Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
No cruzamento da “Azinhaga do Poço dos Cães” com a “Azinhaga da Fonte das Pulhas” ou do “Porcosunho”
Encontro Literário com a Escritora Lénia Rufino.
Querem dióspiros?! (…)
Ao final da tarde de cinco de Outubro, mais um dia de vaidades lá para Lisboa, vinha eu de um dos meus “escritórios”, quando estou na Aldeia. Neste caso, do “Vale de Baixo”. Não trazia as “canetas”, pois já deixara a ferramentaria e as colheitas, no “Quintal do Chão”.
Observei um casal descendo a “Azinhaga do Poço dos Cães”.
Parei, porque pareceu-me conhecer a rapariga, apesar da distância e de nunca a ter visto pessoalmente.
O casal também parou, hesitando na continuação da marcha.
Instei-os que prosseguissem, pois gostaria de falar com eles.
Ao aproximarem-se, tomei a liberdade de perguntar o nome à rapariga.
Confirmava-se a minha perceção. Era Lénia Rufino, sobre cujo livro “O Lugar das Árvores Tristes” teci algumas considerações neste blogue.
No breve colóquio encetado, referi que conhecia os pais, que a mãe era da minha idade e fizéramos a 4ª classe no mesmo ano. Que lera o livro de Lénia e de que gostara.
Lénia agradeceu e tive oportunidade de abordar mais alguns aspetos da narrativa.
(Aliás, a Escritora, conforme frisou, vinha explicando ao companheiro, sobre as ambiências do livro e aqueles espaços inspiradores para o enquadramento do enredo, que faziam parte das suas memórias de infância, quando vinha para a Aldeia com os pais.)
Peculiar e simbólico, que tenha encontrado a Escritora, num espaço de contexto da história e não em qualquer salão literário ou livraria!
Quanto à “Fonte dos Pulos”, a fonte inspiradora foi a “Fonte do Salto” e não a “Fonte das Pulhas”. Contrariamente ao que eu, inicialmente, supusera.
Sobre a continuidade da condição de escritora, mencionou estar a escrever outro livro.
Face à questão que lhe coloquei se seria saga do primeiro, referiu que não. A continuar, se o fizesse, seria sobre o filho de Lurdes, o João.
Questionada sobre o “violador”, explicitou que a ele se refere na página duzentos. Não tendo eu, de momento, o exemplar do livro na minha posse, vou continuar na dúvida, sem saber se a minha suspeita do possível autor do crime será quem eu penso ou não.
A conversa foi breve, que ainda iam para Lisboa. Não sei que Lisboa. Que para nós, quando estamos no Interior, Lisboa é toda a Grande Lisboa!
Querem dióspiros?! Finalizei quase em remate de conversa. Recusaram e engelharam a cara. Pelos vistos não gostarão. Eu, pelo contrário, este ano tenho-me lambuzado com os dióspiros.
Tinha colhido alguns e, caso gostassem, faria gosto em oferecer-lhes.
Continue a saga… ainda lembrei.
(P.S. - As fotos não se reportam ao dia referido. Foram tiradas em momentos diferentes. Fazem parte do acervo, vasto, que tenho. Os locais são os mencionados. Os dióspiros... bem, também já se foram.
Lá para Óbidos também estão a decorrer "Encontros Literários". )
Caro/a Leitor/a: Aventure-se na Natureza “Aquiliniana”!
Das quase duzentas e cinquenta páginas deste livro, escolhi este pequeno excerto ou naco de prosa, para entusiasmar o/a Leitor/a no desbravar deste Romance(?). O Autor não quis propriamente considerá-lo desse modo. Talvez uma Crónica Romanceada, direi eu!
«… Do pinhão, que um pé-de-vento arrancou ao dormitório da pinha-mãe, e da bolota, que a ave deixou cair no solo, repetido o acto mil vezes, gerou-se a floresta. Acudiram os pássaros, os insectos, os roedores de toda a ordem a povoá-la. No seu solo abrigado e gordo nasceram as ervas, cuja semente bóia nos céus ou espera à tez dos pousios a vez de germinar. De permeio desabrocharam cardos, que são a flor da amargura, e a abrótea, a diabelha, o esfondílio, flores humildes, por isso mesmo troféus de vitória. Vieram os lobos, os javalis, os zagaias com os gados, a infinita criação rusticana. Faltava o senhor, meio fidalgo, meio patriarca, à moda do tempo.
Ora, certa manhã de Outono…
Um homem atravessou por ali, e não foi pequeno o seu pasmo. …»
In. "A Casa Grande de Romarigães" – Aquilino Ribeiro – Círculo de Leitores, Lda. (pag.12) - Clássicos da Língua Portuguesa - 2ª Edição – 7500 exemplares – Nov./1978.
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(Adquiri o livro, em Jan.1979, através do Círculo, de que era sócio na altura, por 195$00. Li-o por essa data, 79/80, e este ano, entusiasmado pelo “Guia das Aves de Aquilino Ribeiro”, voltei a lê-lo, num ápice, nestes meados primaveris de Abril!
Vou voltar a relê-lo, aliás já recomecei, pois que ainda quero escrever um pouco mais sobre o mesmo.
Aquilino, 1885 – 1963, e esta Obra, são fundamentais. Foi escrito em 1957, tinha o Autor 72 anos.)
Com este Livro e este rico pedaço de Natureza escrita e descrita por este Mestre da Literatura Portuguesa, de certo modo, fazemos a ligação ao que vínhamos escrevinhando sobre a riqueza natural que nos cerca. Agora nesta escrita sublime, tão naturalmente genesíaca e riquíssima de verbo, da paisagem campestre, como a deste Ribeiro.
É sempre bom termos Dicionário à mão. A net, hoje, facilita-nos completamente o trabalho, pois nos proporciona a imagem. Eu, que tanto me interesso por plantas, socorri-me destes meios, para decifrar: abrótea, diabelha, esfondílio. Que cardo conhecia!
Afinal, as outras três também, que são plantas por demais correntes, de que tenho fotos, pelo menos da abrótea.
E é ela que ilustra o postal, juntamente com um carvalhal, que é essa uma das florestas que as bolotas criam. Outras serão os montados de sobros: azinhais e sobreirais. Ou os carrascais!
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P.S. – As fotos deste postal, como da grande maioria dos anteriores, são Originais!
Esta, dita de Verão, causa-me sempre confusão. De repente, mal damos por isso, já é meio-dia.
Para quando, as entidades competentes, as governanças que nos dirigem, as nacionais ou as internacionais, se decidem por definir um modelo de hora que fique estabelecido, sem precisar de se mudar semestralmente?!
Vejam qual o melhor modelo, são “cabecinhas pensadoras” e decidam-se!
As fotos?!
Continuam da glicínia, fotografada em Óbidos, em Abril de 2019.
E porquê?!
Uma curiosidade. Li numa revista de jardinagem, que as glicínias crescem no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. (Estes deslocam-se da direita para a esquerda.)
Nas fotos da glicínia apresentada verifica-se que a planta se “movimenta” da esquerda para a direita. A base de nascimento está no quintal da casa, que fica à esquerda e o respetivo crescimento processa-se para a direita.
Interessante, não acha?!
Quanto ao “movimento” das plantas, este é um facto. Chamam-se tropismos. São direcionados pela luz, fototropismos; pela água, hidrotropismos... Correspondem ao crescimento da planta, que, na verdade, é um movimento.
E, através, das sementes, também se deslocam, enviando os filhos e filhas, para bem longe. E, para isso, pedem ajuda a outros seres: aves, insetos, mamíferos e outras entidades: o vento, a chuva… Eu sei lá! As plantas são seres também dotados de inteligência! Também comunicam e se ajudam entre si e com outros seres vivos.
Admirado/a?!
Há imensa literatura científica sobre o assunto. Filmografia, reportagens sobre o tema.
A Vida na Terra é extraordinariamente fascinante e o Ser Humano não é o único ser inteligente à face do Universo.
Bem bastas vezes tem dado provas precisamente do contrário.
E onde a conversa já vai… a partir da mudança da hora.
Vou mudar de registo.
E desejar continuação de excelente “Domingo de Ramos”, com muita Saúde.
"A LARANJA MECÂNICA (1962) - Autor: Anthony Burgess
Realizador: Stanley Kubrick (1971)"
(…) (…) (…)
Comentário que deixei no postal em 24 de Fevereiro
Vi o filme, quando foi estreado em Portugal, após o 25 de Abril. Não li o livro. Mas a primeira vez que ouvi falar do livro e do autor, Anthony Burgess, foi em 1973, ao Professor Adriano Moreira, no antigo ISCSPU!
Stanley Kubrick foi um dos meus cineastas preferidos, quando ia ao cinema, nos anos 70 e 80. O filme referido, “Laranja Mecânica”, “2001 – Odisseia no Espaço”, “Spartacus”, “Shining”, “Lolita”, Barry Lyndon”, são filmes que me lembro de ter visto e todos e cada um a seu modo, me “disseram algo”.
Não será talvez o melhor filme de Kubrick, ou até talvez seja, mas “Barry Lyndon” foi, dos que visualizei, o filme que mais me impressionou, pelo sentido estético incomparável. (Talvez só os de Visconti o ultrapassem!)
Achei interessante referir Aquilino, pela riqueza incomensurável da linguagem. Sem dúvida. Ando a ler um livro baseado em excertos de obras de Aquilino em que ele fala de aves. Uma preciosidade: o saber, o conhecimento, a variedade de vocabulário… Hei-de “trazer” o livro ao blogue.
Aos Amantes de Aves e de Literatura de Excelência!
Excertos de Obras de Aquilino Ribeiro em que o Escritor aborda temáticas sobre aves. Uma pérola. Imperdível! Referência a 83 Aves, numa Literatura com a riqueza ideativa, de vocabulário, como só Aquilino!
Aquilino Ribeiro (1885 – 1963) é um Escritor incomparável na nossa Literatura. De uma excelência inigualável.
Dois excertos sobre o “Marantéu, Papa – Figos”
“A cabra gosta da liberdade como o marantéu de figos.” ...
“Os gaios, sim, têm nas rémiges o índigo mais esmaltado que se pode conceber e o papa-figos – marantéu lhe chamam, a palavra traindo a corruptela de amaranto, que é a sua tinta – veste um justilho cuja cromática faria as delícias de uma menina do Chiado. São excepção. As tintas nas aves serranas pendem para escuras, penitenciais, e compreende-se que, à falta de florestas, sejam as que mais se neutralizam aos olhos do nebri e do peneireiro, sub-ave de rapina que dá o cavaquinho pelas carriças e as folechas, essas igualmente cobertas com manto de serguilha, franciscano.”
In. pag.s 78, 79; a partir de “Aldeia – Terra, gente e bichos” – Aquilino Ribeiro
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Alguns Dados Técnicos:
Antologia e Texto Introdutório de Ana Isabel Queiroz; Ilustração, aguarelas, de Maico – Carlos Pimenta; BOCAge – Ciência e Arte – Nº1 - “BOCA – Palavras Que Alimentam”.
Estrutura do Livro:
Agradecimentos; Introdução; Bibliografia;
Aves Selvagens Mencionadas por Aquilino Ribeiro – Excertos literários classificados por unidade taxonómica;
Nomes Latinos Equivalentes aos Nomes Comuns Usados por Aquilino Ribeiro;
Índice Onomástico;
Biografias dos Autores: Aquilino Ribeiro, Ana Isabel Queiroz, Maico (Carlos Pimenta), José Eduardo Rocha (JER), Fernando Alves;
Índice; Ficha Técnica;
Um CD com 17 separadores musicais para um Audiolivro, Op. 46 (2012, 2016) – José Eduardo Rocha, Nuno Morão, Vasco Lourenço. Leitura de Fernando Alves.
(Capa e contracapa duplas, com imagens de várias aves e de alguns dos livros de Aquilino. Em excelente papel. Prenda de Natal 2020. Comprado eletronicamente, enviado por correio. Custou cerca de 12E. Livro que ando lendo… e ouvindo.)
Abordei a temática deste livro ainda em Setembro. Entretanto li-o, já há vários dias. Tendo-me debruçado sobre outros assuntos, demorei a ter oportunidade de escrever sobre o mesmo.
É um livro interessantíssimo. Extremamente emocional. Deve ser difícil a qualquer pessoa lê-lo, sem chorar ou reter as lágrimas, esforçando-se por não se emocionar demasiado. Também, quando menos se espera, nos proporciona momentos de riso, em que as gargalhadas se soltam, espontânea e saudavelmente. É de uma criatividade extraordinária, é difícil não nos sentirmos envolvidos empaticamente com o personagem primordial, Zezé, também narrador principal.
Zezé, menino de cinco anos, extremamente sensível, inteligente, precoce, que tinha um passarinho que cantava para dentro dele.
(Sabe o que é cantar para dentro?! Quase todos os poemas que escrevo ultimamente são escritos com música, que canto para dentro. Pena tenho não saber escrever música! Não sei se a música, que canto para dentro, é original ou não, isso já é outro plano de realidade. Mas que canto para dentro, isso é um facto meu, pessoal. Mas deixemos os devaneios pessoais…)
Zezé, que queria ser poeta e usar gravata de laço. Que aprendeu a ler sozinho, antes dos seis anos e assim entrou para a escola mais cedo. Que gostava imenso da Escola e da sua Professora… Que encontrou no Amigo Português, “Portuga”, o Pai que o verdadeiro pai não conseguia ser, vivendo a situação desesperada de desempregado e a sequente miséria de não conseguir governar o rancho de filhos.
Enfim… é um livro que nos toca magistralmente no mais sensível que tenhamos enquanto Seres Humanos.
Toda a pessoa devia ler. Principalmente, nós, os adultos. Quanto às crianças, muito sinceramente acho que não. O relato de vida tão sofredora, daquela criança, não sei se será adequado que outras crianças leiam… (Digo eu...!)
Zezé representa o Autor / Escritor, José Mauro de Vasconcelos, que relata, descreve, romanceia (?) a sua vida de infância.
Um livrinho!… não é um livro grande em dimensão, não chega a duzentas páginas, mas é um Livrão, em termos de qualidade literária, ideativa, sentimental, um romance emocionante.
(A foto?! Original, de flor do quintal. Não sei como se chama esta planta, mas sei que a trouxe, através de semente, já há vários anos, do Jardim Botânico de Lisboa.)
Quando publiquei o postal “Passeio Virtual por Cidades… e Aldeias”, em Maio, fi-lo precisamente porque estava e estou, farto de Covid. E quem não estará? Escrever sobre o dito cujo ainda me saturava e satura mais.
Entretanto passaram-se tantas coisas e qual delas mais estranha.
O “desconfinamento” atingiu proporções, a meu ver, exageradas e não só em Portugal.
Manifestações, de motivações justas, mas que descambaram em efeitos injustificados.
Em Portugal, as ações têm sempre uma escala proporcional à nossa dimensão. Alguns cartazes despropositados.
Nos States, após aqueles descalabros, previsíveis, dadas as assimetrias gritantes entre estratos populacionais, acentuadas pelos efeitos de Covid; na Velha Albion, onde a Covid também tem feito grande mossa; inépcia e incoerência dos respetivos governantes, em ambos os estados anglófonos, deu-lhes, aos manifestantes, para derribarem e apearem estátuas. (Não haviam bastado os talibans!…)
Sem qualquer sentido.
Porque, reflita, SFF. Que seria da América se não tivesse havido Colombo? Ou de Inglaterra sem colonialismo(s)? Onde estariam esses sujeitos a quem lhes dá esses amoques?! Existiriam sequer, enquanto seres humanos?!
Porque se fossem os contestatários, ameríndios nos States; ou os anglos, ou os saxões, ou os celtas, em Inglaterra, ainda se perceberia… mas sendo quem são, que seria dos ditos se não tivesse havido todos esses horrores, que de facto foram: escravatura, esclavagismo, colonialismo, tráfico negreiro… Que não defendo nenhum destes retrocessos históricos, friso!
A História não se apaga, não deixa de existir por ser negada ou escondida ou submersa nos rios, enterrada nos pântanos da ignorância. Bem pelo contrário! Deve estar visível para ser aprendida, apreendida, interpretada, estudada, ensinada. Para ajuizarmos com discernimento e espírito crítico o que tem valor ou não, ao nosso olhar atual, sem deixar de perceber o enquadramento epocal.
Tudo o que é Humano tem que ser contextualizado no tempo e no espaço. Não se pode emendar o que foi ou deixou de ser mal feito em tempos passados, porque o “tempo não volta para trás”!
Cá pelo burgo, melhor, na Grande Cidade, também lhes deu para vandalizarem monumentos! E logo do Padre António Vieira!
Não sou especialmente apreciador de estatuária laudatória na via pública. Muita é inestética, mal colocada no espaço, os respetivos personagens suscetíveis de valoração ou não, positiva ou negativa. Todavia, já que expostos, permitem-nos opinar, ajuizar sobre os mesmos. São lições de História!
Não têm que ser consensuais. Muito menos estragados, destruídos. Para estragação e achincalhamento, basta o que lhes fazem os pombos, diária e continuadamente.
Que nos digam os Grandes: Camões, lá do alto do seu pedestal e Eça, mais terra a terra, mais a sua Verdade, um pouco mais em baixo.
De modo que, e um pouco mais acima, esborratar o Vieira é completamente incongruente.
António Vieira (Lisboa – 1608 / Baía – 1697): Orador e Escritor português. De pais de condição modesta, sua avó paterna era mestiça, serviçal na casa dos condes de Unhão.
Foi para o Brasil aos 6 anos. Estudou no Colégio dos Jesuítas, na Baía. Entrou na respetiva Companhia.
Distinguiu-se na catequese dos índios, de quem foi defensor intransigente.
De 1641 a 1652, esteve na Europa, nomeadamente ao serviço de D. João IV, de quem foi embaixador em França, Holanda e Itália.
Voltou ao Brasil, onde permaneceu de 1652 a 1661.
Levou o decreto real de libertação dos "índios", que provocou violentas reações dos colonos e o seu desterro para Lisboa.
Na sua segunda estada na Europa, 1661 – 1681, foi preso em Coimbra, em 1665, nos cárceres da Inquisição.
Viveu em Roma de 1669 – 1675. Regressaria ao Brasil em 1681, onde morreria em 1697.
Foi um Cidadão do Mundo, atravessou sete vezes o Atlântico, percorreu milhares de quilómetros, muitas vezes a pé.
Distinguiu-se especialmente nos sermões. Profundo conhecedor do coração humano. F. Pessoa o intitulou “Imperador da Língua Portuguesa”. Elogiado por A. Sérgio “nunca se escreveu em português mais claro, mais próprio, mais natural…”
Arrebatava tanto a gente inculta do Brasil, como o requintado mundo dos cardeais da Cúria Romana.
“Expoente da oratória sacra portuguesa e um dos maiores da oratória universal, foi político, missionário, defensor dos fracos, crítico audaz dos poderosos e patriota visionário.”
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(Para este excerto sobre P. António Vieira, mais uma vez, me baseei na Lexicoteca – Moderna Enciclopédia Universal – Círculo de Leitores - Tomo XVIII – pag.s 164, 165, 166.
Manias pré históricas!!!)
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E ainda...
Relacionado com o postal anterior, dizer que continuei com Tieta. Apaixonante a narração. Dá vontade de não parar. É sempre assim com Jorge Amado.
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E a foto?!
Original, como gosto que sejam. De flores, ou de plantas, pela(s) sua(s) simbologia(s).
Repare, SFF:
Hoje é dia 13 de Junho. Dia de Sto António. A respetiva flor simbólica é o lírio branco. (Na minha terra, também chamamos a estes lírios, açucenas.) E qual foi o celebérrimo sermão de Padre António Vieira? De Santo António... aos peixes. Que é isso que também ando a fazer... Mais valia ao pessoal que, em vez de desconfinar por dá cá aquela pallha, fosse tratar de jardins, que bem precisam. Nem sabem como é relaxante, tratar de um jardim ou de uma horta. Experimente, SFF.
Ou a Volta da Filha Pródiga, Melodramático Folhetim em Cinco Sensacionais Episódios e Comovente Epílogo: Emoção e Suspense!
Jorge Amado
Editora Record – 2ª Edição – 20/8/77
Capa de Carlos Bastos
Ilustrações de Calasans Neto
Retrato do autor por Flávio de Carvalho
Foto do autor por Zélia Amado.
Comprei o exemplar que tenho, numa Feira do Livro de Lisboa, em 6/6/80, há 40 anos! Li-o nessa data. Mais tarde, vi a novela que passou na TV portuguesa - (89 / 90).
Agora, resolvi voltar a lê- lo. Apenas comecei. Mas interessante (!), ao fazê-lo e imaginar as personagens, associo aos artistas que lhes deram corpo na novela, de que gostei muito, aliás.
Betty Faria na personagem principal, Tieta; a célebre Perpétua, representada por Joana Fomm e assim por diante.
Questiono-me: Quando li pela primeira vez, antes da novela, como imaginaria as personagens?! Será que as associava às de Gabriela que já vira em 77?! (Mistério… como diria Dona Milu.)
Jorge Amado (1912 - 2001) é, de entre os escritores brasileiros, aquele de que mais tenho lido. Certamente será dos mais conhecidos, mercê também da sua divulgação através dos audiovisuais: televisão, cinema.
Além do supracitado, também Gabriela…, duas apresentações novelísticas, e também cinema; Dona Flor… Mar Morto… pelo menos estes de que me lembro.
No caso de Gabriela… considero que o livro e as duas novelas subsequentes são três obras artísticas ricas e peculiarmente diferenciadas, embora partindo do mesmo universo narrativo. Não sei de qual delas mais gostei. Se ler, se visualizar as tramas novelísticas!
Voltando ao Escritor. Cidadão envolvido social e politicamente na vida do seu país, apesar da trama narrativa dos livros mais emblemáticos se situar geográfica e culturalmente no universo do seu Nordeste / Baía – Região do Cacau, consegue transpor nos seus personagens os sentimentos universais do Ser Humano.
Partindo dum contexto muito particular, alcança a universalidade no conteúdo da sua trama narrativa. Também gosto, na sua escrita, como transparece o sentimento geral do Amor e a luminosidade otimista da Vida de um país cheio de sol!
(Livro escrito em português do Brasil, frise-se, com quase 600 páginas.
No final da sua narração, o Autor, após registar “FIM”, escreve: “Bahia, Londres, Bahia – 1976 / 1977”.
Quer dizer que o escreveu no período da ditadura militar: 1964 - 1985.
Havia Portugal saído há pouco da sua dita dura e, aliás o Autor refere isso logo no início pag. 16: “… ninguém sabe o que pode acontecer no dia de amanhã, recente, aí está, o exemplo de Portugal, quem poderia prever?”
Também já Chico Buarque editara “Tanto Mar” – 1975 - e cantava: “Sei que estás em festa, pá / …”
Esta 2ª edição fora de 50.000 exemplares – A 1ª, de 120.000, datada de 3/8/77. Distribuição: Centro do Livro Brasileiro, Lda)
Divulgados todos estes dados o melhor é recomeçar a ler.
Mas antes e ainda, referir que a ação decorre “… nos idos de 1965 – data tão próxima, ainda ontem, parecendo contudo distante passado ante as transformações do mundo; …” (pag. 333)
E também, que Jorge Amado, após conclusão da escola primária, em Ilhéus, aos 10 anos, vai estudar para Salvador de Baía, como interno no Colégio António Vieira… de onde foge. (Esta informação tem a ver com a atualidade de ontem em Portugal!)
Romance – Publicações Dom Quixote – 2006 – 1ª edição
“Momentos de Poesia” de Julho foi subordinado à divulgação de um Autor Portalegrense atual, Rui Cardoso Martins, que nesse contexto tive oportunidade de conhecer pessoalmente. Sabia da sua existência, apesar da imagem mental que tinha dele ser a de outra pessoa das “Produções Fictícias”. Situação, aliás, que reportei ao próprio. Também não é devidamente conhecido e valorizado na Cidade, como merece. Frise-se!
Posteriormente a “Momentos”, na net, pude aprofundar sobre o Autor. E pude constatar do seu valor.
Entretanto na “Nun´Alvares” comprei o livro “E se eu gostasse muito de morrer”. Que já li e estou a reler. Muitíssimo interessante. Todo o Portalegrense, todo o Alentejano deveria ler! E não só! Porque é um livro universal.
Lê-se muitíssimo bem, dada a forma como as várias narrativas se entrelaçam. Seguir as várias histórias num livro tão impregnado da Cidade foi uma experiência única!
Conhecendo os espaços da ação, como tão bem conheço, vários dos enquadramentos tantas vezes e por vários anos calcorreados por mim, foi um modo de ler e fruir a leitura com maior envolvência.
Vários dos locais vêm identificados pelo nome próprio (colégio, hospital, seminário, praceta de Camões, plátano do Rossio, castelo, sé, paço do bispo, algumas ruas também…)
Outros foram batizados com outros nomes, o que a partir de certa fase da leitura, o meu modo de integração do processo de compreensão do que ia lendo, foi escrever, por cima, o nome exato do local. (Café Cortiça / Tarro, Rua Directa / Direita, Assentados / Assentos, Penhasco / Penha, Senfim / Bonfim, Porta da Defeza / Devesa, tasca do Marchito / Marchão, Av. João XXI / Pio XII, …Café do Centro / Central, Corredor / Corredoura, Rua dos Canastros / Canastreiros, Ribeira da Lixeira / Lixosa, …)
Os factos narrados, vários são por demais conhecidos, alguns bem na memória de muito boa gente, outros ter-se-ão desvanecido com o tempo. Não conheço todas as situações, aliás questiono-me se terão todos, um fundo de verdade…?
Os / As personagens, melhor, as pessoas reportadas no romance, algumas também com os nomes ligeiramente alterados, outros / outras com o nome próprio. Alguns identifico, a maioria, não…
Saliento desde já, que acho que neste livro o Autor homenageia bem por demais a Cidade! Presta um grande tributo à sua vivência nesta Cidade Transtagana. Apresenta de modo peculiar, talvez até um pouco descontraído, as nossas tragédias, melhor a nossa tragédia máxima, que é a Morte, a única e acutilante certeza com que nascemos. E que a todos os seres humanos coloca em pé de igualdade. “Ninguém cá fica!”
Apesar da temática, a narrativa não é relatada de forma mórbida. Há muito sentido de humor, ironia por demais, até graça, no relato dos acontecimentos. Tão peculiar esta nossa forma alentejana de encararmos as vicissitudes do Destino! …As nossas “fezes”…
E por “sorte macaca”, caso o Autor viesse a dar continuidade a esses relatos de mortes violentas e trágicas, várias ocorreram na Cidade, após o término da ação transcrita no romance. Fatalidades! Todavia… “… Não devemos perder a capacidade de nos rirmos de nós próprios…” p.115. Cito!
Faça favor de ler! (Contudo, atrevo-me a vaticinar que muitíssima boa gente torcerá o nariz ao livro.) Atreva-se! Ouse, que é inteligente! Irá divertir-se, tenho a certeza!
Ousar falar, escrever, opinar, sobre uma obra de Eça de Queirós poderá parecer pretensiosismo.
Eça é sem sombra de dúvida um dos escritores icónicos da nossa Literatura. É um marco incontornável da Prosa Portuguesa. Realista, de um realismo corrosivo, raiando, por vezes, o cinismo, mais das vezes irónico, trata e por vezes destrata (?), será mesmo que maltrata (?) certos personagens e grupos sociais e cívicos. A crítica e a ironia à sociedade do seu tempo, sempre presentes!
Como qualquer obra, seja qual for o seu campo artístico ou literário, não pode ignorar-se o contexto espacial e temporal em que surgiu, nem os seus enquadramentos autorais.
Eça de Queirós nasceu a 25/11/1845, na Póvoa de Varzim. Era filho “natural” de Dr. José M. A. T. de Queiroz e de D. Carolina A. P. de Eça.
Faleceu em 16/08/1900, em Neuilly, França. (55 anos incompletos). Vida relativamente curta, para os padrões atuais, mas extremamente produtiva. Algumas das suas obras só foram publicadas postumamente.
(O romance “A Cidade e as Serras”, um dos meus preferidos e dos que acho mais otimistas, foi publicado em livro, só em 1901. “A Tragédia da Rua das Flores” só em 1980!)
Formado em Direito, pela Universidade de Coimbra, Julho de 1866, vinte anos de idade, exerceu fundamentalmente atividades profissionais ligadas à Administração Pública. Colaborou também com jornais e revistas, tendo fundado e dirigido o jornal “Distrito de Évora”, 1867.
Escreveu crónicas, cartas, contos, romances de grande fôlego, profere conferências, entra em polémicas, escreve artigos políticos, publica em folhetins... analisa e critica, causticamente, a sociedade portuguesa dos últimos decénios do século XIX.
Nalguns aspetos, quase se reporta aos tempos atuais e noutros inclusive parece premonitório.
Menos conhecida será a sua poesia, em nome próprio, e também através do “heterónimo coletivo” de “Carlos Fradique Mendes”, divulgada ainda em 1869, em a “Revolução de Setembro”.
Foi neste ano de 1869, 24 anos, que assiste à inauguração do Canal do Suez e viaja pelo Oriente. As vivências desta viagem seriam tema para livros subsequentes.
(A realidade que o cerca, as suas experiências vividas, caraterizam e são marca indelével da sua Obra. Defende e integra-se na corrente realista da Literatura.)
Em 1870 e 1871, vinte e cinco para vinte e seis anos, exerce funções de “administrador do concelho de Leiria”.
Foi nesse contexto espacial e temporal que “bebeu nas fontes” para o romance que titula este artigo.
Após ter prestado provas para cônsul, ainda em 1871, será nomeado em Março de 1872, para o consulado das Antilhas Espanholas, sendo empossado em Dezembro, em Havana, Cuba.
Em Novembro de 1874 será transferido para o consulado de Newcastle, Inglaterra.
O exercício das funções de cônsul será a sua atividade profissional dominante.
Em 1878, será transferido para Bristol. Mais tarde, 1888, para França, aonde viria a morrer.
Casou em Fevereiro de 1886, aos 40 anos, com D. Emília de Castro Pamplona (Resende), de 28 anos – (1857 – 1934).
Em Fevereiro de 1875, na “Revista Ocidental” surgem os capítulos iniciais do romance citado, numa primeira versão. Nesse mesmo ano, trabalha uma 2ª versão, que será “posta à venda, em volume”, em Julho de 1876.
Em 1879, “sai a lume a terceira e última versão de O Crime do Padre Amaro”.
Eça viveu toda a sua vida de adulto na 2ª metade do século dezanove, que, comparativamente com a primeira, foi de muito mais estabilidade política, social, económica.
(A primeira metade do século dezanove fora mais turbulenta e de maior instabilidade: "guerra das laranjas", invasões francesas, guerra civil, revoltas populares…)
A segunda foi fase de maior progresso e desenvolvimento. Surgiram e implementaram-se grandes modernidades de que o comboio foi expoente, provocando uma verdadeira revolução sobre múltiplos aspetos.
Os jornais ganharam projeção; surgimento de novas ideias, uma conceção e crença na modernidade, na educação e no progresso técnico e científico, como bases do desenvolvimento individual e social; questões cívicas importantes como foram a abolição da pena de morte e da escravatura.
O debate de ideias ganhou projeção entre intelectuais, políticos, estudantes.
Em 1865/66 surgiu a “Questão Coimbrã”, em que Eça não participou. Mas participou nas tertúlias do “Cenáculo” em 1870 e interveio nas “Conferências do Casino”, 1871.
Fez parte da chamada “Geração de 70”, “geração que traz a modernidade pela ironia e pela sátira, pelo idealismo utópico e pela reflexão metafísica”.
As ideias republicanas ganhavam destaque a partir da década de setenta. Surgiam novos partidos.
No plano internacional, entre os muitos acontecimentos relevantes, destaco a guerra franco-prussiana, 1870/71, perdida pela França e que, entre outras consequências, levou à designada “Comuna de Paris”, cujos ideais e ecos revolucionários também chegaram a Portugal e tiveram repercussão nos jovens intelectuais portugueses da já referida “Geração de Setenta”.
Mas formulo a questão:
Com todas as modernidades e mudanças ocorridas, será que no País vigorava a senda do progresso e do desenvolvimento, tanto no domínio das ideias, das mentalidades, das técnicas, da economia?!
Resposta a essa pergunta ninguém a deu melhor que Eça nos seus textos, especialmente nos romances, em que ele faz uma crítica mordaz à sociedade do seu tempo, nomeadamente a determinados grupos sociais, culturais, políticos, religiosos, artísticos…
Em “O Crime do Padre Amaro”, a ação da narrativa contextualiza-se espacialmente na cidade de Leiria, reportando-se, obviamente, ao tempo direto de observação em que Eça aí permaneceu como administrador do concelho, 1870 – 71.
Este seu primeiro romance, dada a temática e os grupos sociais que descreve e o respetivo conteúdo e enredo romanesco, “caiu que nem pedrada no charco” na sociedade portuguesa da época. E mesmo posteriormente, continuou sendo um livro “proibido” não só em Portugal, como no Brasil, onde Eça foi sempre um escritor muito admirado, reverenciado e conceituado.
(Lembre-se que até Jorge Amado, em “Gabriela Cravo e Canela”, refere a proibição do livro às meninas de bem, nomeadamente à personagem “Malvina”, que o lia às escondidas no seu quarto e dele segredava a sua amiga Gerusa.)
(Atualmente, já no séc. XXI, este livro serviu de inspiração para um filme português, com Soraia Chaves e Jorge Corrula.
E, em 2003, também serviu de inspiração para um filme mexicano.)
Mas voltemos ao romance original.
Nele, Eça faz uma crítica mordaz e perturbante, ao clero, à pequena burguesia provinciana, especialmente personificada nas beatas aduladoras da “padraria”, sediadas sugestivamente na Rua da Misericórdia.
Os padres, nestes personagens essencialmente “baixo clero”, são vistos, entre outros aspetos mais verrinosos, como uns “patuscos”, na satisfação dos apetites do corpo, ainda que entregues ao ofício de salvação das almas. (Exceção de abade Ferrão: “…virtude de vida…ciência de sacerdote.”)
As beatas, supersticiosas, mexeriqueiras, sujeitas às mais diversas crendices irracionais, vivem agarradas à sotaina e batina, de abade, cónego, pároco, sacerdote, coadjutor, capelão, padre-mestre, adulando e reverenciando o cabido da Sé.
A classe social dominante no enredo constitui a pequena burguesia provinciana, vivendo mediocremente com seis tostões por dia, preço de aluguer de um quarto.
Neste contexto, surge exacerbado um amor afogueado de um jovem padre, Amaro, correspondido por igual amor piegas de uma jovem beata, Amélia, eros que acha satisfação numa enxerga velha de uma cama podre, num quartinho de telha vã no 1º andar da casa do sineiro, nas traseiras da Sé.
Amor amaldiçoado por uma entrevada, filha do sineiro, que agarrada à cama onde jazia a sua invalidez, pressentia o aconchego dos amantes, como se fora “cio de cães”.
E poderia ficar por aqui, que não destoaria da perspetiva como Eça nos apresenta a satisfação carnal dos amantes, ainda que possa parecer pouco abonatório para tal Obra e para tão genial Autor.
(Fica muito, fica imenso, por contar, porque a riqueza ideativa de Eça ultrapassa completamente esse aspeto um pouco mais sórdido (?) do enredo.
Bastantes personagens, caraterização pormenorizada de pessoas, sentimentos e ações, a especificação dos ambientes, o enquadramento dos contextos espaciais, por vezes temporais, descrição minuciosa de objetos e acessórios da ação, de personagens, vestuário, modos e tiques, teatralidade de gestos e comportamentos… o humor, a graça, a fina e requintada ironia, a intriga, a trama do conteúdo, o estilo, a multiplicidade de sentidos…)
Se nunca leu Eça, o que espera?!
Mas, voltando ao enredo…
Tantas idas à casa do sineiro a cumprir a promessa de ilustrar a “entrevada” levaram ao inevitável: Amélia, “a flor das devotas”, engravidou.
E Amaro, o pároco, com a ajuda do cónego Dias e da beata da irmã deste, Dona Josefa Dias, resolveu a situação.
Remeteu a heroína para Ricoça uma quinta recôndita do cónego, em Poiais, onde a rapariga haveria de dar à luz. Tratou logo de despachar o futuro rebento e com a ajuda de uma alcoviteira, Dionísia, encomendou-o para uma ama-de-leite, habitualmente conhecida como “tecedeira de anjos”.
E com estes preparos tudo preparou.
Enviou a rapariga amada e o filho, de anjinhos, para o Céu. Cumprindo assim o seu papel de abastecer a corte celestial.
E assim termino a “minha crónica” sobre este livro e o seu Autor.
Lembrando que Eça tem este condão de “matar” ou fazer esquecer, as heroínas dos seus romances, enredadas em amores proibidos e incestuosos.
(Amélia em “O Crime…”, que cumulativamente levou o anjinho.
Luísa, em “O Primo Basílio…”
Maria Eduarda, em “Os Maias”, não morreu mas… “É como se ela morresse... sem mesmo deixar memória…” pag. 671.
Genoveva, em “Tragédia da Rua das Flores”.)
Os heróis, passado aquele fulgor e arroubo inicial, depressa olvidam as suas amantes.
É essa a “condição humana” ou é essa a visão do Eça?!
(E sobre personagens do supra citado livro…
Questionei-me se “O secretário-geral, o Sr. Gouveia Ledesma” personificaria o próprio Autor, Eça.
Pelo que li na pág. 439, linha 24, edição Círculo de Leitores, 1980, parece-me que não…)
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(Pesquisa Bibliográfica:
- “Obras Completas de Eça de Queirós, Primeiro Volume – O Primo Basílio” – Círculo de Leitores – 1980;
- “Obras Completas de Eça de Queirós, Quarto Volume – O Crime do Padre Amaro”, - Círculo de Leitores - 1980.
- Lexicoteca - Moderna Enciclopédia Universal – Círculo de Leitores, 1987
- “Diário da História de Portugal”, José Hermano Saraiva e Maria Luísa Guerra; Selecções do Reader’s Digest, 1998.
- “História de Portugal, 1640 – Actualidade” – Vol. 3; Direcção de José Hermano Saraiva – Publicações Alfa, SARL, 1983.