Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Livro de Lénia Rufino, romance, 1ª edição – Manuscrito - Lisboa – Março 2021
O título reporta-nos para um dos locais que temos mais certos na nossa Vida. As árvores, como dedos apontando para o céu, são marcantes e identitárias do espaço, pelo menos em Portugal.
Nas imagens elucidativas, ilustrando o postal, não tendo nenhuma foto específica, optei por utilizar fotos de cedros, plantas que eu próprio semeei e plantei no Chão e no Vale. Para aí nos anos noventa. (Mas, com estes particulares, estou-me desviando do essencial.)
A ação da narrativa decorre no Alentejo Norte, em duas pequenas povoações, uma mais um lugarejo, outra, um pouco maior. Nos anos de 1992, tempo presente na narrativa e 1968, tempo pretérito.
As personagens principais?
Isabel, jovem estudante de dezoito anos, inquiridora, pesquisadora, “perguntadeira”, querendo obter respostas sobre pessoas da localidade, já falecidas, nomeadamente sobre as respetivas mortes, que a intrigavam sobremaneira. (Esta personagem funciona, de certo modo, como alter-ego da Escritora?)
A mãe de Isabel, Lurdes, alvo primordial das perguntas da filha. Ela será mesmo a personagem principal. Ao não responder, ou fazê-lo por evasivas, ou desviar o assunto e o rumo da conversa, só aumentava a curiosidade e o interesse de Isabel.
Esta sua curiosidade e perspicácia policial levaram-na a equacionar a possibilidade da mãe, Lurdes, ter um diário. Daí a procurá-lo, foi um ápice.
Encontrá-lo-ia no sótão da casa, entre papéis velhos e fotos.
E a partir da respetiva leitura, clandestina, todo um desenrolar de um ou diversos novelos sobre a vida da mãe, enquanto jovem e o seu modo de ser e de estar como adulta, vieram à superfície e conhecimento de Isabel. E também possíveis respostas ou pelo menos suposições, para as mortes inexplicáveis de algumas pessoas da localidade e que tanto intrigavam a jovem.
Nós, enquanto leitores, somos levados nesta inquietação de Isabel e, com ela, queremos também descortinar e esclarecer os segredos que aquele diário revela e os mistérios que pairam sobre mortes e vidas de algumas pessoas das localidades.
Outro personagem, também crucial no desenrolar do enredo, é Monsenhor Alípio: pároco nas duas localidades, cujos nomes desconhecemos. Primeiramente, na localidade mais lugarejo, nos anos sessenta, onde Lurdes nascera e vivera na infância e na primeira adolescência. E nos anos noventa, na segunda localidade, onde decorre a narrativa no tempo presente, onde passou a viver Lurdes a partir dos catorze anos, onde casou e lhe nasceram as duas filhas, Isabel, a mais nova e Luísa, a mais velha.
Ele, personagem enigmática e de poder, em ambas as aldeias, funciona como contraponto de toda a vida de Lurdes e do desenrolar da ação e enredo.
(Não vou contar a história, que não sou escritor, nem narrador.)
Mas, digo ainda, que Lurdes teve outro filho resultado de uma violação aos catorze anos. Violação, crime, a que Monsenhor assistiu, mas não interveio. Esse filho foi-lhe retirado por Monsenhor, que o enviou a criar por uma irmã, para os lados de Viseu. Mais velho que as duas meias-irmãs, estudará no Porto.
Este livro lê-se com muitíssimo agrado, envolve-nos na narrativa e queremos obter respostas para as dúvidas e questões da jovem.
Um livro nos moldes tão atuais: funcionará como uma saga. Digo eu, que não falei com a Escritora.
Surgirá outro volume, assim espero. E, nele, Isabel procurará encontrar o irmão, chamado João, em homenagem a João Tordo, mentor da escritora Lénia. É ela que o diz, nos “Agradecimentos”.
Ainda há poucos dias escrevera, no post anterior, a 29/02/16, a propósito do Reino Unido ponderar a saída da União Europeia: “E, nestas coisas de dinheiro, mesmo os irmãos mais irmãos...”
E o que constatei ontem, 5ª feira, 3 de Março, na programação da RTP 2, no habitual horário noturno, após a “Página 2”?
Pois! A transmissão da série “A Herança”.
Mas a 2ª Temporada? Ou a “finalização” da 1ª Temporada, que aquele último episódio da primeira teve tudo menos aspeto de episódio derradeiro? Ficara tudo tão incompleto... Situação sobre que exprimi a minha perplexidade no post sobre “Séries Europeias na RTP2”, publicado a 15/04/15.
Não! A reposição da primeira temporada.
Como gosto de rever as séries, até porque ficam sempre aspetos que não me apercebo no início, quando conheço mal as personagens, é claro que revi o 1º episódio, e, se puder, irei tentar rever os outros.
Que, segundo averiguado, existe uma 2ª temporada e, até se prevê, uma terceira.
Bem, mas por agora, contentemo-nos em visualizar de novo, com outra atenção, o que nos é mostrado na 1ª temporada.
O local central onde decorre a ação é o “Solar de Gronnegaard”, no sul da Dinamarca, embora, no decurso da narrativa, vários outros locais surjam como enquadrantes do enredo. Este Solar também é o leitmotiv da história: a herança.
O tempo narrativo ocorre nos tempos atuais: terceiro lustro do século XXI.
Veronika Gronnegaard, papel desempenhado por Kirsten Olesen, é uma mulher de 68 anos, artista/escultora/performer, dinamarquesa, internacionalmente reconhecida e admirada, que vive e trabalha, desde os anos sessenta, no mencionado solar, de inícios do século XIX, e que fora pertença do marido, Carl Gronnegard, já falecido.
Na aproximação do Natal e correspondentes festividades, na sequência de exames que vinha efetuando, há alguns meses, no Instituto de Oncologia, no total desconhecimento de todos os familiares, tem a confirmação de que tem um cancro em estado bastante adiantado.
Tem três filhos reconhecidos como Gronnegard:
Frederik, papel desempenhado por Carsten Bjornlund e Emil, papel de Mikkel Boe Folsgaard. Ambos filhos de Carl.
E Gro, desempenho de Trine Dyrholm, filha de uma das suas paixões por um músico de vanguarda, Thomas, que não edita nada há vinte e cinco anos, vivendo retirado, meio ausente, quando não ganzado, no seu mundo de fantasia musical, numa cabana, no parque do Solar.
E tem uma outra filha, de uma outra paixão, já ela passara dos quarenta, por um indivíduo que lhe fora fazer uns arranjos ao Solar, bastante mais novo, ex-andebolista e atual treinador de uma equipa importante da Dinamarca.
Essa filha é Signe Larsen, papel de Marie Bach Hansen, que foi dada para adoção precisamente para o pai, entretanto casado.
Signe desconhece completamente a situação, que nem o pai nem a suposta mãe alguma vez lhe contaram alguma coisa, mesmo sendo ela já adulta e a viver a sua própria vida com o namorado, Andreas Beggensen, defesa direito, na afamada equipa de andebol, SHK, treinada pelo pai.
Perante a iminência da Morte... Veronika tenta a aproximação da filha Signe, que é vendedora numa florista, precisamente indo à respetiva loja encomendar-lhe um ramo de flores, para entregar no Solar.
Aí, no ato de entrega, procura reter Signe, para desatar os nós que tem dentro de si e prender-se à filha. Inicia um modo de conversa, oferece-lhe uma bebida, que não sendo aceite, insiste num chá.
Signe, um pouco renitente, surpresa, mas algo a prende ali, talvez o sangue, quiçá as memórias, acaba por aceder. E, enquanto bebe, observa o estúdio, as obras, mira o trabalho no computador... Entretanto Veronika, tentando manter uma chama de diálogo, acender um rastilho para o fogo que há-de vir... vai esboçando um desenho, supostamente de Signe, e oferece-lho. “Para a Signe, da Veronika.”
Desenho que, mais tarde, em casa, Signe mostrará aos pais...
Calcule-se a estupefação e receio destes...
E poderia ficar por aqui, que assim seria apenas um começo de conversa.
(...)
Mas não!
Ainda acrescento que, na véspera de Natal, já noite, Veronika, sentindo-se mal, telefonou a Signe e pediu-lhe que fosse ter com ela ao Solar.
(...)
E, esta, não sei se perplexa, se meio “aparvalhada”, que não acho palavra melhor, foi! Talvez seguindo um chamamento primordial, um apelo da infância passada, mas de que não tem consciência presente...
E aí chegada encontrou a matriarca já bastante combalida.
Mas Veronika ainda conseguiu soltar as palavras que a sufocavam, e revelar-lhe ser sua mãe.
E deu-lhe um texto escrito e assinado de momento, em que a declarava herdeira do Solar.
“É meu desejo que herdes o Solar. Para criares uma família. Os restantes bens são divididos entre os teus irmãos.” (...) “Não cortes muitas árvores lá fora!”
E o seu estado piorou.
Signe teve que chamar os serviços de socorro...
Por sua vez, a filha Gro, reconhecida como tal, telefonara à mãe, precisamente quando Signe andava nestas diligências.
Imediatamente acorreu ao Solar.
E, desconhecendo-se, colaboraram na resolução da situação, sendo a paciente assistida e transportada ao Hospital.
Aonde viria a falecer no dia de Natal!
E este 1º episódio, de que omiti imensos excertos, funciona como introdução à história.
E ainda se lembra do que escrevi no início?
“E, nestas coisas de dinheiro, mesmo os irmãos mais irmãos...”
Podemos substituir “dinheiro” por “herança”.
E, nestas coisas de heranças, para mais sendo irmãos tão desunidos...
Sim, porque eu não contei as palavras “azedas” que Gro atirou à mãe, sobre os filhos desta, ou seja, ela própria e os irmãos, quando a mãe a “picou”, por ela supostamente não saber amar nem ter filhos...
Cujo remorso de as ter proferido a fez telefonar, em boa, mas má hora, precisamente quando Signe diligenciava por uma ambulância...
“Não é de um hotel que precisamos, em Fortitude. É de uma morgue maior!”, dissera Hildur, outra vez!
E eu acrescento.
Neste episódio e no seguinte, o que irão precisar é de um inseticida! De um potente inseticida!
E lá vamos nós à narração!
Após alguma indecisão de Dan, alguma é como quem diz, que o pedido de Henry foi formulado no episódio anterior, décimo, e cumulativamente interpôs-se o fim-de-semana, de modo que só ontem, 2ª feira, no episódio XI, é que se processou a intervenção de Dan.
Bem, de helicóptero chega-se rapidamente. E ao chegar, Dan, logo constatou a dimensão do desastre. Henry, estendido na neve gelada, um tiro na cabeça, vermelho de sangue a colorir o branco gelado.
Encostado à moto, Morton, afinal ainda não estava morto, apenas moribundo, eu é que julgara que ele morrera na 6ª feira. Mas não! Esteve todo o fim-de-semana para morrer, que sábados e domingos os serviços públicos estão encerrados. Morton, quase acabado, ainda esperava que o xerife chegasse, mas não quis que o levasse para ser socorrido, queria ficar já ali, que o glaciar é um sítio ideal para se encontrar a serenidade e a luz e com ela a morte, para mais com a garantia de se poder ficar congelado até à eternidade, ou até à próxima alteração climática!
Mas antes de partir, quis que Dan lhe contasse a verdade!
E Dan contou. Verdade nua e crua, trágica e cruel, para mais tendo ocorrido num dia sagrado. Num dia de Natal! E soubemos, através do relato para Morton, como tudo ocorrera, e que Dan sempre fora, de facto, o assassino de Billy Pettigrew. Que guardava esse crime na sua consciência também atormentada.
Não vou relatar os pormenores dos trágicos acontecimentos a esse assassinato associados. A foto apresentada, no post anterior, diz tudo.
Lembrar, só e apenas, que amor e ódio são duas faces da mesma moeda, que foi por amor a Elena, que Dan entregou a morte de urso, Billy, por quem o amor à sua amada se transformou em ódio a Billy, que a quisera possuir, agrilhoada à cabeceira da cama! Grilhão que serviu para acorrentar o geólogo ao poste do farolim, como isco para ursos tresloucados de fome.
“Confessa! Ou nunca terás Paz!” Lhe disse Morton, para que Dan fizesse.
Só depois, Morton morreu, suponho que em paz. Soube a verdade do que buscava, desde que chegara a Fortitude, que fora essa a sua razão de chegar. E, sabendo, já poderia partir!
Que partiria, o seu corpo, não para o Continente, que ele, como cidadão britânico, também é de uma ilha! A sua alma, essa terá ficado eternamente aprisionada no gelo do glaciar.
E Dan, após muitos avanços e recuos, conseguiu confessar a Elena, o que por várias vezes e em diversos episódios, ela lhe perguntara. Se fora ele que matara Billy.
Confessou e uma vez confessado, também ficou mais liberto para lhe confessar, ao seu jeito desajeitado, o seu amor, desde que Elena chegara a essas terras de fim de mundo gelado.
E depois de explicados os comos e os porquês, textos e contextos, de tudo o que e como e porquê se passou, Elena rematou à laia de conclusão:
“Estamos juntos, sozinhos!”
E haverá melhor definição para aquele amor?! Aguardemos o último episódio, que provavelmente, como é apanágio das séries, deixa tudo em aberto, para futuras temporadas. Estratégias de guionistas!
Voltando a Billy, morto logo no 1º episódio, mas cujo tema foi estruturando todo o enredo.
Nessa célebre, trágica e fatídica noite de Natal, ele, com os copos, desatara a língua com o russo Yuri, sobre o célebre tesouro escondido no glaciar. Centenas, milhares (?) de presas de mamute, aprisionadas no gelo! E, após a briga com Eric, para além de ficar com as ventas partidas, também perdeu o célebre documento cartografando o local de tão precioso e macabro achado! Documento que o russo apanhou.
Com base nele, Yuri, estudara as coordenadas do local e, neste episódio XI, com a ajuda de Max, resolveu assaltar o armazém onde se encontrava a broca para furar o gelo do glaciar, transportá-la no camião onde ela estava acondicionada e irem procurar o cemitério dos mamutes, para recolherem o marfim.
Consegui-lo-ão?!
Também só o saberemos no derradeiro episódio. Que Eric, apenas armado de rifle, também se dirigiu para o local onde eles se encontram, mas pensando que fora Jason que roubara a broca!
Que Jason, também já sabemos, está igualmente possuído por essa doença que atacou Liam, que matou Charlie Stoddart, o cientista; Liam que contaminou Margaret, a médica; que contagiou a filha, Shirley, que atacou a própria mãe. “Doença” que também terá contagiado e esventrado Ronnie, que estará escondido na cave da sua própria casa.
“Doença”, que tudo indica terá sido despoletada na sequência da descoberta macabra do mamute, que Ronnie e Jason esconderam num armazém, para onde Jason se foi refugiar novamente, obcecado por tão terrífico achado, que tantos dissabores trouxe à pacífica Fortitude. Antes tivesse ficado onde estava, ou tivessem tido o procedimento correto, dando a conhecer à comunidade científica, que até dispõem na ilha, que teria procedido com os formalismos adequados e exigidos nos protocolos próprios.
Mas a ganância, a ambição, a fome do dinheiro fácil, sobrepõem-se a tudo o mais!
E nisto ficamos. Jason agarrado ao mamute, após ter passado no laboratório e ter pregado um susto de morte a Natalie.
E a comunidade julgando que fora ele o autor do roubo da broca.
E pergunto eu. E Carrie não terá sido contaminada?!
No episódio apenas soubemos que ela, juntamente com Elena, foi visitar o amigo Liam. E que foram recebidas por Jules e que Frank também apareceria um pouco mais tarde.
E foram conversando todos, circunstancialmente!
E vamos para o excerto final desta narração.
A parte científica, que é o tema do enredo que ainda está por deslindar, uma vez que em princípio, os principais crimes estão esclarecidos.
Natalie e Vincent continuam nas suas investigações e centram-nas no cão do cientista, que, quando Vincent entrou na cozinha, onde estava o corpo de Charlie, reagiu muito agressivamente para Vincent. Que o cão poderia ter sido contaminado por aquilo que contaminou o dono.
Por acaso, ironia da sorte, ou perspicácia do guionista, o dito cujo estava para ser embalsamado, pelo já falado xamã, que não queria sê-lo, que era apenas embalsamador, conforme referiu a Henry.
E fazendo autópsia ao animal, inicial e aparentemente inconclusiva, mas graças à persistência de Natalie, acabou por ser descoberto um verme estranho no interior do tubo digestivo do cão.
O que seria? Como evoluiria?! Que o verme corresponderia a um estádio larvar de desenvolvimento de outro animal qualquer. E o que será?!
Não tardámos a saber de forma bem preocupante e arrepiante!
Os jovens cientistas decidiram avançar na investigação e partir para a pesquisa na própria médica, Drª Margaret, não sem antes se terem questionado sobre a ética de tal procedimento numa pessoa ainda viva!
E, foram!
Mas a evolução natural das coisas não se compadeceu com quaisquer procedimentos ou pruridos éticos ou não éticos.
Estando Vincent no compartimento isolado em que a Drª Margaret estava deitada, e começando a observá-la, foi ficando sem palavras, mudo de espanto, admirado e estarrecido com o que os seus olhos viam! Sem acreditar, nem dizer palavra.
E até nós, apesar de sabermos estar em ficção.
Do rosto, dos braços, do corpo, da senhora, formavam-se furúnculos, abriam-se pústulas, de onde brotavam dezenas, centenas de insetos voadores que encheram o compartimento.
De onde vinham tantos bichos?!
Lembremos que as zonas boreais, as planícies de tundra, no verão boreal, são infestadas por milhões e milhões de mosquitos que fazem a vida negra às renas.
E aquela bicharada toda terá ressuscitado do túmulo em que estivera trinta mil anos guardada no gelo do corpo dos mamutes? E, agora, subitamente tendo encontrado hospedeiro adequado, regressavam à vida, passados milénios?!
Aguardemos como irão proceder para extirpar tal ameaça.
Que Natalie ainda não havia entrado no compartimento isolado e providenciou a vinda de Dan, o xerife, que no exterior já observava aquele aterrador espetáculo.
E como exterminá-los sem eliminar também Vincent, encerrado também naquele contentor de morte?!
Quando vi a cena dos insetos a brotarem do corpo da médica, não pude deixar de me lembrar do filme “Allien – O Oitavo Passageiro”, quando aquele ser estranho brotara repentinamente do corpo do astronauta! Esse fora um viajante no Espaço!
E eu que, quando delineei a estrutura ideativa deste blogue, quase há um ano, que me mentalizara que, em princípio, não falaria da dita cuja, política.
Mas não me posso abstrair, ignorar a vida da “Pólis”, na “Cidade”, de pôr em prática o conceito de CIDADANIA.
Daí, quer quisesse ou não à partida, a realidade e a interação com essa mesma realidade, leva-me à abordagem de situações ligadas à Política, porque estão ligadas à Vida e ao nosso dia-a-dia!
E a forma que muitas vezes encontro para tratar esses temas, de uma forma mais distanciada, é abordá-los sob o ponto de vista dos filmes, da ficção!
Estranho, não?!
Mas, por vezes, e cada vez mais com a comunicação interativa, ficção e realidade estão entrosadas, para o bem e para o mal.
E o Poder que têm os Media!
Assim, e novamente, volto a Borgen, apesar de ontem não ter visto o episódio desta reposição da série. Vira o de oito dias antes. E na 1ª transmissão dos episódios, vi-os quase todos. Nesta reposição vejo quando me é possível, e ontem não o vi.
Sobre esta série escrevi alguns posts, que refiro aqui! E aqui!
A personagem principal é Birgitte Nyborg.
E que falta nos fazia termos assim alguém na Política.
Alguém que defenda Valores Humanistas, Ideais de Liberdade, os Direitos Humanos, que trabalhe para as Pessoas e não em função de si mesma, que defenda e lute por Valores Altruístas, que defenda os valores do seu próprio país e não esteja à mercê dos interesses de outros.
Que saiba negociar.
Que saiba criar acordos, mesmo não governando com maioria, muito menos com maioria absoluta. Porque não é preciso ter necessariamente maioria absoluta para se poder governar. E muito menos é conveniente.
Porque é preciso saber equacionar, criar acordos de convergência com outros partidos, até porque em variados campos é mesmo necessário haver um amplo consenso. Saber criar consensos. Discutir ideias e ideais, orientar-se por Princípios, num mundo em constante mudança.
Saber e aprender a sentir o pulsar das Pessoas, dos Cidadãos.
Relevar o papel da Mulher na sociedade e na política.
Atender a causas fracturantes, defender a integração das comunidades imigrantes.
Saber dizer não à demagogia do lucro fácil.
Respeito pelo Ambiente. Procura de soluções alternativas no campo da energia.
Saber e poder dizer não à ditadura dos mercados financeiros, que controlam a economia e a política. Porque na Europa, e se na União Europeia se quiser, isso é possível.
Participar na construção de um União Europeia mais solidária.
Nesta série, o enredo ficcional entrosa-se regularmente com a própria realidade. O que se passa no filme, assemelha-se ou enreda-se na própria realidade.
Sendo que na série, e pela primeira vez na Dinamarca, uma mulher ascendia ao cargo de 1ºMinistro, tendo a visualização do seriado passado em 2010, no ano de 2011, e de facto e pela primeira vez na realidade, uma mulher passou a exercer esse cargo na política dinamarquesa, a célebre Helle Thorning-Schmidt, que algumas dores de cabeça terá provocado em Michelle, com já referi em post anterior.
Mas deixemos essa cusquices tão peculiares nas duas jornalistas loiras, só loiras, da televisão dinamarquesa, uma delas, agora, é spin-doctor de Birgitte e do seu novo partido, “Novos Democratas”.
E que falta nos fazia termos uma política e um partido assim!
E o papel dos media?! E como eles controlam e determinam a opinião pública?! Sabendo que eles têm dono. “His master voice”!
Respeito pelas Pessoas, nomeadamente por quem trabalha,
Tratar as pessoas com Dignidade, nomeadamente quem já trabalhou e deu o melhor ao seu País.
Trabalhar na Política para o País, para os Cidadãos, para as Pessoas e não em função dos seus partidários e da sua pessoa, não ao compadrio e jogos de interesses.
Altruísmo! Trabalhar politicamente para os Outros e não para si próprio e amigos do partido.
Penalizar o capital e não tirar a quem já pouco tem. Que os lucros da Banca têm sempre crescido exponencialmente e comparativamente com o empobrecimento de quem trabalha e, na base da sociedade, sustenta a pirâmide socio económica.
Não à corrupção, ao nepotismo.
Atenção ao Ambiente, Educação, Integração, atenção às minorias.
Consciencialização e conscientização de que Cidadania assenta em Direitos, mas também em Deveres, de Todos, de todos os Cidadãos!
E com este enumerar de princípios, estratégias, conceitos, e sei lá mais o quê, onde, em que partido os vou encaixar?!
Sabendo que a candidata Birgitte Nyborg não irá dirigir nenhum dos futuros governos em Portugal?!
E estas ideias desarrumadas, como se uma “tempestade mental” integrassem, reportam-se todas ao ideário da mencionada protagonista, da série supracitada, ou algumas serão minhas, que as coloquei como se fossem da líder partidária?!
Bem, tantas perguntas e só preciso de colocar uma cruzinha.
Bem! Como poderei falar sobre o 2º episódio desta série britânica se não tive oportunidade de o visualizar?!
Como tal e porque não quero deixar defraudados/as os/as eventuais leitores/as e porque também pretendo retomar a visualização dos episódios, logo que tenha oportunidade, resolvi pesquisar um dos sites sugeridos em post anterior, e que registo como fonte de pesquisa, no final do texto. Apesar de previamente ter já referido que não gosto de ir cuscar… mas nem sempre é tudo como se quer.
Por isso resolvi elaborar uma pequena sinopse que poderá ajudar a quem siga a série.
Relembrando...
A ação decorre nos tempos atuais, numa ilha remota, situada no arquipélago de Svalbard, ao largo da Noruega. Numa povoação nomeada precisamente “Fortitude”.
A série tem 12 episódios, é a 1ª temporada e foi filmada na Islândia e no Reino Unido.
No enredo da série, enredam-se três histórias de que não vou falar… Pelo menos por hoje.
Acho melhor referir ou pelo menos nomear os personagens, pois é sempre difícil ir fixando os nomes de todos, logo de início, apenas pelo decurso da narrativa. E cumulativamente a ação é suposto desenrolar-se num contexto de línguas mais afastadas da nossa: germânicas e eslavas.
Os personagens estruturam-se nalguns contextos socio profissionais, a saber:
Os mineiros, de que já referi o nome de Jason. Sendo o outro mineiro chamado de Ronnie, que é pai da menina, Carrie.
Carrie é amiga de Liam, criança cujo nome já designara, filho de Jules Sutter, que é esposa de Frank Sutter, afro-britânico, que opera no “Serviço de busca e resgate”.
O 2º grupo sócio profissional relevante é o dos cientistas, chefiados por Charlie Stoddard. Recém-chegado a este grupo, Vincent, que vem investigar sobre as alterações comportamentais nos animais da ilha, assunto sobre que já falara, mas não havia dado nome ao cientista. Pois agora já está batizado.
Natalie também compõe esta tríade!
O 3º grupo, esta série é mesmo uma trindade, é o dos polícias que, até ao começo da série, não tinham trabalho nenhum, que a comunidade era muito pacífica. Culpa das séries e da TV, os comportamentos alteraram-se.
Dan Anderssen, é o xerife do Departamento Policial. Não sei se o termo é mesmo xerife, mas é assim que é mencionado no site. Mas como este é brasileiro… Verei melhor.
É coadjuvado por Eric, que é marido de Hildur. Ainda compõem este conjunto Petra e Ingrid. Aqui temos um quarteto!
Isoladamente, mas interagindo, direta ou indiretamete, com todos os elementos dos outros grupos, temos:
Billy Pettigrew, minerador, que logo no início do primeiro episódio vimos ser morto involuntariamente por Henry, que ao tentar alvejar o urso que comia Billy, acabou por acertar no minerador.
Henry, também já referimos, é um fotógrafo, que documenta os ursos no seu habitat natural.
Morton, detetive enviado do Reino Unido para investigar a morte de Billy.
Há ainda, em último, mas não em último, Elena Ledesma, responsável pelo hotel da ilha…
E Hildurd Odegard, a governadora da ilha, chefe da polícia, certamente por inerência das funções de governadora e mulher de Eric.
E para finalizar esta sinopse e para se compreender todo o enquadramento.
Para se poder viver na cidade, há três regras básicas.
1 – “Obrigação de ter um emprego e moradia.”
2 – “Assistência aos três cientistas e às pesquisas que realizam.”
3 – “Ninguém pode ser enterrado na região, visto que os corpos não se decompõem.”
E terminamos esta trindade, tríade ou trinitá, que logo se projetará o terceto: terceiro episódio!
Fonte de Pesquisa:
Betaveja.com/colunista. Artigo de Fernanda Furquim; Opinião: “Fortitude”, primeira temporada, 26/04/2015.
E, conforme me foi sugerido num comentário, Duarte, o assassino em série, carrasco e vítima na mão de poderosos; submisso e obediente, mas mais autónomo do que imaginam; um zé ninguém, a mando de todos, mas mais senhor do próprio destino do que muitos; mais que inteligente, assumindo-se de meio néscio, coitadinho, mudo e analfabeto, vai fazer-se passar por Doutor Alvarez de Castro, médico do Hospital Real de Santiago de Compostela! Conforme veremos no episódio catorze, que ocorrerá logo à noite, e nos foi permitido visualizar na sinopse do que nos será apresentado nesse 14º episódio, provavelmente o penúltimo.
Ontem, no 13º episódio, andou treinando o registo de voz, na sala de operações, já envergando a jaqueta do jovem médico. Ensaio de voz a que assistiram os nossos jovens amantes, sempre em derriço, Cristobal, o boticário e Rosália, a enfermeira encarregue das plantas, mas que não distingue tomilho de arruda, nem poejo de alecrim. Que só ouviram os ensaios de voz, em audições separadas, que não viram o seu produtor, delas imaginando que seria a voz do próprio médico, Doutor Daniel.
E, por aqui ficamos, de preliminares.
Desenvolvimento
Com Clara também não foram precisos preliminares, que dois shots a levaram a entregar-se ao seu carrasco, Mendonza, o Alcaide, filho bastardo do Intendente da Galiza, personagem pérfida e cruel, que assim se pretende vingar de Dom Andrés, o Administrador. E, eventualmente, dar-lhe um neto, que seria também herdeiro da nobre linhagem do Intendente, coisa que pouco importará a Dom Andrés, que é burguês esclarecido, mas interessará bastante à sua comadre, Dona Elvira, muito dada a estas questões de linhagem.
Clara, vítima de uma cabala da tríade venenosa que já nomeámos, Alcaide, Úrsula e Elvira, em cuja casa se entregou voluntariamente ao algoz, após ter ido à casa onde a sua própria Mãe, Laura, meio alienada, vive enclausurada por mando do próprio Pai.
Pai, Dom Andrés, que convencido por Dona Irene, aceita que na Botica do Hospital se produza água de cheiro, a partir das múltiplas plantas aromáticas que existem no quintal. Inovadora a ideia, partindo da empreendedora Irene, agora que, estando Espanha e França em guerra e as fronteiras fechadas, estes produtos não chegavam à Galiza.
Pai, que num gesto de carinho, foi levar um frasquinho dessa água perfumada à sua amiga Irene, que ele devaneia torná-la mais que amiga, mas ao que ela lhe responde não estar preparada, nem ele também, porque ainda não esqueceram os respetivos cônjuges.
“Valorizo muito a nossa amizade e não quero perdê-la.” Lhe respondeu ela.
“Tudo ficará entre nós, não se preocupe!” Retorquiu ele.
Nesta série, pequena novela classifico-a eu, o texto é fundamental, rico, ideativo e os diálogos elucidativos e esclarecedores, muito bem trabalhados pelos guionistas e interpretados pelos atores e atrizes, repito atrizes, que estávamos, à data, nos alvores da libertação feminina, lutando por reconhecimento de Direitos Iguais, como já constatámos.
Dom Daniel, Doutor Alvarez de Castro, agora substituído na função de marido, em breve na de médico, finalmente reconciliou-se com a esposa, às vezes o Destino escreve direito por linhas tortas e leva-lhe também água de rosas, que agora está na moda, e pede-lhe outra oportunidade! Sacrifício inútil o da Dama!
Sua mãe, fidalga, da fidalguia antiga, de nobres valores de honradez e elevada posição social, Dona Elvira, não hesitou quando foi preciso vender-se e uma vez vendida, perdida, levar outra à perdição. E na sua própria Casa, senhorial, abriu “janelas de tabuinhas” e tornou-se desse modo também caftina.
Arrepiada de medo, contudo destemida e audaz, entra no antro sinistro de Somoza e rouba-lhe o célebre testamento de Padre Damião, a pretexto de que fora para pedir ao Inquisidor que rezasse a primeira de dez missas pelo seu querido e falecido marido, Dom Leopoldo, na Catedral Compostelana.
Enquanto isso, o bom do Padre Bernardo continua encarcerado nos calabouços da Inquisição até que ceda à vontade de Somoza, ajudando-o a derrubar Dom Andrés do cargo de Administrador.
Sempre este leitmotiv, em todo o enredo da pequena novela, mas excelente obra literária e ficcional. Pelo que pesquisei, parece-me que não se baseia diretamente num livro específico, mas não sei.
E enquanto estas personagens andam e cirandam pelos caminhos do enredo, nas ruas de Santiago, nas salas e corredores do Hospital, neste vão morrendo crianças recém-nascidas, de um mal que os médicos desconhecem.
E deste modo nos apresentam a metodologia de pesquisa científica, posta em prática pelos médicos, na busca de solução para o problema.
Formulam hipóteses, que testam na prática, experimentando, ultrapassando as barreiras da crendice e dos preconceitos e espartilhos morais, religiosos e até legais, que são sempre contextualizados ao espaço e tempo em que se enquadram. Não fosse assim e dificilmente se evoluiria na ciência, na vida e na sociedade. Há sempre saltos qualitativos que é preciso dar e assim evoluir!
Doutor Daniel está nas sete quintas, formula hipóteses e teorias, faz pesquisas e investigações, tira conclusões, expõe teses.
E, de experiência em experiência, que só experimentando se podem testar as hipóteses, chegam à conclusão que o foco do problema se situa numa ama-de-leite, portadora de uma doença desconhecida, com que infetou os bebés órfãos, que amamentou. Mas constatam os médicos, não infetou os seus próprios filhos. Porquê?!
E esta é a pergunta, a nova questão por eles formulada, que essa é a base do desenvolvimento da Ciência, uma pergunta levanta outra pergunta, uma questão nova questão.
Não sabem eles, mas já sabemos nós, atualmente. O leite da mãe permite ao filho criar anticorpos que o defendem de múltiplas doenças e infeções e, por isso, hoje se recomenda tanto que as mães amamentem os próprios filhos. Um “ganho” substancial para todos, indivíduos, famílias, para toda a Sociedade, para todas as sociedades, sob todas as perspetivas!
E, ainda sobre coisas positivas que se passam no Hospital, relembramos o sucesso da produção da água aromática, ideia de Dona Irene, trabalho do Boticário e das suas assistentes, Rosália, também sua amada e de Olalla, agora também nariz de perfumista, experimentalista de perfumes, produzidos na Botica do Hospital, tornada igualmente numa “Corbeille de Fleurs”. Não fosse ela, Olalla, jovem, mulher, solteira e pobre e poderia chegar longe, disseram o boticário e o jovem médico!
E de ações vis já nos chegam as da Irmã Úrsula, sempre em urdiduras, sendo também urdida quando se trate do Inquisidor. Cada vez mais presa na teia do mestre, deixando-se apanhar com as mãos na gaveta da sua secretária, na busca do testamento, cada vez lhe fica mais devedora de resgate cada vez maior.
Mas ela, tão cascavel e víbora quanto ele, não desistiu e, como vimos, sempre obteve o original do testamento.
E retribuiu o favor da fidalga, atormentando a inocente Clara, que, ingénua, ignorante das teias que se lhe tecem, se foi entregar na boca do lobo!
E, deste modo, terminamos, que voltámos ao início do texto, como se fechássemos um círculo!
E temos ignorado o papel da jovem noviça de freira, de cujo nome não estou certo, que acompanha desveladamente os bebés e todos os orfãos, um coração doce que chora de infelicidade, que não entende os desígnios de Deus ao levar-lhe os seus anjinhos, que já amou Dom Cristobal, que, pelos vistos, a maltratou e que, como frágil que é, se tornou numa permanente vítima da Chefe, “Dragão”, mas de quem também já aprendeu algumas manhas.
Ah! Que este conto nunca mais tem conto! Não podemos esquecer o ataque que Mendonza fez a Duarte! E, assim encerramos, de facto, esta narrativa.
“Deixaremos de desviar dinheiro do Hospital Real. Concentrar-nos-emos na produção do linho, cultura em expansão…” (…) “Temos de eliminar o nosso homem no Hospital.” Palavras do Alcaide, Dom Mendonza, para os seus apaniguados.
E Duarte foi vítima de tentativa de assassinato. Mas defendeu-se muito bem e saiu ileso, tendo o pretenso assassino sido ele próprio assassinado.
Mas como disse D.Úrsula, de parvo não tem ele nada. Automutilou-se com o estilete que utilizou nas mortes que cometeu, fingindo ser vítima do assassino à solta, o que não deixa de ser verdade.
Já antes engendrara um plano de defesa, pois não queimara todo o livro de contabilidade, tendo guardado folhas incriminatórias de Alcaide e Tesoureiro, que guardou numa carta como se tivesse sido enviada via postal. Simultaneamente escreveu outra carta, anónima, acusando o Alcaide sobre os crimes por ele mesmo cometidos.
Ferido, dirigiu-se ao Hospital para ser socorrido e, já no leito, após tratado, deu conhecimento do suposto correio que trazia para o Hospital.
Uma bomba!
A equipa de investigação tomou conhecimento e o Administrador deu andamento ao processo de averiguações, confrontando o alcaide com os factos.
Este, inicialmente negou, escudado na sua pretensa superioridade, com base nas suas funções, de Alcaide e Regedor do Conselho do Hospital, e no apoio que tem do Conde de Altamira. Num debate e confronto direto, Dom Andrés só conseguiu fazê-lo ceder, e assumir o ato do desvio de dinheiro, quando o ameaçou com a Santa Inquisição, para quem as suspeitas bastam…
“Em primeiro lugar, o que tem a fazer é devolver o dinheiro roubado…”
Veremos o que vai acontecer hoje, em que julgo a série irá terminar…
Simultaneamente, com o regresso da mulher à Cidade, apesar de encerrada num palácio, à guarda de uma empregada, Flora, o sossego de Dom Andrés, é ainda menor.
Tendo ido visitá-la, foi seguido pela Enfermeira-Mor, que não desiste em descobrir o seu segredo e tramá-lo.
E, por artes do Diabo, na sequência desta situação houve um pequeno incêndio na cozinha do palácio e a esposa de Dom Andrés desapareceu.
E, também por artes do Demo, apareceria, de facto, no Hospital e à própria filha, Clara, a quem a freira dera o tónico adulterado e que ficou perturbadíssima, tendo piorado da sua doença psíquica, para a qual os médicos, apesar de todos os cuidados, não conseguem encontrar uma cura. Teve um ataque de epilepsia e ficou à beira da morte…
Na presença do cirurgião-mor, do médico auxiliar e do próprio pai, inconsolável junto dela, sentindo aproximar-se a hora fatídica, fez um último pedido, casar-se com Daniel, seu noivo prometido.
Este, após consultar a sua verdadeira amada, Olalla, como verdadeiro cavalheiro que é, anuiu. Celebrou-se o casamento, sendo celebrante o novo Capelão-Mor. Que de seguida logo lhe administrou a Santa Unção.
E assim tivemos uma cena quase de Romeu e Julieta!
Curioso que neste mesmo episódio já houvera outra cena algo perturbante. A mulher de um peregrino russo, adoecera e ao ser hospitalizada, à beira da morte, descobriram que estava grávida, mas a criança estava viva, apesar de ainda muito prematura. Morta a mãe e a criança viva, coloca-se o dilema de deixá-la morrer no ventre da progenitora ou tentar tirá-la do ventre da mãe, sabendo que também iria morrer logo a seguir…
Dilema moral, científico, técnico-medicinal e teológico-religioso, numa época em que todos estes aspetos eram altamente problemáticos.
Apesar de Dom Devesa achar que era contra natura, pois iam salvar a criança para ela morrer em seguida, prevaleceu a decisão de se fazer uma cesariana, por Doutor Daniel, defensor destas novas práticas. Simultaneamente logo a nascer seria batizado, Yakov, e administrada a Santa Unção, pelo Capelão-Mor.
Assim, o menino tinha direito ao Céu!
E assim, por contingências altamente improváveis e espúrias, se conciliou simultaneamente a modernidade científica e técnico-medicinal e os princípios tradicionais da Igreja.
E outros aspetos do enredo?
Vamos sintetizar, que se faz tarde.
Dom Andrés pretende para membro do Conselho do Hospital, alguém que seja de confiança e em quem se possa depositar essa mesma confiança.
E contra todas as probabilidades e hipóteses irá propor Dona Irene, que aceitou, após ele lhe ter pedido muitas desculpas pela suposição absurda de que ela pudesse ser a assassina do fidalgo. E para quem já começou a obter a concordância de outros elementos.
Dona Elvira de Santamaria está nas ruas da amargura, falida, sem dinheiro, que nas lojas já nem fiam às criadas…
Num ato de desespero tenta matar Ulloa… num encontro supostamente de amor, mas que foi perturbado pela presença de Rebeca, fidalga-filha e verdadeira amante do Capitão, a quem este chamara também para esse encontro e que, após trocas e baldrocas, próprias destas situações rocambolescas, o verdadeiro Amor prevalece sempre e lá ficaram os verdadeiros amantes, Ulloa e Rebeca, enroscados e encostados ao sobreiro!
E, por agora, ficamos por aqui, que a narrativa começa a tomar conta do narrador e é preciso “postar” este texto, antes que se inicie o 9º Episódio! Último?!
Esta 5ª temporada da série está quase a terminar. Certamente será hoje 18 de junho, 5ª feira, ao 12º episódio.
A autoria do crime, em investigação desde o 1º episódio, foi ontem revelada, no 11º episódio, segundo confissão de uma das participantes nesse duplo homicídio de mãe e filha.
Depois de voltas e mais voltas, avanços e recuos, a investigação obteve o esclarecimento do imbróglio, que nunca mais se desenrolava.
A autoria do homicídio pertence a um gang de jovens tresloucadas, desestruturadas familiar e mentalmente, que já haviam sido presas por outro crime e que, semi-marginais, viviam de expedientes e roubos, muitos de caráter violento, de agressividade desregulada e louca.
Foram elas as autoras ou co-autoras do duplo assassinato, por motivações irrisórias, desprovidas de qualquer lógica, fruto daqueles cérebros desgovernados e da raiva e frustrações acumuladas, por vidas desamoradas.
Durante todo o decorrer da ação, nos diversos episódios, cirandaram no enredo, mais ou menos relevantes no desempenho, com destaque para a completamente doida chefe do bando e, nestes últimos, adquiriram papéis fundamentais na ação, protagonizando um improvável desfecho, a ocorrer hoje, e que se teme afigurar se não trágico pelo menos preocupante.
E porquê?! …
Ontem, as protagonistas do bando raptaram uma criança e a rapariga que a fora buscar à escola, aprendiz de cabeleireira, ex membro do grupo, que também cumprira pena, mas que se pretende regenerar integrando-se socialmente, através do trabalho.
Aguardemos pelo que irá ocorrer hoje, 12º episódio, em princípio, final desta 5ª temporada.
Na equipa dos “Três Mosqueteiros”…
Gilou foi libertado. A estratégia da advogada Joséphine resultou. Reportar às chefias a responsabilidade no envolvimento da colocação das escutas nas motas roubadas foi remédio santo.
Para esse resultado foi também primordial a decisão do chefe de Departamento dos policiais que, numa atitude algo surpreendente, não aceitou a sugestão dos restantes chefes, detentores de cargos políticos, que pretendiam “queimar” Gilou, negando o seu conhecimento das escutas.
Como ele referiu: “De manhã, gosto de me olhar ao espelho quando me barbeio.”
Tintin foi definitivamente(?!) abandonado pela mulher.
Laure aceitou totalmente a gravidez.
Paralelamente, o “ ADE - Alto Dignatário Estrangeiro”, depois de todas as peripécias da sua prisão, foi libertado, por decisão direta de Sua Excelência, o Senhor Procurador!
Perante a estupefacção do Juiz Roban e da Juiza “coadjuvante”, mas com um papel intervenientíssimo no processo. E do Juiz instrutor do processo de congelamento dos respetivos bens…
E a surpresa da própria advogada, Joséphine. Que ganhou destaque profissional com este caso, mas que foi usada pelos detentores do Dinheiro. Melhor, quis deixar-se usar!
Haverá mais algum desenlace deste assunto no derradeiro episódio?
Em termos ficcionais, se fosse a relatar, neste post/blog, o enredo da temporada e da série, haveria muitíssimo mais a dizer, como é óbvio.
Mas não é isso que pretendo.
Apenas chamo a atenção para um programa que merece ser visto, na RTP2.
Em termos de realidade, o que choca nesta série, e friso novamente, é o seu espelhar do que, infelizmente, vivemos no dia-a-dia!
Que estas séries, pelos temas abordados, nomeadamente no referente a “Justiça”, e a “Política” e pela sua “proximidade” geográfica e cultural estão demasiado perto de nós!
Infelizmente!
Porque preferíamos uma “Justiça”, que fosse mais JUSTIÇA e uma “Política”, que fosse mais POLÍTICA!
Tenho estado todo o dia a hesitar se haveria de voltar a tecer alguns comentários sobre a série que tenho andado a visualizar e a escrevinhar algumas ideias e opiniões sobre a mesma.
Por um lado, apetece-me escrever, mas tenho dúvidas no tom com que fazê-lo, se de modo irónico e leve… é simplesmente um filme; se com alguma seriedade e sisudez, pois sendo realmente apenas ficção, espelha em demasia a realidade que vivemos…
Por outro, também hesito pela ponta com que começar.
No enredo da série, a narração centra-se no lado profissional das personagens, no seu trabalho enquanto polícias, advogados, juízes, mas tendo sempre como pano de fundo a sua vida pessoal e familiar, que em determinados episódios e momentos se sobreleva à visão de profissionais.
Aliás, nesta temporada, o crime principal, que ainda não foi deslindado, centra-se totalmente nas questões da Família, da sua estrutura ou falta dela e interações familiares. Mãe e filha assassinadas e o suposto pai como presumível assassino, situação equacionada desde o início, mas que se vem tornando cada vez mais complexa, na medida em que são alargadas as investigações e se vislumbram contornos diferenciados do problema e outras relações familiares e outros possíveis implicados.
Os crimes secundários também assentam neste fundo familiar: jovens e menos jovens delinquentes, desestruturados familiarmente, cometendo crimes de maior ou menor fôlego, mas cuja ligação e cumplicidade se torna cada mais estreita com o crime principal.
Paralelamente decorre a vida familiar dos personagens principais.
E esta também tem muito que se lhe diga.
Como se observa, F. Roban é um lobo solitário ou uma raposa velha nem à procura de grilos.
Clément morreu. Joséphine, com quem ele iniciara uma vida amorosa e com quem queria aprofundar o relacionamento, quando fora eleito para a Ordem dos Advogados, viu-se destroçada. Queria desistir da advocacia, não fora o chamamento à razão de F. Roban, de algum modo um pai espiritual destas heroínas já mencionadas.
Tintin foi abandonado pela mulher, que lhe levou os filhos e o carro de serviço!
Gilou é um amigão, mas é um solitário, aparentemente um predador que nada preda. Tem uma ligação fortíssima com Laure, a quem novamente ofereceu préstimos para pai emprestado e coparticipante nas despesas das fraldas… Há pouca gente assim!
Laure, as circunstâncias do trabalho e os sentimentos pessoais, o apelo ancestral de maternidade, já a levaram a assumi-la e aceita-la. Na equipa, praticamente já toda a gente sabe, face às circunstâncias ocorridas no episódio anterior.
Mas e voltando a Gilou.
Foi ele chamado ao chefe de departamento, apresentado e confrontado com outros dois colegas da brigada de investigação.
E para e porquê?!
Pois…para o prenderem…
Estão em causa algumas das ligações do mesmo a outras personagens e ações do submundo do crime, a quem ele se associa de forma por vezes muito leviana. Para obter resultados na resolução de outros crimes, é certo, mas que nem sempre se revelam eficazes e para todos os efeitos o enredam em teias perigosas e menos claras. De que neste final de episódio sofreu as consequências, sendo ele próprio encarcerado.
Aliás esta é uma das questões que perpassa nesta série: os métodos pouco ortodoxos, as ligações perigosas das equipas policiais ao submundo criminal, com estratagemas diversos, nomeadamente usando rede de informantes, criminosos de maior ou menor calibre, de qualidade mais ou menos duvidosa, umas vezes úteis, noutras meros estorvos, cometendo eles próprios as suas ilegalidades criminosas, a que, em compensação, a polícia tem que tapar os olhos para eventualmente ganhar algo no futuro…
Foi aí que Gilou se enredou e se perdeu. Veremos como irá reagir a restante equipa de mosqueteiros.
Em contrapartida, verificam-se, amiúde, rivalidades entre setores, departamentos e estruturas policiais, que deveriam trabalhar em conjunto, mas que, na mira de sobressaírem sobre os demais, trabalham de costas voltadas, perturbando nomeadamente as investigações, os processos e os resultados possíveis e prejudicando toda a ação em curso.
“Et, voilá!”
Já teci alguns comentários sobre o decorrer da série, nomeadamente no respeitante ao oitavo episódio, último a ter sido transmitido.
Aguardamos os últimos episódios que, a desenvolver-se a ação como até aqui, nos esclarecerão, tanto quanto baste, sobre o desenlace da temporada.
A última que tem estado em exibição é de origem francesa, tem o título original francês “Engrenages”, foi designada “Spiral”, no mundo anglo-saxónico e, em Portugal, foi intitulada “Crime e Castigo”.
Entendo a razão do título, mas se lhe tivessem atribuído uma designação, mais literal, “Engrenagens”, “Engrenagens do Poder”, penso que se teriam aproximado mais do conteúdo da série, pois aí são especialmente tratados os “esquemas”, as forças e fraquezas, os “podres” dos Poderes instituídos, com especial destaque do Poder Judicial e suas ligações ao Executivo e ao Poder Económico.
O seriado já vai na 3ª temporada (saison 3, 2010), certamente quase a terminar. A saison 1 era de 2005 e a saison 2, de 2008. No original, existem ainda mais duas séries (saison 4, 2012 e saison 5, 2014). Espero que continuem a exibi-las. E já prepararam ou estão em vias disso, uma 6ª temporada.
Ainda que a estrutura do seriado se mantenha, nomeadamente os personagens principais, a metodologia e estrutura narrativa, um ou vários crimes, cada um mais cruel e terrífico que os anteriores, contudo notam-se alguns hiatos de uma série para as seguintes.
Há situações que perdem ligação, ficando personagens e assuntos não devidamente esclarecidos e que não transitam para a “saison” seguinte. Ignoro se virão a ser abordados nas futuras, que espero venhamos a poder visualizá-las.
Na pesquisa que fiz, in: fr.wikipedia.org/wik/engrenages, constatei que sendo a guionista inicial Alexandra Clert, advogada criminalista, os guionistas seguintes foram alterando ao longo do seriado.
Parafraseando o ditado, “quem conta um conto, acrescenta ou omite um ponto”.
Os personagens principais são, contudo, os mesmos e o enquadramento espácio funcional também.
No campo policial, a “capitaine” Laure Berthaud, a policial capitã, mulher e profissional cheia de zelo e brio, idiossincraticamente ligada aos seus dois “lieutenant”, Gilles – “Gilou” e Luc – “Tintin”, os três numa cumplicidade umbilical, transpondo, por variadas vezes, os limites da legalidade. Mas, sempre, encobrindo-se mutuamente, tal qual três Mosqueteiros do século XXI. Os três altamente afetados na sua vida pessoal, sendo que Laure e Gilou, quase se negam a viver uma vida fora do trabalho, ligados por uma profunda amizade/cumplicidade, talvez até mais que isso, mas que eles próprios se recusam a ver.
No Palácio da Justiça, o juiz de instrução, François Robain, profissional incorruptível, que, segundo o próprio, há trinta anos tenta aplicar corretamente a justiça, com Justiça. No seu zelo profissional, (excessivo ou justo e de exata medida?) acaba também por se anular enquanto Pessoa. E, com as suas decisões, retas e justas é certo, indiretamente dois sujeitos foram levados a cometer suicídio. A forma como ele, no seu silêncio e pouca loquacidade se questiona inconscientemente; o seu isolamento familiar, já que os diversos laços se têm quebrado… Até onde será levada esta personagem, dado que a sua redenção parece afigurar-se cada vez mais impossível?! A (im)possibilidade de a JUSTIÇA ser Justa?!
Os outros dois personagens principais, no campo da Justiça, são:
- Pierre Clément, procurador adjunto, jovem profissional, idealista, que no resultado desse mesmo idealismo e honestidade vê a sua carreira e vida pessoal serem destruídas pelos que devendo defender a Justiça, nos bastidores manipulam a respetiva execução.
- A jovem advogada criminalista, Joséphine Karlsson, que na sua ânsia de ganhar dinheiro e obter sucesso se alia a um advogado corrupto, de quem foi aconselhada a afastar-se logo no início do seriado, mudando de passeio na rua, mas por quem se sente terrivelmente atraída, por quem se envolve com criminosos, de quem se afasta, tentando reconstruir uma carreira, ao lado de Pierre Clément, agora também advogado. Mas que acaba novamente enredada com a corrupção e o crime organizado, através do primitivo advogado, que tão bem a sabe seduzir sempre com o apelo do dinheiro e, implicitamente, o sexo.
Chocante o enredo do seriado, sim! Mas ainda mais chocante o seu espelhar da realidade! Inclusive da portuguesa.
E chegamos ao subtítulo do post: “Ou como Ronaldo… foi finalmente morto!”
Ao congeminar este post pensei, inicialmente, neste título. Mas, após “conversar com o travesseiro”, achei que não seria correto, pois embora não tivesse nada a ver com o post anterior remeteria para ele, pelo nome, não estando, contudo, os assuntos absolutamente nada relacionados.
E tudo isto, porquê?!
Porque na passada 6ª feira, dia 15 de Maio, li a notícia sobre o célebre jogador e decidi escrever um post sobre o tema, enquadrando a notícia específica num contexto mais geral de cidadania à escala global.
Também nessa 6ª feira, à noite, na série referida, o criminoso, assassino em série, que “aterrorizava” o submundo de Paris e que era motivo das diligências exaustivas, mas até ao momento infrutíferas dos heróis do seriado, fora finalmente localizado, quase a cometer outro assassinato macabro. E, no decurso da ação de buscas, acabou por ser morto… Morto, por tiro disparado pela capitã, Laure Berthaud, que vivia obsessivamente na sua busca e localização, há vários episódios.
E como se chamava ele, o “serial killer”, conhecido como o "Talhante de La Villette"?!
Pois, precisamente, Ronaldo, Ronaldo Fuentes, um mexicano imigrante em Paris, que já fora preso, por indiciado em dois crimes horrendos de duas jovens, mas que sem provas e não tendo confessado, fora libertado pela ação da advogada, Joséphine.
Situação que ficara “encravada” no brio da capitã, que não largou a pesquisa e investigação, mesmo quando o “caso” foi retirado ao seu Departamento, pois estava convencidíssima da sua culpabilidade.
Até que as provas foram encontradas, mas o assassino continuava à solta e inlocalizável.
E quando, após muitas peripécias, finalmente o localizaram, a capitã no seu afã de executar a sua função e talvez com medo de ele ser libertado novamente, acabou por “fazer justiça pelas suas próprias mãos”.
Fez bem ou fez mal?!
De qualquer modo os seus “companheiros de caminhada”, mais uma vez, solidarizaram-se com ela compondo a situação de modo a que não fosse ela incriminada.
Sim, porque a Justiça no seu zelo de “defender os indefesos” acaba muitas vezes por defender os criminosos, como, na série, já sucedera ao assassino.
Finalizemos com o que disse o Chefe de Departamento da capitã, ao ouvir as respetivas explicações e dos seus colegas, convencido - não convencido da respetiva veracidade:
“Lembra-te que inventámos a Justiça para acabarmos com a Vingança!”
Referia-se, obviamente, ao Ser Humano, à Humanidade, que no seu evoluir social foi criando um progressivo modelo de Justiça que fosse o mais isento, honesto e justo. Mas que muitas vezes, na realidade é o que é e todos conhecemos!
Para visualizar pequenas introduções aos episódios da “Saison trois”,