Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Nós, melhor, eu gostaria de me despedir do Verão. O Verão é que não se quer despedir. Teima em prosseguir com este calor e eu, contrariado, terei de voltar a regar. Na realidade não me apetece muito. Preferia tempo mais fresco, mais outonal, com alguma chuva. E a Natureza, toda ela, precisa de chuva. De muita chuva, diga-se.
Bem, este postal serve para testemunhar a beleza destas lindas açucenas. Há quem assim lhes chame. Inclusive, numa povoação da Madeira, julgo que Campanário, fazem uma romaria, em que estas flores, designadas de açucenas, têm honras de altar.
Eu conheço-as por “Despedidas de Verão”. Só que o dito não se quer mesmo despedir. Fiquemos pelas açucenas.
Estas não estão no meu quintal. Estão perto da Fonte do Salto, num antigo hortejo, ou “canchoço”, mesmo junto à Ribeira. A pequeníssima propriedade, em ambas as margens da Ribeira, a montante da ponte, era pertença da Ti Raposinha. (Nome peculiar, Aquiliniano! Não sei se próprio, se anexim. )
Resquícios de tempos em que qualquer pedaço de terra era uma preciosidade. Para além do mais, com água da Ribeira, à mão de semear. Até aos anos sessenta era cultivado. Lembro-me de ver a senhora ir para a horta. Atualmente está tudo ao abandono. Mas ainda restam pedaços do tanque para acumular água e lavar roupa. E ficaram estas lindas açucenas, testemunhando esses tempos. Que no final de verão, inícios de outono, florescem em todo o seu esplendor.
E, falando na ponte da Ribeira do Salto, uma foto, como não a víamos há muito tempo.
A Junta mandou limpar as árvores que lhe tapavam a visibilidade e, agora, podemos observar a respetiva arquitetura. Vista de montante, sensivelmente de Leste.
Voltarei a este assunto.
Saúde. Paz. Bons passeios. Visite a Fonte do Salto. A Ponte. A Ribeira.
A localidade?! Aldeia da Mata - Alto Alentejo.
Não deixe lixo, SFF!
(P. S. - As fotos são originais, mas não são de minha autoria. Parabéns à Autora. E, Obrigado.)
«Esta fonte começou por ser de mergulho, como muitas que há espalhadas pelo campo, feitas em pedra solta. Um dia o Senhor Joaquim Pedro Dias, homem que tinha gosto em tratar das fontes, mandou modificar a do Salto nesta maneira. A fonte, quando era de mergulho, situava-se detrás da arca que hoje lá está, encostada ao terreno do Senhor António Marques, mas dentro da Azinhaga. Como a fonte tinha uma boa nascente, mas de má acesso, esse senhor mandou fazer a seguinte obra. Fez-se um pequeno depósito, colocaram uns cascos de pedra e taparam. O resto da fonte que ficou à vista foi rebocada e caiada. Dessa mini-arca foram postos canos e soterradas até ao depósito que está na retaguarda da Fonte do Salto de hoje, onde até essa altura era uma ribanceira, e foi feita toda a estrutura que lá está em alvenaria, tanto o poial, o tanque, como esta pedra trabalhada para colocar as vasilhas a encher. A bica era de pilão e o ladrão é ainda o que lá está de cor escura, mas sem correr. Resumindo, a Fonte do Salto que hoje muito admiramos foi feita em 1908.
Os anos passaram e como continuava a haver grande escassez de água na nossa terra, a Câmara mandou explorar melhor a nascente da antiga fonte de mergulho. Então, em 1937, com o Senhor António Tavares Valério da Silva em vereador, foi feito esse serviço e foi a última obra na fonte até esta data. Estas obras ali feitas foram as seguintes: no local onde era a fonte de mergulho, foi aberto um poço até dar ponto com a fonte, e a uma certa fundura foi tapado com cascões de pedra. Depois levou cascalho a seguir areão e por fim saibro e terra.
Nessa mesma altura e junto a este poço, foi construída a arca da fonte, que embora tenha nascentes, está a receber a água do poço e com melhor caudal, mas a maior força é proveniente do fundo. Canalizada de novo a água à fonte, começou a haver mais deste precioso líquido nas bicas. Nesta altura as obras na Fonte do Salto foram só estas: trocaram a torneira de pilão por uma de botão como a que tem e foi colocado um novo ladrão em metal amarelo. Da fonte à arca são 50 passos.
Os pedreiros do poço e da arca foram:
Augusto Ferreira e Álvaro Ferreira.
E os trabalhadores que abriram o poço à arca e a vala, foram:
O encarregado – Joaquim Isidoro Farinha
Francisco Belo Nunes
Isidoro Belo Guerreiro
Henrique da Rosa Apolinário (o Malgueira)
António Agostinho Martins (António Tabaco)
António Filipe (da Gaia).»
******
In.
“A Nossa Terra” – Purificação, João Guerreiro da – Há Cultura / Associação de Amizade à Infância e Terceira Idade de Aldeia da Mata, 2000. Pag.s 145, 146.
(A Ponte do Salto: Saída da Fonte, a caminho da Aldeia. Um passeio a fazer, a pé!)
Notas Finais:
Resolvi publicar este texto, para registar online, o processo de construção de uma obra merecedora de realce e engrandecimento. Digna de visita. De saborear tão preciosa água.
Os negritos são de minha autoria, para realçar alguns aspetos que julgo fundamentais.
Acompanho o texto de fotos elucidativas. Também deverá consultar postal anterior sobre o assunto.
Se utilizar texto ou fotos, cite as respetivas fontes. Obrigado! Muita Saúde. Beba água! SFF!
Bem sei que fica longe do seu percurso de Vida, Caro/a Leitor/a. Mas para quem está por perto, proporciona um passeio bem sugestivo. A fonte está lindíssima. Ademais, agora, pintada. Tem uma água ótima. Muito fresca.
Para quem está longe, proporciono esta viagem virtual. Aprecie a arquitetura, singela, mas peculiar, apelativa, tradicional.
A bacia de receção da água e de colocação dos asados, simples, mas artística!
Há sempre, em qualquer localidade, uma fonte perto, mesmo nas cidades, por maiores que sejam.
Aliás, quanto maiores e mais opulentas as urbes, mais majestosas as fontes: a Fonte Luminosa, a Fonte Monumental, a Fonte da Boneca, a Fonte dos Amores, eu sei lá… a Fonte do Ídolo… a Fontana de Trevi!
Na sua localidade qual a fonte que mais se destaca?!
Por aqui, pela Aldeia, eu evidencio esta, a Fonte do Salto! Nome original.
Aventure-se e aprecie, SFF!
Pena não poder oferecer-lhe um copo de água num cocho.
(Ou como uma ida aos espargos se converteu numa observação “participante” de um acontecimento desportivo mundial.)
(in. opraticante.pt/)
Nestes dias finais de Fevereiro, 25 a 28, tem estado a decorrer no Alto Alentejo, concelhos de Alter do Chão, Crato e Portalegre, um evento do Desporto designado “ORIENTAÇÃO”, palavra, para mim, tão carregada de significações.
Inesperadamente, para muita gente, de surpresa, viu-se a Aldeia envolvida, “invadida”, tomada, por este evento desportivo extraordinário, que nos dias 25 e 26 decorreu em Aldeia da Mata. No povoado e nos campos limítrofes.
Apenas presenciei uma parte do acontecimento, não em todas as suas vertentes, nem em todos os espaços em que decorreu, mas pude observá-lo naqueles locais, que, habitualmente, frequento. E quero realçar que gostei, não direi muito, mas muitíssimo, do que pude observar e, de algum modo, vivenciar.
Antes de tudo o mais, realçar algo extraordinariamente positivo. Na sequência e no decurso do acontecimento e após a sua finalização, em todos os espaços que percorri, observei algo que raramente acontece nos variados eventos, espetáculos, acontecimentos, que ocorrem por esse Portugal e mesmo no dia-a-dia das localidades portuguesas.
Neste evento, não constatei uma “gota” de lixo por lugar algum dos que eu tenha observado e percorrido.
Esperemos que acontecimentos destes, com esta envergadura ou noutra escala, se venham a repetir!
Foi extraordinariamente belo, ver, campos, por onde não aparece vivalma, percorridos por pessoas de todas as idades e condições, homens e mulheres, jovens e velhos, crianças e adolescentes e das mais diversas nações, de todo o Mundo, dando cor e movimento, a terrenos onde só as ovelhas e bezerros pisoteiam e estrumam todo o ano.
E praticando DESPORTO!
(in. sportlife.com)
Nessa manhã e tarde de sábado, ausentes os animais, as Tapadas das Freiras, do Rescão, das Cegonhas, da Lavandeira, o Chão Grande, ganharam outros habitantes, que os humanos raramente as frequentam. (Alguns caçadores, na respetiva época, alguns colhedores de espargos ou túberas, no seu tempo devido.)
Quando chegaram os primeiros corredores, já eu havia executado uma das tarefas que vinha delineando desde o ano passado.
“O que são os espargos?”, me interrogou um português, que acompanhava o filho e a filha, participantes na corrida.
Foi um espetáculo divertido e reconfortante ver, tanta gente e tão colorida, descendo e subindo os alcantilados destas terras com passagem obrigatória pela Ponte do Salto e respetiva Fonte.
“Es potable?”, me perguntou um jovem, sobre a água refrescante, enquanto eu enchia um garrafão.
Lá bebeu e terá ido mais reconfortado.
A Fonte, onde havia um posto de controlo, terá ficado intrigada com tão inusitado movimento, há anos que debita, quase inútil, mas persistente, a excelente água que produz, desligada da indiferença dos conterrâneos!
Já mais pela tarde, uma senhora descia do Caminho da Arca da Fonte, talvez um pouco desorientada, um contrassenso numa prova de orientação, me questionou, aflita:
“- Onde fica a ponte? Onde fica a ponte?”
E a Ponte ali, tão perto… E lá seguiu, agradecendo muito.
(E, a propósito da Ponte, sobre que por vezes se refere a sua provável, possível, hipotética, antiguidade, sabe que nas “Memórias Paroquiais”, tanto nas de 1747, como nas de 1758, não vem qualquer referência à Ponte?!)
Nunca, os Caminhos, do Salto, da Arca da Fonte; as Azinhagas, do Porco Zunho, do Poço dos Cães, a Azinhaga Estreitinha, foram tão movimentados, nem nos tempos em que os campos eram a base da sustentação do povoado, nem sequer quando, crianças e adolescentes ainda brincavam por tapadas, caminhos e ribeiras.
Junto ao Adro de São Martinho se estruturava a chegada dos atletas.
Igreja, torre sineira, araucária, ter-se-ão questionado sobre o porquê de tanto movimento inusitado.
Até a amendoeira, que tem história, gostaria de ter presenciado a ocorrência umas semanas antes, no início do mês, quando ainda estava florida!
Nas ruas só se viam essencialmente estrangeiros, uma verdadeira Babel instalada no povoado, o barulho característico das molas dos sapatos próprios para estas corridas!
Pena que o entrave da Língua, não tenha proporcionado uma maior interação.
Terminado o evento, resta-nos o silêncio das casas abandonadas ou de segunda estadia e a Lembrança e a Saudade dos ausentes.
Na estrada até à ponte da Ribeira das Pedras estava todo o lado nascente da via, com carros estacionados. Não como nesta imagem!
Não tirei qualquer foto do evento, por várias razões.
Primeiro, tenho sempre alguma relutância em fotografar pessoas e divulgar na net. Mas já abri exceções!
Segundo, estou de mal com o telemóvel.
E, terceiro, a minha colaboradora do blogue e que me documenta e fornece o acervo fotográfico, estava ausente.
Mas é precisamente desse acervo e dessa prestimosa colaboração que me sirvo para documentar este post. Para além de uma foto minha, já antiga, que digitalizei.
E este post, além de documental é também um convite, a si que nos brindou com o seu colorido, o seu entusiasmo atlético e desportivo, nos campos e ruas de Aldeia…
E que, preocupado com o mapa, para onde olhava permanentemente, para a localização dos pontos cardeais, eventualmente buscando a direção do sol, e principalmente a localização dos postos de controlo, preocupado em registar com o aparelhómetro no dedo…
Para si, que não olhou, nem observou a beleza destes campos, nem destas ruas e singelos monumentos…
Para que nos visite com mais calma, sem correrias, nem pressa de chegar, ou de ser o primeiro…
E aprecie estes belos campos, que a partir de Março atingem todo o seu esplendor, glorificando a Primavera, explodindo em Maio.
Numa apoteose de cores e perfumes e sinfonia de rouxinóis.
(Bem sei que você não lê Português…
É pena!
Pode ser que ainda consiga traduzir este excerto…)
E, para si que é Conterrâneo, que é Português.
Lembre-se do que frisei no início.
Este pessoal não deixou lixo nos terrenos!
Então, porque deixar lixo nos caminhos velhos, nas bermas da estrada, nas margens da Fonte, no leito da Ribeira do Salto ou de outra qualquer, arremessado para debaixo da Ponte?!
Porquê?! Porquê?!
******* ******* *******
Deixo alguns links, se quiser aprofundar mais sobre o evento.
Agradeço as imagens que tomei a liberdade de retirar de sites alusivos à ocorrência.
Conforme divulguei em post de 16 de Março, realizou-se ontem, “Dia do Pai”, o espetáculo comemorativo do 30º Aniversário de “Associação Grupo Coral e Etnográfico Amigos do Alentejo do Feijó”, no CRF – Clube Recreativo do Feijó.
Uma comemoração aniversariante, em Dia também muito especial.
E, a propósito do Dia e da sua significação, e, no concernente ao Cante, se lhe atribuíssemos uma filiação, quem seria o Pai? Do Cante, diga-se. E supostamente tendo Pai, também terá Mãe. E quem será a Mãe?
Pois, penso não haver muita dúvida.
O Pai é o Alentejo! E a Mãe, pois, a Mãe é a Saudade! Não é o Cante irmão do Fado?! Atualmente até irmanados e perfilhados internacionalmente pela UNESCO, dando-lhes reconhecimento e foro de Cidadania Mundial.
O Pai do Cante é o “Alentejo” que, do dito, o espalhou também pela Grande Lisboa, com especial incidência na Margem Sul, e muito particularmente em Almada, Feijó!
Alentejo que é sempre Aquém – Tejo! Geográfica e sentimentalmente e no plano identitário!
E de Identidade e de Sentimentos falamos, quando nos reportamos ao Cante.
E são sempre os Sentimentos que passam e perpassam e nos repassam de emoção, por vezes contendo as lágrimas, mas embargados por ela, quando escutamos as canções ou modas como são designadas, numa Sessão de Cante, num ambiente quente como o que se viveu na tarde passada, terminando já à noitinha. Que os Cantadores também sentem, e de que maneira! São os que mais sentem, ou não cantariam com a Alma e o Coração, como fazem!
Que até o tempo também sentiu, ouviu, escutando, aquelas vozes telúricas, se emocionou e não conteve as lágrimas. As ruas do Feijó estavam molhadas de comoção!
A Emoção, a Saudade, sempre a Saudade, a Nostalgia de tempos que muitos de nós vivenciaram mais pelas imagens e recordações das gentes que amámos, que, hoje, apenas lembramos, com Afeto, com Amor, com Saudade. Muito especialmente num dia dedicado aos Pais, que todos os dias o são!
Embora muitos de nós, ainda, tenhamos percorrido, trilhado, aqueles lugares, aqueles tempos, quanto mais não fosse, enquanto pastores, mesmo a tempo parcial.
Mas o Cante não é só Nostalgia. É também Alegria. Modas e cantares de trabalho e de festa!
Pelo Clube passaram as Cores do nosso Alentejo. A garridice das papoilas, o amarelo das searas da nossa memória.
Évora, Cidade, capital do Alto Alentejo, esteve bem presente, nas canções e no Grupo representativo. Misto. Etnográfico, compondo trajares e modas, de modos de vida que os nossos Pais e Mães usaram: pelicos, safões, calças de serrobeco, traje de mondadeira...
Palavras sábias do Mestre: “...É urgente dialogarmos com os novos Grupos...”
Sons místicos! Sons míticos! Ancestrais, quase religiosos, panteístas, quando o coro se empolga, transborda de sentimento, nos transporta a tempos de outros tempos, sem tempo, nem memória, porque intemporais, universais, comuns a toda a Humanidade, daí a categorização, quer se note ou não a sua importância...
E de Afetos e Sentimentos ainda falamos: de Amizade, Companheirismo, Camaradagem, nestes encontros de grupos corais, na troca de prendas e galhardetes, intercâmbio de modas. Nos agradecimentos a quem ajuda, a quem trabalha, que muito trabalho dá organizar estes eventos. Na felicitação ao Aniversariante. Momentos bonitos!
Até de apadrinhamento, à boa moda alentejana, diria portuguesa, também falamos. Que os Grupos Corais das Paivas e da Amadora apadrinharam, há trinta anos, o “Grupo de Cante do Feijó”! (Que, na minha modesta e irrelevante opinião, de leigo no assunto, a designação do Grupo precisaria de ser menos extensa...)
Estes dois Grupos não são etnográficos, pelo que trajam todos os elementos com o mesmo tipo de vestuário. O Grupo das Paivas tem a particularidade de se designar de “Operário”.
Sendo estes Grupos formados no contexto das migrações do Alentejo para a Grande Lisboa, a partir dos anos cinquenta do século XX, refletirão a composição sócio profissional inerente à zona onde estão sediados e aos locais de trabalho dos seus componentes.
Há certamente estudos feitos sobre o assunto.
(Em todos os Grupos também se nota uma caraterística comum, que é o nível etário elevado dos seus componentes.
Aliás, a assistência também é maioritariamente composta por cidadãos na 3ª idade ou próximos da mesma!)
Os Grupos, todos, etnográficos ou não, nos trouxeram lindas modas, em que também entoaram loas ao Amor, à Paixão, aos amores e desamores, à sublimação dos amores...
Às paisagens do nosso saudoso Alentejo, à neve que também cai na planície, quem não viu os campos transtaganos cobertos de neve, não tem uma experiência completa e inolvidável do mesmo... às flores, rosas, metáforas da Mulher. Recomendações e cuidados a ter na ida à fonte...
A Poesia, sempre! Cada moda é sempre um Poema carregado de significações sentimentais. Por vezes mais particularmente. Num singelo e comovente Poema dedicado aos Pais. Noutro, peculiar, sobre “...a ceifeira de aço...”!
Na dedicatória e evocação de Poeta (Fialho de Almeida).
No confronto entre “ponto” e “alto”, no troar harmónico do coro, ecoando nas planuras de searas ondulantes, marulhando nos mares da “Charneca em flor!”.
E, para o final, o Grupo Anfitrião reservou-nos dois Grupos de Música Tradicional.
“Grupo de Trovas Campestres”, de Faro. (Há quem designe, sendo do Algarve, que os Algarvios são “Alentejanos destrambelhados”, cito.)
Quatro Artistas, trouxeram-nos a Alegria do Alentejo, sediada no Algarve!
Cantaram um “Hino ao Mineiro”, uma evocação sul-americana, reportando-nos para o Chile, de Allende?! (Merecia da assistência um outro escutar, mas já havia algum “destrambelhamento” entre o público, desculpa-se-lhes, que até se portaram muito bem, houve momentos de absoluto e cerimonial silêncio durante os outros cantares.)
Encerrou o “Grupo Comtradições”, da Cova da Piedade, com muita e muita Alegria!
E já muita gente dançava! Dançava!
Que para os participantes ainda haveria jantar.
E que bem que cheirava!
Cheiros de um tempo de outros tempos.
Cheiros que o tempo guarda!
Parabéns a todos os Participantes!
Parabéns a todos os Organizadores! E Colaboradores!
A todos os que trabalham na sombra para que estes Eventos sejam organizados e nos deleitem e emocionem com a sua Qualidade Artística.
Felicitações especiais ao Grupo Anfitrião e Aniversariante: “Associação Grupo Coral e Etnográfico Amigos do Alentejo do Feijó – Almada”!
(Grupo, além de Coral, também Etnográfico, documentando um memorial de trajares transtaganos, nas nossas recordações de infância e juventude.
Grupo que, aliás, teve a honra de abrir a Sessão com o brilhantismo que lhe é inerente e as vozes portentosas de que dispõe, também elas carregadas e emocionadas de Sentimentos!)
E porque temos estado a “postar” sobre atividades campestres, ainda que em meio urbano, vamos apresentar alguns aspetos peculiares e extremamente interessantes sobre algumas paisagens rurais de Aldeia da Mata.
Esta localidade do Norte Alentejano tem alguns monumentos e paisagens que merecem ser devidamente valorizados. As pessoas conhecedoras atribuir-lhes-ão o devido valor, mas muita gente não conhecerá…
Alguns monumentos serão mais destacáveis, nomeadamente dado o seu simbolismo e antiguidade, outros mais singelos e modestos, sem deixarem de ser interessantes. Uns serão mais significativos, no contexto atual, outros tê-lo-ão sido em tempos imemoriais.
De todos, num enquadramento cultural mais vasto, espacial e temporalmente, o mais significativo, também porque de maior antiguidade, será talvez a Anta do Tapadão.
A Igreja Matriz, num enquadramento cultural diverso e mais recente e, de entre os monumentos ainda em funcionamento, face aos objetivos para que foi fundada, também se destaca.
Todos estes aspetos se relativizam face ao contexto em que se inserem, no espaço e tempo próprios. Não se pretendem comparações com outros objetos de análise, de outras aldeias, vilas ou cidades. Falamos do que temos e como temos, tão somente!
De entre os monumentos que temos e também dos lugares e paisagens em que nos enquadramos, alguns são deveras interessantes.
Mais ou menos modestas, sem deixarem de ter interesse e valor, destacaria, por ex., o conjunto de fontes, de que algumas cumprem cabalmente a sua função debitando água agradável e fresca, todo o ano. Mesmo nos verões mais quentes e secos. Este ano não sei… Choveu quase nada!
Destas fontes uma se destaca entre todas. Primeiramente pela sua função primordial: a água. Será, indubitavelmente, a melhor água de entre a das diversas fontes.
Também é dotada de alguma relativa monumentalidade, na sua singeleza, de obra popular. Possui um evidente enquadramento paisagístico que a valoriza, de fráguas alcantiladas, de uma ribeira que a isola da povoação, mas a que uma ponte certamente centenária lhe permite aceder. Os penhascos, a vegetação autóctone, apesar da acácia australiana que teima em persistir e a ponte, talvez romana (?), talvez, tornam-na num passeio apetecível, apesar de atualmente pouco procurada.
Pois falo precisamente da Fonte do Salto e da Ponte do Salto.
Acede-se a ela por um caminho que durante séculos terá sido via de transporte importante para pessoas, mercadorias e animais. Atualmente até de carro.
Recentemente, por incumbência da Junta de Freguesia, foi valorizada pela limpeza da arca da água que tem na parte superior e embelezada, qual noiva, pela pintura a branco e amarelo oca, cores tão características e tradicionais na região.
Merece uma visita!
Um garrafão ou garrafa para trazer e beber água fresquinha e a caminho.
Arriba! Que se faz tarde!
E, a propósito de caminhar…
A organização de uma caminhada em que se proporcionasse a conterrâneos e forasteiros um passeio pelas fontes da Aldeia seria uma boa sugestão. Não propriamente no Verão, que está muito calor e tudo muito seco, mas na Primavera em que o enquadramento paisagístico é exemplar.
Quem fala em fontes, poderá sugestionar: “Por pontes, passadeiras e fontes…”
Bem perto da Ribeira do Salto, outro excerto da Ribeira, também agradável, é a Ribeira da Lavandeira, onde existem umas artísticas passadeiras e a que se acede por uma calçada.