Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Para toda a Comunidade SAPO e muito especialmente para Si, Caro/a Leitor/a, que nos acompanha nestes postais, formulo Votos de um Santo e Feliz Natal!
*******
(Imagens sugestivas associadas à iconografia natalícia: ovelhas, faltam os pastores(!), mascimento, desvelos maternais... Faltam também os reis magos...)
Início: Mosteiro de Flor da Rosa – Término: Anta do Tapadão
No dia dezoito de Maio, na caminhada até à Horta do Carrasqueiro, utilizámos parte do mencionado Percurso Pedestre Histórico. Concretamente, a parte final, desde a Fonte da Bica até às Alminhas, temas que já abordámos nos blogues.
Neste excerto do percurso há uma verdadeira imersão com o espaço natural. A Natureza no seu esplendor! As hortas, espelho do trabalho humano. A Fonte, as respetivas funcionalidades e apetrechos de abastecimento. A vegetação autóctone, a passarada em permanente chilreio, os gados. Elementos arquitetónicos remanescentes de antigos processos agrícolas: uma eira, um redondel. As vistas da Aldeia, lado Leste, sempre com os dois itens iconográficos: a torre sineira da Igreja Matriz e a araucária. Trabalhos nos lajedos de pedra granítica, para facilitar a caminhada, de quando este percurso seria uma das entradas na Aldeia, há séculos.
Mas voltando aos tempos presentes e sendo este trajeto parte de um “Percurso Pedestre” homologado oficialmente, ele necessita de ser mais bem tratado, preservado, conservado.
Isto é, precisa de ser limpo. E, à data, não estava.
Bem sei que quase ninguém liga a estas coisas. De caminhar, de andar a pé, de fazer percursos ancestrais, ademais fora dos circuitos da moda.
O pessoal gosta é de andar nas estradas, mesmo sem passeios, arriscando a própria vida, em vez de passear, caminhar por trilhos percorridos pelos nossos ascendentes, há séculos, há milénios. Carregados de História e de histórias. Que eles os calcorrearam a trabalhar!
(Que muito boa e santa gente nem isso faz. As passeatas são apenas nas esplanadas!)
Mas… se os caminhos estiverem, pelo menos devidamente limpos e minimamente transitáveis, tornam-se mais apetecíveis.
E é imprescindível que as entidades competentes os promovam e divulguem!
A foto, titulando o postal, ilustra parte do Percurso não devidamente arranjado, mas mesmo assim apelativo, formando um túnel arbóreo, de plantas autóctones.
E porque temos estado a “postar” sobre atividades campestres, ainda que em meio urbano, vamos apresentar alguns aspetos peculiares e extremamente interessantes sobre algumas paisagens rurais de Aldeia da Mata.
Esta localidade do Norte Alentejano tem alguns monumentos e paisagens que merecem ser devidamente valorizados. As pessoas conhecedoras atribuir-lhes-ão o devido valor, mas muita gente não conhecerá…
Alguns monumentos serão mais destacáveis, nomeadamente dado o seu simbolismo e antiguidade, outros mais singelos e modestos, sem deixarem de ser interessantes. Uns serão mais significativos, no contexto atual, outros tê-lo-ão sido em tempos imemoriais.
De todos, num enquadramento cultural mais vasto, espacial e temporalmente, o mais significativo, também porque de maior antiguidade, será talvez a Anta do Tapadão.
A Igreja Matriz, num enquadramento cultural diverso e mais recente e, de entre os monumentos ainda em funcionamento, face aos objetivos para que foi fundada, também se destaca.
Todos estes aspetos se relativizam face ao contexto em que se inserem, no espaço e tempo próprios. Não se pretendem comparações com outros objetos de análise, de outras aldeias, vilas ou cidades. Falamos do que temos e como temos, tão somente!
De entre os monumentos que temos e também dos lugares e paisagens em que nos enquadramos, alguns são deveras interessantes.
Mais ou menos modestas, sem deixarem de ter interesse e valor, destacaria, por ex., o conjunto de fontes, de que algumas cumprem cabalmente a sua função debitando água agradável e fresca, todo o ano. Mesmo nos verões mais quentes e secos. Este ano não sei… Choveu quase nada!
Destas fontes uma se destaca entre todas. Primeiramente pela sua função primordial: a água. Será, indubitavelmente, a melhor água de entre a das diversas fontes.
Também é dotada de alguma relativa monumentalidade, na sua singeleza, de obra popular. Possui um evidente enquadramento paisagístico que a valoriza, de fráguas alcantiladas, de uma ribeira que a isola da povoação, mas a que uma ponte certamente centenária lhe permite aceder. Os penhascos, a vegetação autóctone, apesar da acácia australiana que teima em persistir e a ponte, talvez romana (?), talvez, tornam-na num passeio apetecível, apesar de atualmente pouco procurada.
Pois falo precisamente da Fonte do Salto e da Ponte do Salto.
Acede-se a ela por um caminho que durante séculos terá sido via de transporte importante para pessoas, mercadorias e animais. Atualmente até de carro.
Recentemente, por incumbência da Junta de Freguesia, foi valorizada pela limpeza da arca da água que tem na parte superior e embelezada, qual noiva, pela pintura a branco e amarelo oca, cores tão características e tradicionais na região.
Merece uma visita!
Um garrafão ou garrafa para trazer e beber água fresquinha e a caminho.
Arriba! Que se faz tarde!
E, a propósito de caminhar…
A organização de uma caminhada em que se proporcionasse a conterrâneos e forasteiros um passeio pelas fontes da Aldeia seria uma boa sugestão. Não propriamente no Verão, que está muito calor e tudo muito seco, mas na Primavera em que o enquadramento paisagístico é exemplar.
Quem fala em fontes, poderá sugestionar: “Por pontes, passadeiras e fontes…”
Bem perto da Ribeira do Salto, outro excerto da Ribeira, também agradável, é a Ribeira da Lavandeira, onde existem umas artísticas passadeiras e a que se acede por uma calçada.