Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
O Senhor Professor Adriano Moreira faz, hoje, 100 anos
Muitos Parabéns!
Foi meu Professor, no distante ano de 1973, no antigo ISCSPU – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas Ultramarinas – Universidade Técnica de Lisboa. À Junqueira.
Durante a minha frequência escolar, enquanto aluno, tive vários professores, nos diversos níveis de ensino, a quem devo bastante, alguns, e outros que me “tocaram” especialmente. No ensino superior também, nos diversos institutos que frequentei.
Neste nível de ensino, entre vários, em disciplinas bastante diferentes, o Professor Adriano Moreira merece um destaque especial.
Praticamente estava no meu primeiro ano de faculdade. Vindo da “província”, de uma Aldeia “perdida” no recôndito Alto Alentejo, as aulas deste Professor eram como uma fonte fresca de Sabedoria. Concretizavam o que considerava efetivamente de Ensino Superior! Eram fascinantes!
Os meus Agradecimentos e renovadas Felicitações.
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(P.S. – Ficava bem, no postal, uma citação, um excerto, de aula do Professor, como fiz nos anteriormente referidos. Só que não tenho, agora, na minha posse, a “sebenta” com os textos das respetivas aulas. Quando me for possível, tentarei disponibilizar.)
Visualizei parte da entrevista, realizada em 2012, ao Professor, por Fátima Campos Ferreira. Notável a frescura intelectual, a continuada Sabedoria dimanada das suas palavras.
Parabéns, também à Jornalista de quem aprecio bastante o trabalho realizado, também nestes moldes com outros entrevistados, na “Primeira Pessoa”. Talvez um dia escreva sobre algumas das entrevistas.)
“Vi o filme, quando foi estreado em Portugal, após o 25 de Abril. Não li o livro. Mas a primeira vez que ouvi falar do livro e do autor, Anthony Burgess, foi em 1973, ao Professor Adriano Moreira, no antigo ISCSPU!”
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A referência ao livro e ao autor supracitados ocorreu na disciplina de “Noções Fundamentais de Direito”, no 2º ano dos Cursos de Economia e Ciências do Trabalho, no ano letivo de 1973/74, no ISCSPU – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas Ultramarinas – Universidade Técnica de Lisboa.
No Capítulo I – Teoria das Normas – O Problema da Valoração – A variação no tempo e no espaço, refere-se.
Pag. 56
«… a ideia da variação que, no tempo e no espaço, tem a escala das valorações. E isso é um elemento importantíssimo da instabilidade da vida social, porque os valores estão constantemente em evolução, constantemente as circunstâncias levam a pôr em causa as valorações em que o grupo acredita. Mesmo as normas que estão em vigor hoje, muitas vezes no que toca ao seu conteúdo, são susceptíveis de valorações diferenciadas, consoante os lugares e conforme o tempo.» (…)
Pag. 58
«Isto é um acontecimento que está a dar-se todos os dias. O autor da “Laranja Mecânica” publicou um livro “La Folle Semence” onde põe em causa um valor fundamental da nossa cultura, que é o respeito pelo corpo humano. Se formos um pouco mais longe na interpretação do que ele diz, o respeito pela vida humana. Um dos elementos fundamentais das nossas valorações, no nosso sistema actual de valores, é o respeito pela vida e integridade do homem, a integridade do corpo do homem.» (…)
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O Professor aborda o conteúdo fundamental defendido pelo autor de “Laranja Mecânica” no livro “La Folle Semence”, integrando-o no contexto das nossas próprias valorações, à data referida, e as especulações e repercussões que teve na época.
Não vou transcrever mais excertos das lições proferidas, sobre o assunto.
Polémicas como eram as abordagens do autor Anthony Burgess, se viu o filme “Laranja Mecânica” ou leu o livro, pode imaginar.
Eu, pela minha parte, só pretendia registar como e em que contexto tomei conhecimento e ouvi a primeira abordagem à obra do autor referido.
Foi um assunto que registei e que ao visualizar o filme, pude constatar a perceção controversa que o autor tinha da realidade.
(Notas Finais:
Posso registar que as lições do Professor eram de excelência.
"A LARANJA MECÂNICA (1962) - Autor: Anthony Burgess
Realizador: Stanley Kubrick (1971)"
(…) (…) (…)
Comentário que deixei no postal em 24 de Fevereiro
Vi o filme, quando foi estreado em Portugal, após o 25 de Abril. Não li o livro. Mas a primeira vez que ouvi falar do livro e do autor, Anthony Burgess, foi em 1973, ao Professor Adriano Moreira, no antigo ISCSPU!
Stanley Kubrick foi um dos meus cineastas preferidos, quando ia ao cinema, nos anos 70 e 80. O filme referido, “Laranja Mecânica”, “2001 – Odisseia no Espaço”, “Spartacus”, “Shining”, “Lolita”, Barry Lyndon”, são filmes que me lembro de ter visto e todos e cada um a seu modo, me “disseram algo”.
Não será talvez o melhor filme de Kubrick, ou até talvez seja, mas “Barry Lyndon” foi, dos que visualizei, o filme que mais me impressionou, pelo sentido estético incomparável. (Talvez só os de Visconti o ultrapassem!)
Achei interessante referir Aquilino, pela riqueza incomensurável da linguagem. Sem dúvida. Ando a ler um livro baseado em excertos de obras de Aquilino em que ele fala de aves. Uma preciosidade: o saber, o conhecimento, a variedade de vocabulário… Hei-de “trazer” o livro ao blogue.