Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Intitularam este episódio de “Coup de Froid”. Que significa? Rajada de frio? Hipotermia? Gripe? ‘Gripalhada’?
Eu designá-lo-ia antes como “Coup de Foudre – Paixão Súbita”. Que a paixão anda no ar. Apesar de ser Novembro, tempo propício às frialdades e ‘gripalhadas’, mas o Amor circula assolapado, apesar da ocupação alemã. Que o Amor não conhece diferenças de classe, nem posicionamentos estratégicos, nem linhas de demarcação ou de fronteiras e nacionalidades.
“O nosso Gillou” / Raymond Schwartz, patrão da serração, com a sua Marie Germain, empregada na fábrica; a “nossa Joséphine” / Hortense Larcher, mulher do presidente da Câmara, Daniel Larcher, mas cujos olhares trocados com Jean Marchetti, não enganam ninguém, sendo ele o policial do governo colaboracionista e fascista do Marechal Pétain.
E como “Joséphine” consegue ser sedutora, com aquele olhar de soslaio, na cara sardenta de mulher miúda. (E, já se sabe que, por Joséphine, até Napoleão se perdeu!)
E até Lucienne Borderie, a jovem professora e igualmente sedutora, já se perde de amores por um soldado alemão e ele por ela.
Decorre a ocupação alemã de França.
Comemora-se o “Dia 11 de Novembro”, feriado nacional em França, “Dia do Armistício” de 1918, que pôs fim às hostilidades na frente ocidental da I Grande Guerra.
Em 1940, sob ocupação alemã, apesar das evocações realizadas, as forças ocupantes pretendiam que fosse o menos entusiasticamente comemorado.
Nessa precaução, os representantes do Governo de Vichy, foram muito mais zelosos que os próprios alemães.
Aliás, neste episódio, (e desculpem-me os erros de perceção, que anteriormente só vi o 1º episódio) a presença opressiva nota-se mais nos policiais representantes do governo francês, fascista e colaboracionista, que propriamente nos ocupantes.
Que, paradoxalmente, até falam francês! (?!) (Só faltará o piano...)
Jean Marchetti, em “coup de foudre”, vulgo, “paixão assolapada” com Hortense, ainda que não assumida por nenhum deles; agente da Polícia Política, é o mais acirrado nas buscas de eventuais detratores da segurança do Estado.
E outro subtítulo para o episódio, poderia ser: “Boches, au-dehors de France!” – “Boches fora de França!”, que eram as palavras de ordem de panfletos postos a circular em Villeneuve, através da distribuição do correio, metidos dentro dos jornais, atados com fio barbante, da fábrica de Raymond Schwartz.
E a descoberta da autoria destes panfletos foi a base da investigação realizada por Marchetti.
E com pesquisas aqui e acolá, prisão e interrogatórios de diferentes e hipotéticos envolvidos, concluíram que o autor fora Marcel Larcher, empregado na serração, irmão do presidente da câmara, Daniel, e pai de Gustave, a criança que se perdera logo no 1º episódio, na sequência do pique-nique, em que o grupo de alunos e professores foram alvejados por um caça alemão. Que, pelos vistos, terá encontrado o caminho de casa, não sei eu como, que nunca mais vi nenhum episódio.
Marcel, consciente que iria ser descoberto, resolveu fugir. Foi à Escola, irrompeu pela sala de aula, levou o filho, apesar dos protestos da Professora Lucienne. Explicou muito bem ao menino o que pretendia, que a criança até já está bastante consciente das realidades, veja-se a respetiva redação dirigida ao Marechal Pétain. E levou-o para casa do irmão Daniel, presidente da câmara e médico.
E preparou-se para fugir, voltando à sua casa, a recolher os pertences e o resto dos panfletos. Vendo sinais de polícia no lado principal da frontaria, encaminhou-se para as traseiras, onde, ao abrir a porta, já tinha uma arma apontada por outro policial.
Não teve outro remédio senão aceitar a sua prisão. O que ocorreria após interrogatórios, na presença da empregada dos Correios, Suzanne Richard, assumindo ele a total responsabilidade e ilibando-a a ela, frisando que os respetivos encontros mútuos, eram também encontros de Amor. Até no cemitério!
E assim termina e terminamos também nós, que no “Campo Santo” todos terminamos.
Mas, por enquanto, Marcel Larcher foi apenas para a prisão.
Mas, ainda me cumpre fazer um comentário final, reforçando o facto de poder estar sendo muito incorreto, por ter visto poucos episódios, mas acho que esta “ocupação”, estes “interrogatórios” em contexto de guerra, aparentam ser muito “suaves”.
E, não posso esquecer, que os ocupantes falam francês!
Mas, sempre que puder, vou continuar a visualizar a Série!
E, claro, reportar as minhas notas transversais...
Au revoir!
E, já depois das despedidas, ainda me lembrei de um pormenor, que não é de somenos importância. É até muito relevante no contexto da época.
Repararam qual é o principal e único prato, comido com toda a cerimónia e desvelo, mesmo na casa do Senhor Presidente da Câmara?!
Pois: sopa.
Em tempo de guerra, e nos anos quarenta, e nos trinta, e vinte, e cinquenta, muita fome se passava por essa Europa.
Estupidez humana que encaminha os recursos para guerras destrutivas de bens e recursos, serviços e vidas, ficando toda a gente a passar fome, a troco de e para Nada.
Esta tem sido uma informação recentemente veiculada pela Comunicação Social, referindo nomeadamente que esta situação será colocada como referendo ao povo britânico, a 23 de Junho, deste ano de 2016.
Referem também que o 1º Ministro britânico, David Cameron, conseguiu um “acordo com os 27 parceiros europeus que garante ao país um estatuto especial dentro da União” no sentido de reforçar essa permanência. Também têm sido mencionados alguns dos “notáveis” britânicos que defendem essa saída, nomeadamente membros do governo atual, contrariamente à posição do 1º Ministro britânico, que defende a permanência na União.
Esta situação suscita muitas questões, algumas colocadas nos media.
Sobre o Acordo...
Este refere-se fundamentalmente a questões de funcionamento interno no Reino Unido ou também na forma como esse Estado se relaciona com os outros Estados, no contexto da União?
E favorece esse Estado e desfavorece os outros? Ou mantem-nos todos em pé de igualdade?
E foi “negociado” com todos os outros 27 Estados membros ou preferencialmente apenas com os “principais”?
Sobre o Reino Unido:
Será que o Reino Unido alguma vez esteve de “alma e coração” na União Europeia?!
Note-se que este Estado/País não aderiu nem à Zona Euro, a moeda continua sendo a libra esterlina, nem integra o Espaço Schengen.
Aliás, o Reino Unido, globalmente sempre se terá considerado um pouco além da Europa, diga-se do Continente, já que sempre se consideraram como as “Ilhas”.
Quando se fala deReino Unido temos que esclarecer que este é o termo para designar o Estado constituído pela Inglaterra, Escócia, País de Gales, Irlanda do Norte e mais umas quantas Ilhas no Mar do Norte e no Canal da Mancha, com estatuto especial.
Que no que respeita a este Estado há sempre muitas particularidades, nomeadamente o facto de ser uma monarquia, o que desde logo determina haver questões do Estado e questões da Coroa. Mesmo territorialmente!
E ainda vários territórios ultramarinos, espalhados pelo Mundo, resquícios do famoso Império Britânico, British Empire, como sejam as Ilhas Malvinas / Falkland Islands, Gibraltar, etc, etc, são mais de uma dezena, que esse Império se espalhava por todos os Continentes e Oceanos.
E este é um dos aspetos que sempre ressalta, quando se fala deste Estado/Reino.
Senhor de um Império assente no domínio dos mares e com territórios nos cinco continentes, que foi iniciado com Isabel I, na segunda metade do século XVI, se estruturou no século XVII e consolidou no século XVIII, tornando-se hegemónico no século XIX, ainda preponderante na primeira metade do século XX, mas que se extinguiu após a II Grande Guerra, com a independência das várias colónias na Ásia e na África.
Ficaram contudo múltiplos territórios espalhados pelos cinco continentes, como “remanescentes” desse Império, e que fazem parte desse Reino Unido.
Ficou também a organização intergovernamental designada “Commonwealth” que engloba 53 estados independentes como países membros, na quase totalidade pertencentes ao antigo Império.
E essa matriz identitária de detentores e integrantes de um Império tem condicionado a visão britânica do Mundo, no contexto da sua relação com outros Estados e Povos.
Estado possuidor de um grande poderio económico e financeiro, ainda atualmente. A “City” é o maior centro financeiro da Europa.
O Reino Unido sempre sentiu que contribuiria talvez demais para a Comunidade e pouco ganharia em troca.
Contudo gostaria de realçar um facto, que li há alguns anos, sobre a questão das verbas obtidas pelos agricultores europeus, na sequência das medidas de financiamento à agricultura, atribuídas à data em função das áreas dos terrenos.
Pois sabem quem era a Personalidade na Europa que mais recebia segundo esse critério?!
Pois, precisamente, a Rainha de Inglaterra!
E penso que estes têm sido alguns dos aspetos que, à partida, e de algum modo funcionando como marcos e preconceitos identitários, têm definido a adesão do Reino Unido, primeiro à Comunidade Europeia, 1973, e, posteriormente, à integração, sempre limitada e condicionada, na União.
Para além destes aspetos, ressalto também as idiossincrasias próprias dos britânicos. Circulação rodoviária pela esquerda, adesão tardia ao sistema decimal, tanto no dinheiro, como nas medidas e pesos, sistema métrico. Penso que a aceitação do sistema decimal terá sido na sequência da adesão à CEE, já na década de setenta do século XX.
Muitos destes aspetos são de natureza essencialmente cultural, mas condicionantes do relacionamento britânico com os europeus do Continente.
Como se diz em linguagem corrente, “sempre com um pé dentro e outro fora”.
(Que existem outros contextos em que os britânicos gostam de usufruir de estatutos especiais. Veja-se no futebol, não sei se em todos os desportos. Os britânicos têm representações da Inglaterra, da Escócia, do País de Gales, da Irlanda do Norte. Não sei se também das Ilhas de Jersey e de Guernsey!
Imaginam a Espanha a ter representações da Catalunha, do País Basco? ... Das Ilhas Baleares... Era um bailado flamenco!)
Atualmente com as “Crises” instaladas, o melhor será abandonar o barco?! ...
(Reporto-me especificamente à “Crise financeira e económica” e nomeadamente à “Crise dos Refugiados”.)
Mas gostaria de questionar:
Qual o papel que o Reino Unido terá tido no despoletar dessas mesmas Crises?
No respeitante à “Crise Financeira”, qual o desempenho que terão tido os decisores e “manipuladores de decisões”, sejam eles Bancos ou “Agências do que quer que seja”, instalados na sua “City”?!
No referente aos milhares e milhares de Refugiados, fugindo às Guerras do Médio Oriente.
Que papel terá tido o Reino Unido, primeiro, enquanto potência imperial, na sequência da I Grande Guerra (1914 – 18), na forma como, juntamente com a França, potências vencedoras, “dividiram” entre si o Médio Oriente em zonas de influência, criando Estados desconectados da realidade cultural da região, sem respeitarem o anseio de povos e nações culturalmente autónomas?
Basta atentar-se nas fronteiras desses Estados e reparar como foram traçadas “a régua e esquadro”. (Aliás, o mesmo se verifica em África, frise-se.)
Em segundo lugar, e após o finalizar da II Grande Guerra (1939 – 1945), o modo como essa região continuou a ser determinada e estruturada territorialmente pelas potências vencedoras, neste caso já não apenas as mencionadas, mas igualmente os E.U.A. e a U.R.S.S.?
E qual o papel das empresas petrolíferas e financeiras, a elas interligadas, em todas as contínuas Guerras travadas na região, desde então?
E qual o papel do Reino Unido na invasão do Iraque, em 2003, na busca das célebres armas químicas, ao tempo de Tony Blair?
Todas estas situações e decisões e mais as que desconheço e/ou não refiro e omito, estão na base da constante e contínua instabilidade do Médio Oriente. Agravadas nestes últimos anos pela Guerra na Síria, que é paradigmática sob todos estes aspetos.
E que papel do Reino Unido em todas estas situações? Repito!
Tantas perguntas... Tantas questões... Tantas dúvidas... E tão incompleta esta análise...
(Dir-se-á que nesta minha limitada análise também perpassam alguns preconceitos sobre os “britânicos/ingleses”. Talvez... Talvez um dia escreva sobre isso...)
E ainda...
E, se o Reino Unido decidir democraticamente, através da auscultação dos seus “súbditos”, deixar de pertencer à União Europeia, que consequências daí advirão? Nomeada e especialmente para a União Europeia.
E ainda outra questão.
E independentemente dessa saída ou qualquer outra entrada, a União Europeia, a Europa Unida, sob este modelo vigente ou outro, é uma realidade com prazo de validade? Mais ou menos curto?!
É uma estrutura organizativa que, mais tarde ou mais cedo, se “desmoronará”?
Ou, apesar de todas as contrariedades, este modelo de organização e estruturação da EUROPA continuará vigente ainda por várias gerações?
Penso que, infelizmente, a situação de “desmoronamento” será a que ocorrerá, mais tarde ou mais cedo. Embora não seja esta a situação que eu desejaria que acontecesse. No Mundo existem espaços territoriais tão ou mais vastos que a Europa que constituem Estados únicos, caso precisamente dos Estados Unidos (E.U.A./U.S.A.) e, ainda mais paradigmático, a China, em que para além da extensão territorial tem uma enorme diversidade cultural (racial, étnica, religiosa, linguística,...). Mas forma uma unidade de Estado, há séculos! A Índia também.
E termino, por hoje, estas minhas reflexões, “extraordinárias”, neste dia também extraordinário: 29 de Fevereiro, de 2016. Ano bissexto. Ano de Jogos Olímpicos!
No Rio de Janeiro, Brasil, também um Estado Federal, de grande extensão territorial e grande diversidade cultural, embora com uma matriz quase única na Língua, aliás como os E. U. A. / U.S.A.
É claro que tenho plena consciência que, na Europa há muitas, muitas outras questões que nos separam.
Lembremos que os Povos Europeus têm passado os últimos dois mil anos em constantes e permanentes guerras entre si!
E Visionários e Idealistas como os Políticos Sábios que delinearam e iniciaram a “Construção Europeia” já não existem.
Atualmente apenas conta o Deve e o Haver!
E, nestas coisas de dinheiro, mesmo os irmãos mais irmãos...