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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Adão e Eva

ADÃO e EVA

 

No Paraíso, inocentes… Adão e Eva

Estavam. Eram.

Duas crianças no Éden… da Infância.

Desconhecendo. Desconhecendo-se.

 

Não diz o mito, mas…

O que em Adão é serpente

Tentou a Eva.

E, nas crianças, fez crescer o Homem e a Mulher.

 

A Mulher – Maçã deu de seu fruto de Afrodite

Ao Homem – Adão.

E o Homem, da Mulher provou…

O fruto.

Ambos comeram da maçã… Da Árvore da Sabedoria.

Igualaram-se aos Deuses.

 

Conheceram. Conhecendo-se.

 

E o Paraíso Perdido foi… na Infância

Eternamente gratificante na Memória

Dos Homens.

 

 

Escrito em 1989.

Publicado em: Boletim Cultural Nº 47 do Círculo Nacional D’Arte e Poesia, Jul. 1997.

 

 

 

Albrecht_Dürer_-_Adam_and_Eve_(Prado)_2.jpg

 

Adão e Eva (1507), pintura de Albrecht Dürer (1471 - 1528); Museu do Prado, Madrid - wikipédia, enciclopédia livre

O Voo da Vida!

 

O voo da vida!

  

No seu regaço…

As rosas do milagre

Guardam o Pão da Vida

Espraiam o perfume inebriante

                                            dos sonhos.

 

As pombas da Paz

Pousam a memória

Dos dias claros da Infância

A serenidade dos momentos à lareira…

O lume a crepitar.

 

A voz maviosa das avós

contando estórias da dona Branca e dona Vintes…

o sabor doce dos dióspiros…

 

No seu colo sento o menino

        que fui

Traço o Destino

             que flui

Incessante sobre o mar.

 

O falcão que encerro em mim

Abrindo asas

Lança-se, em voo planado

Sobre os cumes nevados das montanhas…

 

Chegou a hora de partir!

 

Voar!

 

 

 

Escrito em 2006/2007.

Publicado em: X Antologia do C.N.A.P. - Círculo Nacional D’Arte e Poesia, 2009.

As Árvores Morrem de Pé?!

Porque se abatem as árvores, à beira das estradas?

Perguntou, inocente (ou atrevida?) a criança.

 

Porque impedem o alargamento das estradas.

Respondeu, categórico, o Presidente da Junta.

Porque os automobilistas nelas esbarram, esmagando os seus automóveis e as suas carolas nos troncos obtusos das árvores, que estacionam nos dois sentidos, não respeitando as regras de trânsito.

Sentenciou, sabedor, o Autarca Diligente.

 

Então… e a sombra? E o oxigénio?

 

E para que serve a sombra à beira das estradas?

Já ninguém anda a pé nem de carroça.

E temos toldos e guarda-sóis. Que há muitos no Hipermercado.

 

E o oxigénio compra-se em garrafas, não tarda muito.

 

E temos o ar condicionado!

 

Para que queremos árvores e natureza, se no meu Supermercado temos de tudo e é a verdadeira natureza?!

Para que precisamos de árvores, se temos tantas de plástico, perenes, sem folhas caindo, à venda no Hiper?!

Se temos tantas árvores empalhadas prontas a serem compradas para o Natal?!

Atalhou, solícito, o Dono de Uma Cadeia de Supermercados.

 

E as chatices que nos dão as árvores…

São as folhas que caem no Outono e voam por todo o lado.

E os ramos que têm que ser podados no Inverno…

E na Primavera enchem-se de flores e causam-nos alergias. Para depois murcharem e caírem…

E têm que ser regadas no Verão. E os frutos têm que ser colhidos, Quando há tantos na frutaria, À mão de semear…!

E trazem-nos mosquitos. E os pássaros. E os seus dejetos!

Acrescentou, pragmático, o Senhor Senso Comum.

 

E quando eu fizer anos, em Dezembro, e chegarem as cegonhas?

Que vão elas dizer das suas casas devassadas?!

Atreveu-se, ainda, a perguntar, impertinente, a criança.

 

O tempo das cegonhas já passou. Ou ainda acreditas nas cegonhas?

Pouco importa quando chegam. Nem como! Nem onde!

O tempo agora é digital. Mede-se nos écrans gigantes plantados nas bermas das vias rápidas, nos painéis publicitários anunciando o Novo Detergente. (Em vez das árvores que distraem os homens com os seus ramos a baloiçarem ao vento.)

Não há tempo, nem tempos, cronológico ou meteorológico que nos interessem. Não há Fim dos Tempos, que o Tempo é Eterno e Efémero.

Rematou, convincente, o Político Instalado no Poder.

 

E, a criança,

Perante tamanhas Sabedorias, calou-se.

Mas doeu-lhe muito ver tantos troncos de árvores

Cortados às rodelas, nas bermas das estradas!

 

E… Quando chegarem as cegonhas?

Que vão elas dizer…?!

Estas perguntas ficaram ecoando, em ressonância,

Na mente da criança.

Notas:

Escrito em Portalegre, Set. 2000.

Publicado no Boletim Cultural Nº 58, do Círculo Nacional D’Arte e Poesia, Dez. 2000

Um conto...

 

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