo, algo “transgressora”, face ao contexto opinativo geral e generalizado entre “fazedores de opinião”?!
(Este último parágrafo tem o seu quê e porquê, que tem a ver com a publicação desta crónica… que se foi atrasando e só hoje foi dada a lume!)
E o meu muito obrigado, por me ter lido, até aqui.
Volte sempre, S.F.F.