Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Bem sei que cada coisa no seu tempo e agora já não é tempo de amoras. Nem floridas?!
A não ser que as tenha conservado em compota, deliciosa(!), ou guardado na arca e as reaproveite agora. Em compota, ficam muitíssimo agradáveis. O crocante das amoras caramelizadas é muitíssimo apelativo.
Mas hoje apresento-vos fotos de cachos de amoras, fotos tiradas em Julho. No mesmo balsedo, conjunto de silvas, silvado que bordeja o “Caminho da Fonte Das Pulhas”. Tirei fotos em diferentes estádios de maturação.
No mesmo cacho observam-se bagos de amoras já pretas, umas vermelhas, outras ainda verdes. São assim as amoras! (Comparo-as muito com as pessoas. No mesmo conjunto familiar, há pessoas mais velhas, umas mais novas… Em diversos momentos das suas vidas evolutivas. Em diferentes estádios do seu desenvolvimento pessoal e social.)
Simultaneamente noutros cachos estão ainda todas verdes.
Noutros, os cachos estão floridos.
Ainda, noutros totalmente em botão.
São assim as amoras!! As seguintes, já em Agosto.
E, para finalizar, um cesto de amoras já colhidas, também em Agosto.
Que mãos hábeis transformaram em compota. Deliciosa!!
E um último cacho, já em Setembro.
"Gostas de amoras?! …
Vou dizer ao teu Pai que já namoras!"
Muita Saúde. Muito Obrigado. E muitas amoras. Agora, em compota!
Uma das temáticas que percorre este blogue é a divulgação de acontecimentos culturais, relevando os de caráter regional, que passam muitas vezes injustamente despercebidos.
Ocorreu na passada 3ª feira, dia 26 de Julho, em Altura – Alagoa, Algarve a “inauguração” do Mercado da localidade, melhor, inauguração da respetiva "requalificação". Espaço muito agradável e acolhedor, cheio de luz, aonde já fora fazer compras: pão, fruta, artesanato. Também se pode aí adquirir bom peixe, como é habitual apanágio dos mercados tradicionais.
A ocorrência da apresentação da mencionada exposição “O que o Mar cria e o Homem recria”, de Ana Paula Frade, estruturada a partir de conchas e carcaças de crustáceos e outros “frutos” do Mar, levou-nos propositadamente a nova visita.
Emoldurados, estes elementos marinhos, abundantes nas belas praias do concelho de Castro Marim, constituem imaginativos quadros artísticos, que muito embelezam e valorizam o espaço comercial. Será de todo conveniente que outras exposições possam aí acontecer, bem como algumas das obras expostas possam constituir um futuro acervo expositivo permanente.
(Permito-me dois comentários – questões.
Não seria mais correto o título “… e a Mulher recria”?
E uma pequena “etiqueta” / subtítulo, para cada um dos quadros, não valorizaria cada um dos trabalhos apresentados?)
Também exposto, um barco tradicional muito bem decorado por trabalhos em crochet - “Barco Lendas e Rendas”, sonhos e poemas, resultantes do trabalho de um grupo de intervenção social “ACASO – Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão”.
Embelezando e valorizando este texto, várias fotos originais de D. A. P. L. documentam os trabalhos expostos.
No final da inauguração e abertura da exposição, uma apetitosa caldeirada foi oferecida aos visitantes. E, entre várias outras bebidas, uma fresquíssima e agradabilíssima sangria.
Relativamente à caldeirada, algo que me surpreendeu agradavelmente na sua composição, pois nunca tal ainda constatara. Além do habitual peixe, também havia nacos de carne de porco: chouriço e presunto.
Não esqueçamos que Castro Marim é um concelho simultaneamente com costa marítima, litoral de excelentes praias, frente de rio e uma parte fundamental de terra interior, de tradições campesinas.
Daí talvez esta composição híbrida de Mar e Terra, que resulta muito bem!
Constatei que, entre o público assistente/participante, pouca gente figuraria dessa massa enorme de população que, nestes escassos meses de verão, “invade” as praias algarvias. Atrever-me-ia a dizer que nós seríamos os poucos ou mesmo os únicos “representantes”, que acedemos ao convite expresso e divulgado em variados locais públicos da povoação.
Para além do agradecimento e dos parabéns às entidades organizativas, reforço que as exposições e o mercado, devidamente requalificado, aguardam e merecem uma visita!
Deixo também uma sugestão / questão sobre que já tenho falado com outras pessoas que trabalham em mercados de outras localidades.
Relativamente ao horário, mantendo o habitual e tradicional da manhã, comum a todos os mercados que conheço, não seria de se pensar também noutros horários flexíveis?
Por ex., neste caso e na época de veraneio, experimentar uma abertura também ao final da tarde, para direcionar aos “consumidores” provenientes da praia. Isto digo eu!
Noutras localidades, suburbanas, abrir também ao final da tarde, na hora de regresso dos trabalhos diários, julgo que também seria de experimentar.
E noutras, em que o mercado apenas abre alguns dias, penso que a abertura diária ajudaria a fidelizar clientes.
Isto sobre os horários… Porque haverão outras situações que podem ajudar a dar vida aos mercados tradicionais.
Bem sei que há imensas e enormes superfícies comercias, concorrendo e disputando os consumidores com outras condições muito mais vantajosas!
E onde esta conversa chegou!
Que isto de mercados tem muito que se lhe diga…
E sobre os ditos, uma sugestiva imagem de uma balança tradicional, no referido "Mercado Requalificado", e também foto original de D.A.P.L.!
Iniciou-se, anteontem, dia 27 de Julho, 4ª feira, e vai continuar até 31 de Julho, a "11ª Mostra do Cinema Brasileiro”, no Fórum Municipal Romeu Correia, em Almada.
O filme de abertura: “Chatô – O Rei do Brasil”, de Guilherme Fontes, com Marco Ricca como protagonista, desempenhando o personagem de Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, “homem público” de grande influência no Brasil, nos anos quarenta a sessenta, do século XX.
“Personagem ” controverso, tal como o próprio filme e igualmente cruzando-se com outro homem político brasileiro, também suscetível de múltiplas controvérsias e contradições, sobre quem também já falei no blogue, de igual modo através de filme, da “ 10ª Mostra”: “Getúlio” Vargas.
(Remeto para os links que na wikipedia abordam sobre o filme e sobre o magnata da comunicação social. Ajudam-nos a entender melhor o enquadramento do enredo.)
Supostamente o filme reporta-nos para a vida deste truculento jornalista e empresário, construtor de um império comunicacional no Brasil e na América do Sul, iniciado ainda nos anos vinte, a partir de jornais, continuado com a rádio, logo que este meio de comunicação ganhou relevância, “Rádio Tupi” e prosseguido com a televisão, mal ela despontou, “TV Tupi”.
Empresário, político, mecenas, advogado, professor de direito, escritor, homem de múltiplas facetas, que em 1960 sofreu uma trombose, sem ter deixado de trabalhar até à morte, ocorrida em 1968.
O filme, de uma forma original e divertida, remete-nos para essa vida “excessiva”, melhor, “bem preenchida”, como se ele estivesse a ser julgado num programa televisivo em direto, numa hora de maior audiência, ("atingiu" 98% de share), denominado “O Julgamento do Século”.
Como Júri de Tribunal estão as outras personagens da sua vida: a primeira mulher, Maria Eudóxia (Letícia Sabatella); a primeira sogra, Zezé Polessa; a segunda mulher, Lola (Leandra Leal); a segunda sogra, Consuelo, (Eliane Giardini); Getúlio (Paulo Betti), …
Nesse suposto julgamento, transmitido ao vivo e em direto na TV, perpassam as suas vivências, segundo as perspetivas dos outros personagens e segundo o seu próprio crivo pessoal meio alucinado, de homem, sofrendo de trombose e prestes a falecer.
Aliás, a sua morte ocorreria no próprio final do filme, ou do programa (?). (Também de forma peculiar e desvairada, segundo a sua visão pessoal e já, ou sempre (?) tresloucada.)
O seu relacionamento com as mulheres, as diferentes visões dos seus desempenhos contraditórios nas diversas funções exercidas; a relação ambivalente com Getúlio Vargas, ora apoiando-o, ora denegrindo-o; a sua ação no mundo empresarial e político, chantageando, sacaneando, ameaçando; usando os meios comunicacionais de que dispunha, lançando boatos, atoardas, ataques, calúnias, para atingir os seus objetivos, os seus fins, sem olhar a meios.
Agindo de uma forma divertida, modos galhofeiros, sempre na busca do prazer e do seu interesse pessoal e na realização dos seus projetos e objetivos, pelo menos aparentemente é esta a perspetiva do realizador.
Em suma, se havia princípios, valores, atitudes, comportamentos, que ele menosprezava, achincalhava, sempre debochando, eram os da Ética.
Daí a ironia do filme, sujeitando-o a esse hipotético julgamento ao vivo e em direto, “reality show”, no seu próprio ambiente e modo de vida, os "media", já após a trombose, expondo-o à análise e valoração das pessoas com quem se envolveu na vida real e outras ficcionadas, caso da personagem Vivi Sampaio (Andréa Beltrão), de algum modo, a construção do realizador de uma suposta “mulher ideal”, melhor, “musa inspiradora”!
O personagem Carlos Rosemberg, (Gabriel Braga Nunes), inicialmente colaborador e aliado no mundo da comunicação social e posteriormente rival, também é ficcionado.
Os restantes personagens fizeram suposta e realmente parte da vida do protagonista.
O filme procura transmitir-nos essas variadas faces do personagem, num registo irónico, sarcástico, cómico, mesmo no lado trágico da doença e subsequente tetraplegia.
Muitas vezes galhofeiro, que supostamente esse terá sido o registo dominante na sua vida pessoal e pública!
O filme e o respetivo realizador, eles mesmos também objeto e sujeito de polémicas.
Trabalho que merece ser revisto, como forma de análise não só da(s) vida(s) do personagem, mas do próprio objeto artístico e documental (o filme).
*******
Algumas notas finais não sei se propositadas, se despropositadas, mas certamente contextualizadas:
1ª – O ar condicionado não estava a funcionar.
No Auditório Fernando Lopes Graça, onde foi projetado o filme, não se esteve propriamente mal, embora com algum desconforto. Mas no hall do Fórum estava-se péssimo.
Para além do óbvio e imediato, arranjar o sistema de refrigeração, o mediato:
- Quando é que os “nossos” arquitetos, engenheiros e urbanistas estruturam as nossas cidades e edifícios, de modo a minimizarem os efeitos térmicos?!
2ª – Nesta 11ª Mostra não houve direito a “brinde”?!
(…) (???)
Na 10ª Mostra houvera um agradabilíssimo, refrescante e refinado beberete!
E com estas notas termino que o calor já aperta novamente.
E ainda gostaria de visualizar mais alguns filmes da “Mostra”.
Que, frise-se, tem o apoio da Embaixada do Brasil.
Este mês de Julho de 2016 tem sido excecional em termos de conquistas de medalhas pelos Atletas Portugueses.
Tem sido no Atletismo, foi no Futebol, no Surf e também no Hóquei em Patins.
E o mais que ainda virá, que ainda há campeonatos em disputa e também virão os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Apesar da importância relativa das conquistas no respeitante a cada modalidade, é no referente ao futebol que a repercussão mediática é maior.
Mas será menos importante nas outras modalidades?
Certamente que não!
Só que o futebol consegue agregar muitos mais interesses de toda a natureza. Movimenta muitos mais milhões. De pessoas e de capitais!
É um Desporto muito mais globalizado. Desde o futebol de rua, nos bairros mais pobres nos guetos das periferias das mais diversas cidades… até ao futebol “galático” do Real!
E ainda o futebol do sofá e da cerveja! Dos treinadores de bancada e dos apostadores…
Além do mais Portugal, enquanto seleção, nunca conquistara um título internacional.
E, digamos, esse título já nos era devido desde mil novecentos e sessenta e seis!
Desde o celebérrimo Mundial de Inglaterra. Há cinquenta anos!
Um aparte! É desde aí que advem um dos meus quiproquós, relativamente a Inglaterra. Aquele perder injusto com a seleção anfitriã… Quem não chorou com o “Pantera Negra”? Apesar de posteriormente se ter ganho à seleção da União Soviética e se ter conquistado o terceiro lugar.
Mas ficou-me sempre na memória essa perda, sentida como injusta!
E depois houve dois mil e quatro. Esse perder patético e grotesco.
Nos entretantos, houve outros arremessos, outras tentativas… Sempre frustradas.
Nos anos oitenta houveram aquelas cenas ridículas de Saltillo, de “… vamos lá cambada, todos à molhada…”
Havia pois muita frustração acumulada, muitos sonhos desfeitos, muitas idealizações inconsistentes…
Finalmente chegou o dia 10 de Julho!
E, agora, também no Hóquei.
Mas neste Desporto é onde Portugal mais medalhas tem conquistado! Por isso talvez também não tenha sido tão inesperado!
In. “Portalegre em Momentos de Poesia”, 2011, Edições Colibri.
Nota Final: Conforme prometera em post anterior, divulgo hoje o Poema. Deveria ter sido ontem, que ontem decorreu o evento "Momentos de Poesia", mas não me foi possível.
Continuarei a publicar, a partir da Antologia referida.
E começa este post com a “cantilena” com que terminei o anterior.
A Itália ganhou à Espanha. A Alemanha ganhou à Itália. A França ganhou à Alemanha. A França ganhou à Islândia, a Islândia ganhou à Inglaterra.
E quem ganhou à França?! Pois, precisamente, Portugal.
Que empatou com a Islândia, que empatou com a Áustria, que empatou com a Hungria.
Mas que ganhou à Croácia, que ganhou à Polónia, que ganhou ao País de Gales.
E que ganhou, não é demais repetir, que ganhou à França.
E tenho dito. E até poderia ficar por aqui, e fazer um post assim.
Mas quero perorar algo sobre o jogo.
Os franceses vinham dispostos a tudo. E tudo era mesmo tudo...
E não tiveram pejo de entrar a matar. Precisamente sobre Ronaldo, sobre quem se focaram todos os arremessos.
E conseguiram retirá-lo do campo. E o que isso terá custado ao rapaz, que se empenha sempre tanto em cumprir os jogos por inteiro.
Não se faz.
Mas a Equipa soube dar a volta por cima, foi resiliente e, perante as dificuldades, não soçobrou. Bem, pelo contrário. Ganhou ânimo e foi o que se viu.
Um golo portentoso de Éder, um ilustre desconhecido (?), que mostrou que as forças vêm de onde menos se espera.
O capitão, apesar da lesão, não deixou de acompanhar e incentivar os companheiros.
Do confronto, a UEFA destacou como “homem do jogo” Pepe. Merecido sem dúvida, que a defesa fez um bom papel e que papel, tal foi a pressão dos franceses.
Mas quem eu destaco, merecidíssimo, é o guardião Rui Patrício. Defendeu, defendeu, e não fossem as suas defesas e onde teria ido a taça!
Os guarda-redes são sempre um pouco esquecidos! Mas o papel deste atleta no Euro merece ser realçado. Um verdadeiro “homem do jogo”!
E, observei, mesmo nos festejos, o rapaz estava um pouco à margem. Impressão minha? Ou será uma questão de feitio?!
Não sei. Que há quem saiba muito mais que eu.
E quem terá ficado contente, contentíssimo da Silva, há-de ter sido o Grande Eusébio! Esteja onde estiver, a sua Alma de Atleta, terá rejubilado de contentamento.
Já andamos à espera desta Alegria, desde sessenta e seis! Meio século à espera. Se eles se descuidassem não tínhamos esse gosto em vida.
Pena o “Pantera Negra” não estar cá para ver.
Uma merecidíssima coroa de flores no Panteão, já que para lá o trasladaram.
E quem ficou roídinho de inveja foi o nosso primo, afastado, é certo, e que não se quis juntar à Família, mas primo na mesma. O jovem Antoine, de apelido Lopes. Ter-se-á arrependido?!
A Vida tem encruzilhadas e nem sempre tomamos o rumo certo. “Mais, c’est la Vie!”, cantaria a nossa Amália, que também cantava em francês. Ou pensava que me iria referir à Piaf?!
Já agora, também uma coroa de flores para a Diva. A cantante! Que, hoje, estamos numa de homenagear os Heróis e os nacionalismos, no bom sentido. E já que vão lembrar o Eusébio, lembrem-se também da Fadista.
E quem sofreu, a bom sofrer, como, aliás, todos nós, mas de forma muito redobrada, que o coração de Mãe, sofre muito mais, foi a “Tia Dolores”, a “Vovó Ronalda”! Que isso é coisa que se faça à frente de uma Mãe!? Agredir, assim, despropositada e intencionalmente, um Filho. E não me parece que o árbitro tenha marcado falta. Árbitros!!!
E sendo o Nacionalismo, num bom sentido, um Valor, um Princípio; não vou deixar de frisar também o Multiculturalismo, a Miscigenação Cultural, a Multirracialidade. Em contraponto e oposição à xenofobia, ao etnocentrismo, ao racismo.
E reparem que as Seleções que chegaram à final são precisamente das que espelham melhor esse processo de Integração de jovens oriundos das mais diversas Culturas, Raças, Etnias, estratos sociais. Todos a trabalharem para um mesmo objetivo comum: Vencer pela sua Seleção Nacional!
E, entre todas, a Equipa Portuguesa, mostra, como nenhuma outra, esse prisma, esse carisma, e essa condição!
Parabéns à Equipa Portuguesa.
A todos os Jogadores.
A toda a Equipa Técnica.
Ao Treinador. (Que isto é coisa de Santos!)
E não podemos esquecer, embora o façamos sistematicamente, que Desporto não é só Futebol e a vitória da Equipa Nacional de Atletismo que conquistou várias medalhas nos Europeus, realizados em Amsterdão.
Jessica Augusto, Marisa Barros, Vanessa Fernandes, Sara Moreira, Patrícia Mamona, Dulce Félix, Tsanko Arnaudov, alguns também ilustres desconhecidos como Éder e que também enobreceram o nome de Portugal!
Anda este post como a bola do futebol. Anda e ciranda, para ser escrito e publicado, logo a seguir à vitória da Equipa Portuguesa sobre a do País de Gales. Foi sendo protelado, foram sendo avançadas outras escritas e outras tarefas e ele veio sendo relegado, adiado...
Mas quero que saia ainda antes da final.
E, antes de tudo o mais, parabéns à Equipa, a todas as equipas de profissionais técnicos que sustentam a parte futebolística e parabéns muito especiais ao treinador, Fernando, que não se contenta com um Santo, mas apenas com Santos. Será dos Santos, não sei!
Certo, certo, é que conseguiu o que vinha prometendo: regressar a Portugal só no dia onze de Julho. Que muitos de nós acharíamos que era fé a mais, nos Santos.
Pelos vistos não foi.
E lá estão eles na final.
Agora?! Que venham com a taça!
Não interessam as bocas foleiras que por aí circulam.
São só para desestabilizar, para desacreditar a equipa, para baixar o moral da rapaziada. Não leiam as redes sociais, nem os mexericos, que o que se propaga na net, de forma viral, como dizem os entendidos, é pura maledicência.
Não são notícias, nem factos. São, simplesmente, porcaria e lixo, de que a net, me desculpem, muitas vezes está cheia.
Nem sei porque determinados veículos comunicacionais divulgam essas atoardas. Omitir esses comentários, essas pretensas notícias, seria censurar?! Ou seria antes bom senso?!
Bem, pouco importa.
Trabalhem, concentrem-se nos fracos da equipa adversária e vençam-na.
Não se esqueçam que os franceses vão fazer tudo, mas de tudo, para ganharem. Aliás, essa campanha de mal dizer faz parte disso.
E têm o público... Mas muitos estarão divididos!
Espero que os emigrantes portugueses acorram a cantar pela Seleção. Nem que seja em francês!
Ah! Há ainda alguns comentários que quero fazer.
Para além do que já abordei de que o Reino Unido se deveria apresentar representado enquanto tal...
Também nas notícias online soube que o jogador francês, em grande destaque, que tem aquele sobrenome esquisito, não sei se de ascendência de Leste, também tem um sobrenome bem português. Imagine-se: Lopes. Os avós maternos são portugueses emigrados para França na década de sessenta.
E o primeiro nome, ainda que em francês, também é bem português: Antoine, também nome de Santo português. E ocorre-me a canção popular francesa. “Saint Antoine de Lisbonne, Saint Antoine de Padoue, ...”
E é esta a característica dominante nas nossas sociedades atuais: o multiculturalismo, a miscigenação cultural, de que até o Santo de há oito séculos já era exemplo.
Para mais então, e agora, o futebol!
Não há melhor escaparate, mais perfeito mostruário desses conceitos culturais, que é a montra do Futebol.
Em cada equipa pontifica gente de toda a Raça e de toda a Nação, parafraseando o aforismo!
Então, Força Seleção! Portugal, no seu melhor!
E para terminar...
Conhecem aquela cantilena infantil “A lagartixa do rabo cortado...”?
Não conhecem?!
Pois, não é do vosso tempo de crianças! Talvez um dia a conte aqui no blogue.
Parafraseando-a...
A Itália ganhou à Espanha. A Alemanha ganhou à Itália. A França ganhou à Alemanha.
E à divulgação de um Evento “Momentos de Poesia”, sobre que já tenho falado várias vezes neste blogue.
Após a exposição do cartaz divulgador, anexarei um Poema de uma das Pessoas participantes na Antologia: “Portalegre em Momentos de Poesia”, coordenação de Drª Deolinda Milhano, igualmente coordenadora do Evento; “Edições Colibri”, Lisboa, 2011.
Como no blogue já publiquei a Poesia com que participei, “Timor”, divulgarei uma das Poesias, precisamente de Deolinda Milhano, “PRINCESA AQUÉM-TEJO”.
Posteriormente, e sempre que tenha oportunidade, irei dando a conhecer online Poesias de outros Antologiados, como, aliás, procedi relativamente à XIII Antologia do Círculo Nacional D’Arte e Poesia - (C.N.A.P.).
Esta atitude enquadra-se em vários dos objetivos por que criámos este blogue. Caso alguém não autorize a respetiva divulgação é uma questão de me dar conhecimento, por ex., através de um simples comentário neste post.
Nesta Antologia, pela sua temática específica, participam vários Poetas e Poetisas por quem tenho grande estima.
“As coisa boas da vida, os sonhos, o que desejavam ser quando fossem grandes...”
Algumas das proposições colocadas a crianças a entrarem na puberdade, num estudo feito em bairros pobres da cidade de Nápoles, em finais dos anos noventa: 1999(?).
Feita essa observação inicial voltaram as mesmas pessoas a serem estudadas, passados mais de dez anos, já na segunda década do terceiro milénio, (2013?), personagens – atores da vida real, agora no início da idade adulta.
De entre os vários entrevistados, escolheram os realizadores deste filme documental, Agostino Ferrante e Giovanni Piperno, quatro, para testificarem o estudo efetuado para este documentário, definindo-os como protagonistas: Fábio, Adele, Silvana e Enzo.
Dizem os especalistas das problemáticas da “mobilidade social” que o “grupo social de origem” de um indivíduo condiciona o seu estatuto social futuro e marca a sua trajetória. Que normalmente indivíduos com baixos níveis de rendimento e de escolaridade têm as suas possibilidades de ascensão social diminuídas.
E é precisamente também o que se verifica na trajetória social e no percurso destes quatro “personagens” reais.
Nos finais da meninice, os sonhos e projetos, passavam por ser: cantor, futebolista, modelo, dançarina. E não passaram disso, de sonhos.
A escola arredia para todos.
A realidade mostrou-se cruel e a vida continuou madrasta.
Nascendo e vivendo em meios pobres, bairros desencantados, vidas desestruturadas, a rejeição da Escola, alguns no limiar ou no meio da pequena criminalidade, a idade adulta não se manifestou mais redentora.
E ainda que a “Crise” possa ser sempre considerada causadora da desgraça, da falta de perspetivas e de futuro, certo é que o estigma já lá estava, no meio social de nascença.
Os pobres tendem a continuar a ser pobres, ainda que nos custe e doa termos de admitir isso.
E quando não cumprem a Escola, que sendo um direito é também um dever, mais portas se fecham.
Por vezes e para alguns abrem-se portas de libertação, de que o futebol é um escaparate.
(Mas, para um Ronaldo, um Ricardo Quaresma, um Renato, quantos ronaldos, quantos quaresmas, quantos renatos ficam pelo caminho, nas margens transgressoras e cruéis da vida?)
É este desencanto, este desalento, esta falta de esperança, que o documentário nos mostra.
Tão mais difícil é essa desejada ascensão social, quando a construção do futuro e a idealização de projetos passam pela rejeição da Escola, pela ausência, pela fuga da mesma.
E dizem também os especialistas que a progressão nos níveis de escolaridade é também um meio e uma possibilidade de melhorar a sua condição social.
E o futuro daqueles jovens pouco progride face ao passado.
Melhoram materialmente as condições de vida, (melhoram?), pelo menos nalguns sinais. O acesso às novas tecnologias é já uma corriqueirice, ter um telemóvel topo de gama quem não tem? Nem gente é, se o não tiver!
Aliás esse é um dos modos de vida corriqueiros: calcorrear bairros e ruelas sujas, a vender pacotes redentores de acesso telefónico: Tele 2, Vodafone. As mesmas multinacionais, vendendo os mesmos pretensos sonhos ou soporíferos para sonhar. Os mesmos produtos, idênticos serviços, angariadores semelhantes, jovens desalentados, tocando campainhas e ouvindo negas, quando não más criações. Igual por todo o lado: globalização na sua pior faceta.
Este era o trabalho de Enzo, a criança púbere que cantava com o pai nos restaurantes à procura de umas liras ou de uns dólares, de algum americano transviado de Pompeia. (Ou de uns euros, não sei se em 99 já havia o euro!)
Em adulto recusava-se a cantar. Perdera a confiança em si mesmo.
Finalmente, e já após as filmagens terminadas, os realizadores tê-lo-ão convencido a aventurar-se novamente na cantoria e foi gratificante ouvi-lo e vê-lo interpretar uma das suas cançonetas tradicionais, enquanto o genérico do filme nos era apresentado.
Verdadeiramente esse foi o único momento redentor do filme documental. O único sinal de Esperança!
(E é interessante constatar que o público, que já se havia levantado para sair, a grande maioria dos espetadores nunca fica para ver o genérico dos filmes; algum público, perante a audição de Enzo, reteve-se na coxia e aí, de pé, concluiu a visualização do filme, ouvindo o jovem a cantar!)
E os outros três protagonistas?!
Das raparigas não as consigo distinguir pelo nome.
Uma delas, já mãe, com o companheiro mais uma vez na prisão. E agora também um irmão.
Cumpria os rituais de mãe, dona de casa e mulher em visita a familiares presos.
A outra rapariga, a que em miúda já ensaiava a dança no varão, pois é disso que agora faz profissão em part-time.
O outro rapaz vive ainda com a mãe, arredio da vida; e do trabalho, a fugir como diabo da cruz. Marcado pela ausência do irmão, morto, (colateralmente?), numa rixa de gangues controladores do mundo do crime napolitano e mundial.
Enzo tenta convencê-lo a trabalhar na venda dos pacotes telefónicos, ainda andou algum tempo nesse bate porta, janela e varanda, a angariar subscritores, mas acaba por enfastiar-se, que é “trabalho de escravo”.
Cenários reais, fachadas, corredores e casas dos bairros sociais, uns velhos, outros mais recentes, mas a mesma imagem de degradação e miséria. A célebre autoestrada, megalómana e prepotente, sobrevoando e espezinhando, em viaduto, por cima da cidade, dos bairros da pobreza e exclusão, lembrando também as cenas marcantes da série “Gomorra”.
Por vezes, imagens da baía, evasão e entretenimento (?) e do porto e os seus “negócios” portuários.
Marcante a imagem dos vulcões.
Em pano de fundo, sempre, o Vesúvio, a lembrar o passado, Pompeia, e a eventualidade e iminência de uma futura tragédia. Não sabemos é quando ocorrerá!
E é disto que trata o filme documentário: pobreza, exclusão social, desalento, desesperança, iminência de tragédia, conformismo e aceitação do destino, sem Destino!
Um realizador de cinema em crise de identidade artística e pessoal vai passar umas férias para umas termas.
Aí, é permanentemente “assaltado/atormentado” pelos seus fantasmas e fantasias profissionais e da sua vida privada. De tal modo que o previsto descanso se tornou num pesadelo.
A obsessão por criar um filme atormentava-o, na pessoa de todos os intervenientes em filmografias anteriores.
Produtores apresentando orçamentos, planos de produção, financiamentos.
Que dinheiro havia.
Atrizes exigindo atribuição de papéis e personagens pedindo textos, falas e noção do enredo. Críticos questionando as poucas ideias que iam saindo da mente do criador e, este, em crise criativa.
Sem roteiro, sem ideias para o filme, sem enredo, sem texto, sem definição de papéis, sem falas para as personagens, sem uma narrativa consistente, sem um guião orientador. Angústia suprema de um criador: a ausência de ideias!
O projetado descanso tornou-se num frenesim criativo, entre o real, dos utentes das termas, desfilando por um copo de água miraculosa, da chegada da amante, seguida da mulher e amiga; e o imaginário de todos os envolvidos no processo criativo na construção de um filme.
Neste, de Federico Fellini, um dos grandes mestres do Cinema, de quando a cinematografia europeia ombreava, sob todos os aspetos, com a americana; nesta película passam e perpassam as particularidades do Mestre, projetadas nas do realizador, ator no filme, personificado pelo ícone, Marcello Mastroianni, seu alter ego.
Filme a preto e branco, fantasiando e misturando a realidade e a ficção, na cabeça do ator/realizador, Guido Anselmi. Fantasmas imaginários (?) do subconsciente e pessoas reais.
A omnipresença das Mulheres: a mãe, a mulher, a amante, as atrizes dos filmes, a prostituta desencabelada do tugúrio da praia; a mulher ideal, personificada pela jovem, recatada e bela, Claudia Cardinali.
A relevância da censura, nomeadamente a religiosa, capaz de coartar a construção duma narrativa, da exposição de uma ideia, da apresentação de uma imagem, um corpo ou pose mais ousada de mulher, a presença e personificação do demónio.
A autocensura, fruto da educação de sotaina em instituição sacerdotal, (seminário? ou colégio de padres?). O castigo e suplício desmesurado, face ao desvirginar do olhar, perante a dança da prostituta, a troco de umas míseras moedas, arrebanhadas por crianças, à procura da sua iniciação sexual.
Todas estas imagens de um passado infantil, de uma educação castradora, recalcada no subconsciente, afloram na mente adulta do realizador Guido, constrangendo e tolhendo o ato criativo.
E todas estas dúvidas, perplexidades, hesitações, frustrações, reais e ficcionadas, constroem o próprio filme, na cabeça do realizador Guido e no projeto do Mestre Frederico.
E a cenografia sempre lá esteve à espera, os andaimes e as estruturas do derradeiro filme sempre lá estiveram, aguardando a redenção criadora de um guião, um roteiro, um enredo.
A construção megalómana e grandiosa do último filme ou de um próximo futuro (?), uma nave espacial em que no final desfilarão todos os personagens, atrizes, na maioria, que, durante o descanso ou devaneio (?) nas termas, foram atormentando o cineasta com as sua dúvidas, interrogações, formulação de desejos e pedidos.
E é vê-lo, o realizador Guido, projeção de Frederico, de megafone em punho, dirigindo todos aqueles atores e personagens reais, naquele desfile de loucos ou de crianças crescidas (?), nos passadiços da geringonça construída, ao som de uma mini orquestra de saltimbancos, tão ao gosto e saber de Fellini.
É um momento sublime e redentor! Verdadeiramente felliniano.
E a música de Nino Rota, outro ícone dos projetos fellinianos.
Filme datado?!
Não sei. Só sei que o filme tem que ser visualizado e usufruído atendendo ao seu aspeto formal e estético, contextualizado à época em que foi realizado. Ao enquadramento ideológico e político desses anos. Itália ainda do pós guerra, recuperando economicamente, com profundas assimetrias de desenvolvimento, em múltiplos fatores: sociais, regionais, económicos. Início dos anos sessenta do século XX, numa Itália governada pela Democracia Cristã, governos instáveis, com a oposição de um Partido Comunista forte e a omnipresença fortíssima da Igreja Católica.
Há situações que hoje nos parecerão talvez bizarrias. As discussões bizantinas com o intelectual hipercrítico, sobre a essência do filme, do papel do cineasta, da mensagem correta ou deturpada do texto, da função e móbil do cinema e da arte, talvez nos pareçam, atualmente, despropositadas e maçadoras, mas faziam parte da problemática ideológica, filosófica e estética, da época e do questionar do papel do Cinema enquanto Arte, ao serviço ou não de uma sociedade, e de uma classe social, ou não.
Há excertos do filme que se nos tornarão aborrecidos. Talvez.
Constatei que vários espetadores não regressaram do intervalo!
E esta análise não corresponde exatamente ao paradigma do que habitualmente é escrito sobre o filme?!
Foge aos cânones do consagrado e consignado sobre ele?!
Não?
Alguma da essência do filme nela perpassará... Atrevo-me eu.