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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

“Hospital Real”: Em nova reposição na RTP?

Série da Televisão da Galiza

RTP2?

 

Hospital Real Elenco In. elprogreso.galiciae.com.jpg

 

Tenho constatado que, no blogue, as visualizações nos posts, sobre esta excelente Série da Televisão Galega, voltaram a surgir.

Será que este emblemático seriado, apresentado pela primeira vez na RTP2, em Setembro de 2015 e reposto em Fevereiro deste ano, 2016, voltou a ser reapresentado?!

Pesquisei nos programas da RTP2 e na RTP1, mas não encontrei.

…   …   (?) …

Tendo em vista facilitar a pesquisa, resolvi condensar os vários posts em apenas um, o atual, podendo aceder-se a cada um deles, através dos links, no final, em anexo.

Se tem tempo e paciência e/ou curiosidade, aventure-se a desbravar os textos e, acredite, não se arrependerá!

Tem até o bónus de ler um texto, o que aborda o décimo sexto episódio da série, que, até ao momento, ainda não foi apresentado em qualquer reposição, nem provavelmente será.

Apenas, talvez, quem sabe(?), se os guionistas resolverem continuar uma segunda temporada e queiram seguir as sugestões desse 16º Episódio. Citando a fonte, obviamente!

Nunca se sabe, não é?!

Pois, tome a liberdade de se aventurar e navegar…

E, obrigado, pela sua atenção.

Eis os links:

Nova Série RTP 2 - "Hospital Real"

Hospital Real - 2º Episódio

3º Episódio

4º Episódio

5º Episódio

6º Episódio

7º Episódio

8º Episódio

9º Episódio

10º Episódio

11º Episódio

12º Episódio

13º Episódio

14º Episódio

15º Episódio (I)

15º Episódio (II)

15º Episódio (III)

15º Episódio (IV)

Hospital Real - Síntese

Hospital Real! Ainda?!

Reposição: 10º Episódio

Contra Tempos - Hospital Real

Doença Estranha no Hospital Real

Hospital Real - Reposição

HOSPITAL REAL: 16º EPISÓDIO

Hospital Real - 2ª Reposição

Hospital Real - Elenco

“O Roubo do Códice” - (Reposição)

Mini Série na RTP2

Agosto de 2016

 

Continua o calor. Persistem os fogos. Algumas notícias quentes, mesmo no Alentejo, habitualmente tão pacífico e com tantas festas e festivais.

Lá fora, as guerras, persistem... no tempo!

Crimes hediondos!

Codice Calistinnus in. www.wikiwand.com

 

Como é hábito, a RTP2 volta a transmitir programas já exibidos. Salutar, quando são interessantes! Desta vez, a mini série “ O Roubo do Códice”, “El Codice”, original da Televisão da Galiza, que transmitira em 2015, a seguir a “Hospital Real”.

Sobre os dois episódios escrevi algumas ideias, entrecruzando os personagens da série “Hospital…” com os da mini série “O Roubo…”. Nem sempre de forma direita, por vezes enviesando, como gosto de fazer e também não tendo identificado bem todos os personagens.

Ontem, após ter revisto o primeiro episódio, julgo ter reconhecido o “Padre Bernardo” do Hospital, no desempenho do Juiz, no “Roubo…”. E Alicia, a noviça do “Hospital…”, na empresária do bar, ex-jornalista, a colaborar com os antigos colegas.

Ainda não é desta que escrevo os nomes corretos dos artistas, para o que remeto também para este link, de Galiza.

elenco codice in. www.vertele.com

 

Apresento igualmente fotos do elenco, bem como do livro roubado.

Roubado?!

codice in. elpais.com

 

Veja ou revisite o 2º episódio.

manolo in. www.lavozdegalicia.es.jpg

 

Vale bem a pena, pelo conteúdo da história, a construção narrativa, o desempenho artístico, o contexto espacial e cénico… o enredo, o basear-se em factos reais.

Deão da Catedral in. media.rtp.pt.jpg

 

“Hospital Real” (Reposição) 10º Episódio

Questões de “Moral”!

Ou

Como chegou um botão do casaco de Dom Daniel ao quarto das enfermeiras?!

 

Andava intrigado com o facto de na estatística do “Top de Páginas “, no Blogue, haver muitas visualizações referentes a esta Série. Mas como há algum tempo não via televisão, e, quando vejo, é quase sempre só à noite, não me apercebera que “Hospital Real” estava em reposição. Ontem, li um jornal em papel e tive curiosidade de ver a programação da RTP2. E aí constatei que a série era retransmitida cerca das 12h 45’. Hora a que raramente vejo TV, nos dias de semana. Questionava-me: Em que episódio já irão?!

E, hoje, decidi ver. Já vão no décimo! Quer dizer que tenho cinco episódios para rever, caso tenha possibilidade.

 

Sobre este décimo episódio, não me sinto tentado a escrever. Remeto para o link do post que publiquei em Setembro (11).

(Fiz algumas pequenas alterações, que havia uns pequenos erros.)

 

Podia intitular este episódio com outra designação?

Questões de “Moral”! Ou “Como chegou um botão do casaco de Dom Daniel ao quarto das enfermeiras?! Ou “A confissão alivia a consciência!” (...) Ou “Os sinais de gravidez eram apenas resultado de um pólipo...”

 

Nesta série também se realça a Música! (Pareceu-me escutar variações sobre o “Concerto de Aranjuez”.) Os Diálogos. E a Representação dos Artistas, essencialmente centrada no rosto e nas mãos, que, dada a indumentária utilizada, são praticamente as únicas partes do corpo que se expressam...

 

S. Tiago In. Andarilho de Andanhos.gif

 

Ilustro com uma foto de S. Tiago, cortesia de “Tâmara Júnior”, in “Andarilho de Andanhos”.

 

 

 

“CÓDICE” Television de Galicia Episódio II

“CÓDICE”

Episódio II

RTP2

5ª Feira 8/10/2015

 

Final de uma História Real!

 

Neste 2º episódio há que constatar que, nas informações sobre a mini série já corrigiram o nome errado "O Roubo do Cálice”, atribuindo-lhe o nome verdadeiro: “CÓDICE”.

 

Quanto ao conteúdo da série, como já referi, ela aborda uma situação verdadeira, a do roubo do “Códice Calistinus”, em 2011, tendo sido recuperado só passado um ano.

 

A ação decorre em Santiago de Compostela e situa-se maioritariamente nos espaços da Catedral; nos gabinetes da Polícia de investigação, não sei se é designada Judiciária; na sede do jornal, no café, casas particulares dos envolvidos; casa de Manolo, o eletricista, desempenhado pelo “nosso Alcaide Mendonza” e nalguns espaços de ar livre, ruas e jardins da cidade.

O tempo cronológico situa-se, inicialmente, nos finais de setenta do século XX e já no século XXI, 2006 e 2011, pelo menos lembro-me destas datas.

 

codice in www.formulatv.com.jpg

 

Os contextos e a narrativa centram-se na investigação, inicialmente do desaparecimento do Codex, mas logo se aperceberam que fora roubo. Equacionadas hipóteses de possíveis ladrões, face às pessoas que poderiam ter acesso ao Arquivo onde se guardava o Códice, e que eram muito poucas.

O organista da Catedral foi uma delas, mas após inquéritos preliminares foi descartado.

O próprio deão, diácono, Dom José Maria, “o nosso Drº Devesa”, estudioso e guardião do livro manuscrito, foi outra das pessoas inicial e possivelmente suspeitas, mas logo foi também descartado pelos investigadores. Embora ele seja uma das peças chave em todo o processo, mas não como criminoso!

 

Dom José Maria, deão, diácono da Catedral, esteve sujeito a chantagem e extorsão de um Fernando Miranda, que inicialmente os jornalistas e os investigadores supunham pudesse ser o recetador do Livro. E que foi o motivo da cena rocambolesca, despoletada pelo “nosso boticário, Cristobal”, agora investigador policial, no seu afã de apanhar o suposto recetador do livro manuscrito roubado, ocorrida no final do 1º episódio.

 

Este Fernando Miranda, não cheguei a perceber muito bem qual a sua função social, mas na narrativa figurava como extorsionista, chantagista. E foi nesse enquadramento que acabou por ser preso em flagrante, neste 2º episódio, quando se reunia com o Deão, num café, após tê-lo chantageado, exigindo vinte e cinco mil euros pelo seu silêncio. Cena que os jornalistas também documentavam fotograficamente, contrariamente às ordens do Juiz e às ameaças do próprio Fernandito.

Neste 2º episódio, o papel dos jornalistas resumiu-se fundamentalmente à ação do famigerado “Inquisidor, Somoza”, que era jornalista fotógrafo, free lancer, e da jornalista loura, de cabelos compridos, cujo nome não fixei na narrativa e por isso assim a designo na narração.

Se futuramente a RTP2 continuar a transmitir séries galegas, que acho que valem bem a pena, irei fixar os nomes verdadeiros dos atores, pois revelam-nos excelentes desempenhos e merecem que os nomeie. Desta vez passa, pois nem chega a ser propriamente uma série.

 

Depois da trapalhada de “Cristobal” a investigação regressou à estaca zero.

A equipa ficou um pouco desorientada, mas a argúcia e serenidade da inspetora, a nossa conhecida “Dona Irene”, cujo nome de personagem não consegui reter, foi direcionando a investigação e os investigadores para os locais e pessoa certa: a Catedral, atenção aos pormenores que foram escapando na 1ª investigação, nomeadamente visualizando, de novo, todas as fitas de anos atrás; vistoriando novamente nos locais certos do templo. E foram sendo descobertos elementos aparentemente acessórios, provas documentais não valorizadas na 1ª investigação, mas que acabaram por tornar-se primordiais. Um resto de fita mal gravada em que o eletricista aparecia de costas, no arquivo. Uma caixa de chás, em que encontraram uma chave do arquivo, escondida num fundo falso e na etiqueta a letra manuscrita era também de Manolo.

E estes elementos foram conduzindo a investigação para o “nosso ex – Alcaide Mendonza”, cuja personagem se chamava, Manuel Carvalheiro, conhecido por Manolo.

A inquirição com a inspetora, “rei preto e rainha branca” frente a frente, foi um portento de jogo de xadrez tático estratégico entre dois adversários inteligentes, que às perguntas sábias da investigadora, Manolo respondia sempre capciosa e evasiva, mas certeiramente. Respostas que sendo respostas, acabavam por ser não respostas. O “rei”fugia como uma enguia entre as mãos da “rainha”. “Muchas gracias, senhor Carvalheiro!”, se despediu a dama, do rei!

Que uma das características mais valorizadoras destas séries galegas são os diálogos entre as personagens.

 

manolo in www.audiovisual.com.betafilm.jpg

 

A investigação prosseguiu em diferentes contextos e enquadramentos, mas já com uma certeza confirmada de que o autor do roubo fora o ex eletricista da Catedral, Manolo, que passara a vida a roubar, não só no Templo, mas inclusive até de contas bancárias de um suposto amigo(?). E que muito recentemente comprara dois apartamentos, a pronto pagamento, nas Rias Galegas.

Envolvendo também outros personagens, em que o Deão era uma peça chave, porque durante as dezenas de anos em que Manolo trabalhara na Catedral, tivera oportunidade de ir conhecendo o seu mau caráter, apesar de o ir protegendo, por que acreditava na sua redenção. Até que em 2006, tantas foram as falcatruas, desde os anos setenta do século XX, que resolveram despedi-lo, através do administrador, um leigo, Dom Pedro, que ao comunicar-lhe o despedimento nunca o olhou de frente! Tal seria o “medo” que este homem inspirava. Talvez resquícios de quando fora “Alcaide Mendonza”!

Mesmo depois de despedido, ele continuava a ir frequentemente à Catedral, a diferentes pretextos, nomeadamente enquanto fiel, mas também a massacrar o Deão para este o admitir no seu trabalho de eletricista na Catedral.

Entretanto foi preparando o golpe. E um dia, já em 2011, lhe aparecerá no próprio Arquivo onde não podia estar, nem era suposto ter chave para o fazer, continuou a insistir na sua readmissão e, com veemência, exigiu que, mesmo ali, o Deão o ouvisse em confissão, que foi uma forma de o silenciar sobre o que lhe contou, que terá sido sobre as falcatruas que fizera e o dinheiro que desviara.

E como Dom José Maria não o quisesse readmitir, ameaçou-o que ele, Manolo, perdia o seu lugar, mas o Deão também perderia o seu.

Mas o cerco foi-se apertando, como se uma caçada se realizasse, o criminoso foi sendo direcionado para o local onde poderia ser capturado, como se de animal acossado se tratasse. Que o receio era que ele pudesse destruir o “Codex”, peça de valor incalculável, no seu valor material, mas muito especialmente no plano imaterial, pelo seu valor documental, histórico, formativo e informativo, que ainda continua a ser estudado.

E que melhor local para apanhar o criminoso e presa, senão o local do crime?!

Conhecidas as suas rotinas, já cartografadas há muito, a Polícia foi apanhá-lo precisamente na Catedral de Santiago, local mítico na cultura ocidental cristã e quase berço, lar e casulo de Manolo, onde se movia como peixe na água, mas também onde estaria mais fragilizado emocionalmente.

Para esta estratégia psicológica, de o ir enredando nas teias da investigação e direcionando-o para ser capturado, muito contribuiu o papel da inspetora, a seu perspicácia, a sua intuição, o seu saber e conhecimento da alma humana.

E foi precisamente na Catedral e na missa celebrada por Dom José Maria que ele confessou à inspetora, que ao lado dele se juntara na bancada do Templo, a autoria do roubo e que não destruíra o livro, que não era um destruidor.

Na entrada da majestosa Igreja de Santiago, estavam os restantes policiais, nossos conhecidos, talvez com receio que ele fugisse.

E, à hora da comunhão ele saiu da bancada, mas dizendo a “Dona Irene”, desculpem-me voltar a este nome, mas continuamos nos mesmos espaços míticos de Compostela, dizendo à inspetora que não se ia embora.

E não foi! Foi simplesmente comungar, que Dom José Maria distribuía a comunhão e, com hesitação, dúvida, lhe deu o sacramento.

 

E a série terminaria, paralelamente com a prisão dos familiares de Manolo, que também estavam envolvidos, em maior ou menor grau, nos roubos efetuados.

E a localização do Códice resguardado e embrulhado, numa garagem, com as múltiplas tralhas que se guardam nas garagens e alguns objetos, de menor valor, que ele também trouxera do local de trabalho.

 

E, como é uma série que trata de casos reais, informaram-nos do prosseguimento da vida das pessoas, aqui representadas neste filme de dois episódios.

Os criminosos, após julgados, foram condenados, com diferentes condenações, que também a gravidade dos crimes praticados foi diversa.

Os investigadores continuaram a investigar; o Juiz, a julgar; os jornalistas terão continuado a pesquisar e informar; o diácono/deão retirou-se da Catedral e da Cidade de Compostela, que já atingira a idade de se reformar.

 

E nós também vamos terminar.

 

Só nos faltou sabermos e fora uma boa oportunidade de perguntar, se vão apresentar mais alguma temporada de “Hospital Real”, que ficou tanto por concluir.

 

E reforço o que já referi. Se voltarem a apresentar mais alguma série galega, com estes atores, vou tentar saber os respetivos nomes, ainda que possa sempre reportar-me ao “Hospital”, como referência e também com um pouco de fantasia! Que, no fundo, é sempre o que são as séries.

 

A legendagem final deveria ser mais nítida, as letras muito pequeninas eram totalmente ilegíveis. Que eu gosto de ler o que posso, enquanto ouço a música.

 

 

“HOSPITAL REAL” (Síntese) Série de Television de Galicia

Série de Television de Galicia

Transmitida na RTP2

15 Episódios: De  1 a 18 de Setembro de 2015

 

máscara in youtube.com

 

Terminou recentemente, 6ª feira passada, esta excelente Série de “Television de Galicia” que a RTP2, em boa hora, resolveu adquirir. Aliás, na sequência de outras séries europeias que vem transmitindo, desde 2014 e com as quais me comecei a “prender”, a partir de “BORGEN”.

Sobre estas obras fui escrevendo alguns posts, sobre que fui notando o agrado crescente das Pessoas que têm a amabilidade de visitar o blogue. Assim também me fui entusiasmando na escrita e, após Agosto, em que apenas coloquei dois posts, em Setembro procurei responder ao crescente interesse constatado, colocando textos maioritariamente sobre a Série supra citada, mas também diversificando outros temas.

Obrigado a todos os Visitantes e Visualizadores, pelo estímulo e desafio a que me incentivaram.

 

E, agora e sob a forma de síntese, registaria alguns aspetos relevantes desta série, que me fizeram ficar “pegado” ao écran durante estas três semanas e ainda escrever textos comentando os episódios.

 

Par romântico in betafilm.com

 

A saber:

 

- O facto de ser uma série histórica.

 

- No respeitante a História, enquadrar-se numa época de grandes mudanças na sociedade europeia. O final do Antigo Regime, a eclosão da Revolução Francesa e o mais que virá, caso a série continue.

- Cuidado nessa reconstituição, embora não saiba muito sobre o assunto, mas o vestuário; os temas abordados tanto na medicina como na ciência; os objetos utilizados pelos médicos e enfermeiras, as plantas usadas na botica; o papel e transformações nas classes sociais; as problemáticas na Igreja e os vários posicionamentos relativos dos vários intervenientes, por vezes até contraditórios e contrários à própria essência do cristianismo; a Santa Inquisição.

A intencionalidade em ir-nos situando no tempo narrativo, referência à decapitação de Luís XVI, à declaração de guerra da Espanha a França. E, até no tempo meteorológico. Talvez nem sempre se reparasse, mas quando a narrativa foi avançando e já se estava na Primavera, após a declaração de guerra, quando apresentavam exteriores, tinham o cuidado de mostrar flores, aves a chilrear e saltitar nos arbustos.

 

- A ação decorrer em Santiago de Compostela.

 

- Os temas, o texto e os diálogos. Eram sugestivos e ricos.

Valores, atitudes e comportamentos da época e possibilidade de comparar com a atualidade, constatar mudanças ou verificar persistências.

Preconceitos e tabus, versus surgimento de novas ideias e problemáticas.

A estruturação classista da época, papéis sociais, funcionais e profissionais bem definidos. A estruturação sexista da sociedade.

 

- A representação. Os atores fizeram um ótimo trabalho individual e resultaram muito bem no plano coletivo.

 

- O enredo romanesco. Não posso de deixar de frisar o romance entre os protagonistas, Daniel e Olalha; o par engraçado que formaram Cristobal e Rosália. O Amor de Dom Andrés por Dona Irene.

 

- A intriga, a luta pelo Poder dos vários interessados. As alianças táticas que foram estruturando. Os conluios que foram congeminando.

 

- O mistério dos assassinatos que se vai desvendando, em termos de narrativa, embora não tenham chegado a conclusões finais, mas que para o espetador foi revelado mais cedo, quando Duarte retirou a máscara, após assassinar o Padre Damião.

Mas, e lá vou eu com opiniões, se só tivessem revelado quando ele matou o fidalgo, Dom Leopoldo, ter-se-ia ficado mais tempo na dúvida e consequente expetativa.

 

A estruturação da narração e desenrolar do enredo, como se de uma partida de xadrez se tratasse, sugestão que o narrador formula num diálogo entre Mendonza e Elvira.

 

- A caraterização das personagens através das ações que vão executando e como também vão evoluindo, mudando até na sequenciação temporal e também conforme o contexto e a contracenação.

Destaco mais especialmente Duarte, que foi ganhando protagonismo.

Dona Elvira que se foi afundando, tal qual a classe que simboliza.

…   … …

- O enquadramento num perfil psicológico e de personalidade, personagens que nos vão revelando princípios, valores, atitudes caracterizadoras, agindo nos seus comportamentos em função desses princípios. Os seus conflitos interiores, os seus dilemas, ... 

 

Contudo, acho que se esta série fosse produzida por outros canais televisivos com muitos mais recursos, teria sido tecnicamente muito mais enriquecida.

Veja-se que nos exteriores não há utilização de quaisquer outros meios que não os humanos.

Estando-se em guerra ou em vias disso, não há qualquer sinal, para além da presença de três atores, vestidos de soldados. Não há cavalos, coches, canhões… Não circula qualquer veículo de transporte. A explosão foi filmada como se estivesse a ver-se ao longe…   …

Mas cada um faz o que pode, com o que tem e, nesse aspeto, o trabalho de Television de Galicia foi excecional, sob todos os pontos de vista.

 

E como não tenho a pretensão de esgotar o assunto, diga-nos também a sua opinião sobre o que reteve como síntese da Série. Se faz favor!

 

Ah! E por último: Seria de todo importante que a RTP2 pensasse numa reposição desta série, como está a fazer com Borgen!

Concorda comigo?

16º Episódio

 

“Hospital Real” – 15º Episódio Television de Galicia - Parte IV

Série da RTP2

6ª Feira 18/09/15

Parte IV

 

in clag.es.jpg

 

E ainda volto ao enredo desta pequena novela, que tem dado pano para mangas.

 

Volto a falar do par Cristobal e Rosália, os mais derretidos da ação, mas ao que parece, os ânimos ficaram esfriados por parte de Rosália, depois das descobertas que foi fazendo, graças aos estratagemas de Duarte.

 

Cristobal bem se explicou, explicando como fora também a estória dele com Alicia, que também envolveu o seu pai que a expulsou, quando soube da gravidez, que Alicia era apenas criada em sua casa, pouco menos que gente e o pai de Cristobal quereria melhor para ele e ameaçando-o de deserdamento, sempre acabou por repudiá-lo.

E Alicia ficou na rua, para onde entretanto voltou novamente, como também já sabemos. E o mais que lhe poderá suceder, agora que Espanha está em guerra com França, por enquanto lá para o Rossilhão, para lá dos Pirinéus, mas em breve alastrará por todas as Espanhas… E o que ainda está para vir, que os franceses virão, primeiro de boamente e a pedido de governantes espanhóis, mas depois ficaram e ocuparam Espanha, roubaram o trono, prenderam o Rei e muito mais que não cabe aqui falar, que apenas falamos de pessoas comuns, como o par de que vimos falando…

E se Cristobal agora tentou ajudá-la, da outra vez nem isso fez e, por isso, ela vagueando grávida por Santiago, subnutrida, a criança nasceu muito débil e depressa morreria.

Cristobal considera que foi desprezível, mas que agora está diferente e pede a Rosália que não o deixe só. Mas esta acha que ele não sabe o que é o Amor e não quer que ele lhe atormente a Vida.

E nisto ficamos, que não sei se haverá continuidade, embora já me tivessem dito que sim. O que sabemos também é que o nosso boticário voltou a injetar-se com ópio!

 

Dona Úrsula, que não me lembro se ela era assim tratada, mas é deste modo que a gosto de nomear, também tem que ser falada, nem ela nos perdoaria… e ela é uma torre preta, que também tem muito poder na narrativa.

Está sabido, porque já nos foi revelado, que ela tem algo que ver com os Dominicanos, que até lhes enviou uma carta, por Duarte, dirigida a Frei Vicente, com exigência de resposta, que veio pelo mesmo portador. E vimos que Úrsula ficou muito apreensiva.

Úrsula, Enfermeira Mor, mão indutora do roubo do original do tão propalado testamento que, pelas suas mãos, fora destinado aos Frades Dominicanos, foi confrontada sobre o facto, por Gaspar Somoza, Inquisidor do Santo Ofício.

Que uma guerra tem muitas batalhas e que tendo ela o testamento roubado, pagar-lhe-ia muito caro por isso, que ir-se-ia livrar dela. Que muito dinheiro roubou ao Hospital para pagar a educação de um rapaz nos Dominicanos, por detrás disso tudo terá que haver uma história muito sentimental. Mas que os seus esforços foram em vão, porque ele, Somoza, ordenou que expulsassem o moço de Compostela, a ponto de ela nunca mais o encontrar.

Que neste jogo de xadrez, as peças variam muito de posição e função e os aliados de há pouco são agora inimigos.

E, como inimiga rancorosa, a que fora aliada tática durante tanto tempo, lhe disse: “… Passou uma linha que nunca deveria ter passado.

 

E, por aqui ficamos sobre a Enfermeira Mor, ficando sem saber que rapaz será esse e que relação poderá ter com Dona Úrsula.

Este é também um dos assuntos que ficou também em aberto para uma eventual, mas possível e desejável, 2ª temporada.

 

E ainda sobre personagens e ocorrências no Hospital, não podemos esquecer o ocorrido no meio de toda a confusa situação de emergência hospitalar, o encontro, quase embate, de Duarte e Mendonza, e o olhar de ódio que este, rei preto, lançou a Duarte, peão que o colocou em xeque, só que ele disso não sabe, julgando que é o cavalo branco, Daniel!

 

E ainda sobre acontecimentos no Hospital, não posso deixar de mencionar a autópsia ao ajudante de oficial de justiça, feita por Doutor Devesa, que concluindo ter sido uma arma branca a causadora imediata da ferida, mas que, caso ele não tivesse o fígado tão cirrosado, talvez se tivesse salvado.

Argumento que Dom Andrés, na ânsia de tentar salvar Dona Irene, ainda tentou que fosse usado, mas Doutor Devesa lhe fez ver que isso era de todo impossível, pois que a causa da morte fora o golpe desferido.

 

in paginasde historia.blogspot.com jpg

E, talvez para findarmos, lembramos que Breixo Tabuada, irmão da nossa mocinha heroína, Olalla, anda à solta pelas ruas de Santiago de Compostela e, com ele, os Ideais da Revolução Francesa.

Que chegaram ainda antes dos próprios franceses.

Veja também aqui!, se faz favor.

 

 

“Hospital Real” – 15º Episódio Television de Galicia - Comentários - Parte III

Série da RTP2

6ª Feira 18/09/15

Comentários

Parte III

santiago.gif

E não deixar de referir ainda…

 

No respeitante ao enredo… e também às personagens

 

Este enredo, neste décimo quinto capítulo, enredou-se bastante, devido aos desempenhos e ações de alguns personagens.

Para esse facto muito tem contribuído Duarte. Ao fazer-se passar por Doutor Alvarez de Castro, roubando-lhe a identidade em dois momentos da narrativa, cria situações problemáticas a várias personagens, nomeadamente ao próprio roubado.

 

A partir da certidão de nascimento do filho de Alicia e Cristobal, e que se chamava Martiño, mas que só agora o pai teve conhecimento, conseguiu que este se desentendesse com Rosália. Lembramos que Duarte soube do segredo de Alicia, quando a ouviu em confissão, como se de clérigo se tratasse. Pelo que a sua ida à paróquia de Santa Susana, a falar com Padre Manuel, já fazia parte dum plano….

Cristobal, na posse dessa certidão, confrontou Alicia sobre o facto de ter sido ela que a obtivera e colocara no quarto de Rosália.

Aquela completamente desconhecedora do facto, negou e supos ter sido Dona Úrsula que diligenciara nesse sentido e, sem mais delongas, a ela se dirigiu e, no calor da discussão, logo a ameaçou de dar a conhecer a situação desta com os Dominicanos, pois juntamente com Duarte haviam lido a carta que a Enfermeira Mor lhes enviara.

Foi como dar-lhe veneno a beber! Nunca víramos Dona Úrsula tão exaltada, tão fora de si, tão extravasada de emoções, que quase matou a jovem. O assunto em causa é sobre algo que mexe completamente com ela, no mais profundo do seu ser, ao ponto de ter deixado a sua postura seráfica, estátua ausente de sentimentos, que se move nos corredores e enfermarias, entre doentes, como se visitasse museu de cera…

Atirou ao rosto de Alicia tudo o que haviam feito por ela, que a haviam tirado da rua onde vivia e se entregava por um naco de pão. Que voltaria à rua, de onde nunca houvera de ter saído, que seria expulsa do Hospital, logo que o Administrador resolvesse abrir os portões.

O que logo que aconteceu, foi vê-la carregando a sua trouxa, com os seus pertences, na direção do portão de saída, sem lugar ou rumo a seguir, sem eira nem beira, nem dinheiro que Cristobal lhe quisera oferecer, que não queria esmolas e o dinheiro já viera alguns anos atrasado.

 

Dona Úrsula, torre preta, foi confrontada pelo Inquisidor, Dom Gaspar Somoza, bispo preto, que também quer depor o rei branco, pelo facto de ter na sua posse o original do tão célebre testamento do Padre Damião, que bastantes voltas já terá dado no túmulo, quantas o testamento tem volteado nos episódios. Que Somoza já encostara Dona Elvira à parede, que isto de um bispo querer ser Rei tem que se lhe diga. Que Dona Elvira fora a mão executora e Dona Úrsula a mão indutora do crime, pois mexer com a Santa Inquisição tem muito que se lhe diga e termos técnicos próprios de designação dos crimes. E, à partida, bastava ser suspeito. Era-se desde logo criminoso e, sendo ou não sendo, havia sempre maneira de o provar, para isso havia os suplícios. E não havia crime sem castigo e mesmo sem crime sempre se arranjava castigo. Que o dissesse o Padre Bernardo, que nada fizera, só não revelara um segredo de confissão.

 

E já que falamos de Padre Bernardo, que no tabuleiro poderia ser visto como bispo branco, mas agora de pouco valia porque decidia como preto, condicionado a Somoza… Ou seria antes um peão?

E o Padre Damião, enquanto vivo, não teria sido o bispo branco? Não esqueçamos, que na narrativa, o Arcebispo só apareceu mais tarde! Bispo branco que também foi comido, nas jogadas de poder do rei preto, assassinado pelo peão Duarte.

 

E ainda sobre Bernardo… Foi ele portador da carta de Aníbal, paciente que falecera no Hospital e que, no leito de morte, escrevera a célebre carta dirigida ao Doutor Sebastian Devesa, que erradamente fora parar às mãos de Úrsula, que a entregou a Somoza, para incriminar o Padre. E que o levou à prisão de que, há pouco, saíra.

E saíra e trouxera uma cópia dos ditos da dita carta, que ele transcrevera de memória, com a sua própria letra, pois que Somoza lhe dera o original a ler, para que lendo ele dissesse a quem ela se destinava na verdade. Só que ele não lhe revelara o nome proscrito, embora soubesse quem era, porque o ouvira em confissão, na qual se escudava para manter o segredo. Pagando com isso os costados na prisão. Que ele além de Homem de Honra era ungido e juramentado de Sacerdote.

E entregando a cópia dessa famigerada carta a Doutor Devesa e deixando-o a sós na Igreja, para que este a lesse para si próprio, este a leu alto, para que também ouvíssemos as palavras que nela estavam escritas, com o punho de Bernardo, pois também estávamos curiosos. E para que passados mais de dois séculos, pudéssemos também ajuizar da gravidade ou não de tão afamadas palavras, capazes de levar um Homem à prisão, condenação antecipada e fogueira do Santo Ofício.

Pois ouvida a leitura da carta, mas não retidas todas as frases, porque a memória nos atraiçoa, mas nos recordamos que genericamente continha só e apenas palavras formando frases bonitas, de um Amigo para outro Amigo, expressando-lhe o seu sentimento de Amizade, uma amizade mais forte e apegada, de que se subentendia o Amor.

E lendo, Doutor Devesa chorou. E das frases ditas me lembro de uma “… Uma vida arrebatada pela incompreensão…”

E, será pecado amar Alguém?! O próprio Jesus o disse dirigindo-se aos seus Apóstolos. “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!”

 

E sobre Doutor Sebastian Devesa, nos quedamos por aqui. Que ele anda atarefadíssimo nas suas funções de médico do Hospital Real de Santiago de Compostela, aonde chegaram dezenas de estropiados e feridos, moribundos e mortos, queimados vivos, tal qual ele teria sido se tivesse sido denunciado por Padre Bernardo. Provenientes da explosão havida no armazém de pólvora seca da Cidade Compostelana.

Não lhe bastariam já os doentes do mal que desconheciam o nome, bem como a cura, que é isso que o médico precisa saber; mas que inoculando transfusões de sangue da ama primeiramente atingida pela doença, constataram que nem todos morreram, alguns sobreviviam, que Doutor Daniel já lhe dissera. O que não sendo, per si e desde logo, conclusiva esta constatação, nos mostrava haver já algum avanço na Medicina e na Ciência, que aos poucos progrediam.

 

E permanecendo no Hospital e na enfermaria, cheia de doentes, olhamos agora para a nossa querida Olalla, a mocinha e heroína da história, aflitíssima com tanta gente precisando de ajuda, que as enfermeiras não tinham mãos a medir.

De entre a muita gente que chegava ao Hospital, nem todos eram feridos, também vinham familiares procurando por eventuais doentes seus e veio também o Capitão Ulloa, que não chegara a ir para a frente do Rossilhão, porque ficara na busca dos rebeldes de Laurier, que haviam despoletado a explosão, que eles isso mesmo comunicaram através de um bilhete, não foi por vídeo, que ainda não havia essa tecnologia, mas, pelos vistos, também conheciam os métodos de guerra psicológica.

E o Capitão também veio, para também ver a mocinha, por quem também era apaixonado, que para a heroína nunca faltam candidatos a heróis, mas também viera para lhe dizer que, entre os feridos com gravidade, estaria o seu irmão Breixo, que fora encontrado no próprio local da explosão.

E entre palavras e ações, a tranquilização de Dom Andrés para Olalla, de que fariam todos os possíveis por ele e ela que fosse para junto do irmão, que o ajudasse, lhe dissesse tudo o que havia para dizer, palavras também de Ulloa, pois supostamente Breixo iria morrer.

 

E nesta confusão de palavras e sentimentos, de atos e ações, não posso deixar de realçar uma sugestão de Padre Bernardo, sobre a forma de operacionalizar o modo de lidar e gerir o tratamento dos feridos.

E, como?! Colocando uma fitinha colorida em cada um dos doentes, de acordo com o respetivo grau de gravidade. O designado “Método de triagem de Manchester”, antes de tempo. Que era um dos méritos do Hospital, antecipar-se ao progresso e avançar cientificamente!

 

E Olalla foi para junto de uma cama onde estava um doente quase totalmente queimado, rosto irreconhecível, tapado por ligaduras, e supostamente seu irmão Breixo, a ele se dirigiu, o consolou, lhe disse o que achou ser importante dizer nessa hora atormentada e aí se deixou ficar, chorando.

Posteriormente, já mais consolada, por acaso, encontrou o seu amado Daniel, que o Destino assim quer e como haveria de ser se trabalham no mesmo Hospital, que não é nenhum Santa Maria ou São João, pois haveria de ser, se isto se passou há mais de duzentos anos!?

E Daniel não perdeu tempo e lhe disse que a amava e se beijaram, quando a sua esposa, Clara, chegou e os viu, ficando enraivecida, chamando mosca morta a Olalla e foi quando ela disse ao marido, Daniel, que ele iria ser pai. Mas isto já contei anteriormente e não volto a esse Caminho!

E terá sido também daí que ficou com raiva a Olalla e, quando esta estaria descansada no muro da escadaria, a empurrou e ela caiu no lajedo e Duarte lhe foi pegar, levando-a.

Aparentemente morta, mas eu estou em crer que não, pois assim se fecharia uma porta importante no enredo, pois como me referiram num comentário, com os protagonistas mortos, a série perderia completamente o interesse. O que é inteiramente verdade.

Mas eu estou convicto que nenhum deles morreu. Os guionistas apenas nos quiseram induzir nessa sugestão.

E, mesmo agora, li outro comentário em que me dão conhecimento que a 2ª temporada vai estrear na Galiza no Outono e que os protagonistas não terão morrido.

Pois é mesmo assim que eu também acho, que os guionistas devem dar seguimento à Série e ouvir ou ler o que dizem os “fazedores de opinião” das redes sociais.

E Muito Obrigado a quem tem a paciência de ler o que escrevo e ainda comentar!

 

E com este remate, proponho-me findar este comentário enviesado, mas sem antes também lembrar que não valia a pena tanto desconsolo de Olalla, porque o seu irmão, Breixo, supostamente quase morto na explosão, afinal não morreu, que nós o vimos posteriormente na Cidade. E mais uma vez o Destino teceu a sua teia na narrativa, e fez com que ele se cruzasse, melhor dizendo, esbarrasse com o Alcaide Mendonza, que o vinha procurando insistentemente, que isto como se diz, “quem procura, acha”, só que Mendonza procurando e achando, afinal não achou e mesmo dando um encontrão em Breixo, não o encontrou.

Porque Mendonza, agora, também era procurado, porque os homens do Arcebispo, procurando na sua casa, encontraram, acharam a máscara do assassino, em Série, “serial-killer”!

 Ver também, S.F.F. Parte I aqui e Parte II aqui

E aguardemos a próxima temporada da Série!

Afonso III de Fonseca in wikipedia.jpg

 Afonso III de Fonseca está pensativo sobre se há-de ou não apoiar, enquanto mecenas, a continuação da Série.

 Nota Final: A imagem inicial representa São Tiago, na fachada principal da Catedral. In Andarilho de Andanhos. Cortesia de Tamara Junior

“Hospital Real” – 15º Episódio Television de Galicia - Parte I

Série da RTP2

6ª Feira 18/09/15

Parte I

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Bem, e terminou a série! Terminou?!

Pelo menos é dada como terminada, pelo menos por agora. Pois ficou quase tudo em aberto. Certamente para quando tiverem tudo a postos para a subsequente temporada. Que é essa a estratégia dos guionistas das séries.

 

E vamos jogar com algumas personagens… parafraseando-as como se situassem num tabuleiro de xadrez. E pressupondo até que haverá uma possível continuidade na Série...

 

O par Dom Andrés - Dona Irene, permite continuidade na Amizade, que os amigos são para as horas difíceis.

No Amor não se sabe, agora que ele lhe revelou o seu segredo, de que tem a mulher enclausurada, sob vigilância, forma que encontrou para a proteger de si mesma, resguardar a filha desse conhecimento e confronto com essa realidade cruel, de a expor aos outros ou enviar para um hospício, que seria matá-la em vida.

Por enquanto, Dona Irene fica no Hospital, mas a sua permanência deverá ser sujeita a votação do Cabido, que reunido extraordinariamente e já com a presença de Padre Bernardo, Capelão Mor, votou que ela deveria ser entregue à Justiça Civil e entregue ao Alcaide. Porque, Bernardo, liberto do calaboiço da Inquisição e seguindo a sugestão de Doutor Devesa votou de acordo com a cascavel Somoza e a víbora Úrsula. Tendo-se abstido Dona Irene, porque ninguém pode ser juiz em causa própria, é só fazer contas. Apenas dois votos a favor de ela permanecer no Hospital.

Mas numa jogada tática de xadrez, o rei branco, Dom Andrés, face ao rei preto, Mendonza, que, afinal, é apenas segundo Alcaide, condição de bastardo, determinou que a rainha branca, Dona Irene, fosse presa, sim, mas na prisão do Hospital.

E neste ínterim até que surja nova temporada, muita água irá correr debaixo das pontes. E quem sabe, irá Dona Irene salvar-se das garras do Alcaide, que o que realmente pretende é atingir o Administrador e ocupar o seu tão cobiçado cargo. Rei contra Rei.

 

E Mendonza ser efetivamente condenado por mandante dos crimes já cometidos, quiçá mesmo como autor dos mesmos, dado que a máscara usada pelo criminoso foi encontrada na sua própria casa, pelos homens do Arcebispo, Malvar de nome.

 

Arcebispo que desse facto teve conhecimento pela denúncia efetuada por Duarte, o verdadeiro assassino, mais uma vez fazendo-se passar por Doutor Alvarez de Castro. E as consequências que essa delação teve!

E dado o poder que tinha no contexto da História e a Classe social a que pertencia, à época; e nesta história, sob a perspetiva de xadrez, quando joga, como que peça joga o Arcebispo?

Só pode ser bispo branco, não acha?! O seu ataque é contra o rei preto e, taticamente também se opõe ao bispo da mesma cor.

E quem será o bispo negro?

 

E, esta forma de relatar o episódio de ontem, como se de uma partida de xadrez se tratasse, foi-me sugerida a partir do diálogo de Mendonza com Dona Elvira.

Que o texto e os diálogos nesta série estão muitíssimo bem trabalhados. A vantagem de ser também uma língua irmã da nossa melhora ainda a situação.

E, Dona Elvira, que peça prefigura?

Sendo aliada, dependente e interdependente do rei preto….

 

E, agora, Duarte que, ao longo de todo o enrolar/desenrolar do enredo, foi ganhando um protagonismo cada vez maior, construindo e desconstruindo a história.

Numa perspetiva de xadrez, em termos de importância relativa no Hospital, será apenas um peão. Mas estes, por vezes, põem em xeque o rei e, neste caso, o rei preto, Mendonza, foi por ele colocado nessa situação. Não foi xeque-mate, que por mim, e fora eu o guionista, já teria sido. Duarte matar Mendonza e assim faria justiça pelas próprias mãos. Só que o rei preto tem poder, que usa de múltiplas formas e Duarte, apesar de o enfrentar, dele também tem medo. E podemos mencionar que, na forma como atuou, fez uma jogada muito inteligente.

E Duarte, sendo peão, será preto ou branco? Penso que de ambas as cores, conforme com quem joga.

E tem sempre a vantagem de, como peão, passar despercebido.

Peões que, muitas vezes, vão comendo peças importantes do xadrez, e foi isso que ele foi fazendo, assassinando-as.

 

Com Olalla, é peão branco, em silêncio a ama, ou não fosse ele mudo, com desvelo a recolhe e ampara, quando foi atirada do varandim.

Será que ela se vai salvar?

E já que estamos em Olalla, que esta história é um novelo, foi ela atirada para o fosso das escadarias, por Clara, despeitada?!

E será que a nossa mocinha, salvando-se, vai voltar para o herói?!

 

E, eu, mais do que narrar o que aconteceu ontem ponho-me a especular sobre o que poderá ocorrer num futuro, que nem sei se virá a existir, pois nem sei se haverá outra temporada…

Mas a narrativa tem poder… e leva-nos por caminhos que não prevíramos. E para Santiago também há muitos Caminhos, embora todos se dirijam ao mesmo Lugar Santo: o Túmulo do Apóstolo.

E os Caminhos para Santiago continuam atualmente também perigosos, tal como em finais de século XVIII. Que o diga a turista americana que desaparecida há meses, já foi encontrado o corpo em local ermo, indicado pelo próprio assassino, entretanto preso.

 

E já que estamos em assassinatos, de que esta série está cheia, e de mortes, mesmo de crianças e de recém-nascidos, que estamos numa época de grande mortalidade, para mais agora em guerra, e o que ainda estará para vir, se a história continuar, que a História continuou e nós sabemos o que foi em Espanha, nos anos que se seguiram e em Portugal também, que Napoleão, à data desta história, 1793, ainda não chegara ao Poder, na França Revolucionária, mas, em breve, lá chegaria.

E quem chegou agora à narrativa foi o nosso herói, o nosso Daniel, Doutor Álvares de Castro.

Herói, anti-herói, salvador de vidas, tem, agora, a vida em perigo, arrastando-se, ferido por golpes de navalha desferidos por Mendonza, rei preto. Nesse arrastamento, estica e ergue o braço na direção da câmara… pedindo ajuda… querendo alcançar algo (?)… ou suplicando ao guionista que não o mate, que lhe dê mais uma oportunidade, tal como pediu a Clara e que continue o seriado?!

 

Não sei! Saberão os/as estimados/as leitores/leitoras?

 

O que ele também não sabe é como pode ser Pai de alguém que está ainda por nascer, sabendo ele que não foi visto para o assunto, embora tenha sido chamado, porque Clara o chamou, e por diversas vezes, só que ele não ouviu, fez que não ouviu, viu e não viu e, deste modo, a que deveria ser só sua mulher, foi mulher de outro, que dela fez mulher e, pelos vistos, irá fazer mãe.

Quando esta lhe disse, porque decidiu que o filho seria do pai que ela quisesse, Daniel ficou parvo de espanto, mudo de estupefação, branco de pasmo! Só não desmaiou, porque os homens não desmaiam; só não caiu para o chão, porque os heróis não caiem, embora ele tivesse terminado arrastando-se, como já referimos, mas para a câmara. E, os heróis, mesmo caindo, levantam-se sempre, que era assim que acontecia nos filmes de cow-boys, em que o herói tinha sempre sete vidas e até se desviava das balas.

Só que ele não se desviou dos golpes certeiros da navalha de Mendonza, equivocado sobre quem o tinha denunciado ao Arcebispo, porque Duarte, peão, fizera jogo de Rei.

Daniel, herói, de papel principal, torna-se vítima.

E que peça de xadrez?!

Por mim, acho que cavalo branco, ou não fosse ele herói.

Os heróis montavam sempre um cavalo dessa cor.

 

E quem montará o cavalo preto, isto é, quem representa essa peça no tabuleiro do xadrez da política hospitalar?

Eu acho que, neste momento da narrativa, essa peça já foi comida. E pelo peão.

Era, só podia ser, na minha perspetiva, o pai do nosso herói, que também montava a cavalo, já que era nobre, e essa era uma das funções dos nobres, montarem a cavalo, terem cavalos para as guerras dos reis, formarem as cavalarias.

Dom Leopoldo, era o cavalo preto, entretanto já comido e fora do tabuleiro.

 

E a Enfermeira Mor, Dona Úrsula, que peça simbolizará?

Dada a forma como se desloca no tabuleiro do Hospital, o peso pesado que é o seu corpo naquelas vestes de monja, e as ações que pratica, só pode ser a torre preta.

 

E há alguém que simbolize a torre branca?!

Só pode ser...

 

Dona Elvira de Santa Maria, fidalga de nobre e antiga linhagem, só pode ser...  a rainha preta.

 

Bem e vou voltar ao princípio, fechando o círculo, que vou terminar este post, para o publicar.

Mas vou terminar a narrativa? Tão incompleta, face a tudo o que se passou ontem?!

Não! Descansem caros leitores e leitoras, que ainda vou voltar.

Irei continuar a contar esta estória, a partir da história de “Hospital Real”, mergulhando também, e algumas vezes, na História.

Só que o poder da narração vai-me levando por caminhos diferentes dos que delineara, esta foi a forma de Caminho que encontrei. Não sei se será o francês, se algum dos espanhóis ou algum dos portugueses.

Mas há outras formas de contar, que isto de que quem conta um conto…

E ainda fica muito por contar, como dizia a minha avó e também Xerazade!

 

E ainda vou voltar para contar sobre personagens e aspetos de que não falei.

 

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Deixo-vos esta foto do grupo de atores que representou o enredo da série.

Mas não consigo identificar todos, personagem - versus ator/atriz.

Por ex. Úrsula, Alicia, Duarte,…

E há uma figura feminina por detrás de outras que não sei quem é…

E muito obrigado por terem a amabilidade e paciência de me terem lido até aqui.

Bem hajam!

Leia também sobre o 16º Episódio, SFF.

 

 

 

“Hospital Real” – 14º Episódio Television de Galicia

Série da RTP2

5ª Feira 17/09/15

El Tres de Mayo, de Francisco Goya from Prado Muse

 

Ainda sobre o 13º Episódio,

 

Que um ponto ficou por esclarecer. Continuando a contar este conto, e aplicando o ditado, sempre acrescentando algum ponto!

 

E talvez seja bom começar, recomeçando sobre a personagem que designei de “noviça de freira”, que me foi esclarecido através de comentário, nomear-se esta categoria ou função, de “postulante” e agora me lembro de ouvir esta designação. E que o seu nome é Alicia.

Assim esclarecidos e feita a devida constatação, cabe-nos agradecer a quem tem a amabilidade de nos ler e ainda corrigir, quando é necessário. Obrigado!

Mas já que estamos na “postulante”, personagem sobre quem só falámos no texto anterior, referindo ser ela uma pessoa doce, também sofrida e humilhada, com um caso mal resolvido com o boticário, de que ela tinha uma péssima recordação. No episódio treze dispôs-se a confessar-se, não sei o que disse, que é segredo, mas pelos vistos parece-me que se confessou, mas com Duarte no confessionário! Este Duarte é melhor que a encomenda! Não sei até onde vai esta personagem…

Também se propôs falar a Rosália do mau caráter do boticário, pedindo a opinião da enfermeira mor, que anuiu. Mas não chegou a fazê-lo, pois que ao observar o derriço de Cristobal para com a enfermeira Rosália, tendo-se aquele revelado com uma postura e comportamento diferente do que lhe conhecia, não teve coragem de intervir e portanto não falou nada!

Personagem sofrida e sofredora, usada pela Enfermeira Mor, vítima constante de bullying (conceito desconhecido à época), mas por vezes revoltando-se pelas ações que ela lhe impõe, embora maioritariamente cedendo às chantagens e ameaças a que a “Dragão” a sujeita.

 

E, agora já no Episódio catorze, cheio de peripécias…

 

Alicia confessara-se mesmo a Duarte, ficando ele a saber o seu segredo.

E, conhecendo-o, tratou de o usar a seu favor.

Disfarçado e apresentando-se como Doutor Alvarez de Castro e expressando-se oral e corretamente, pediu a Padre Manuel, Pároco de Santa Susana, para consultar os registos do Hospital. E para quê?!

Ele próprio foi um enjeitado, recolhido pelo Hospital, quando Irmã Úrsula nele deu entrada, há trinta anos. Teria ele cerca de oito.

Isto soubemos porque Dom Cristobal por ele e pelas suas origens indagou à Enfermeira Mor. Que solícita e prestável, à sua maneira e para o que lhe convém, neste caso ter Duarte na mão, o avisou de que o Boticário andava querendo saber coisas dele.

Os entremeses entre o que escrevemos antes e o que escreveremos a seguir, desconhecemos, que nos filmes nunca mostram tudo, mas também temos a cabeça para pensar…

E o que se passou a seguir é que no quarto da menina enfermeira Rosália apareceu uma carta que era um registo de nascimento de uma criança, nascida em 1790, filho de Alicia Bermudez, solteira e de pai desconhecido… não sabemos como a carta lá foi parar, mas deduzimos, não acha?!

E está tudo dito e explicada a tristeza de Alicia e porque tanto se agarra às crianças e chora com o seu infortúnio e as suas desavenças com Cristobal e porque o considera tão mau caráter e porque queria avisar Rosália.

Rosália que ao tomar conhecimento deste assunto logo tratou de se ir embora do Hospital, abandonar a profissão, agora até com salário, para não mais ver esse mau caráter.

Só que não pôde, porque os portões do Hospital estavam fechados por ordem do Administrador, por razões de que falaremos, quando terminar este excerto, respeitante à enfermeira, monja postulante, de nome Alicia, de quem agora até já sabemos o sobrenome, personagem doce, meiga, sofrida e sofredora, de que pouco falara em capítulos anteriores.

 

 

E vamos ainda aos entretantos…

 

Quando nos dispomos a visualizar uma série, apelativa como esta e com personagens tão cativantes, agindo num contexto como o daquela época tão exacerbada de paixões, com contrastes tão marcantes sob variados aspetos, é difícil não nos enredarmos, não tomarmos posição, gostarmos de uns e detestarmos outros. Tomarmos partido, em suma.

E, neste posicionamento, pretendermos que a história siga este ou aquele rumo, castigarmos esta ou aquele personagem e premiar esse outro ou estoutra.

Só que não somos guionistas da série e estes é que determinam o Caminho da história, o percurso das personagens. Que nem sempre é do nosso agrado, nem corresponde às nossas previsões, motivações e simpatias.

 

E vamos lá saber porque os portões do Hospital estão fechados…

 

Seria devido à doença misteriosa que nele grassa, que tanto apoquenta médicos e enfermeiras, que tanto trabalho lhes dá, tanto desassossega o Administrador e tanto aflige, inquieta e perturba Alicia? Que só deixa indiferente a Enfermeira Mor, alma de gelo, coração de pedra?

 

Não, embora por vezes pudesse funcionar a quarentena!

 

À série chegou, por pouco tempo é certo, um novo interveniente, Breixo Tabuada, irmão da nossa estimada Olalla, podemos manifestar-lhe a nossa simpatia, pois quase unanimemente goza desse privilégio no Hospital, com exceção de quem nós sabemos!

Com ele chegaram também, declaradamente, os Ideais da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade, Fraternidade! Já havia simpatias por essa Causa, é certo, mais acentuadas em Dona Irene, com uma práxis toda para aí virada; menos acentuadamente em Dom Daniel, que até estudou em França!

Mas manifestar simpatias por esses princípios, para mais ainda atuar em conformidade, distribuindo panfletos nessa onda e contra a Guerra, quando a Espanha estava em guerra com a França, era pedir o direito à forca!

E era precisamente disso que Breixo fugia e que foi para Santiago, também para ver a irmã querida, mas ainda e prioritariamente para não sentir o nó apertar-se na corda ao pescoço. Pediu guarida à irmã, que não teve melhor ideia que levá-lo à mercearia de Dona Irene que, em consideração por Olalla, lhe deu asilo por uma noite.

Cedência de asilo que lhe irá custar muito caro, a si própria e aos que lhe são mais queridos.

Isto porque o Alcaide, que está ufano na mó de cima, à sua loja enviou, na manhã seguinte, uma patrulha para revistar a casa e apanhar o fugitivo. Na confusão e refrega que se seguiu, Dona Irene, num gesto espontâneo, embora irrefletido, puxou de uma tesoura e espetou-a no ajudante do oficial de justiça.

Ainda o levaram para o Hospital, Dona Irene, Breixo, também o Oficial. Não chamaram o INEM, que ainda não havia, nem sistema ambulatório. Os nossos médicos, nossos pela simpatia que lhes temos, os cirurgiões, de tudo fizeram para o salvar, tentaram estancar a hemorragia, o sangue escorria como em açougue, impressionando quem fosse de impressionar. Mas apesar de todos os esforços dos médicos, que também são cientistas dedicados à investigação, e embora todas as suas tentativas, o ajudante de oficial de justiça morreu.

Morrendo de morte assim, Dona Irene era uma assassina. Para além de também ter dado asilo a um desterrado e fugido à Justiça. Nesses tempos de guerra ou em quaisquer outros dessa época já se sabe qual seria o veredicto.

Estando no Hospital Real, com jurisdição própria, autonomia nesse e noutros campos, daí tão cobiçada a respetiva Administração, podia aí ficar com autorização do Administrador, com capacidade e poder de justiça civil, dentro do espaço territorial do Hospital.

E ele, também irrefletidamente (?), a essa atitude se prestou, nem que fosse para poder ficar um pouco mais com a Mulher que admira, mas também ama e que, finalmente, talvez sentindo o tempo escapar-lhe, a beijou. Em fundo, a música que, julgo eu, seriam variações sobre o tema “Concerto de Aranjuez”… Seria?

E, para proteger Dona Irene e impedir a entrada dos soldados do Alcaide, mandou fechar os portões do Hospital, não entrando nem saindo ninguém.

E assim se explica porque a menina Rosália não se pôde ir embora para a sua santa terrinha.

 

E, com este gesto, também o Administrador, Dom Andrés, aperta mais a corda que vai tendo ao pescoço, como já o Alcaide lhe fizera lembrar antes destes acontecimentos. Agora, e depois de tudo o que aconteceu, o que ocorrerá?! Esperemos o 15º Episódio. O último?!

 

E, voltando aos entretantos, e ao que vai acontecendo aos personagens. Vemos os que são execráveis, surfarem as ondas na maior e os que gozam das nossas simpatias serem maltratados. Será que os guionistas vão manter as coisas neste pé?! Ou vão ceder às pressões das audiências e das redes sociais, como nas novelas brasileiras? Aguardemos!

 

Vermos o Padre Bernardo nos calaboiços da Inquisição… Valeu-lhe, todavia, a intervenção do Arcebispo, Malvar de nome, que condicionou o Inquisidor a requisitar um médico, para o atender. Pronta e solicitamente, Doutor Devesa o foi auscultar e medicar, aconselhando-o a comer e a dizer a tudo que sim, ao que Somoza lhe pedisse, para ser libertado. Que, se não o fizesse, seria ele próprio, Sebastian Devesa, que divulgaria que a carta na posse do Inquisidor, a ele, Doutor Devesa, era dirigida.

E nós que gostaríamos de conhecer o conteúdo exato da célebre carta.

 

Vermos Clara num exercício de auto flagelação psicológica, a embebedar-se, toda desgrenhada e a ouvir a sogra, aparentemente contrita e com remorsos (?) dizer-lhe que para perpetuar a linhagem o apelido é mais importante que o sangue.

“Como é possível que consinta e apoie que eu engane o seu próprio filho e na sua própria casa?!”

 

E o marido, Doutor Daniel, substituído enquanto marido e como médico, sem ter conhecimento de nada.

Contudo, e enquanto Médico, o Doutor Alvarez de Castro, juntamente com Doutor Devesa, está a desempenhar o seu papel. Juntos, e sempre utilizando a metodologia científica, por deduções, a partir de hipóteses, foram construindo uma tese de que aguardam confirmação experimental no próprio ser humano.

Deduziram que é no sangue da ama-de-leite que está a explicação para o facto de o próprio filho não ser portador da doença misteriosa. Que esse facto não será apenas uma casualidade, mas antes a respetiva causalidade.

E, daí, inocularam sangue dessa paciente na outra doente também infetada e posteriormente nos bebés, para supostamente os defenderem da doença, imunizando-os. Ignoro se esta palavra já seria utilizada, ou se foram eles, enquanto cientistas, que descobriram o conceito e criaram a palavra, após saberem os resultados da experiência, que espero sejam positivos.

E esta experimentação, que não foi assim tão linear e simplista conforme a descrevo, foi decorrendo enquanto ocorriam muitas das peripécias já relatadas, até anteriormente a algumas delas, ou simultaneamente a outras.

Que esta narração ao que se desenrola nos episódios nem sempre é, nem pretende ser, exata e rigorosamente fidedigna. Me desculpem por tal!

 

Microscópio de Cuff in www.prof2000.pt.jpg

 

E ficamos por aqui, pela Ciência, que deu um salto qualitativo muito grande nesse final de século, conforme nos é mostrado no Hospital, que seria muito avançado para a época.

Até já têm microscópio, imagine-se! Para além de toda a experimentação e investigação que desenvolvem. E têm um corpo excelente de profissionais empenhados, os médicos, as enfermeiras, o boticário e o administrador, que tendo que dar aval a tudo quanto se passa, se revela moderno e esclarecido. Imagine-se que seria alguma das outras trempes a comandar o Hospital!

 

Bem, então até logo, no décimo quinto episódio!

 

 

 

 

 

 

“Hospital Real” – 13º Episódio Television de Galicia

Série da RTP2

 

4ª Feira 16/09/15

 

Duarte e Mendonza.jpg

 

Intróito

 

E, conforme me foi sugerido num comentário, Duarte, o assassino em série, carrasco e vítima na mão de poderosos; submisso e obediente, mas mais autónomo do que imaginam; um zé ninguém, a mando de todos, mas mais senhor do próprio destino do que muitos; mais que inteligente, assumindo-se de meio néscio, coitadinho, mudo e analfabeto, vai fazer-se passar por Doutor Alvarez de Castro, médico do Hospital Real de Santiago de Compostela! Conforme veremos no episódio catorze, que ocorrerá logo à noite, e nos foi permitido visualizar na sinopse do que nos será apresentado nesse 14º episódio, provavelmente o penúltimo.

Ontem, no 13º episódio, andou treinando o registo de voz, na sala de operações, já envergando a jaqueta do jovem médico. Ensaio de voz a que assistiram os nossos jovens amantes, sempre em derriço, Cristobal, o boticário e Rosália, a enfermeira encarregue das plantas, mas que não distingue tomilho de arruda, nem poejo de alecrim. Que só ouviram os ensaios de voz, em audições separadas, que não viram o seu produtor, delas  imaginando que seria a voz do próprio médico, Doutor Daniel.

E, por aqui ficamos, de preliminares.

 

Desenvolvimento

 

Com Clara também não foram precisos preliminares, que dois shots a levaram a entregar-se ao seu carrasco, Mendonza, o Alcaide, filho bastardo do Intendente da Galiza, personagem pérfida e cruel, que assim se pretende vingar de Dom Andrés, o Administrador. E, eventualmente, dar-lhe um neto, que seria também herdeiro da nobre linhagem do Intendente, coisa que pouco importará a Dom Andrés, que é burguês esclarecido, mas interessará bastante à sua comadre, Dona Elvira, muito dada a estas questões de linhagem.

Clara, vítima de uma cabala da tríade venenosa que já nomeámos, Alcaide, Úrsula e Elvira, em cuja casa se entregou voluntariamente ao algoz, após ter ido à casa onde a sua própria Mãe, Laura, meio alienada, vive enclausurada por mando do próprio Pai.

 

Pai, Dom Andrés, que convencido por Dona Irene, aceita que na Botica do Hospital se produza água de cheiro, a partir das múltiplas plantas aromáticas que existem no quintal. Inovadora a ideia, partindo da empreendedora Irene, agora que, estando Espanha e França em guerra e as fronteiras fechadas, estes produtos não chegavam à Galiza.

Pai, que num gesto de carinho, foi levar um frasquinho dessa água perfumada à sua amiga Irene, que ele devaneia torná-la mais que amiga, mas ao que ela lhe responde não estar preparada, nem ele também, porque ainda não esqueceram os respetivos cônjuges.

“Valorizo muito a nossa amizade e não quero perdê-la.” Lhe respondeu ela.

“Tudo ficará entre nós, não se preocupe!” Retorquiu ele.

 

Nesta série, pequena novela classifico-a eu, o texto é fundamental, rico, ideativo e os diálogos elucidativos e esclarecedores, muito bem trabalhados pelos guionistas e interpretados pelos atores e atrizes, repito atrizes, que estávamos, à data, nos alvores da libertação feminina, lutando por reconhecimento de Direitos Iguais, como já constatámos.

 

Dom Daniel, Doutor Alvarez de Castro, agora substituído na função de marido, em breve na de médico, finalmente reconciliou-se com a esposa, às vezes o Destino escreve direito por linhas tortas e leva-lhe também água de rosas, que agora está na moda, e pede-lhe outra oportunidade! Sacrifício inútil o da Dama!

 

Sua mãe, fidalga, da fidalguia antiga, de nobres valores de honradez e elevada posição social, Dona Elvira, não hesitou quando foi preciso vender-se e uma vez vendida, perdida, levar outra à perdição. E na sua própria Casa, senhorial, abriu “janelas de tabuinhas” e tornou-se desse modo também caftina.

Arrepiada de medo, contudo destemida e audaz, entra no antro sinistro de Somoza e rouba-lhe o célebre testamento de Padre Damião, a pretexto de que fora para pedir ao Inquisidor que rezasse a primeira de dez missas pelo seu querido e falecido marido, Dom Leopoldo, na Catedral Compostelana.

 

Enquanto isso, o bom do Padre Bernardo continua encarcerado nos calabouços da Inquisição até que ceda à vontade de Somoza, ajudando-o a derrubar Dom Andrés do cargo de Administrador.

 

Sempre este leitmotiv, em todo o enredo da pequena novela, mas excelente obra literária e ficcional. Pelo que pesquisei, parece-me que não se baseia diretamente num livro específico, mas não sei.

 

E enquanto estas personagens andam e cirandam pelos caminhos do enredo, nas ruas de Santiago, nas salas e corredores do Hospital, neste vão morrendo crianças recém-nascidas, de um mal que os médicos desconhecem.

E deste modo nos apresentam a metodologia de pesquisa científica, posta em prática pelos médicos, na busca de solução para o problema.

Formulam hipóteses, que testam na prática, experimentando, ultrapassando as barreiras da crendice e dos preconceitos e espartilhos morais, religiosos e até legais, que são sempre contextualizados ao espaço e tempo em que se enquadram. Não fosse assim e dificilmente se evoluiria na ciência, na vida e na sociedade. Há sempre saltos qualitativos que é preciso dar e assim evoluir!

Doutor Daniel está nas sete quintas, formula hipóteses e teorias, faz pesquisas e investigações, tira conclusões, expõe teses.

E, de experiência em experiência, que só experimentando se podem testar as hipóteses, chegam à conclusão que o foco do problema se situa numa ama-de-leite, portadora de uma doença desconhecida, com que infetou os bebés órfãos, que amamentou. Mas constatam os médicos, não infetou os seus próprios filhos. Porquê?!

E esta é a pergunta, a nova questão por eles formulada, que essa é a base do desenvolvimento da Ciência, uma pergunta levanta outra pergunta, uma questão nova questão.

Não sabem eles, mas já sabemos nós, atualmente. O leite da mãe permite ao filho criar anticorpos que o defendem de múltiplas doenças e infeções e, por isso, hoje se recomenda tanto que as mães amamentem os próprios filhos. Um “ganho” substancial para todos, indivíduos, famílias, para toda a Sociedade, para todas as sociedades, sob todas as perspetivas!

 

E, ainda sobre coisas positivas que se passam no Hospital, relembramos o sucesso da produção da água aromática, ideia de Dona Irene, trabalho do Boticário e das suas assistentes, Rosália, também sua amada e de Olalla, agora também nariz de perfumista, experimentalista de perfumes, produzidos na Botica do Hospital, tornada igualmente numa “Corbeille de Fleurs”. Não fosse ela, Olalla, jovem, mulher, solteira e pobre e poderia chegar longe, disseram o boticário e o jovem médico!

 

E de ações vis já nos chegam as da Irmã Úrsula, sempre em urdiduras, sendo também urdida quando se trate do Inquisidor. Cada vez mais presa na teia do mestre, deixando-se apanhar com as mãos na gaveta da sua secretária, na busca do testamento, cada vez lhe fica mais devedora de resgate cada vez maior.

Mas ela, tão cascavel e víbora quanto ele, não desistiu e, como vimos, sempre obteve o original do testamento.

E retribuiu o favor da fidalga, atormentando a inocente Clara, que, ingénua, ignorante das teias que se lhe tecem, se foi entregar na boca do lobo!

 

E, deste modo, terminamos, que voltámos ao início do texto, como se fechássemos um círculo!

 

E temos ignorado o papel da jovem noviça de freira, de cujo nome não estou certo, que acompanha desveladamente os bebés e todos os orfãos, um coração doce que chora de infelicidade, que não entende os desígnios de Deus ao levar-lhe os seus anjinhos, que já amou Dom Cristobal, que, pelos vistos, a maltratou e que, como frágil que é, se tornou numa permanente vítima da Chefe, “Dragão”, mas de quem também já aprendeu algumas manhas.

 

Ah! Que este conto nunca mais tem conto! Não podemos esquecer o ataque que Mendonza fez a Duarte! E, assim encerramos, de facto, esta narrativa.

 

E Muito Obrigado, por ter lido até aqui!

 

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