Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
«Numa bela manhã de Primavera, e ainda bem cedo, punha mãos ao trabalho. Trabalho esse que consistia em fresar uma parcela de terra. Quando me coloquei de joelhos para engatar a fresa à moto-enxada, apercebo-me de um barulho estranho ali bem ao lado, num pequeno silvado. Todo o aparato que se gerava dentro do silvado, era a aflição de um pequeno melro, que ainda mal sabia voar. Na sua aflição tenta escapar à fúria de um gato. De repente sai do referido silvado em direção a mim. Ficou-me preso nas mãos e logo atrás vem o referido gato faminto.
O engraçado é que o danado do gato, assim que me viu, deu um salto e fugiu.
Vamos então refletir e analisar todo este episódio que a natureza nos oferece. Então não é que o pequeno melro quando se apercebe que está preso nas minhas mãos, desata numa chalreada.
Tamanha chalreada é um autêntico alarme que dá origem, a que os progenitores se apercebam que o próprio filho não está bem. Ainda estou a ver os pais de pequeno passarinho, direitos a mim, com uma fúria que um deles me arranhou a cara.
Alto lá cuidem dele se não fosse eu o gato bem o papava.»
Publico este texto em prosa, por demais interessante e sugestivo, do mencionado livro, ontem apresentado em Aldeia da Mata.
Ilustro com uma foto de um dos gatos que deambulam pelos meus Quintais. Este espreita do quintal do Ti Zé “Fadista”, local onde eles terão nascido ou que habitam com mais regularidade.
Não foi este, de certeza, que tentou papar o melro da anterior narrativa. Mas bem poderá ter comido outros melros ou diferentes passarinhos, pois, de vez em quando, aparecem penas de asas e de caudas de pássaros no “Quintal de Cima”. Essa foi a razão porque, a partir do início da Primavera, deixei de lhes dar de comer neste quintal e transferi o local de amesendação para o “Quintal de Baixo”. No de “Cima” várias aves fazem habitualmente ninhos todos os anos. Têm especiais cuidados, colocando-os nas roseiras aonde os gatos não sobem com muita facilidade, mas nunca se sabe…
No “Quintal de Baixo” há menos arvoredo e poucos ninhos aparecem.
Todos estes pormenores, sugeridos a partir do interessante texto de “Memórias e Poesias” e das lições de Vida que a Natureza nos dá!
Do PS, recebi carta manuscrita do Deputado Miranda Calha, datada de 27/3/90.
Excertos:
«Recebi, e agradeço… Infelizmente a realidade é tal como a conta.
…Já me pronunciei diversas vezes na Assembleia sobre este assunto gravoso para o meu distrito e que o actual governo nunca respondeu às questões colocadas. Continuarei… a lutar para que no distrito de Portalegre existam melhores condições de deslocação – especialmente no sector respeitante à C.P. (…)
Os melhores cumprimentos
Júlio Miranda Calha»
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Por curiosidade, apresento foto da carta.
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Do Grupo Parlamentar do PCP, responderam a 8 de Março de 1990, através do Gabinete de Apoio, em nome do Deputado Luís Roque, que agradece. Enviam uma “cópia de intervenção proferida em Plenário, sobre o assunto”.
É um texto de 4 páginas, da “Intervenção do Deputado Luís Roque – PCP, Sessão Plenária do Dia 9 de Janeiro de 1990 – PAOD”
Apresento alguns excertos da intervenção:
«Sr. Presidente
Srs. Deputados,
Resolveu o C.G. da CP encerrar ao tráfego de passageiros a partir de 1 de Janeiro de 1990 mais nove ramais ferroviários, a saber Valença/Monção, Vila Real/Chaves, Amarante/Arco de Baúlhe, Sernada/Viseu, Évora/Reguengos de Monsaraz, Évora/Estremoz/Vila Viçosa, Estremoz/Portalegre, Beja/Moura e o Ramal de Sines.
É de salientar que anteriormente já haviam sido encerrados a Linha do Dão e o troço Pocinho/Barca de Alva.
Esta decisão, concerteza concertada com o Ministério da Tutela, corta às regiões mais interiores o cordão umbilical que as ligava às regiões mais desenvolvidas do litoral, agravando mais ainda a assimetria litoral/interior, que hoje já é gritante.
(…)
…a CP e o Governo demonstram à saciedade quanto estão preocupados com o desenvolvimento económico e social do interior.
Em intervenção por mim aqui proferida em Maio de 88, aquando da implementação dos novos horários de Verão, prevíamos que o desajustamento dos mesmos em relação aos interesses dos utentes visava degradar a oferta com o fim de mais facilmente proceder aos encerramentos programados.
Para os incrédulos de então, aí está a resposta do Governo e da CP.
Estes planos visam o encerramento de 1000 Km de via e mais de 300 estações, ficando a rede ferroviária nacional reduzida ao eixo Braga/Lisboa/Faro, às ligações com Espanha e aos suburbanos de Lisboa, Porto e Coimbra.
Repare-se que no plano de modernização e reconversão dos caminhos de ferro (1988/1994), aprovado em Conselho de Ministros em Janeiro de 88, a rede secundária com 1076 Km absorve apenas 0,2% do total do investimento previsto no plano.
Este valor denuncia claramente quais são as intenções do Governo e da CP em relação a estas linhas, ou seja, encerrá-las.
O Governo com esta medida gravosa para as populações esquece um princípio que é aceite em todos os países comunitários, a função social do transporte de passageiros. (…)»
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NOTAS Finais:
Os outros partidos da Assembleia não responderam.
Da Câmara Municipal de Portalegre também não recebi resposta.
O “Jornal Fonte Nova” publicou o texto.
O “Jornal Expresso” não fez referência ao assunto.
(Os negritos são de minha lavra.
Apresento os excertos que considerei mais relevantes.
Estes textos, traduzindo intervenções e tomadas de posição, mostram o posicionamento destes partidos face à situação.
São documentais. Fazem parte da nossa pequena história pessoal, pois vivemos esses tempos de viagens de comboio. Farão ou não parte da Grande História do nosso País. Para todos os efeitos os comboios fazem parte da História de Portugal.
Para se entender o historial dessa desativação dos comboios e subsequentes (re)utilizações ou abandonos, a leitura do livro já referido é fundamental.
“Pelas Linhas da Nostalgia – Passeios a Pé nas Vias Férreas Abandonadas”,de Rui Cardoso e Mafalda César Machado, Edições Afrontamento, Novembro de 2008.
E ainda haveremos de ir a Barca D'Alva?!
(A foto que titula o postal é de uma Amendoeira. Mas não de Barca D'Alva. Esta é de Palmela. Hei-de postar sobre ela!)
Boas Leituras! Muita Saúde. Boas Viagens, de Comboio. Muito Obrigado!
“Linha de Barca D’Alva” – “Pocinho » Barca d’Alva”.
“DOURO ADORMECIDO”
«Os últimos 28km da Linha do Douro, entre Pocinho e Barca d’Alva, foram desactivados em 1988. Desde 1985 que, do lado espanhol, não havia continuação de comboio para Salamanca.
Ironicamente, tinha sido a necessidade de abrir uma ligação directa do Porto a Espanha a razão de ser da construção deste traçado. Na verdade, em 1887, um consórcio de empresários e banqueiros portuenses financiara integralmente não só a linha até Barca d’Alva, como daí em diante, já em território espanhol, até Fuente de San Esteban (onde entroncava com a linha para Salamanca).
Quando a decisão de fechar a linha foi tomada, não se sonhava que um dia haveriam de ser descobertas gravuras paleolíticas no baixo Côa e, muito menos, que esse conjunto viesse a ser classificado pela UNESCO. Ou que o Douro Vinhateiro também se tornasse Património Mundial. Mas a verdade é que durante todos estes anos não se acautelou uma manutenção mínima da plataforma: houve derrocadas, crescimento de matos e até de árvores inteiras, para além de as estações terem sido vandalizadas. Não deixa de ser curioso que a estação do Côa, reduzida a pouco mais de uma ruína, se situe perto do local escolhido para a construção do futuro Museu do Vale do Côa.
Agora é do lado espanhol que vêm sinais de possível revitalização da linha, mas a factura desta operação do lado português não vai ser inferior a 16 milhões de euros. A pergunta que apetece fazer é a seguinte: em quanto se reduziria este valor se, ao longo destes anos, tivesse havido um mínimo de manutenção?
(…)
No local onde confluem os dois patrimónios mundiais durienses não deixa de ser irónico que o percurso ao longo do Douro, em seguida sugerido, só possa ser feito a pé ou nos barcos dos cruzeiros turísticos. Ou que a possibilidade de chegar ao Parque Arqueológico do Côa de comboio continue uma miragem. Para quando o regresso dos comboios a Barca d’Alva?»
In. “Pelas Linhas da Nostalgia – Passeios a Pé nas Vias Férreas Abandonadas”,de Rui Cardoso e Mafalda César Machado, Edições Afrontamento, Novembro de 2008. Pag.s 89 e 90.
(As fotos são dos Autores do livro. Fotografei-as com o telemóvel, a partir do livro.
Os sublinhados são da minha lavra.)
Caro/a Leitor/a, fizemos esta viagem até Barca D’Alva, em imaginação.
Só o nome da localidade: Barca D’Alva, Barca de Alva. Deduzo que ficando a localidade, a Leste de Portugal e do Douro, portanto do lado Nascente, será a esse conceito que o nome se refere. Barca do Nascente, do Leste, da Alva, ou seja, do Nascer do Sol!
A toponímia das terras é por demais interessante!
Reflita também no texto que, em poucas linhas, nos leva, direta e indiretamente, a vários factos marcantes da nossa História! S.F.F.
...Reportaram-me para um livro de consulta, deveras interessante:
“Pelas Linhas da Nostalgia – Passeios a Pé nas Vias Férreas Abandonadas”,de Rui Cardoso e Mafalda César Machado, Edições Afrontamento, Novembro de 2008.
«20 anos depois…
Nos últimos 20 anos, Portugal perdeu mais de 700 Km de vias férreas, desactivadas em nome da boa gestão, do controlo do défice e dessa abstracção onde tudo cabe chamada progresso. À evidência, nem o país ficou mais rico, nem as populações mais bem servidas. Com a ajuda da crise do petróleo, começa, aos poucos, a olhar-se para este imenso património de outra forma. (…) Surgem ciclovias, geralmente por iniciativa camarária, enquanto nalguns casos se reequaciona o regresso do comboio, nem que seja para fins turísticos, de resto como já vem sucedendo em Espanha, França e noutros países europeus. (…) …, estes caminhos são parte integrante do nosso património e da nossa memória colectiva. Não os deixar desaparecer, popularizá-los e dar-lhes nova vida é o objectivo deste livro. (…)»
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(Nota: Os sublinhados são de minha lavra.)
Um excelente livro de consulta para Si, Caro/a Leitor/a, que se interessa nomeadamente por Comboios e por Caminhadas. E, já agora, por Património, por Cultura, Natureza, História, eu sei lá!
Não lhe disse que ainda iríamos "viajar" de comboio?!
E ainda iremos a Barca D’Alva?!
(Nota Final: A 1ª foto, a 3ª e 4ª são dos Autores do Livro. Limitei-me a fotografá-las com o telemóvel, a partir do livro e transferi-las para o computador e editá-las no blogue.)
Obrigado pela sua atenção. Boas viagens. E Feliz Ano Bom!
Quem foi o violador de Lurdes, personagem principal?!
Na sequência da leitura do livro e do encontro com a escritora e tendo o livro na minha posse, consultei a pág. 200.
Excerto do diálogo travado entre monsenhor Alípio e Lurdes, na sacristia, sobre a morte de Juliana, amiga de Lurdes, em que esta acusava o padre de ter matado a sua amiga.
« - Só tenho pena de não ter vindo aqui com a Juliana…Se calhar também estava morta, a esta hora. Mas pelo menos, por um pequeno instante, tinha sabido alguma coisa do meu menino.
- Lá estás tu. Ela não descobriu nada.
- Então porque é que a matou?
- Mas quem é que disse que eu a matei? Quem é que te disse que alguém a matou?
- Os guardas. A autópsia revelou que ela morreu estrangulada.
- Tu, mais do que ninguém, devias saber que nem sempre se pode confiar nos guardas.
Lurdes engasgou a raiva que lhe trouxe o gosto amargo da bílis à garganta. Sabia, claro, que não podia confiar em toda a gente, por muito importante que fosse a sua posição na aldeia. Padres e guardas eram um bom exemplo disso, e ela conhecia esta verdade na pele. (…)»
In. Págs. 200 e 201, do livro referido em epígrafe.
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Corresponde ao que eu supusera ser “uma pessoa de poder” e essa pessoa ter sido um guarda. Conforme eu também supusera, embora não o tenha explicitado na análise que fiz do romance. Até, provavelmente, poderá ter sido algum chefe. Digo eu… sei lá! Que ninguém me encomendou qualquer sermão.
Todavia, penso que embora se possa inferir essa causalidade, ela não está suficientemente explícita para nos dar certezas. Não fora a afirmação da própria Escritora que me informou da página em que vinha referida a situação, não seria assim tão fácil lá chegar, com garantias absolutas.
Pelo conhecimento que tínhamos do contexto temporal em que se desenrola a narrativa do romance, deduzimos que os guardas tinham, na época, bastante poder. Eram temidos!
Daí que praticamente ainda uma criança, como era Lurdes à data da violação, catorze anos, ela terá recalcado o autor do crime, nunca tendo revelado o respetivo nome.
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Essa revelação seria, a meu ver, um dos temas de futura saga do romance.
No cruzamento da “Azinhaga do Poço dos Cães” com a “Azinhaga da Fonte das Pulhas” ou do “Porcosunho”
Encontro Literário com a Escritora Lénia Rufino.
Querem dióspiros?! (…)
Ao final da tarde de cinco de Outubro, mais um dia de vaidades lá para Lisboa, vinha eu de um dos meus “escritórios”, quando estou na Aldeia. Neste caso, do “Vale de Baixo”. Não trazia as “canetas”, pois já deixara a ferramentaria e as colheitas, no “Quintal do Chão”.
Observei um casal descendo a “Azinhaga do Poço dos Cães”.
Parei, porque pareceu-me conhecer a rapariga, apesar da distância e de nunca a ter visto pessoalmente.
O casal também parou, hesitando na continuação da marcha.
Instei-os que prosseguissem, pois gostaria de falar com eles.
Ao aproximarem-se, tomei a liberdade de perguntar o nome à rapariga.
Confirmava-se a minha perceção. Era Lénia Rufino, sobre cujo livro “O Lugar das Árvores Tristes” teci algumas considerações neste blogue.
No breve colóquio encetado, referi que conhecia os pais, que a mãe era da minha idade e fizéramos a 4ª classe no mesmo ano. Que lera o livro de Lénia e de que gostara.
Lénia agradeceu e tive oportunidade de abordar mais alguns aspetos da narrativa.
(Aliás, a Escritora, conforme frisou, vinha explicando ao companheiro, sobre as ambiências do livro e aqueles espaços inspiradores para o enquadramento do enredo, que faziam parte das suas memórias de infância, quando vinha para a Aldeia com os pais.)
Peculiar e simbólico, que tenha encontrado a Escritora, num espaço de contexto da história e não em qualquer salão literário ou livraria!
Quanto à “Fonte dos Pulos”, a fonte inspiradora foi a “Fonte do Salto” e não a “Fonte das Pulhas”. Contrariamente ao que eu, inicialmente, supusera.
Sobre a continuidade da condição de escritora, mencionou estar a escrever outro livro.
Face à questão que lhe coloquei se seria saga do primeiro, referiu que não. A continuar, se o fizesse, seria sobre o filho de Lurdes, o João.
Questionada sobre o “violador”, explicitou que a ele se refere na página duzentos. Não tendo eu, de momento, o exemplar do livro na minha posse, vou continuar na dúvida, sem saber se a minha suspeita do possível autor do crime será quem eu penso ou não.
A conversa foi breve, que ainda iam para Lisboa. Não sei que Lisboa. Que para nós, quando estamos no Interior, Lisboa é toda a Grande Lisboa!
Querem dióspiros?! Finalizei quase em remate de conversa. Recusaram e engelharam a cara. Pelos vistos não gostarão. Eu, pelo contrário, este ano tenho-me lambuzado com os dióspiros.
Tinha colhido alguns e, caso gostassem, faria gosto em oferecer-lhes.
Continue a saga… ainda lembrei.
(P.S. - As fotos não se reportam ao dia referido. Foram tiradas em momentos diferentes. Fazem parte do acervo, vasto, que tenho. Os locais são os mencionados. Os dióspiros... bem, também já se foram.
Lá para Óbidos também estão a decorrer "Encontros Literários". )
Texto de Convite recebido, a partir da Direção de Casa Museu:
“A Presidente da Câmara Municipal de Portalegre, Maria Adelaide de Aguiar Marques Teixeira tem a honra de convidar V. Exª para a homenagem a José Régio no 120º aniversário do seu nascimento, 17 de setembro, com a apresentação do livro Quando minh'alma fala, a sua voz é um grito- a coleção de Cristos nas casas de José Régio, com textos de José Régio e fotografia de Adalrich Malzbender, pelo Professor Fernando J.B. Martinho e reedição da Confissão de um Homem Religioso de José Régio, editados pela Opera Omnia.
Casa Museu José Régio, 17h30.”
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Muitíssimo Obrigado pela atenção.
Presto também a minha Homenagem ao insigne Poeta e à “Cidade de Régio”, transcrevendo um Poema de seu livro “BIOGRAFIA”.
CRISTO
Quando eu nasci, Senhor! já tu lá estavas,
Crucificado, lívido, esquecido.
Não respondeste, pois, ao meu gemido,
Que há muito tempo já que não falavas.
Redemoinhavam, longe, as turbas bravas,
Alevantando ao ar fumo e alarido.
E a tua benta Cruz de Deus vencido,
Quis eu erguê-la em minhas mãos escravas!
A turba veio então, seguiu-me os rastros;
E riu-se, e eu nem sequer fui açoitado,
E dos braços da Cruz fizeram mastros…
Senhor! eis-me vencido e tolerado:
Resta-me abrir os braços a teu lado,
E apodrecer contigo à luz dos astros!
In. “BIOGRAFIA” – José Régio – OBRAS COMPLETAS – poesia – BRASÍLIA EDITORA – 6ª Edição – 1978. Pp. 71/72. (1ª Edição 1929)
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Li este Poema “Cristo”, na “Casa Museu José Régio”, em Portalegre, em Novembro de 2019. Ao lado de célebre "Cristo" exposto, destacado na Casa. Numa visita guiada, enquadrada num evento organizado na Cidade, associado à Enologia e diversificando-se por vários edifícios públicos.
In. “Segredos da Natureza a dois passos de Lisboa”, pag. 26.
De: Professor Manuel Lima (Fotografias e Texto)
Edição de Autor
1ª edição – Dezembro 2012
Tiragem: 1000 exemplares.
Em postal anterior, “Passeios por Aquém Tejo”, na sequência de postais sobre Setúbal, havia escrito que publicaria um Poema sobre Arrábida. Só hoje foi possível.
Este livro citado é um trabalho de excelência, como pode ajuizar a partir do excerto do Poema, de que transcrevo apenas três estrofes. Doze estrofes o compõem. Onze nonas e uma quadra.
Excelentes Fotografias, excelentes Poemas, abordando seis grandes Áreas Temáticas: “Parque Natural da Arrábida, Cabo Espichel, Reserva Natural do Estuário do Tejo, Lagoa de Albufeira, Arriba Fóssil da Caparica, Parque Natural de Sintra – Cascais”.
Comprei o livro em 06/04/2013, num lançamento promovido pelo Autor. Não me lembro em que local de Almada. O preço não registei, contrariamente ao que costumo fazer. Mas sei que foi relativamente em conta, entre dez e quinze euros. Para o trabalho que nele está incorporado, que não tem preço e sem suporte de editora, foi baratíssimo.
Caro/a Leitor/a, desejo-lhe boas Leituras de Verão, com muita Saúde!
Livro de Lénia Rufino, romance, 1ª edição – Manuscrito - Lisboa – Março 2021
O título reporta-nos para um dos locais que temos mais certos na nossa Vida. As árvores, como dedos apontando para o céu, são marcantes e identitárias do espaço, pelo menos em Portugal.
Nas imagens elucidativas, ilustrando o postal, não tendo nenhuma foto específica, optei por utilizar fotos de cedros, plantas que eu próprio semeei e plantei no Chão e no Vale. Para aí nos anos noventa. (Mas, com estes particulares, estou-me desviando do essencial.)
A ação da narrativa decorre no Alentejo Norte, em duas pequenas povoações, uma mais um lugarejo, outra, um pouco maior. Nos anos de 1992, tempo presente na narrativa e 1968, tempo pretérito.
As personagens principais?
Isabel, jovem estudante de dezoito anos, inquiridora, pesquisadora, “perguntadeira”, querendo obter respostas sobre pessoas da localidade, já falecidas, nomeadamente sobre as respetivas mortes, que a intrigavam sobremaneira. (Esta personagem funciona, de certo modo, como alter-ego da Escritora?)
A mãe de Isabel, Lurdes, alvo primordial das perguntas da filha. Ela será mesmo a personagem principal. Ao não responder, ou fazê-lo por evasivas, ou desviar o assunto e o rumo da conversa, só aumentava a curiosidade e o interesse de Isabel.
Esta sua curiosidade e perspicácia policial levaram-na a equacionar a possibilidade da mãe, Lurdes, ter um diário. Daí a procurá-lo, foi um ápice.
Encontrá-lo-ia no sótão da casa, entre papéis velhos e fotos.
E a partir da respetiva leitura, clandestina, todo um desenrolar de um ou diversos novelos sobre a vida da mãe, enquanto jovem e o seu modo de ser e de estar como adulta, vieram à superfície e conhecimento de Isabel. E também possíveis respostas ou pelo menos suposições, para as mortes inexplicáveis de algumas pessoas da localidade e que tanto intrigavam a jovem.
Nós, enquanto leitores, somos levados nesta inquietação de Isabel e, com ela, queremos também descortinar e esclarecer os segredos que aquele diário revela e os mistérios que pairam sobre mortes e vidas de algumas pessoas das localidades.
Outro personagem, também crucial no desenrolar do enredo, é Monsenhor Alípio: pároco nas duas localidades, cujos nomes desconhecemos. Primeiramente, na localidade mais lugarejo, nos anos sessenta, onde Lurdes nascera e vivera na infância e na primeira adolescência. E nos anos noventa, na segunda localidade, onde decorre a narrativa no tempo presente, onde passou a viver Lurdes a partir dos catorze anos, onde casou e lhe nasceram as duas filhas, Isabel, a mais nova e Luísa, a mais velha.
Ele, personagem enigmática e de poder, em ambas as aldeias, funciona como contraponto de toda a vida de Lurdes e do desenrolar da ação e enredo.
(Não vou contar a história, que não sou escritor, nem narrador.)
Mas, digo ainda, que Lurdes teve outro filho resultado de uma violação aos catorze anos. Violação, crime, a que Monsenhor assistiu, mas não interveio. Esse filho foi-lhe retirado por Monsenhor, que o enviou a criar por uma irmã, para os lados de Viseu. Mais velho que as duas meias-irmãs, estudará no Porto.
Este livro lê-se com muitíssimo agrado, envolve-nos na narrativa e queremos obter respostas para as dúvidas e questões da jovem.
Um livro nos moldes tão atuais: funcionará como uma saga. Digo eu, que não falei com a Escritora.
Surgirá outro volume, assim espero. E, nele, Isabel procurará encontrar o irmão, chamado João, em homenagem a João Tordo, mentor da escritora Lénia. É ela que o diz, nos “Agradecimentos”.