Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
“Jean Marchetti esconde-se em casa de Rita. Os problemas do quotidiano agravam-se: abastecimento, saúde, alojamento… É a penúria.” (…)
Os aliados de ontem tornam-se, hoje, adversários, melhor, inimigos, dados os métodos que utilizam para conquistar o poder!
Faltam bens essenciais, falta de tudo, em Villeneuve. A população revolta-se, que onde há fome... fazem-se pilhagens. Reina a desordem. As esperanças associadas à Libertação esvaem-se, por entre a incapacidade de a República dar de comer a quem tem fome. Há quem tenha saudades de Vichy!
As autoridades na pessoa do prefeito, Bériot; do chefe da polícia, Antoine; do presidente do CDL, Edmond, tentam dar resposta às múltiplas necessidades, mas onde não há pão, não há mantimentos para distribuir...
Também, entre eles, a baixa política insere-se ignominiosamente, insidiosa, da pior maneira.
As gentes envolvem-se à pancada por um pedaço de pão.
(E não posso deixar de reportar para o que se passa ainda e atualmente. E já que estamos em França, onde atualmente decorre o “Euro”, para aquela cena de ignomínia dos adeptos (?) ingleses a atirarem moedas a crianças pobres!!! E vão estes... que chamar-lhes (?), votar sobre a permanência ou saída do Reino Unido da União Europeia!!)
E à pancada andou Ezechiel Cohen, por causa do abastecimento e nada trouxe, além da cara esmurrada.
“Apertamos o cinto”, lhe disse Rita.
“Penso cada vez mais na Palestina” (E sobre este assunto também há tanto para inferir...)
E Ezechiel falou-lhe das vantagens de seguirem como família, apesar de Rita não ter papéis... Que em Lyon preparam idas para esse território.
E Rita chamou Jean: “Jean, vem, por favor!”
E apresentou-os. “Acho que já se conhecem”
Jean, vem do hebraico, de Yonah: “Deus tem piedade!” Comentou Ezechiel.
Terá?! Pergunto eu. Merece piedade?! Obterá o perdão?!
Suzanne, agora desamparada de amor, que “o gaullista” a deixou para outra da mesma geração, vagueia pela rua e dirige-se à sede do CDL, onde houvera uma invasão da turbamulta.
Edmond arrumava as mesas e cadeiras derrubadas...
Falaram da omissão da vida privada, no contexto do partido... (Onde e sobre quem tanto essa situação foi sonegada durante décadas, melhor, durante a vida inteira, de um certo e emblemático e carismático personagem da vida política portuguesa?)
Edmond morrera-lhe a mulher há dois meses, nada dissera. “Morreu por um ideal.”
“E tu, que queres? Lamentares-te ou bateres-te por ideais?” Edmond interpolou a militante Suzanne.
“O partido quer conquistar a câmara. Derrotar Bériot.”
E Edmond encomendou, a Suzanne, que soubesse se nos arquivos da esquadra haveria alguma coisa que tramasse Bériot e a mulher, que, em tempos, se falara de uma paixoneta desta por um boche. (Paixoneta!)
Suzanne tinha, na polícia, dois “conhecimentos” chave. O chefe, o “gaullista” Antoine e Loriot, (como classificá-lo?), novamente membro da esquadra. Ambos também suas paixões ou paixonetas.
E Suzanne, à partida, excluiu Antoine, não iria manipulá-lo e atacou Loriot, o “bigode mais jeitoso de Villeneuve”!
Inicialmente o polícia retraiu-se, não confiava totalmente nela.
Lembra-se, caro/a leitor/a, que foi devido a esse relacionamento que Suzanne foi considerada traidora, no contexto da célula do partido?
Onde isso já vai, me dirá.
Mas há lá homem que resista ao elogio do bigode, para mais provindo de uma cara bonita e charmosa?!
E Loriot comprometeu-se. “A troco de nada. Em nome dos velhos tempos.”
Em troco de nada, Loriot, que já anteriormente informara de que Antoine andava de amores com a irmã de Alban, eu pensei que ela já saberia... Loriot, repito, a troco de nada sempre trouxe alguma coisa.
Em primeiro lugar, que ele é um senhor galante, ofereceu-lhe um ramo de flores. Lembrando velhos tempos ou preparando os novos, que a rapariga anda desamparada.
E o pretendido. Nada sobre Bériot, vasculhados os arquivos de 41, mas algo sobre outra pessoa. Ainda melhor!
E Suzanne entregou o documento a Edmond, que sorriu, cinicamente, como é habitual no seu personagem.
Lembremos que este documento será, em princípio, para tramar Bériot.
Este, como também já referimos, convidara o médico, Daniel Larcher, para colaborar com ele na prefeitura, sob condições mutuamente estabelecidas.
Encarregara-o de inventariar situações de resolução de três problemáticas prementes na Cidade: Saúde, Alojamento, Alimentação.
(Lembram-se da canção “Liberdade” de Sérgio Godinho?! “Casa, Pão, ...”
E estas prioridades também foram algumas das emblemáticas após o 25 de Abril.)
Voltemos à realidade ficcional.
Larcher desempenhou as suas funções muitíssimo bem, apresentando as soluções encontradas, em reunião com o prefeito e o secretário, Hector.
Sobre a Saúde, com recurso às freiras do convento, que haviam concordado e disponibilizado os seus meios; sobre Habitação, também explicitou soluções concretas e sobre Alimentação, não trouxe ainda dados precisos, mas propôs reunir-se com Servier, que sabe, de certeza, onde buscar víveres.
Dito e feito, reunido com o dito cujo, este concordou em dizer-lhe onde achar alimentos, na condição de lhe trazerem um salvo-conduto para emigrar para a Suíça e um bom jantar para a mesa.
(É caso, para dizer: Que mamão! Que foi o que ele fez em toda a ocupação, mamar, lamber botas, servir e servir-se.)
E, em “reunião de prefeitura”, a que compareciam também membros do CDL, presidido por Edmond, que fora encarregado por Bériot de chefiar a questão do abastecimento da cidade, o prefeito contava apresentar Larcher, e as suas pesquisas, como um trunfo.
Enganou-se. Mas lá iremos.
Antes, julgo que em reunião anterior, em que estiveram ambos os chefes das fações, agora oposicionistas; Bériot, gaulista e Edmond, comunista, atiraram-se “mimos elogiosos” um ao outro, sob os auspícios de um retrato do General De Gaulle.
Edmond, “elogiando” Bériot, cuja polícia, chefiada por Antoine, libertava colaboracionistas, referia-se à chata da Jeannine; em vez de prendê-los, que o “carniceiro” Marchetti ainda andava a monte.
Bériot, por sua vez, mimoseava Edmond, cujo abastecimento, de que era o delegado, era uma desgraça.
Andavam numa inventariação fictícia das necessidades da população, quando não havia nada para distribuir, aproveitando para propor às pessoas a adesão a um determinado partido, cujo nome não disse.
Igualmente defendeu Loriot, pela sua competência; Edmond não o saberia ainda, Bériot provará, sem o saber, do veneno dessa mesma eficiência.
Também Daniel Larcher teve direito a ser defendido, e concordo inteiramente, pela sua “Generosidade e sentido de Humanidade”.
E, voltando à reunião de prefeitura em que Bériot apresentou Larcher como colaborador, elogiando a sua competência no encontrar de soluções, para três problemas prementes na Cidade: Abastecimento, Alojamento, Saúde.
Edmond, cínico, questionou-o:
- “Confia nele?!”
E lançou a bomba.
“A partir de um documento que, por acaso, nos veio parar às mãos, sabemos que Daniel Larcher era, em 1943, informador da polícia alemã!”
E apresentou o documento assinado por Heinrich Muller.
Lembramo-nos perfeitamente dessa situação de quando o médico estava preso juntamente com o irmão, Marcel...
Que acha senhor/a leitor/a ?!
Neste caso, eu opino sem quaisquer dúvidas ou hesitações.
Foi uma verdadeira “sacanagem”!
E foi um lavar de roupa suja e atirar de lama... sobre um ser humano intrinsecamente bom, apesar das contradições inerentes ao comportamento de qualquer homem ou mulher, para mais em tempos tão complicados.
Ma é assim a política, para mais a baixa política!
E o médico foi logo ali despedido, que Bériot pode, quer e manda, e enviado para prisão domiciliária, a juntar-se à mulher Hortense, que foi a alma dos seus pecados. Mas também a razão de estar vivo.
Que as vivências, os comportamentos, as atitudes dos diversos personagens são multifacetadas.
Como, aliás, de todo e qualquer Ser Humano.
Nem sempre preto é preto, nem branco é branco!
Veja-se que Daniel, apesar de o considerarmos um homem bom, ainda rematou:
“Vou contar quem é o seu hóspede.
O hóspede já se foi.” Retorquiu o prefeito.
(Afinal não terá sido este médico que passou a certidão de óbito, como eu julgara.)
E ainda há mais para contar?
Já referi que Jeannine fora presa pela “purga”, chefiada por Anselme, que queria saber do dinheiro que ela ganhara a reparar tanques dos boches e para o ir buscar, para poderem comprar alimentos para os necessitados.
E que a queriam julgar e mais tornas e deixas nestes casos.
Mas havia ordens superiores de Bériot, sempre ele, de que ela fosse recuperada e dessa ordem e execução se encarregaram Antoine e Loriot.
(E foi uma verdadeira cena de duelo, de filme de “cow-boys”, a que só faltou o herói, Antoine, ir montado no seu corcel branco.
Esclareça-se, que, à data, este género de filmes ainda não dominava o mercado, nem sei se já teria surgido, nem a filmografia americana ainda era dominante, nem sequer a indústria cinematográfica atingira a importância que viria a alcançar nas décadas seguintes, no pós-guerra.)
Certo é que Antoine libertou Jeannine!
E sobre outro verdadeiro colaboracionista e verdadeiro criminoso, per si, que a guerra não justificava as suas atitudes criminais, nem as ações que praticou, sobre o “carniceiro” quero ainda falar.
A cena final em que o “miúdo”, Antoine, que Loriot julgara enganar, voltou à casa onde o criminoso, Marchetti, se acoitava e os apanhou, a ambos, a conversar, paradoxalmente Jean com o filho David ao colo, foi uma cena antológica de filme de ação.
E aguardemos o próximo e último episódio desta sexta temporada, certamente o derradeiro da série, porque a sétima provavelmente nunca mais aparecerá, nem sei se já foi concluída a sua realização, nem se já passou em França.
E, ao que me parece, a RTP2 retorna a outra série já apresentada anteriormente.
5ª Temporada – 1943 - “Choisir la Résistence” – “Escolher a Resistência”
A ação decorreu em 1943, durante os meses de Setembro, Outubro e Novembro.
.Episódios:
Travail obligatoire - (23 septembre 1943) – “Trabalho Obrigatório”
Le jour des alliances - (24 septembre 1943) – “O tempo/ o momento das alianças”
Naissance d'un chef - (25 septembre 1943) – “Nascimento de um chefe”
La répétition - (25 octobre 1943) – “A repetição”
L'arrestation - (26 octobre 1943) – A captura / A detenção
Le déménagement - (27 octobre 1943) – O despejo / A mudança de casa (?)
La livraison - (8 novembre 1943) - A entrega /A entrega ao domicílio (?)
Les trois coups - (9 novembre 1943) – Os três golpes/pancadas/tiros (?)
Un acte de naissance - (10 novembre 1943) – “Uma Certidão de Nascimento”
L'Alsace et la Lorraine - (11 novembre 1943) – “A Alsácia e a Lorena”
Le jour d'après - (12 novembre 1943) – "O dia seguinte" (?)
Un sens au monde - (13 novembre 1943) - “Um sentido para o mundo”
Desenvolvimento:
Terminou a 5ª Temporada, cujo título era “Escolher a Resistência”. Porque essa foi a temática global do enredo: a escolha do caminho, da opção de resistência e luta face ao invasor alemão.
De uma forma mais ou menos organizada, maior ou menor empenhamento, foi essa a atitude de cada vez mais personagens, para além dos que se foram constituindo como resistentes, logo desde o início. Muitos ficaram pelo caminho, muitos sofreram torturas e opróbios. (...)
Outros, cada vez menos, permaneceram indefetíveis no apoio e colaboração com os ocupantes... e, supostamente, em obediência ao governo de Vichy.
Também com 12 episódios, desde a Libertação de Paris, ocorrida a 25 de Agosto de 1944, até à Libertação de Villeneuve, ocorrida em Setembro, também de 1944, mas sem um dia específico, pois, como sabemos, a cidade é fictícia, e por isso os guionistas não sabem uma data exata sobre a respetiva libertação. (!)
Apresento a listagem e títulos dos episódios, um brevíssimo resumo do conteúdo de cada um deles, “traduzido” por mim.
Espero que ajude para quem queira ficar com uma breve ideia sobre a temática de cada um deles.
Anexei também este link original, em francês, para quem se possa aventurar nesse campo melhor que eu.
EPISÓDIOS
Episódio 1 - "Paris libéré" – Paris Libertada
Episódio 2 - "Le pont" – A Ponte
Episódio 3 - "La corde" – A Corda
Episódio 4 - "Sur le quai" – No Cais / Na Gare
Episódio 5 - "L'homme sans nom" – O Homem sem Nome
Episódio 6 - "Le groupe" – O Grupo
Episódio 7 - "Une explosion" – A Explosão
Episódio 8 - "Le procès" – O Processo
Episódio 9 - "Le crépuscule avant la nuit" – O Crepúsculo antes da Noite
Episódio 10 - "La loi du désir" – A Lei do Desejo
Episódio 11- "Arrestations" – Detenções
Episódio 12 – "Libération" - Libertação
Episódio 1 – “Paris libéré” – Paris Libertada
25 de Agosto de 1944
O General De Gaulle anuncia, na rádio, a Libertação de Paris.
Villeneuve vive as suas últimas horas sob a “Ocupação”. (...)
Episódio 2 – “Le pont” – A Ponte
26 de Agosto de 1944
Hortense e Heinrich prosseguem o seu caminho em direção à Suíça, enquanto Suzanne e Antoine são ativamente procurados pelas autoridades. (…)
Episódio 3 – “La corde” – A Corda
27 de Agosto de 1944
Jean Marchetti e o sub-prefeito, Servier, contam aproveitar-se da prisão de Antoine e Suzanne, para negociarem, algumas garantias de proteção, com os Resistentes e o C.D.L. (…)
Episódio 4 - "Sur le quai" – No Cais / Na Gare
28 de Agosto de1944
Na estação de caminho de ferro, Jean Marchetti, os milicianos e as suas famílias, aguardam o comboio que os deverá levar para longe de Villeneuve. (…)
Episódio 5 – “L'homme sans nom” – O Homem sem Nome
28 de Agosto de 1944
Agora, nas mãos dos americanos, Heinrich e Hortense são separados. (…)
Episódio 6 – “Le groupe” – O Grupo
29 de Agosto 1944
Daniel, ajudado por Lucienne, cuida dos feridos da unidade alemã, refugiada na Escola, a fim de se salvar bem como Gustave. (…)
Episódio 7 – “Une explosion” – Uma Explosão
Setembro de 1944
Os alemães deixaram Villeneuve, mas um grupo de milicianos retem ainda reféns na Escola. (…)
Episódio 8 – " Le procès " – O Processo
Setembro de 1944
Após a rendição dos milicianos e perante a impossibilidade de os transportar para Besançon, para o respetivo julgamento, Bériot decide instalar um tribunal marcial na Escola de Villeneuve. (…)
Episódio 9 – “Le crépuscule avant la nuit” – O Crepúsculo antes da Noite
Setembro de 1944
No decurso do grande baile comemorativo da Libertação , Villeneuve canta, dança e liberta as suas pulsões. (…)
Episódio 10 – “La loi du désir” – A Lei do Desejo
Setembro de 1944
Dez milicianos são executados, no fim de um processo falseado. Bériot propõe a Antoine, que encetou uma relação com a irmã de um miliciano, de se tornar chefe da polícia. (…)
Episódio 11- “Arrestations” – Detenções
Setembro de 1944
Enquanto que Jean se esconde permanentemente em casa de Rita, os problemas do quotidiano se agravam : Abastecimento, saúde, alojamento… É a penúria. (…)
Episódio 12 – "Libération" – Libertação
Setembro de 1944
Daniel e Hortense, sós e vilipendiados pela multidão, (turbamulta), apressam-se a deixar a cidade.
Antoine prendeu Marchetti. Bériot pede-lhe para o transferir secretamente para Dijon, mas a notícia espalha-se como um rastilho de pólvora.
Em breve, Antoine, Suzanne, Marchetti, Daniel e Hortense vão enfrentar o seu Destino…
*******
Epílogo :
Este post estrutura, de forma muitíssimo sintética, alguns dos tópicos dos episódios futuros.
É um convite à visualização desta nova temporada, para conhecermos o desenrolar da vida em Villeneuve, após a Libertação.
E o evoluir dos Personagens nesse novo contexto.
Apetecia-me tecer já alguns comentários. Mas prefiro guardá-los para quando visualizar algum episódio...
Iniciou-se, na passada 3ª feira, 3 de Maio, a 4ª Temporada da Série “Un Village Français”. Também de 12 episódios, reportados igualmente a um dia específico de 1942, desde Julho a Novembro, conforme link da wikipedia, apresentado anteriormente.
Episódio 1 – “Le train” / “O comboio” – 20 de Julho de 1942.
Um comboio militar alemão aportou a VIlleneuve para deixar, temporariamente, cerca de uma centena de homens, mulheres e crianças, famílias completas, de judeus, em trânsito para um destino incerto, para os próprios, para os franceses residentes na cidade, para as próprias autoridades francesas colaboracionistas nessa ação. Para uns supostamente designados “campos de trabalho”!
No primeiro episódio, somos nós telespectadores, desde logo, também transportados para uma das situações mais trágicas, mais vis, mais absurdas, mais chocantes, mais humilhantes, mais degradantes, mais repugnantes, da 2ª grande guerra: a deportação de judeus, com todo o cortejo de horrores que lhe conhecemos. Sim. Que conhecemos e que, hoje, não podemos ignorar, ainda que passadas sete décadas.
Não é fácil abordar a temática desta temporada, como habitualmente tenho feito nas abordagens das outras séries, dado que os acontecimentos narrados têm uma base demasiado verdadeira e chocante, tanto mais porque, ao que observamos, passados setenta anos do final da guerra, a Humanidade não aprendeu, a respeitar-se. Nem a respeitar o Outro, enquanto Ser Humano!
Mais do que narrar sobre o enredo vou, antes, questionar:
- Como foi possível que tais acontecimentos tivessem ocorrido e durante tanto tempo, sob o olhar indiferente, complacente, colaborante, de tanta gente responsável?!
- Como foi possível que seres humanos tenham tratado outros seres humanos assim e daquele modo?!
- Mais... Como é possível, e agora no presente, que tais situações, ou semelhantes, ainda aconteçam e humanos continuem a cometer atrocidades iguais ou idênticas às perpetradas?!
- Que, ao longo destes setenta anos, a humanidade tenha continuado a exercitar todo um cortejo de horrores pelos mais diversos países, por esse mundo afora?
- E como é possível que os descendentes das vítimas, dos agredidos e sofredores nessa guerra atroz, sejam eles agora que agem como agressores, exercendo sevícias análogas às que sofreram os seus ascendentes?
- E como explicar que após setenta anos em que líderes tresloucados dirigiram os destinos de várias potências beligerantes nessa guerra, um deles, o detonador de todo aquele enredo catastrófico, eleito, ainda seja possível haver um candidato de igual cariz, a tentar ser eleito para a chefia do estado mais poderoso do planeta?
- Sim! Como é possível?!
Falta demasiado bom senso à Humanidade. Pelo menos a uma parte significativa dessa humanidade!
E fico-me por aqui, que o comboio chegou à cidade de Villeneuve, mas ainda não partiu.
Mas, e ainda sobre o enredo, não posso deixar de referir que assomam sinais de Esperança e Altruísmo nalgumas personagens, que, apesar de todas as atrocidades, nos fazem crer numa Redenção possível!
É de visualizar a Série e refletir sobre as ocorrências!
Episódio 6 – “La Java Bleue” – 25 de Outubro de 1941
(Episódio 18 – 21 de Abril de 2016)
Excerto do texto que escrevi no post anterior sobre este episódio específico:
“A rede da Resistência, encabeçada pelo Partido Comunista, continua os preparativos para um atentado contra um oficial alemão, planeando assassinar o comandante, quando ele visitar R. Schwartz.
Daniel tem conhecimento disso e tenta dissuadir o irmão, Marcel, de participar nessa ação.
Kurt é enviado para a frente russa, que estava no auge do ataque nazi, porque o seu relacionamento com Lucienne foi denunciado por uma carta anónima.
Hortense abandonou Daniel e vive no hotel.
O corpo de Caberni, que foi assassinado por Raymond Schwartz, é encontrado.”
*******
Na quinta-feira, dia vinte e um, tive oportunidade de ver um episódio completo.
É uma série que merece ser vista com atenção. Ao contar sobre ela não sei se conto pelo lado sério, que a temática assim o pede, se cedo à ironia, que também me apetece.
Interessante este episódio, pois não sabia o significado do título.
Tive oportunidade de saber.
“La Java Bleue” é o título de uma canção tradicional francesa, de 1939. Cantada por Madame Morhange, a antiga Diretora da Escola, que fora expulsa por ser judia, certamente no contexto da designada “arianização”.
Encantou na Festa das “Catherinettes”, raparigas de vinte e cinco anos, casadoiras e prontas a arranjar um marido, organizada na Escola Primária de Villeneuve. Com direito a discurso mais ou menos oficial, por Madame Schwartz, apologista dos ideais da “Nova França”, que é como quem diz do governo fascizante do Marechal (Pétain)!
E a canção estaria na moda, pois era recente e toda agente se pôs a dançar. A começar pelo Professor e Diretor da Escola, Jules Bériot, que depressa arranjou par entre as moças casadoiras. E quase todos lhe seguiram o exemplo, inclusive a Professora Lucienne com o seu amado alemão, Kurt, que viera de folga a visitá-la. (Que a guerra propriamente dita, em 1941, andava lá para a Frente Leste, para onde nenhum alemão queria ir.)
Assim também assumia publicamente o seu Amor, contra maus-olhados, olhadelas de soslaio, preconceitos e mexeriquices.
E muito haveria a contar sobre este episódio e a série.
Sobre o seriado, assinalo o título: “Uma Aldeia...”
Pelo movimento, pelos recursos de que dispõe, acho que "Villeneuve" é mais uma cidade. Uma cidadezinha de província, é certo, nada que se compare a Paris, mas “Uma Aldeia” designa mal a categoria da povoação.
O meu reparo está feito.
Neste episódio assinalo o preâmbulo: os guerrilheiros comunistas a prepararem-se para matarem o comandante alemão, mas, dir-me-ão, isso já foi referido no resumo do episódio, no início do post.
No decurso do episódio assistimos à perseguição movida a Marcel, que, apesar de tudo, conseguiu escapar de ser preso.
Destaco também o início do episódio propriamente dito.
Hortense, teve honras, (ou desonras?) de abertura. Esparramada com Heinrich, na cama do hotel, numa cena ousada (?) de sexo. Cada um faz a guerra à sua maneira e Hortense faz guerra de alcova.
E, neste enredo, os personagens uns são mais idealistas, uns mais corajosos que outros. Uns mais heróis, outros situacionistas ou mesmo cobardes. Cada um toma as posições que entende e não há ali personagens neutras, pelo menos é o que me parece.
O marido de Hortense, Daniel, Médico e Presidente da Câmara, pela sua profissão, pelo cargo que ocupa, desempenha papel crucial em toda a cidade. Dedica-se totalmente à causa dos seus concidadãos, ao ponto de se ir apresentar no comando do exército alemão, para ficar como refém, em substituição de todos os habitantes da sua cidade, que estão presos nessa situação, ameaçados de fuzilamento, caso o “ladrão da pistola” não se denuncie!
Herói, à moda antiga!
Concomitantemente, com a mulher, Hortense, que anda de alcova para alcova e ainda tem o desplante de voltar a casa, como se tivesse ido às compras, ao outro lado da linha de demarcação, (talvez a Badajoz comprar caramelos!), Daniel, porta-se, deixem-me que vos diga, como “um verdadeiro banana”! (Por enquanto.)
E, nesta descrição, lá estou eu a levar a narração por desvios ínvios. Hesitante em contar com a idoneidade que o tema merece, dado o contexto de guerra atroz, que foi a segunda grande guerra; ou se haverei de desenvolver a estória pelo lado mais mordaz, como, por vezes, a "pena" me pede.
Mas se sou tentado para uma abordagem mais ligeira é porque a forma como a narrativa se desenrola me pode levar por esse caminho.
Vejamos:
Decorre uma Guerra, com as atrocidades que lhe são inerentes, mas na série tudo ocorre distante. Em França, pelo menos até ao momento, houve apenas uma “ocupação”, uma invasão, aparentemente, ainda pouco destrutiva! Os efeitos devastadores da guerra ainda não se fizeram sentir. Com o avançar da narrativa esses momentos chegarão... Certamente!
Também se fala em fuzilamentos, mas foram noutras cidades. Mas essa ameaça também paira sobre cidadãos de Villeneuve!
Há tortura. Mas a forma com ela é apresentada parece que é apanágio apenas de um alemão psicopata; de profissão, polícia da Gestapo; que a executa como parte do “seu trabalho”, ansioso para voltar aos abraços fatais da mulher do “maîre”.
Não! A prática da tortura não era apenas uma idiossincrasia de um homem perturbado e viciado no ópio.
A tortura era o modo generalizado de atuação não só da polícia, mas de todo o sistema fascista que governava a França, sob as ordens e com o beneplácito dos ocupantes nazis. Estes, por sua vez, utilizavam-na sistemática e continuamente, sobre todos os que eles consideravam seres inferiores, com destaque especial para judeus, ou oponentes, caso dos comunistas.
Dir-me-ão. Na série e no contexto dos personagens, o indivíduo que personifica a Gestapo, traduz, na sua representação, essa atuação e, desse modo, significando o todo institucional.
Aceito!
Mas é sempre imprescindível lembrar que a tortura é um modo de operar de toda e qualquer ditadura, de qualquer cor! (Recado especial para o nosso “País Irmão”. Grave, muito grave, gravíssimo! Ao nível a que chegou a situação.)
E há ainda a tortura psicológica, moral, social, resultante do opróbrio e humilhação de um País ocupado por tropas estrangeiras; de Cidadãos, orgulhosos e briosos da sua identidade de Nação Independente, a rebaixarem-se permanentemente, para poderem coexistir, com alguma Dignidade!
Por outro lado, no guião da Série, há uma relevância acentuada para o lado lúdico da vida. Que até a personagem da Madame Schwartz, delatora, colaboracionista, “pétainista”, fascistoide, defensora da ocupação; comentava para o seu correligionário, o subprefeito Sérvier, que os concidadãos se queixavam da ocupação, mas nunca houvera tantas festas como à data. Isto no decurso e a propósito da “Festa das Catherinettes”.
Mas, poderá ser dito: E que quer que as pessoas façam perante a incerteza, a angústia e o medo, naquele contexto espacial e temporal; a não ser divertirem-se, provando e usufruindo dos prazeres da vida, que a morte é certa e pode espreitar na esquina; ao alcance de um tiro de um soldado nazi, de um ataque de panzers alemães ou de um caça transviado, a fazer tiro ao alvo a crianças indefesas, numa merenda com os professores?!
E, na perspetiva da Série, que poderão os guionistas inventar para cativar audiências num seriado, a não ser apimentar o enredo com cenas de amor mais ou menos romântico ou paixões proibidas e exacerbadas pelo desvario do desejo?!
Mas os tempos que correm, aqui e agora, com tantos milhares de refugiados a fugirem de guerras dessas Áfricas e do Médio Oriente, lembram tanto e de maneira tão acutilante, os refugiados da 2ª grande guerra!!!
É por isso digo que o modo de narrar os episódios da guerra me parece muito suave. Diria “soft”! (Não me queria socorrer de uma palavra estrangeira, mas é a que me surge de momento!)
Mas dir-me-ão também. Não esqueça que a Série é de 2009, bem antes da situação que vivemos atualmente.
Mas, poderei contrapor: O conhecimento do que realmente foi a guerra é algo que não pode ser ignorado.
Dir-me-ão: A ação decorre em 1941 e, à época, a realidade do que de facto foi a guerra, com todo o seu cortejo de horrores, só seria conhecida mais tarde.
(...)
Estão desculpados os guionistas pelo lado “ameno” com que tratam o assunto.
A força do teclado, (já não se escreve com penas), levou-me por estes caminhos e sobre o episódio apenas relembro que o corpo de Caberni, que não sei quem seja, apareceu à tona de àgua, a jusante do rio que faz demarcação de território ocupado. Precisamente quando Raymond Schwartz, o suposto assassino, não me questionem como ou porquê, regressava das compras no outro lado, com a sua amada Marie!
Ele não fora simplesmente às compras, mas sim buscar uma encomenda para Crémieux, o judeu a quem adquirira a fábrica de betão e que era oposicionista à ocupação e ao regime de Vichy. Integrando-se num outro grupo de opositores, julgo que os “Gaulistas”. A cujo corpo acho que também pertencia o Professor Jules Bériot! (Questões a deslindar em futuros episódios.)
E, para isso, iremos continuar a visualizar a série, sempre que pudermos!
Nesta série, apesar de a considerar muito interessante, não tive oportunidade de visualizar a maioria dos episódios. Por isso, não comecei a escrever sobre ela, pois não tinha uma perceção adequada da mesma, nem sequer dos personagens. Fiz alguma pesquisa para ir percebendo melhor o enredo. Deixo um novo link, informativo das várias temporadas, para quem tiver oportunidade e curiosidade de aprofundar o respetivo conhecimento. No qual me baseei para redigir os excertos subsequentes.
No post atual irei deixar a estruturação das primeiras três temporadas e a designação dos vários episódios, traduzindo os títulos, desconhecendo se foi essa a tradução apresentada pela RTP2, nem garantindo que esteja sempre bem feita.
Na estruturação da narrativa, para além do jogo de personagens, centrado nos grupos sócio familiares que apresentei, cada temporada refere-se a um determinado tempo da ocupação alemã, a partir da data de chegada dos invasores, em 12 de Junho de 1940.
Cada episódio narra os acontecimentos reportados a um dia específico.
Alguns dias, para além do contexto resultante da situação de país invadido e ocupado, são também dias especiais para a França.
É o caso do dia 11 de Novembro, relatado no episódio 6, da 1ª temporada, que visualizei e sobre o qual escrevi.
Não sei se há mais, pois não conheço suficientemente a História de França.
Esta série será especialmente significativa para os franceses, principalmente para os mais velhos que terão vivido ou vivenciado aqueles tempos conturbados.
Que as gerações mais novas estarão longe dessas ocorrências, não só pela idade, mas também porque a população e a composição sócio cultural de França alterou-se imenso a partir da década de 60, do século XX, com a imigração maciça de outros povos, de diferentes países: europeus, africanos, do médio oriente...
Segue-se então a designação correspondente, de cada episódio das primeiras três temporadas, sendo que decorre atualmente a terceira. Ontem, 20 de Abril, ocorreu o quinto episódio: “A escolha das armas”.
1ª Temporada
1940: “Viver é escolher.”
Episódio 1 – O Desembarque – 12 de Junho de 1940
Episódio 2 – Caos – 24 de Junho de 1940
Episódio 3 – Atravessar a Linha - 30 de Setembro de 1940
Episódio 4 – Assim na Terra como no Céu – 15 de Outubro de 1940
Episódio 5 - Mercados Negros – 7 de Novembro de 1940
Episódio 6 – Rajada de Frio – 11 de Novembro de 1940.
Esta 3ª temporada retrata as ocorrências em Villeneuve durante o Outono de 1941.
O quotidiano dos habitantes degrada-se.
A ocupação e as consequências da guerra acentuam-se.
Os racionamentos, a penúria e falta de víveres essenciais, o mercado negro, as requisições forçadas, os toques a recolher e o recolher obrigatório, as arianizações, fazem sentir-se pesadamente nas populações.
Sofre-se no corpo, os espíritos exaltam-se, táticas delineam-se... estruturam-se estratégias.
Mas cada um vive as suas próprias escolhas, que nem sempre são tão fáceis quanto aparentam. São sempre condicionadas pelas circunstâncias, mesmo para os mais corajosos, como se viu no episódio cinco: “A escolha das armas”.
Há os que colaboram com os alemães, os que celebram o marechal (Pétain), mas também os que radicalizam a luta, arriscando as suas próprias vidas e a de familiares. Os comunistas agem e preparam ações contra os invasores, sendo por isso procurados, perseguidos, presos e torturados.
O Amor circula sempre no ar, ou não tivesse esta série também o seu lado romanesco bastante acentuado, para captar igualmente os espetadores. E que é das séries sem relações/ralações amorosas?!
Há quem se ligue de amores, mais ou menos idealistas, mais ou menos sinceros, mesmo com o inimigo.
As ligações entre os diversos personagens intensificam-se, tornam-se mais complexas e intrincadas.
1 - Le temps des secrets (28 Setembro 1941) / O tempo dos segredos
2 - Notre père (17 Outubro 1941) / O nosso Pai
3 - La planque (19 Outubro 1941) / O esconderijo
4 - Si j'étais libre (20 Outubro 1941) / Se eu fosse livre
5 - Le choix des armes (23 Outubro 1941) / A escolha das armas
– Daniel, enquanto presidente da Câmara, procurou saber, com a ajuda providencial de Sarah, a origem da falta de abastecimento de víveres essenciais a Villeneuve... Paralelamente, os laços amorosos de sua mulher, Hortense e da professora, Lucienne, com alemães, são do conhecimento público... Simultaneamente Marcel “invade” o bordel e tira a arma a um oficial alemão...
6 - La java bleue(25 Outubro 1941). / (A Java Azul) (É o nome de uma canção em voga.)
A rede da Resistência, encabeçada pelo Partido Comunista, continua os preparativos para um atentado contra um oficial alemão, planeando assassinar o comandante, quando ele visitar R. Schwartz.
Daniel tem conhecimento disso e tenta dissuadir o irmão, Marcel, de participar nessa ação.
Kurt é enviado para a frente russa, que estava no auge do ataque nazi, porque o seu relacionamento com Lucienne foi denunciado por uma carta anónima.
Hortense abandonou Daniel e vive no hotel.
O corpo de Caberni, que foi assassinado por Raymond Schwartz, é encontrado.
7 - Une chance sur deux (26 Outubro 1941) / Uma oportunidade para dois / Uma oportunidade em duas?
Agora, que Kurt foi enviado para a frente russa, Lucienne está só e grávida. Aceita casar-se com Jules Bériot, colega e diretor da Escola.
O Presidente da Câmara, Daniel Larcher, quer ficar de refém, em vez dos seus munícipes.
Yvon e Marcel encontram-se numa farmácia e atiram sobre dois oficiais alemães, antes de escaparem.
8 - Le choix (27 de Outubro de 1941) / A escolha
Um dos oficiais alemães foi morto em Villeneuve, certamente no atentado realizado por Marcel e Yvon.
Se os “terroristas”, era assim que os “Resistentes” eram considerados pelos alemães e governantes de Vichy, não se denunciassem, vinte reféns seriam fuzilados.
O sub-prefeito propõe estabelecer ele mesmo a lista, caso o comandante alemão consinta em diminui-la para dez nomes. (!!!!!)
Crémieux pede novamente a Marie e Raymond para trazerem uma encomenda do outro lado da linha de demarcação.
Jean Marchetti, recentemente promovido, volta a Villeneuve, encarregue de encontrar os autores do atentado.
9 - Quel est votre nom ? (28 Outubro 1941) / Como se chama? / Qual é o nome?
O farmacêutico identifica Yvon como a atirador do atentado.
Marchetti desejaria que ele os levasse a Marcel... Mas o sub-prefeito insiste para que ele seja preso...
Heinrich informa...
Yvon foi preso, mas morre antes de dizer o que quer que fosse, a não ser o seu nome.
Gustave está convencido que o seu pai está na Suíça e decide dirigir-se para lá, para o encontrar. Tira dinheiro ao tio Daniel e apanha o autocarro, acompanhado de Helena, a filha de Crémieux. Cai numa ribeira.
10 - Par amour (29 Outubro 1941) / Por amor.
Heinrich informa Hortense que ele será transferido para a frente russa, a partir do dia seguinte, se não encontrar Marcel.
Gustave apanhou uma pneumonia, na sequência da fuga e descansa na casa do tio Daniel, que cuida dele.
O seu pai, Marcel, prometeu passar para vê-lo e conta isso a Hortense, sua cunhada, que o denuncia a Heinrich, seu amante.
Enquanto Jules Bériot organiza a festa dos seus esponsais com Lucienne, Kurt volta a Villeneuve por escassas horas e considera desertar para se refugiar na Suíça com Lucienne e aí cuidarem do filho de ambos. Mas, após ter revisto Kurt, ela volta para festejar os seus desposórios com Jules Bériot.
Marcel escapa a Heinrich, que prende o seu irmão Daniel, após tê-lo espancado a pontapés, na barriga.
Hortense lamenta ter denunciado Marcel a Heinrich, ao ver que Daniel foi preso e está ferido. Vai pedir ajuda a Marchetti para o libertar. É torturada pelo seu amante para fazer falar o seu marido a respeito de Marcel.
Raymond oferece uma quinta a Marie e aos filhos, que deixam a casa de De Kervern e Judith.
Sarah é presa e enviada para um campo para judeus, em Pithiviers.
De Kervern aceita a proposta do sobrinho do sub-prefeito: dinheiro em troca do nome do assassino de Caberni.
O Partido Comunista procura o traidor que terá denunciado Yvon.
Heinrich é transferido para Minsk, na frente russa.
12 - Règlements de comptes (1er Novembro 1941) / Liquidação de contas / Ajuste de contas.
O Partido Comunista encarrega Marcel de eliminar Suzanne, que eles pensam ter sido a traidora que denunciou Yvon. Depois mandam-no esconder-se em Paris.
(Que acha?! Irá ele eliminar a sua amada ou recambiam-se os dois para Paris, a ver a Torre Eiffel?!)
Daniel tenta libertar Sarah.
Crémieux pede ajuda a Bériot para imprimir panfletos para a Resistência. Lucienne é contra, porque eles prestaram juramento ao Marechal. (Pétain, já se vê!)
(Seria caso para fazer algumas perguntas à menina, mas ficamos por aqui!)
Raymond considera deixar a mulher para se juntar com Marie.
De Kervern e Judith deixam Villeneuve, dirigindo-se para Paris, a fim de que ela seja operada.
Raymond informa a mulher que a deixa. É ferido com uma bala nas costas, pelo sobrinho do sub-prefeito.
Daniel pede, exige(?) à mulher, Hortense, para abandonar a casa de ambos. Ela faz uma tentativa de suicídio! (Sempre melodramática, "a nossa Joséphine”, nesta série, Hortense!)
Notas Finais:
- Estes textos, que são uma tentativa de tradução dos que pesquisei no link que explicitei, mereceriam muito mais comentários, como habitualmente faço. Mas falta-me tempo, a narração já vai longa e os assuntos são sérios, apesar de ser apenas um seriado. (Veja também, SFF)
- Nem sempre é possível ser isento perante as situações e os personagens.
- Também, sem ver os episódios, por vezes é difícil saber o significado exato das palavras francesas que podem ter cambiantes diferentes consoante o contexto. (Foi o caso do nome do resistente preso, torturado e morto, que só entendi mais tarde, já na 4ª temporada e entretanto emendei.)
- A tradução é a possível. Caso encontre mais algum erro flagrante, informe-me, se faz favor.
Intitularam este episódio de “Coup de Froid”. Que significa? Rajada de frio? Hipotermia? Gripe? ‘Gripalhada’?
Eu designá-lo-ia antes como “Coup de Foudre – Paixão Súbita”. Que a paixão anda no ar. Apesar de ser Novembro, tempo propício às frialdades e ‘gripalhadas’, mas o Amor circula assolapado, apesar da ocupação alemã. Que o Amor não conhece diferenças de classe, nem posicionamentos estratégicos, nem linhas de demarcação ou de fronteiras e nacionalidades.
“O nosso Gillou” / Raymond Schwartz, patrão da serração, com a sua Marie Germain, empregada na fábrica; a “nossa Joséphine” / Hortense Larcher, mulher do presidente da Câmara, Daniel Larcher, mas cujos olhares trocados com Jean Marchetti, não enganam ninguém, sendo ele o policial do governo colaboracionista e fascista do Marechal Pétain.
E como “Joséphine” consegue ser sedutora, com aquele olhar de soslaio, na cara sardenta de mulher miúda. (E, já se sabe que, por Joséphine, até Napoleão se perdeu!)
E até Lucienne Borderie, a jovem professora e igualmente sedutora, já se perde de amores por um soldado alemão e ele por ela.
Decorre a ocupação alemã de França.
Comemora-se o “Dia 11 de Novembro”, feriado nacional em França, “Dia do Armistício” de 1918, que pôs fim às hostilidades na frente ocidental da I Grande Guerra.
Em 1940, sob ocupação alemã, apesar das evocações realizadas, as forças ocupantes pretendiam que fosse o menos entusiasticamente comemorado.
Nessa precaução, os representantes do Governo de Vichy, foram muito mais zelosos que os próprios alemães.
Aliás, neste episódio, (e desculpem-me os erros de perceção, que anteriormente só vi o 1º episódio) a presença opressiva nota-se mais nos policiais representantes do governo francês, fascista e colaboracionista, que propriamente nos ocupantes.
Que, paradoxalmente, até falam francês! (?!) (Só faltará o piano...)
Jean Marchetti, em “coup de foudre”, vulgo, “paixão assolapada” com Hortense, ainda que não assumida por nenhum deles; agente da Polícia Política, é o mais acirrado nas buscas de eventuais detratores da segurança do Estado.
E outro subtítulo para o episódio, poderia ser: “Boches, au-dehors de France!” – “Boches fora de França!”, que eram as palavras de ordem de panfletos postos a circular em Villeneuve, através da distribuição do correio, metidos dentro dos jornais, atados com fio barbante, da fábrica de Raymond Schwartz.
E a descoberta da autoria destes panfletos foi a base da investigação realizada por Marchetti.
E com pesquisas aqui e acolá, prisão e interrogatórios de diferentes e hipotéticos envolvidos, concluíram que o autor fora Marcel Larcher, empregado na serração, irmão do presidente da câmara, Daniel, e pai de Gustave, a criança que se perdera logo no 1º episódio, na sequência do pique-nique, em que o grupo de alunos e professores foram alvejados por um caça alemão. Que, pelos vistos, terá encontrado o caminho de casa, não sei eu como, que nunca mais vi nenhum episódio.
Marcel, consciente que iria ser descoberto, resolveu fugir. Foi à Escola, irrompeu pela sala de aula, levou o filho, apesar dos protestos da Professora Lucienne. Explicou muito bem ao menino o que pretendia, que a criança até já está bastante consciente das realidades, veja-se a respetiva redação dirigida ao Marechal Pétain. E levou-o para casa do irmão Daniel, presidente da câmara e médico.
E preparou-se para fugir, voltando à sua casa, a recolher os pertences e o resto dos panfletos. Vendo sinais de polícia no lado principal da frontaria, encaminhou-se para as traseiras, onde, ao abrir a porta, já tinha uma arma apontada por outro policial.
Não teve outro remédio senão aceitar a sua prisão. O que ocorreria após interrogatórios, na presença da empregada dos Correios, Suzanne Richard, assumindo ele a total responsabilidade e ilibando-a a ela, frisando que os respetivos encontros mútuos, eram também encontros de Amor. Até no cemitério!
E assim termina e terminamos também nós, que no “Campo Santo” todos terminamos.
Mas, por enquanto, Marcel Larcher foi apenas para a prisão.
Mas, ainda me cumpre fazer um comentário final, reforçando o facto de poder estar sendo muito incorreto, por ter visto poucos episódios, mas acho que esta “ocupação”, estes “interrogatórios” em contexto de guerra, aparentam ser muito “suaves”.
E, não posso esquecer, que os ocupantes falam francês!
Mas, sempre que puder, vou continuar a visualizar a Série!
E, claro, reportar as minhas notas transversais...
Au revoir!
E, já depois das despedidas, ainda me lembrei de um pormenor, que não é de somenos importância. É até muito relevante no contexto da época.
Repararam qual é o principal e único prato, comido com toda a cerimónia e desvelo, mesmo na casa do Senhor Presidente da Câmara?!
Pois: sopa.
Em tempo de guerra, e nos anos quarenta, e nos trinta, e vinte, e cinquenta, muita fome se passava por essa Europa.
Estupidez humana que encaminha os recursos para guerras destrutivas de bens e recursos, serviços e vidas, ficando toda a gente a passar fome, a troco de e para Nada.
Um série francesa, de 2009, com seis temporadas, e sete anos de atraso, centrando-se nos anos de ocupação alemã da França, a partir de 1940.
Promete!
A ação decorre em Villeneuve, uma subprefeitura francesa, fictícia, do departamento do "Jura", no Franco Condado (La Franche Comté), perto de Besançon. Mui cerca da linha de demarcação imposta pelos invasores alemães, em 1940.
“Os alemães já chegaram!”
Isto assim dito até parece que os franceses esperavam com ansiedade gente amiga e da mesma Família, para alguma “party”!
Promete, esta série, que nos traz alguns atores já nossos conhecidos de outros seriados, nomeadamente de “Les Engrenages / Um Crime, Um Castigo”. A célebre advogada “Joséphine”, a atriz Audrey Fleurot e o “capitão mosqueteiro, Gilou”, o ator Thierry Godard. Para além de pelo menos outra atriz, Emmanuelle Bach, que desempenhava o papel de jornalista numa série sobre os bastidores do poder político, “Les Hommes de l’ombre”.
Inicia-se com bons augúrios, pois traz-nos o nascimento de um menino. Por momentos ainda pensei que fosse da “nossa querida capitã, Laure Berthaud”, que, como nos lembraremos, ficara grávida no final da última temporada. Não tendo continuado o seriado, pelo que, quando e se alguma vez houver continuação, já a criança terá nascido.
O menino que nasceu nesta nova série é filho de uma espanhola, fugida da Espanha franquista(?), que após dar à luz, lhe disse: “Te quiero, Te quiero...” O médico francês, que lhe perguntara que nome queria dar ao bebé, ao ouvir essas palavras, julgou ser o nome a atribuir-lhe e o menino chamar-se-á Tequiero!
Lembra-me um célebre texto de Marcel Pagnol, apresentado no livro de Francês do antigo 3º ano (anos sessenta), atual 7ºano de escolaridade, que tanto me intrigava na altura e só bem mais tarde compreendi. Quando, no primeiro dia de aulas, o Professor lhe perguntava o nome, ele respondia “Je suis Pagnol”. Esta frase escrita percebe-se, mas quando dita oralmente pelo próprio, à data e certamente para quem ouvia, soaria “Je sui’spanhol”. E o mestre perceberia que Pagnol se dizia espanhol! E tudo isto dava uma grande confusão no texto, que eu só mais tarde entenderia, pela diferença entre texto escrito e oralidade. Mas, naqueles primeiros anos de Língua Francesa era difícil entender esses cambiantes.
(Estou a lembrar-me de factos de há algumas dezenas de anos e também de cor. Quando tiver acesso ao livro tentarei transcrever esse excerto!)
Mas não é disso que trata a Série.
Mas já sabemos como eu trato estas narrativas sempre de forma muito enviesada...
Vamos a ver se tenho oportunidade de visualizar o seriado e escrever alguns textos!
Deixo um link com os elementos sobre a Série, a partir da wikipédia, para quem quiser ter uma ideia mais aprofundada do respetivo conteúdo.
Esta tem sido uma informação recentemente veiculada pela Comunicação Social, referindo nomeadamente que esta situação será colocada como referendo ao povo britânico, a 23 de Junho, deste ano de 2016.
Referem também que o 1º Ministro britânico, David Cameron, conseguiu um “acordo com os 27 parceiros europeus que garante ao país um estatuto especial dentro da União” no sentido de reforçar essa permanência. Também têm sido mencionados alguns dos “notáveis” britânicos que defendem essa saída, nomeadamente membros do governo atual, contrariamente à posição do 1º Ministro britânico, que defende a permanência na União.
Esta situação suscita muitas questões, algumas colocadas nos media.
Sobre o Acordo...
Este refere-se fundamentalmente a questões de funcionamento interno no Reino Unido ou também na forma como esse Estado se relaciona com os outros Estados, no contexto da União?
E favorece esse Estado e desfavorece os outros? Ou mantem-nos todos em pé de igualdade?
E foi “negociado” com todos os outros 27 Estados membros ou preferencialmente apenas com os “principais”?
Sobre o Reino Unido:
Será que o Reino Unido alguma vez esteve de “alma e coração” na União Europeia?!
Note-se que este Estado/País não aderiu nem à Zona Euro, a moeda continua sendo a libra esterlina, nem integra o Espaço Schengen.
Aliás, o Reino Unido, globalmente sempre se terá considerado um pouco além da Europa, diga-se do Continente, já que sempre se consideraram como as “Ilhas”.
Quando se fala deReino Unido temos que esclarecer que este é o termo para designar o Estado constituído pela Inglaterra, Escócia, País de Gales, Irlanda do Norte e mais umas quantas Ilhas no Mar do Norte e no Canal da Mancha, com estatuto especial.
Que no que respeita a este Estado há sempre muitas particularidades, nomeadamente o facto de ser uma monarquia, o que desde logo determina haver questões do Estado e questões da Coroa. Mesmo territorialmente!
E ainda vários territórios ultramarinos, espalhados pelo Mundo, resquícios do famoso Império Britânico, British Empire, como sejam as Ilhas Malvinas / Falkland Islands, Gibraltar, etc, etc, são mais de uma dezena, que esse Império se espalhava por todos os Continentes e Oceanos.
E este é um dos aspetos que sempre ressalta, quando se fala deste Estado/Reino.
Senhor de um Império assente no domínio dos mares e com territórios nos cinco continentes, que foi iniciado com Isabel I, na segunda metade do século XVI, se estruturou no século XVII e consolidou no século XVIII, tornando-se hegemónico no século XIX, ainda preponderante na primeira metade do século XX, mas que se extinguiu após a II Grande Guerra, com a independência das várias colónias na Ásia e na África.
Ficaram contudo múltiplos territórios espalhados pelos cinco continentes, como “remanescentes” desse Império, e que fazem parte desse Reino Unido.
Ficou também a organização intergovernamental designada “Commonwealth” que engloba 53 estados independentes como países membros, na quase totalidade pertencentes ao antigo Império.
E essa matriz identitária de detentores e integrantes de um Império tem condicionado a visão britânica do Mundo, no contexto da sua relação com outros Estados e Povos.
Estado possuidor de um grande poderio económico e financeiro, ainda atualmente. A “City” é o maior centro financeiro da Europa.
O Reino Unido sempre sentiu que contribuiria talvez demais para a Comunidade e pouco ganharia em troca.
Contudo gostaria de realçar um facto, que li há alguns anos, sobre a questão das verbas obtidas pelos agricultores europeus, na sequência das medidas de financiamento à agricultura, atribuídas à data em função das áreas dos terrenos.
Pois sabem quem era a Personalidade na Europa que mais recebia segundo esse critério?!
Pois, precisamente, a Rainha de Inglaterra!
E penso que estes têm sido alguns dos aspetos que, à partida, e de algum modo funcionando como marcos e preconceitos identitários, têm definido a adesão do Reino Unido, primeiro à Comunidade Europeia, 1973, e, posteriormente, à integração, sempre limitada e condicionada, na União.
Para além destes aspetos, ressalto também as idiossincrasias próprias dos britânicos. Circulação rodoviária pela esquerda, adesão tardia ao sistema decimal, tanto no dinheiro, como nas medidas e pesos, sistema métrico. Penso que a aceitação do sistema decimal terá sido na sequência da adesão à CEE, já na década de setenta do século XX.
Muitos destes aspetos são de natureza essencialmente cultural, mas condicionantes do relacionamento britânico com os europeus do Continente.
Como se diz em linguagem corrente, “sempre com um pé dentro e outro fora”.
(Que existem outros contextos em que os britânicos gostam de usufruir de estatutos especiais. Veja-se no futebol, não sei se em todos os desportos. Os britânicos têm representações da Inglaterra, da Escócia, do País de Gales, da Irlanda do Norte. Não sei se também das Ilhas de Jersey e de Guernsey!
Imaginam a Espanha a ter representações da Catalunha, do País Basco? ... Das Ilhas Baleares... Era um bailado flamenco!)
Atualmente com as “Crises” instaladas, o melhor será abandonar o barco?! ...
(Reporto-me especificamente à “Crise financeira e económica” e nomeadamente à “Crise dos Refugiados”.)
Mas gostaria de questionar:
Qual o papel que o Reino Unido terá tido no despoletar dessas mesmas Crises?
No respeitante à “Crise Financeira”, qual o desempenho que terão tido os decisores e “manipuladores de decisões”, sejam eles Bancos ou “Agências do que quer que seja”, instalados na sua “City”?!
No referente aos milhares e milhares de Refugiados, fugindo às Guerras do Médio Oriente.
Que papel terá tido o Reino Unido, primeiro, enquanto potência imperial, na sequência da I Grande Guerra (1914 – 18), na forma como, juntamente com a França, potências vencedoras, “dividiram” entre si o Médio Oriente em zonas de influência, criando Estados desconectados da realidade cultural da região, sem respeitarem o anseio de povos e nações culturalmente autónomas?
Basta atentar-se nas fronteiras desses Estados e reparar como foram traçadas “a régua e esquadro”. (Aliás, o mesmo se verifica em África, frise-se.)
Em segundo lugar, e após o finalizar da II Grande Guerra (1939 – 1945), o modo como essa região continuou a ser determinada e estruturada territorialmente pelas potências vencedoras, neste caso já não apenas as mencionadas, mas igualmente os E.U.A. e a U.R.S.S.?
E qual o papel das empresas petrolíferas e financeiras, a elas interligadas, em todas as contínuas Guerras travadas na região, desde então?
E qual o papel do Reino Unido na invasão do Iraque, em 2003, na busca das célebres armas químicas, ao tempo de Tony Blair?
Todas estas situações e decisões e mais as que desconheço e/ou não refiro e omito, estão na base da constante e contínua instabilidade do Médio Oriente. Agravadas nestes últimos anos pela Guerra na Síria, que é paradigmática sob todos estes aspetos.
E que papel do Reino Unido em todas estas situações? Repito!
Tantas perguntas... Tantas questões... Tantas dúvidas... E tão incompleta esta análise...
(Dir-se-á que nesta minha limitada análise também perpassam alguns preconceitos sobre os “britânicos/ingleses”. Talvez... Talvez um dia escreva sobre isso...)
E ainda...
E, se o Reino Unido decidir democraticamente, através da auscultação dos seus “súbditos”, deixar de pertencer à União Europeia, que consequências daí advirão? Nomeada e especialmente para a União Europeia.
E ainda outra questão.
E independentemente dessa saída ou qualquer outra entrada, a União Europeia, a Europa Unida, sob este modelo vigente ou outro, é uma realidade com prazo de validade? Mais ou menos curto?!
É uma estrutura organizativa que, mais tarde ou mais cedo, se “desmoronará”?
Ou, apesar de todas as contrariedades, este modelo de organização e estruturação da EUROPA continuará vigente ainda por várias gerações?
Penso que, infelizmente, a situação de “desmoronamento” será a que ocorrerá, mais tarde ou mais cedo. Embora não seja esta a situação que eu desejaria que acontecesse. No Mundo existem espaços territoriais tão ou mais vastos que a Europa que constituem Estados únicos, caso precisamente dos Estados Unidos (E.U.A./U.S.A.) e, ainda mais paradigmático, a China, em que para além da extensão territorial tem uma enorme diversidade cultural (racial, étnica, religiosa, linguística,...). Mas forma uma unidade de Estado, há séculos! A Índia também.
E termino, por hoje, estas minhas reflexões, “extraordinárias”, neste dia também extraordinário: 29 de Fevereiro, de 2016. Ano bissexto. Ano de Jogos Olímpicos!
No Rio de Janeiro, Brasil, também um Estado Federal, de grande extensão territorial e grande diversidade cultural, embora com uma matriz quase única na Língua, aliás como os E. U. A. / U.S.A.
É claro que tenho plena consciência que, na Europa há muitas, muitas outras questões que nos separam.
Lembremos que os Povos Europeus têm passado os últimos dois mil anos em constantes e permanentes guerras entre si!
E Visionários e Idealistas como os Políticos Sábios que delinearam e iniciaram a “Construção Europeia” já não existem.
Atualmente apenas conta o Deve e o Haver!
E, nestas coisas de dinheiro, mesmo os irmãos mais irmãos...
Não posso de deixar de tecer alguns comentários sobre o filme supra citado, que foi transmitido na RTP1, no passado sábado, dia 20 de Fevereiro.
Filme dramático, alemão - norueguês, de 2012, de Georg Maas e Judith Kaufmann; com Juliane kohler, Sven Nordin, Liv Ulman, Ken Duken, Julia Bache-Wiig...
Katrine, papel desempenhado por Juliane Kohler, alemã, fugida da ex-RDA – República Democrática Alemã, Alemanha de Leste, ao tempo da Cortina de Ferro, é, supostamente, uma “Lebensborn” - crianças nascidas do relacionamento entre soldados alemães e mulheres norueguesas, ao tempo da invasão e ocupação hitleriana da Noruega, 1940/1945.
Levada, como muitas outras destas crianças para a Alemanha ainda durante a II Grande Guerra, após o término da mesma, teria ficado na parte Leste, ocupada pelos soviéticos e que daria origem à designada R. D. A.
Aí teria sido criada num orfanato, destinado a essas crianças.
Teria fugido da Alemanha de Leste, já em adulta, já após a construção da Cortina de Ferro e do Muro de Berlim, portanto nos anos sessenta do século XX, à procura da mãe, na Noruega. Essa fuga foi encetada de barco, de uma ilha remota da Alemanha de Leste, para a Dinamarca.
Aí terá chegado e daí terá ido para a Noruega, onde terá encontrado a suposta mãe, que a recebeu como filha.
Na Noruega constituiu família com um oficial da marinha de guerra norueguesa, teve uma filha e inclusive sendo já avó, à data da narrativa: anos noventa do século XX. Já após a Queda do Muro de Berlim, da Cortina de Ferro e da Reunificação Alemã!
Toda a estrutura narrativa é condicionada pela suposição de que Katrine seria uma “Lebensborn”. E este é o pressuposto da história do filme, da história de vida daquela mulher, daquela família.
Mas tudo isto é uma suposição.
Um pressuposto que vai sendo questionado durante o filme, na sequência de um julgamento internacional contra o Estado Norueguês, sobre esta situação das “Lebensborn”.
E o que se vai descobrir sobre Katrine?!
Pois, por confissão da própria, perante os familiares, marido, filha e suposta mãe, todo esse passado foi forjado, sendo ela, de facto, uma alemã, cujos pais terão sido mortos durante um dos bombardeamentos da II Grande Guerra, efetivamente criada num orfanato, mas não uma “Lebensborn”.
Mas sim agente da “Stasi”, a temível e pérfida Polícia Secreta da ex-RDA!
Imagine-se a bomba entre os familiares!
Toda aquela vida daquela família, com base naquela mulher, fora estruturada em mentiras sucessivas que foram sendo pouco a pouco afloradas e reveladas, na sequência do julgamento.
Esta é uma sinopse muito sintética deste filme tão dramático. Excelente! Merece ser visto e revisto.
E até onde vai todo esse desenrolar de acontecimentos, em busca da Verdade? Esse “descascar de cebola” da vida daquela mulher, esse abrir da caixinha das matrioskas, em que dentro de uma boneca vai surgindo sempre uma outra boneca?! Vidas dentro de vidas, sete vidas! O abrir da “Caixa de Pandora”!
‘Como pudeste viver com estas mentiras todas ao longo de todos estes tempos?!’ Ter-lhe-á perguntado o marido.
‘Graças ao vosso Amor! Nunca ninguém me amou na vida, além de vós!’ Ter-lhe-á respondido Katrine.
Mas será esse Amor suficiente e capaz de continuar a sustentar aqueles elos familiares, aquelas vidas? A sua Vida?!
Katrine decidiu ir-se denunciar, só, apresentando-se à Polícia Norueguesa.
E foi nesse trajeto na estrada, numa suposta paisagem típica norueguesa, que nunca fui à Noruega para saber, mas que imagino... Em plano de fundo, um fiorde, as faldas das montanhas graníticas, uma luz coalhada de cobres ensanguentados, uma estrada serpenteante e arrefecida de gelo... Nessa via sinuosa, uma falha nos travões, uma derrapagem no asfalto gelado, um guinar do carro, o sair do alcatrão e o embate nos rochedos! E, a breve trecho, o carro a incendiar-se.
Morte trágica, que a Vida fora uma tragédia. Fogo, incineração, cremação. Libertação e expiação.
Que não seria mais possível continuar a viver nem a sustentar tantas mentiras!
Tantas questões que a narração nos coloca. Inquietantes e perturbadoras!
Suscito mais uma interrogação: Terá havido uma derrapagem acidental ou foi ela propositada e perpetrada por Katrine?!
Também poderia subintitular este filme como “Estilhaços das Guerras”.
Que esta história, com um fundo verdadeiro, faz parte da História das Guerras: da II Grande Guerra e da Guerra Fria.
Para além do contexto de destruição que todas as Guerras promovem, enquanto decorrem: mortes de milhões de seres humanos e de outros seres vivos, destruição de bens, estruturas e serviços, de modos de vida... ainda continuam, mesmo após o seu término, a destruir, a problematizar as vidas dos inocentes, que querem viver em Paz!
Mas terá alguma vez, o Ser Humano, supostamente o Ser Mais Inteligente à face da Terra, alguma vez terá o bom senso para perceber que as Guerras não levam a lado nenhum?! Que as armas apenas destroem o que tanto custou a ser criado?!
Que não faz sentido continuar a produzir armamento apenas para destruir?!
Que as Guerras são cada vez mais destrutivas e de consequências cada vez mais globais e incontroláveis?!
Atente-se no que vivemos atualmente, nesta mesma nossa velha Europa!
A estruturação narrativa dos episódios desta série centra-se, temporalmente, em 1957, o tempo presente.
A ação decorre em Essen, na Villa Huguell, onde Bertha Krupp convalesce, de um AVC (?), na sequência de discussão com o filho Alfried, novamente por causa da possível sucessão na Firma, neste caso face ao neto, filho de Alfried e Anneliese, Arndt de nome.
Também em Essen, mas na casa de Alfried, este e o irmão Harald também fazem o respetivo balanço das suas vidas. Do passado e do futuro. Lembrando Harald o sofrimento do irmão, por ter desistido de Anneliese.
Enquanto convalesce, Berha aguarda que o filho primogénito, Alfried, a venha visitar e pedir perdão, ignora Harald, que não é Krupp, e vai desfiando as suas memórias, em conversa com a criada de quarto.
Através da sua peculiar visão do mundo, ficámos a conhecer episódios da sua vida pessoal e familiar, entrosados na História da sua Pátria, a Alemanha e da sua Mátria, a Empresa Krupp, de que ela era a herdeira universal e que ela considerava, de algum modo, também a sua Família, estruturando este conceito de forma alargada a todos os trabalhadores da Empresa: os Kruppianos.
Faz essa análise e retrospetiva, de certa forma, distanciada no tempo, mas também com uma certa distância quase autista, como se os acontecimentos em que a sua Família esteve diretamente envolvida, foi participante ativa, teve um papel decisivo, fossem isentos de juízos de valor. Estivessem para além da realidade Ética, do Bem e do Mal.
Alguma vez se observa nesta mulher um olhar crítico, reprovador ou de arrependimento face aos atos e barbaridades a que a sua ação, enquanto dona da Firma Krupp, a possa ter levado direta ou indiretamente?!
Seja no plano da sua família nuclear, a relação com o filho primogénito; quer avaliando as consequências dos seus atos face à sua Pátria e ao Mundo, na sequência das trágicas duas Guerras Mundiais, em que as empresas Krupp tiveram um papel decisivo no fornecimento de armas. Ao regime nazi, na Segunda e aos vários beligerantes da Primeira, mesmo que estivessem em lados opostos das trincheiras.
É algo que me impressiona, questão que já levantei num post, é se estas Personagens que têm um papel crucial nas Guerras, as atuais também, se estas pessoas que produzem, financiam, fornecem as armas, alimentando as Guerras, não se interrogam sobre este seu papel tão cruel e destruidor da Humanidade!
E parafraseando as produções da Krupp, fabricar tanques de guerra ou tratores agrícolas será a mesma coisa?! Produzir eletrodomésticos ou bombas terá o mesmo efeito?!
E aqui faço um intervalo musical, imaginando, e lembrando como o som vai acompanhando a narrativa, seja com um solo de piano, uma orquestra melodiosa ou quando o realizador nos quer alertar para a carnificina das guerras, em que se ouvem os corvos a grasnar.
A Música, repito, tem um papel fundamental na condução da narrativa!
O realizador é também o narrador, melhor, o narrador principal, porque mesmo colocando a narração centrada em Bertha e Alfried, é ele, com o argumentista, que conduzem a narrativa pelas vias que pretendem. E, já frisei. Acho que ele(s) deram um determinado rumo à História, não relevando ou omitindo aspetos parcelares.
Por ex. a questão dos “Crimes de Guerra”. Esta questão é aflorada pela voz de Harald, considerando-se injustiçado por ter pago doze anos de prisão na União Soviética, por ser um Krupp, quando a própria mãe não o reconhece como tal!
Mas é alguma coisa mencionada relativamente a Alfried e ao pai Gustav, neste também no respeitante à 1ª Grande Guerra?!
E, relativamente a Bertha, esteve ela acima e para além de todas essas coisas?!
A ação de Bertha centra-se principalmente na continuidade sucessória da Firma, encaminhando Alfried para a assunção destas funções. Tanto mais que o pai, Gustav, ia ficando mais velho e doente.
E, nos finais de trinta e princípios de quarenta, era essa a primordial preocupação de ambos os progenitores.
A relação com o Poder Político é sempre um dos leit-motiv do enredo. Esta Família esteve sempre umbilicalmente ligada ao Poder. Ao Político, nomeadamente. Nesses conturbados anos, encabeçando Hitler esse Poder, esse relacionamento nem sempre foi linear.
As visitas dos poderosos à Villa Huguell eram uma das formas de se criarem ou estreitarem esses laços de interdependência.
Com o Kaiser Guilherme II essas visitas eram frequentes, tendo este até um quarto específico na Villa. O Quarto do Kaiser! Que era um local de refúgio para Alfried!
Hitler não tinha esse privilégio, evidentemente. Não tinha condição Real.
Na 1ª visita, em 1937, Bertha nem se dignou recebê-lo e aos seus apaniguados.
“Não vou receber esses campónios! Diz que estou com uma enxaqueca.” Recomendou ao marido, Gustav. E ficou a espreitá-los e ouvi-los nos corredores.
Mas em 1938 já foi diferente.
Entretanto Alfried assumira a direção produtiva do armamento nas fábricas e, na frente ocidental, as tropas alemãs posicionavam-se perto das fronteiras.
Nesse ano houve nova receção ao Fuhrer.
Aí, já Bertha esteve presente.
Quem não teve direito a participar foi a nora Anneliese. Que, coitada, até chorou e se embebedou! Valia a pena!...
Mas aqueles ainda eram os anos dourados pré guerra, em que os alemães, na sua maioria, efabulavam Hitler e o seu poderio.
Mas também foi narrado que Fritz Thyssen havia sido enviado para um campo de concentração, na sequência de carta contestatária enviada ao Ditador.
Que, em contrapartida, ofereceu o emblema dourado do partido, a Gustav, envaidecendo Bertha!
Pelos vistos já não seria campónio...
E na estrutura narrativa, a distância entre o tempo presente, 1957, e as lembranças do passado vão-se aproximando.
Anos quarenta. A guerra no auge. Os irmãos, Harald e Eckbert, nela participantes. O último aí morreria. Carl morrera antes, num voo de treino.
1943, ano crucial no desenvolvimento da guerra.
Da Villa Huguell, Bertha avistava os sinais dos bombardeamentos, ao longe. Aviões sobrevoavam os céus.
Alfried, finalmente, assume a direção completa da Firma, que, por decisão de Hitler, passara a ser sua propriedade.
E foi no correspondente conselho de administração que, até Bertha fez a celebérrima saudação verbal e com o braço estendido.
Mas, foi também nesse ano que a Gestapo prendeu os tios Tilo e Bárbara!
1945: As fábricas destruídas; Alfried deambulando entre os escombros; o conselho avisado de um funcionário kruppiano, para fugir... as jovens judias aparecendo e escapulindo-se novamente para as ruínas... os aviões aliados sobrevoando os ares... e, na música, os corvos grasnando.
E o tempo narrativo salta novamente para 1957. Conversa ou debate entre irmãos, Harald e Alfried, que acentua: “Sou um Krupp. Foi para isso que me preparei desde criança!”
Como se fora um Rei, preparado pela Rainha – Mãe, Bertha Krupp, direi eu.
E o tempo retorna novamente a 1945, em que Alfried, assumindo essa condição de Krupp, na Villa Huguell, pelos vistos poupada aos bombardeamentos, dá uma última volta pelos salões austeros e, impecavelmente trajado, desce a escadaria para ser levado num jipe aliado, li que das tropas canadenses, para ser preso.
E, em termos de imagens, assim termina este episódio, não sem que a Música, extraordinária e maravilhosamente, nos embale na leitura do genérico.