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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Hortas Urbanas: Que importância?!

Será que as Hortas Urbanas têm alguma importância num contexto sócio-económico e cultural?!

 

Foto original de D.A.P.L. Junho 2015.jpg

 

Ou será que elas são apenas um escape para um segmento populacional mais ou menos desenraízado no contexto urbano ou suburbano em que se insere?!

Será que este modelo de intervenção cultural, de raízes campestres, mas intervindo num espaço citadino e urbano, será apenas passageiro? Reflexo de um tempo de crise e como tal associado a estratos populacionais mais desfavorecidos?

Mais questões poderão ser levantadas…

 

À partida, quero expressar que sou defensor da sua existência.

Mais, reforço que deverão ser incentivadas as pessoas interessadas nesta prática, apoiadas pelas instituições que o possam fazer, promovendo e definindo práticas de uso de terras camarárias para esta finalidade.

 

Nesta ação de cultivo de terrenos abandonados no espaço urbano, penso que ganham todos os intervenientes.

 

Ganham os agricultores urbanos, pois produzem alimentos para si próprios, para familiares e também amigos, pois normalmente quem amanha a terra tem esta característica de personalidade: o prazer de oferecer o que obteve da sua produção. O gosto da dádiva!

Em princípio, os produtos obtidos serão de melhor qualidade, dado que quem produz nestas situações gosta de ter algum cuidado no processo produtivo, evitando, ou pelo menos não exagerando, nos pesticidas.

Possibilita uma saudável ocupação dos tempos livres, de forma construtiva, em contacto com a natureza.

Promove também a interação, o convívio entre os vários participantes nestas tarefas, que muitas vezes se ajudam entre si e com as respetivas famílias.

Foto original de D.A.P.L. Junho 2015.jpg

 

Ganha a Sociedade globalmente.

Os terrenos são limpos de mato e sujidade, evitando o abandono, a negligência, sem que para isso as entidades autárquicas tenham que intervir.

Evitam-se e previnem-se hipotéticos fogos.

Favorece-se a infiltração das águas pluviais, retendo-as, deste modo não escorrendo tão repentinamente quando chove e infiltrando-se o líquido nos solos. Abastece os aquíferos e evita também a erosão.

Diminui-se o circuito de distribuição e todo o gasto energético inerente, pois produtor e consumidor estão no mesmo elo da cadeia produtiva.

Mas o comércio também ganha com esta prática, com esta moda, digamos.

Nas grandes cadeias de supermercados prolifera periodicamente toda a gama de artigos necessários a estas atividades. Desde as sementes e plantas até aos sistemas de rega e recolha da produção, numa parafernália imensa de objetos mais ou menos engenhosos, de modo a ajudar, facilitar e promover a ação do agro urbano.

E algo que normalmente não valorizamos devidamente. Com o plantio de árvores, arbustos e hortícolas, há uma permanente produção de oxigénio, que nos é indispensável à vida.

São um modelo de intervenção cívica, num contexto de urbes em que, muitas vezes, os laços de Cidadania se foram perdendo.

São uma forma de ocupar as pessoas construtivamente, sabendo nós que o trabalho é uma excelente forma de terapia. E que faz imensa falta a muito boa gente que vegeta por aí sem fazer nem querer fazer nada de construtivo!

Foto original de D.A.P.L. Junho 2015.jpg

 

E qual o papel que as entidades autárquicas ou outras podem desempenhar?

Devem ajudar, incentivar, apoiar. Promover, divulgar!

Como? Disponibilizando terrenos, água, conhecimentos, informação… E, porque não, também formação?!

Criando feiras e/ou locais de venda, facilitando o escoamento da produção, que poderá ser excedentária.

Uma outra forma de promover, divulgar e incentivar seria organizando uma espécie de Concurso entre produtores e respetivas hortas, como se faz noutros ramos de atividade. Algo que teria que ser bem estruturado, auscultando previamente os possíveis interessados.

 

E outras Entidades como poderão intervir?!

Por ex. Escolas.

Foto original de D.A.P.L. Junho 2015.jpg

As Hortas que visitámos situam-se a norte da Escola Secundária António Gedeão, confinando com a mesma.

Será que na Escola não poderiam ou não serão até já desenvolvidas atividades de intercâmbio?! Visitas de estudo, workshops, troca, partilha de conhecimentos e saberes. Estruturação de ações no âmbito de disciplinas ligadas à Natureza: Ciências Naturais, Geografia?! Ou integradas no contexto da Cidadania: Formação Cívica, Educação para a Cidadania?! Ou outras...

Ou atividades interdisciplinares. Trabalhos de Projeto, por ex.

Note-se que não sei se atualmente ainda existem as Disciplinas mencionadas!

Nas hortas visitadas criaram, nas “divisões/partilhas” de terrenos, um caminho entre sebes de canas entrançadas, que servem de divisórias. Pois esse caminho pedonal é utilizado diariamente por estudantes na ida e vinda das atividade escolares.

Foto de D.A.P.L. Junho 2015.jpg

 

Mas e para finalizar.

Realce-se que, embora a intervenção de outras entidades possa ser importante, este movimento tem muito de espontâneo e autónomo! Pelo que convirá ter sempre essa característica em conta nas atitudes e intervenções hipoteticamente a serem feitas!

 

Foto original de D. A. P. L. Junho 2015.jpg

 

Ver também: hortas-urbanas

 

Hortas Urbanas!

HORTAS URBANAS

 

Foto original de D.A.P.L. Junho 2015 jpg

Portugal é um país de tradições rurais muito fortes.

 

As correntes migratórias internas, dos anos sessenta e setenta do século XX, engrossaram o crescimento populacional dos grandes centros, com especial realce para a Grande Lisboa e Grande Porto, e juntamente com a emigração, maioritariamente para a Europa Comunitária, levaram ao despovoamento dos campos, Êxodo Rural.

 

Este processo continuou, assistindo-se simultaneamente, a uma crescente litoralização do País.

 

Tem havido igualmente movimentos de imigração, de proveniência africana: cabo-verdianos, ainda antes de 1974 e igualmente das outras ex-colónias, acompanhando nomeadamente a descolonização, a partir de 1975. Mais tarde, continuados com as guerras civis nesses territórios, também designados ex-províncias ultramarinas.  

 

Posteriormente, ocorreram outros movimentos migratórios, tanto internos como externos, com especial destaque para a imigração de diversas origens, especialmente após a entrada de Portugal na Comunidade Europeia, em 1986. Mas estes, face ao assunto em epígrafe, têm um cariz ligeiramente diferente.

 

Frisa-se, pois, que as populações suburbanas e urbanas com origem nas ex-colónias africanas ou nas zonas rurais do Continente têm uma matriz cultural muito arreigada às suas origens campestres e há ainda um forte apego ao chamamento da terra de origem, em que a vida no campo está muito presente na memória coletiva e individual.

 

Essa chama que nos liga ao Campo manifesta-se de múltiplas e variadas formas, de que os Grupos Culturais, sobre que já tenho “postado”, são um exemplo.

 28ª-encontro-de-cantares-alentejanos

 

Mas o mais relevante sinal desse apego expressa-se, de uma forma ainda mais materializada, na ação concreta de amanhar a terra.

Esse gosto por mexer, por trabalhar a terra, é ainda bem presente e vivo em algumas das populações das nossas zonas suburbanas.

Muitos não gostam, a maioria não sabe, perdeu esse saber, mesmo quando ainda em jovem tenha feito algum desse trabalho no campo.

Mas ainda há alguns que resistem, que persistem e guardaram esse conhecimento, praticando-o.

Que o documentam, o põem em prática num labor diário, no arranjo de leiras, taludes, veigas e vales, quintais e pequenas parcelas de terreno de que se vão “apropriando” de usufruto, pelos mais diversos espaços abandonados e desaproveitados das nossas urbes.

Outros aprenderam, pois vê-se também gente que de novo se interessa por esse mester.

Foto original de D.A.P.L. Junho 2015.jpg

 

É olharmos à nossa volta quando viajamos, seja de carro particular ou, com mais atenção e pormenor, nos transportes públicos, e vemos os milharais, os feijoais, os granais, os batatais destes novos agricultores, das horas livres, de part-time, de fim-de-semana ou dos fins de tarde.

Foto original de D.A.P.L. Junho 2015.jpg

 

Este é um fenómeno cultural que nos últimos anos tem ganho maior visibilidade, pois a extensão do espaço cultivado aumentou e processa-se nos mais diversos e inusitados locais, espalhando-se, que eu conheça, tanto na Margem Sul, como na margem norte do Tejo e muito especificamente por toda a cidade de Lisboa.

Foto original de D.A.P.L. Junho 2015.jpg

 

São as HORTAS URBANAS!

 

A tão propalada “Crise” também terá tido efeitos sobre este fenómeno urbano?

A mediatização deste facto também terá contribuído para o seu propagar?

O merchandising, o comércio, o marketing, associados a todas as ações campesinas, mas transpostas para um modelo urbano, também o incentivou e simultaneamente é um seu reflexo?

 

Todas estas situações poderão ter ajudado ao crescer deste interesse pelas atividades agro-urbanas. Que, pelos vistos, vieram para ficar!

E que, para além de terem alargado o seu espaço geográfico, também alastraram a diversos estratos populacionais, mesmo àqueles à partida desligados ou desenraizados dessa ancestralidade cultural, por já serem nativos do espaço urbano há várias gerações.

E que, sendo citadinos e urbanos, usam o próprio espaço dos prédios, como varandas, marquises, terraços… E lá cultivam as suas alfaces, os pepinos e tomates, ervas de cheiros e malaguetas…

 

Quem imagino estará satisfeito com este pulsar de vida agrícola dentro da Cidade será o arquiteto Ribeiro Telles, há muito defensor desta prática.

 

Foto original de D.A.P.L. Junho 2015.jpg

 

Bem, a “postagem” de hoje é precisamente sobre esta temática e é documentada com fotos gerais e específicas de algumas Hortas Urbanas da Margem Sul, localizadas num vale de uma freguesia do concelho de Almada.

Demos uma vista geral ao espaço global, por onde se distribuem as Hortas e visitámos, com bastante atenção, uma delas, que é um verdadeiro Jardim!

O seu “proprietário”, na casa dos setenta, algarvio, mas tendo trabalhado em Lisboa, pessoa simpatiquíssima, fez questão de nos mostrar o resultado do seu labor diário, num espaço de poucos metros quadrados, mas onde tem os mais diversos produtos hortícolas e insistiu para que voltássemos, para levarmos umas alfaces…

 

Foto original de D.A.P.L. Junho 2015.jpg

 

Bem e, por hoje, e sobre Hortas Urbanas não vou escrever mais.

 

Ainda ficam mais alguns aspetos que aprofundarei noutro(s) post(s).

 

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