Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Olaias já estão floridas. Nas Tílias ainda estão por rebentar os gomos das folhas. Os Jacarandás, muitos deles, ainda não deixaram cair as folhas do ano passado!
Os Carvalhos Robles já se vestiram do seu verde primaveril acetinado.
E, hoje, dia em que nos media e nas redes sociais e no universo da blogosfera, o assunto de que mais se fala é dos "Óscares", trago-vos, como informação, a realização do supracitado "Encontro de Coros Femininos".
São espetáculos sempre muito interessantes, especialmente quando realizados em salas devidamente vocacionadas para o efeito, como realmente merecem todos os intervenientes. Neste caso, todas as coralistas.
São Cultura Popular. Cultura Pop, ou "Pop Culture", se gostar mais da expressão ou estiver mais direcionado/a para o universo dos "óscares"!
Nestes eventos é sempre indispensável também que quem vai assistir esteja igualmente com atenção. Todas as pessoas envolvidas merecem a nossa maior consideração, por isso, quem vai, vai para ouvir e para escutar, respeitando o trabalho de quem está ali para dar o seu melhor!
Outro aspeto que também não quero deixar de referir é que estes espetáculos devem sempre ser realizados em recintos fechados. De preferência, com as melhores condições possíveis. Não ao ar livre, não na rua, onde se perde completamente a qualidade artística. Ainda no sábado, dezoito deste mês, em Cacilhas, frente ao posto de Turismo, presenciei um Grupo de Reformadas que não conseguiu apresentar o seu trabalho, por falta de condições técnicas para tal.
Este reparo também já o ouvi a diversas coralistas.
Acontecem regularmente eventos culturais, de diversos âmbitos, sendo que, por vezes, é difícil escolher em quais participar, dada a sua simultaneidade.
Foi o que aconteceu, ontem, sábado, dia dezasseis de Janeiro, da parte de tarde.
Entre os vários que me podiam despertar a atenção, houve dois que me cativavam muito especialmente, a horas relativamente simultâneas, em dois locais emblemáticos, no que a este aspeto se refere: Cultura!
No C.I.R.L. – Clube de Instrução e Recreio do Laranjeiro, programava-se uma Sessão de Cante, com diversos Grupos Corais, do Alentejo Interior e do Alentejo da Diáspora. Grupos Masculinos e Femininos!
Na Oficina da Cultura, em Almada, previa-se uma Sessão de Poesia - “O que é a Poesia?”, integrada no Programa da Exposição do 21º Aniversário de A.A.C.A. – Associação de Amigos do Concelho de Almada.
Ambas prometiam. Balançava entre os dois acontecimentos. A qual deles assistir? Ir um pouco a cada um, o que acabaria por resultar em não ficar de coração em nenhum deles?!
Para onde acham que balancei mais?!
O ideal é quando estes eventos ocorrem em tempos diferentes. Ou ainda melhor, quando, no mesmo evento, se juntam as duas vertentes: Cante e Poesia!
Bem, comecei por ir ao C.I.R.L., estavam os Grupos a chegar e a sala a compor-se, mas já com bastante gente. Ficar, não ficar?!...
Acabei por ir para a Sessão de Poesia, a que assisti na totalidade, não me consegui desligar, dado o interesse que me suscitou, só tive pena de não ter “dito” um Poema, apesar de ter havido apelos nesse sentido, pelo organizador, ao público presente.
No final, ainda passei novamente pelo C.I.R.L., mas a Sessão de Cante já terminara. Um “Compadre” trajado à moda alentejana e ao modo alentejano de bem receber, me incentivou a ir ao 1º andar, ao beberete, que o pessoal estava nos comes e bebes. E até fui, observei, mas não fiquei. Sinceramente, nestas cenas nunca me sinto muito à vontade. E fui-me embora.
Aguardo outra sessão de Cante!
E, como já referi, em boa hora, fui à Sessão de Poesia, a que assisti, e que passarei a relatar alguns aspetos essenciais.
Subordinou-se ao tema “O que é a POESIA?”
Após as apresentações e explicações prévias e enquadrantes do evento, decorreram as intervenções substantivas propriamente ditas, conforme o previsto.
O Professor de Literatura, Gabriel Silva, teceu uma narrativa magistral, subordinada ao tema em epígrafe, num discurso claro e apelativo, riquíssimo de conteúdo, num didatismo de exemplar maestria, e de uma enorme simplicidade explicativa e compreensiva, mas extraordinariamente rico em termos de substância ideativa, que fascinou todos os ouvintes.
A partir de exemplos muito concretos, de três objetos que expôs e nos mostrou para elucidar a sua narração, objetos, de maior ou menor valor, mas significativos e significantes para si, e cumulativamente para nós, através do seu discurso, do seu narrar e da sua forma de narrar, nos fez entrar, encadear, enfeitiçar, qual Xerazade, numa história de um rei sofrendo de um encantamento, provocado por um anel. (…) (…)
“Esse anel de encantamento é a Poesia!”
Uma narração e uma história que mereciam ser passadas a escrito, talvez até estejam, não sei… Não tive oportunidade de dialogar posteriormente.
Houve oportunidade de intervenções, e todas elas foram elogiosas para o palestrante e para a palestra. (Acho este conceito pobre… Lição, de Mestre, é mais preciso. Mestre, no sentido clássico do termo.)
Nem que fosse apenas para “beber” esta Lição, valera a pena ter ido à Oficina!
E deu-se início à divulgação de POESIA!
Ana Neto deu-nos a conhecer Poesia de Manuel Alegre. Gil Marovas declamou um Poema sobre Catarina Eufémia!
Seguiram-se Momentos Poéticos, a cargo da “Tertúlia Poética” – “As Portas que Abril Abriu”, com Vicktor Reis e a colaboração musical de Helder Charneira e João Azenha.
Disseram Poesia o próprio Vicktor Reis, também apresentador destes momentos poético-musicais, e ainda Maria Teresa Reis e Irina Bettencourt.
Cantou e encantou Beatriz Grilo!
Esta apresentação poética e musical, que estes artistas levam a efeito em vários contextos culturais, consistiu em prestações de poesia entremeadas de canções.
Irina declamou Poemas do livro “Cem Poemas para salvar a nossa Vida”, uma Antologia poética organizada por Francisco José Viegas.
Declamou “Quem não ama não vive”, de António Boto e “A brevidade dos rostos da vida”, de Gregório de Matos.
Beatriz cantou-nos sempre belas e saudosas canções, estruturadas sempre em belíssimos Poemas, apelando à nossa participação.
Lembrou-nos “Lisboa, menina e moça” e “Traz um amigo também”.
Maria Teresa Reis disse dois Poemas de sua autoria, dedicados ao Mar. “Louvor ao mar” e “Em busca de Neptuno”.
Beatriz voltou a estar em cena, cantando “Canção de madrugar” e “Maio, maduro Maio”.
Voltou novamente Irina, dizendo, “Eu cantarei um dia de tristeza”, de Marquesa de Alorna e “Formoso Tejo meu”, de Francisco Rodrigues Lobo.
Seguiu-se um interlúdio musical, “Musicó”, protagonizado pelos solistas Helder Charneira e João Azenha.
Maria Teresa, defendendo a tese que um dos domínios da Arte é também o Sonho, deu-nos a conhecer outro Poema da sua autoria “Utopia”.
Vicktor Reis além das apresentações também foi chamando o público à participação, mas ninguém se abalançava a tal. (Eu próprio estive para isso, mas não me atrevi!)
E, então, o apresentador também desempenhou papel de “diseur” ou “dizedor”? E disse o Poema “Que flores são estas?”, que não sei se é de sua autoria ou não.
E estava para se processar o encerramento com mais uma canção de Beatriz, quando esta anunciou que um amigo iria dizer uma Poesia.
Um jovem, Leonardo Faria, que disse uma Poesia, composta de três quadras, de um Amigo (Imaginário?). “Construi-me a mim próprio…” No final, confidenciaria ser de sua autoria.
Registo aqui uma particularidade neste Poeta, além do facto de ser jovem, mas nesta Sessão estiveram vários jovens, ressalto o seu processo de leitura. Enquanto nós, os “cotas”, lemos de um papel A4, ou de um livro; os mais dotados de memória, declamam ou dizem de cor, este, jovem, leu do telemóvel.
Pois, muito bem, gostei, e porque é jovem, continue, que o que escreve é bonito, disse bem, e a Poesia precisa de gente que a divulgue a partir do telemóvel. É sinal que se adapta à modernidade!
E, para finalizar em beleza, com “chave de ouro”, Beatriz brindou-nos com a belíssima “Desfolhada”, que o público teve o grato prazer de acompanhar.
Este post está ilustrado com uma digitalização do convite para a Exposição da A. A. C. A. – Associação dos Amigos do Concelho de Almada, amabilidade de “João Flávios”, a quem agradeço.
Mas fico a aguardar uma fotografia, ou várias, da Exposição, para ilustrar num post específico.
É imprescindível visitar esta Exposição!
E ainda volto a uma alfinetadela que gosto de colocar nestes textos, quando escrevo sobre “CULTURA LOCAL”.
Porque é que as televisões generalistas, especialmente as privadas, transmitem tanta… tanta… tanta quê…?!
Será que as Hortas Urbanas têm alguma importância num contexto sócio-económico e cultural?!
Ou será que elas são apenas um escape para um segmento populacional mais ou menos desenraízado no contexto urbano ou suburbano em que se insere?!
Será que este modelo de intervenção cultural, de raízes campestres, mas intervindo num espaço citadino e urbano, será apenas passageiro? Reflexo de um tempo de crise e como tal associado a estratos populacionais mais desfavorecidos?
Mais questões poderão ser levantadas…
À partida, quero expressar que sou defensor da sua existência.
Mais, reforço que deverão ser incentivadas as pessoas interessadas nesta prática, apoiadas pelas instituições que o possam fazer, promovendo e definindo práticas de uso de terras camarárias para esta finalidade.
Nesta ação de cultivo de terrenos abandonados no espaço urbano, penso que ganham todos os intervenientes.
Ganham os agricultores urbanos, pois produzem alimentos para si próprios, para familiares e também amigos, pois normalmente quem amanha a terra tem esta característica de personalidade: o prazer de oferecer o que obteve da sua produção. O gosto da dádiva!
Em princípio, os produtos obtidos serão de melhor qualidade, dado que quem produz nestas situações gosta de ter algum cuidado no processo produtivo, evitando, ou pelo menos não exagerando, nos pesticidas.
Possibilita uma saudável ocupação dos tempos livres, de forma construtiva, em contacto com a natureza.
Promove também a interação, o convívio entre os vários participantes nestas tarefas, que muitas vezes se ajudam entre si e com as respetivas famílias.
Ganha a Sociedade globalmente.
Os terrenos são limpos de mato e sujidade, evitando o abandono, a negligência, sem que para isso as entidades autárquicas tenham que intervir.
Evitam-se e previnem-se hipotéticos fogos.
Favorece-se a infiltração das águas pluviais, retendo-as, deste modo não escorrendo tão repentinamente quando chove e infiltrando-se o líquido nos solos. Abastece os aquíferos e evita também a erosão.
Diminui-se o circuito de distribuição e todo o gasto energético inerente, pois produtor e consumidor estão no mesmo elo da cadeia produtiva.
Mas o comércio também ganha com esta prática, com esta moda, digamos.
Nas grandes cadeias de supermercados prolifera periodicamente toda a gama de artigos necessários a estas atividades. Desde as sementes e plantas até aos sistemas de rega e recolha da produção, numa parafernália imensa de objetos mais ou menos engenhosos, de modo a ajudar, facilitar e promover a ação do agro urbano.
E algo que normalmente não valorizamos devidamente. Com o plantio de árvores, arbustos e hortícolas, há uma permanente produção de oxigénio, que nos é indispensável à vida.
São um modelo de intervenção cívica, num contexto de urbes em que, muitas vezes, os laços de Cidadania se foram perdendo.
São uma forma de ocupar as pessoas construtivamente, sabendo nós que o trabalho é uma excelente forma de terapia. E que faz imensa falta a muito boa gente que vegeta por aí sem fazer nem querer fazer nada de construtivo!
E qual o papel que as entidades autárquicas ou outras podem desempenhar?
Como? Disponibilizando terrenos, água, conhecimentos, informação… E, porque não, também formação?!
Criando feiras e/ou locais de venda, facilitando o escoamento da produção, que poderá ser excedentária.
Uma outra forma de promover, divulgar e incentivar seria organizando uma espécie de Concurso entre produtores e respetivas hortas, como se faz noutros ramos de atividade. Algo que teria que ser bem estruturado, auscultando previamente os possíveis interessados.
E outras Entidades como poderão intervir?!
Por ex. Escolas.
As Hortas que visitámos situam-se a norte da Escola Secundária António Gedeão, confinando com a mesma.
Será que na Escola não poderiam ou não serão até já desenvolvidas atividades de intercâmbio?! Visitas de estudo, workshops, troca, partilha de conhecimentos e saberes. Estruturação de ações no âmbito de disciplinas ligadas à Natureza: Ciências Naturais, Geografia?! Ou integradas no contexto da Cidadania: Formação Cívica, Educação para a Cidadania?! Ou outras...
Ou atividades interdisciplinares. Trabalhos de Projeto, por ex.
Note-se que não sei se atualmente ainda existem as Disciplinas mencionadas!
Nas hortas visitadas criaram, nas “divisões/partilhas” de terrenos, um caminho entre sebes de canas entrançadas, que servem de divisórias. Pois esse caminho pedonal é utilizado diariamente por estudantes na ida e vinda das atividade escolares.
Mas e para finalizar.
Realce-se que, embora a intervenção de outras entidades possa ser importante, este movimento tem muito de espontâneo e autónomo! Pelo que convirá ter sempre essa característica em conta nas atitudes e intervenções hipoteticamente a serem feitas!
No dia 28 de Março, conforme divulguei no post anterior, realizou-se no C.I.R.L. - Clube de Instrução e Recreio do Laranjeiro, a Sessão de Poesia homenageando ARY dos SANTOS.
Estariam no evento umas sessenta ou setenta pessoas, amantes da Poesia.
Numa orgânica muito bem delineada, estruturada e conduzida por Professor Alexandre Castanheira intervieram vários Poetas Almadenses, se não de nascimento, pelo menos de coração! Disseram, declamaram, leram, cantaram Poemas sobre Ary e de Ary, havendo ainda no final, um breve espaço para “Poesia Vadia”.
O Professor Alexandre Castanheira iniciou a sessão historiando sobre Ary numa narrativa sobre o Poeta na primeira pessoa. Sobre a sua Poesia, segundo o próprio, do tipo lírico, satírico e de intervenção; o seu pensamento sobre o seu Eu poético, a partir de trechos pessoais em prosa e de versos de poemas autobiográficos.
Na segunda parte intervieram vários Poetas, homenageando o Poeta, dizendo poemas sobre ele.
Correia Fernandes leu um poema sobre Ary; Orlando Laranjeiro disse “Ary, poeta vivo!”; José Baião também leu um poema sobre Ary; Vitor Gonçalves, acompanhado à viola por Ricardo Reis, leu “A força das palavras”; Fernando Fitas leu “De Guernica a Badajoz”; tendo também o Professor Castanheira lido um texto sobre Guernica e dito poesia. Rosa Dias disse “Palavras do poeta”, tendo terminado Rita Villaret, também com um poema.
Na terceira parte a temática incidiu sobre Poemas de Ary.
Correia Fernandes, tocando viola, cantou “Cavalo à solta”. Orlando Laranjeiro declamou “Homenagem ao povo do Chile”. Vitor Gonçalves também leu um poema de Ary. Fernando Fitas disse “Lhanto para Alfonso Sastre”. Francisco Naia, que chegou entretanto, cantou um poema sobre Ary, “Alentejo” (?) tendo também dito e cantado o poema “Cidade”. Rita Villaret disse o poema “Retrato de herói”; Rosa Dias, “Meu camarada e amigo” e Ricardo Reis cantou “Um homem na cidade”.
O Professor Alexandre Castanheira encerrou com “chave de ouro”, com o poema épico “As Portas que Abril Abriu”, acompanhado por Eduardo Bonança, que intercalava melodias tocadas com harmónica, “Grândola…”, “Hino Nacional”…
E ainda houve tempo para “Poesia Vadia”: A “Balada da Neve”, de Augusto Gil, dita por Srº Villaret; um poema de livro de Fernando Fitas, pelo próprio; Rosa Dias declamou, como só ela sabe, um lindo poema de sua autoria; e um Srº da Junta de Freguesia disse uma quadra sobre Ary.
No encerramento foram ainda os presentes convidados para um lanche.
Nota Final: De algumas das Poesias não consegui saber o nome, bem como de algumas Pessoas. Caso alguém me possa fazer chegar os dados, agradeço e prontamente farei a correção.
E, como apesar de ainda estarmos em Março, já se aproxima Abril, e tanta falta que ABRIL nos faz!…
Segue-se também numa linha inspirada em Ary, um poema simples de catorze versos, escrito em 2004, “Em Abril…”
Em Abril...
Em Abril abriu-se um dia
Por dentro deste, outro País
Soltaram-se cravos, rompeu alegria
Mudou-se a planta até à raiz.
Foi tamanha a euforia
Que a todos fez irmandade
Em toda a parte se ouvia
Dar loas à Liberdade.
Das espingardas e chaimites
Flores brotaram. E o Povo
De um governo de’ artrites
Fez nascer um Poder Novo.
Novo, este País sempre Abril
Num dia valendo mil!
Escrito em 2004.
Publicado em Boletins Culturais de “Mensageiro da Poesia” – Associação Cultural Poética:
Nº 71 – Mar./Abr. 2005
Nº 79 – Jul./Ago. 2006
Nº 88 – Nov./Dez. 2007.
Boletim Cultural do CNAP - Círculo Nacional D'Arte e Poesia:
Nº120 - Ano XXVI - Jun. 2015
Nº 127 - Ano XXVIII - Março 2017.
Foto: "Crianças e militares confraternizam", Foto Nº 25 - Centro de Documentação 25 de Abril - Universidade de Coimbra.
No próximo sábado, dia 28 de Março, Poetas Almadenses vão promover uma homenagem a José Carlos Ary dos Santos (1937 - 1984), no C.I.R.L. – Clube de Instrução e Recreio do Laranjeiro, a partir das 16h, dizendo POESIA sua.
Ary dos Santos, tornou-se-me conhecido, bem como provavelmente para a maioria dos portugueses, no final da década de 60, primeira metade da década de 70, quando as suas canções venceram Festivais da Canção, à data, acontecimentos de caráter nacional, dados os condicionalismos específicos da época.
Em 1969, a canção “Desfolhada” cuja letra escreveu, com música de Nuno Nazareth Fernandes e cantada por Simone de Oliveira venceu o Festival, tendo representado Portugal em Madrid. E para quem não viveu esses acontecimentos já terá visualizado reportagens sobre o assunto quando a RTP, por vezes, recorda esses tempos…
Em 1971, também com música de Nuno Nazareth Fernandes, venceu a canção “Menina do Alto da Serra”, cantada pela Tonicha, também uma canção muito bela.
E em 1973 venceu a canção “Tourada”, cantada por Fernando Tordo, também autor da música. Esta canção também foi uma “pedrada no charco” no panorama artístico e cultural ao tempo, por tudo o que metaforicamente ela representava e pela simbologia acutilante com que criticava a “sociedade podre” em que se vivia. Continua atualíssima!
Nesses anos as canções de Ary dominavam os festivais. Em 73, quatro canções eram da sua autoria. Com a sua participação nos festivais e no mundo da canção lusitana, Ary elevou o respetivo nível a um patamar de qualidade nunca atingido até então nem sei se alguma vez igualado posteriormente. Foram muitos os cantores que cantaram poemas seus, que ainda hoje são recriados por artistas atuais, pois a sua qualidade é inexcedível e intemporal.
Para além de letrista de canções, que eram verdadeiras POESIAS, Ary foi um POETA de intervenção! Escreveu vários livros, declamou, disse as suas poesias, foi um CIDADÃO interveniente…
Para quem quiser saber mais, consultar: wikipédia.
Aliás foi através da wikipédia que também fiquei a saber que a canção “Portugal no Coração”, cantada pelo grupo “Os Amigos”, de que me lembrava, mas não sabia que também era da sua autoria.
POESIA de ARY dita por outros POETAS, haverá uma tarde de excelente CULTURA!