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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Poema de Cesário Verde

Papoula. Original. 18.04.23.

 

 

 

 

 

 

 

«DE TARDE»

«Naquele «pic-nic» de burgueses,

Houve uma coisa simplesmente bela,

E que, sem ter história nem grandezas,

Em todo o caso dava uma aguarela.

 

Foi quando tu, descendo do burrico,

Foste colher, sem imposturas tolas,

A um granzonal azul de grão de bico

Um ramalhete rubro de papoulas.

 

Pouco depois, em cima duns penhascos

Nós acampámos, inda o sol se via;

E houve talhadas de melão, damascos,

E pão de ló molhado em malvasia.

 

Mas, todo púrpuro, a sair da renda

Dos teus dois seios como duas rolas,

Era o supremo encanto da merenda

O ramalhete rubro de papoulas!»

 

«O Livro de Cesário Verde

1887

Lisboa»

Papoula. Original. 18.04.23.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

In. "O Livro de Cesário Verde” – Publicações Anagrama, Lda. – Porto – Colecção Clássicos – 15.

*******

(Comprei este livro em 06/06/1984, numa Feira do Livro. Preço? Parece-me que registei 125$00! Em moeda atual e em valor nominal, correspondem a 62.5 cêntimos!!!!!)

Porque me lembrei de publicar um poema de Cesário Verde?!

Quando pesquisei sobre Camões, “Dia de Camões”, “Dia de Portugal”, observei um site sobre “O Sentimento dum Ocidental”, de Cesário Verde. Que havia escrito este poema em 1880, por ocasião das comemorações do 3º centenário da morte de Camões. Comemorações essas que deram muito que falar na época e tiveram muitas repercussões.

No blogue, tenho como um dos propósitos ir divulgando Poesia de Poetas Consagrados e de Poetisas. Tenho de Florbela, de Sophia,… de Camões, de Régio, de Pessoa… que me lembre, de cor… Então Cesário calhava.

Lembrei-me deste livrinho, materialmente muito singelo, mas muito rico de conteúdo. Reli muitos dos poemas que lera na década de oitenta, quando o comprara. Fui selecionando e, face à circunstância de publicar no blogue, optei pelo óbvio. Talvez dos poemas mais conhecidos. Também dos mais alegres, mais luminosos.

Uma série de circunstâncias respeitantes ao mês em que estamos – Junho, já referidas anteriormente.

Se analisarmos o conteúdo do poema, poderemos depreender que a ação em que decorre a narrativa também se reportará, muito provavelmente, a este mês de Junho.

Há uma série de circunstâncias felizes que abonam para escolher esta poesia, para identificar um Poeta, que não terá tido uma vida muito feliz.

(Cesário Verde: Lisboa – 25/02/1855 – Lisboa – 19/07/1886. Morreu de tuberculose, com 31 anos.)

papoula. original. 30.04.23.

Desejo que o/a Caro/a Leitor/a tenha gostado. Saúde, paz e poesia!

 

"Memórias e Poesias” – Falcão da Costa – Aldeia da Mata

«A LIÇÃO DE VIDA E O QUE A NATUREZA NOS DÁ»

«Numa bela manhã de Primavera, e ainda bem cedo, punha mãos ao trabalho. Trabalho esse que consistia em fresar uma parcela de terra. Quando me coloquei de joelhos para engatar a fresa à moto-enxada, apercebo-me de um barulho estranho ali bem ao lado, num pequeno silvado. Todo o aparato que se gerava dentro do silvado, era a aflição de um pequeno melro, que ainda mal sabia voar. Na sua aflição tenta escapar à fúria de um gato. De repente sai do referido silvado em direção a mim. Ficou-me preso nas mãos e logo atrás vem o referido gato faminto.

O engraçado é que o danado do gato, assim que me viu, deu um salto e fugiu.

Vamos então refletir e analisar todo este episódio que a natureza nos oferece. Então não é que o pequeno melro quando se apercebe que está preso nas minhas mãos, desata numa chalreada.

Tamanha chalreada é um autêntico alarme que dá origem, a que os progenitores se apercebam que o próprio filho não está bem. Ainda estou a ver os pais de pequeno passarinho, direitos a mim, com uma fúria que um deles me arranhou a cara.

Alto lá cuidem dele se não fosse eu o gato bem o papava.»

In.

MEMÓRIAS E POESIAS” – FALCÃO DA COSTA. Apenas Livros Lda. Jun.2022.  pag. 24

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Publico este texto em prosa, por demais interessante e sugestivo, do mencionado livro, ontem apresentado em Aldeia da Mata.

Gato no quintal do Ti Zé Fadista Foto Original. out 22

Ilustro com uma foto de um dos gatos que deambulam pelos meus Quintais. Este espreita do quintal do Ti Zé “Fadista”, local onde eles terão nascido ou que habitam com mais regularidade.

Não foi este, de certeza, que tentou papar o melro da anterior narrativa. Mas bem poderá ter comido outros melros ou diferentes passarinhos, pois, de vez em quando, aparecem penas de asas e de caudas de pássaros no “Quintal de Cima”. Essa foi a razão porque, a partir do início da Primavera, deixei de lhes dar de comer neste quintal e transferi o local de amesendação para o “Quintal de Baixo”. No de “Cima” várias aves fazem habitualmente ninhos todos os anos. Têm especiais cuidados, colocando-os nas roseiras aonde os gatos não sobem com muita facilidade, mas nunca se sabe…

No “Quintal de Baixo” há menos arvoredo e poucos ninhos aparecem.

Todos estes pormenores, sugeridos a partir do interessante texto de “Memórias e Poesias” e das lições de Vida que a Natureza nos dá!

Boas leituras!

 

Viagem de Comboio em 1990 (V)

Amendoeira de Palmela. Foto original. 2022.01.24.jpg

Respostas das Entidades (II)

Assembleia da República

Do PS, recebi carta manuscrita do Deputado Miranda Calha, datada de 27/3/90.

Excertos:

«Recebi, e agradeço… Infelizmente a realidade é tal como a conta.

Já me pronunciei diversas vezes na Assembleia sobre este assunto gravoso para o meu distrito e que o actual governo nunca respondeu às questões colocadas. Continuarei… a lutar para que no distrito de Portalegre existam melhores condições de deslocação – especialmente no sector respeitante à C.P. (…)

Os melhores cumprimentos

Júlio Miranda Calha»

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Por curiosidade, apresento foto da carta.

Fotocópia de carta. Foto Original. 2022.01.27.jpg

Fotocópia de carta. Foto Original. 2022.01.27.jpg

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Do Grupo Parlamentar do PCP, responderam a 8 de Março de 1990, através do Gabinete de Apoio, em nome do Deputado Luís Roque, que agradece. Enviam uma “cópia de intervenção proferida em Plenário, sobre o assunto”.

É um texto de 4 páginas, da “Intervenção do Deputado Luís Roque – PCP, Sessão Plenária do Dia 9 de Janeiro de 1990 – PAOD”

Apresento alguns excertos da intervenção:

«Sr. Presidente

Srs. Deputados,

Resolveu o C.G. da CP encerrar ao tráfego de passageiros a partir de 1 de Janeiro de 1990 mais nove ramais ferroviários, a saber Valença/Monção, Vila Real/Chaves, Amarante/Arco de Baúlhe, Sernada/Viseu, Évora/Reguengos de Monsaraz, Évora/Estremoz/Vila Viçosa, Estremoz/Portalegre, Beja/Moura e o Ramal de Sines.

É de salientar que anteriormente já haviam sido encerrados a Linha do Dão e o troço Pocinho/Barca de Alva.

Esta decisão, concerteza concertada com o Ministério da Tutela, corta às regiões mais interiores o cordão umbilical que as ligava às regiões mais desenvolvidas do litoral, agravando mais ainda a assimetria litoral/interior, que hoje já é gritante.

(…)

…a CP e o Governo demonstram à saciedade quanto estão preocupados com o desenvolvimento económico e social do interior.

Em intervenção por mim aqui proferida em Maio de 88, aquando da implementação dos novos horários de Verão, prevíamos que o desajustamento dos mesmos em relação aos interesses dos utentes visava degradar a oferta com o fim de mais facilmente proceder aos encerramentos programados.

Para os incrédulos de então, aí está a resposta do Governo e da CP.

Estes planos visam o encerramento de 1000 Km de via e mais de 300 estações, ficando a rede ferroviária nacional reduzida ao eixo Braga/Lisboa/Faro, às ligações com Espanha e aos suburbanos de Lisboa, Porto e Coimbra.

Repare-se que no plano de modernização e reconversão dos caminhos de ferro (1988/1994), aprovado em Conselho de Ministros em Janeiro de 88, a rede secundária com 1076 Km absorve apenas 0,2% do total do investimento previsto no plano.

Este valor denuncia claramente quais são as intenções do Governo e da CP em relação a estas linhas, ou seja, encerrá-las.

O Governo com esta medida gravosa para as populações esquece um princípio que é aceite em todos os países comunitários, a função social do transporte de passageiros.   (…)»

*******

NOTAS Finais:

Os outros partidos da Assembleia não responderam.

Da Câmara Municipal de Portalegre também não recebi resposta.

O “Jornal Fonte Nova” publicou o texto.

O “Jornal Expresso” não fez referência ao assunto.

(Os negritos são de minha lavra.

Apresento os excertos que considerei mais relevantes.

Estes textos, traduzindo intervenções e tomadas de posição, mostram o posicionamento destes partidos face à situação.

São documentais. Fazem parte da nossa pequena história pessoal, pois vivemos esses tempos de viagens de comboio. Farão ou não parte da Grande História do nosso País. Para todos os efeitos os comboios fazem parte da História de Portugal.

Para se entender o historial dessa desativação dos comboios e subsequentes (re)utilizações ou abandonos, a leitura do livro já referido é fundamental.

Pelas Linhas da Nostalgia – Passeios a Pé nas Vias Férreas Abandonadas”, de Rui Cardoso e Mafalda César Machado, Edições Afrontamento, Novembro de 2008.

 E ainda haveremos de ir a Barca D'Alva?!

(A foto que titula o postal é de uma Amendoeira. Mas não de Barca D'Alva. Esta é de Palmela. Hei-de postar sobre ela!)

Boas Leituras! Muita Saúde. Boas Viagens, de Comboio. Muito Obrigado!

viagem-de-comboio-em-1990-iv

a-que-horas-parte-o-comboio-para-barca d'alva.

amoreira-da-barca-dalva-ii

A que horas parte o Comboio para Barca da Alva?!

Barca D'Alva. Reprodução de Fotos dos Autores do Livro. 2022.01.03.jpg

Continuação dos postais anteriores…

Capa do livro. Reprodução de foto. 2022.01.03.jpg

Excerto do que os Autores referem sobre

“Linha de Barca D’Alva” – “Pocinho » Barca d’Alva”.

“DOURO ADORMECIDO”

«Os últimos 28km da Linha do Douro, entre Pocinho e Barca d’Alva, foram desactivados em 1988. Desde 1985 que, do lado espanhol, não havia continuação de comboio para Salamanca.

Ironicamente, tinha sido a necessidade de abrir uma ligação directa do Porto a Espanha a razão de ser da construção deste traçado. Na verdade, em 1887, um consórcio de empresários e banqueiros portuenses financiara integralmente não só a linha até Barca d’Alva, como daí em diante, já em território espanhol, até Fuente de San Esteban (onde entroncava com a linha para Salamanca).

Quando a decisão de fechar a linha foi tomada, não se sonhava que um dia haveriam de ser descobertas gravuras paleolíticas no baixo Côa e, muito menos, que esse conjunto viesse a ser classificado pela UNESCO. Ou que o Douro Vinhateiro também se tornasse Património Mundial. Mas a verdade é que durante todos estes anos não se acautelou uma manutenção mínima da plataforma: houve derrocadas, crescimento de matos e até de árvores inteiras, para além de as estações terem sido vandalizadas. Não deixa de ser curioso que a estação do Côa, reduzida a pouco mais de uma ruína, se situe perto do local escolhido para a construção do futuro Museu do Vale do Côa.

Agora é do lado espanhol que vêm sinais de possível revitalização da linha, mas a factura desta operação do lado português não vai ser inferior a 16 milhões de euros. A pergunta que apetece fazer é a seguinte: em quanto se reduziria este valor se, ao longo destes anos, tivesse havido um mínimo de manutenção?

(…)

No local onde confluem os dois patrimónios mundiais durienses não deixa de ser irónico que o percurso ao longo do Douro, em seguida sugerido, só possa ser feito a pé ou nos barcos dos cruzeiros turísticos. Ou que a possibilidade de chegar ao Parque Arqueológico do Côa de comboio continue uma miragem. Para quando o regresso dos comboios a Barca d’Alva?»

Contracapa do livro. Reprodução. 2022.01.03.jpg

In. “Pelas Linhas da Nostalgia – Passeios a Pé nas Vias Férreas Abandonadas”, de Rui Cardoso e Mafalda César Machado, Edições Afrontamento, Novembro de 2008. Pag.s 89 e 90.

(As fotos são dos Autores do livro. Fotografei-as com o telemóvel, a partir do livro.

Os sublinhados são da minha lavra.)

Caro/a Leitor/a, fizemos esta viagem até Barca D’Alva, em imaginação.

Itinerário Linha desativada. Reprodução. 2022.01.03.jpg

Talvez a possamos fazer ainda, um dia, de comboio.

Espero que tenha gostado.

Só o nome da localidade: Barca D’Alva, Barca de Alva. Deduzo que ficando a localidade, a Leste de Portugal e do Douro, portanto do lado Nascente, será a esse conceito que o nome se refere. Barca do Nascente, do Leste, da Alva, ou seja, do Nascer do Sol!

A toponímia das terras é por demais interessante!

Reflita também no texto que, em poucas linhas, nos leva, direta e indiretamente, a vários factos marcantes da nossa História! S.F.F.

Muito Obrigado. Muita Saúde!

 

“Pelas Linhas da Nostalgia…”

“Passeios a Pé nas Vias Férreas Abandonadas”!

Capa do livro. 2022.01.03.jpg

Os postais anteriores, sobre a Amoreira da Barca D’Alva...

Amoreira da Barca D'Alva. Foto Original. 2021.05.02.jpg

...Reportaram-me para um livro de consulta, deveras interessante:

“Pelas Linhas da Nostalgia – Passeios a Pé nas Vias Férreas Abandonadas”, de Rui Cardoso e Mafalda César Machado, Edições Afrontamento, Novembro de 2008.

Contracapa do livro. 2022.01.03.jpg

«20 anos depois…

Nos últimos 20 anos, Portugal perdeu mais de 700 Km de vias férreas, desactivadas em nome da boa gestão, do controlo do défice e dessa abstracção onde tudo cabe chamada progresso. À evidência, nem o país ficou mais rico, nem as populações mais bem servidas. Com a ajuda da crise do petróleo, começa, aos poucos, a olhar-se para este imenso património de outra forma. (…) Surgem ciclovias, geralmente por iniciativa camarária, enquanto nalguns casos se reequaciona o regresso do comboio, nem que seja para fins turísticos, de resto como já vem sucedendo em Espanha, França e noutros países europeus. (…) …, estes caminhos são parte integrante do nosso património e da nossa memória colectiva. Não os deixar desaparecer, popularizá-los e dar-lhes nova vida é o objectivo deste livro. (…)»

*******

(Nota: Os sublinhados são de minha lavra.)

Um excelente livro de consulta para Si, Caro/a Leitor/a, que se interessa nomeadamente por Comboios e por Caminhadas. E, já agora, por Património, por Cultura, Natureza, História, eu sei lá!

Não lhe disse que ainda iríamos "viajar" de comboio?!

Foto do livro. 2022.01.03.jpg

E ainda iremos a Barca D’Alva?!

(Nota Final: A 1ª foto, a 3ª e 4ª são dos Autores do Livro. Limitei-me a fotografá-las com o telemóvel, a partir do livro e transferi-las para o computador e editá-las no blogue.)

Obrigado pela sua atenção. Boas viagens. E Feliz Ano Bom!

 

“O Lugar das Árvores Tristes” – Romance – Lénia Rufino

Quem foi o violador de Lurdes, personagem principal?!

Flor figueira Índia. Foto original. 2021.05.24.jpg

Na sequência da leitura do livro e do encontro com a escritora e tendo o livro na minha posse, consultei a pág. 200.

Excerto do diálogo travado entre monsenhor Alípio e Lurdes, na sacristia, sobre a morte de Juliana, amiga de Lurdes, em que esta acusava o padre de ter matado a sua amiga.

« - Só tenho pena de não ter vindo aqui com a Juliana…Se calhar também estava morta, a esta hora. Mas pelo menos, por um pequeno instante, tinha sabido alguma coisa do meu menino.

- Lá estás tu. Ela não descobriu nada.

- Então porque é que a matou?

- Mas quem é que disse que eu a matei? Quem é que te disse que alguém a matou?

- Os guardas. A autópsia revelou que ela morreu estrangulada.

- Tu, mais do que ninguém, devias saber que nem sempre se pode confiar nos guardas.

Lurdes engasgou a raiva que lhe trouxe o gosto amargo da bílis à garganta. Sabia, claro, que não podia confiar em toda a gente, por muito importante que fosse a sua posição na aldeia. Padres e guardas eram um bom exemplo disso, e ela conhecia esta verdade na pele. (…)»

In. Págs. 200 e 201, do livro referido em epígrafe.

*******

Corresponde ao que eu supusera ser “uma pessoa de poder” e essa pessoa ter sido um guarda. Conforme eu também supusera, embora não o tenha explicitado na análise que fiz do romance. Até, provavelmente, poderá ter sido algum chefe. Digo eu… sei lá! Que ninguém me encomendou qualquer sermão.

Todavia, penso que embora se possa inferir essa causalidade, ela não está suficientemente explícita para nos dar certezas. Não fora a afirmação da própria Escritora que me informou da página em que vinha referida a situação, não seria assim tão fácil lá chegar, com garantias absolutas.

Pelo conhecimento que tínhamos do contexto temporal em que se desenrola a narrativa do romance, deduzimos que os guardas tinham, na época, bastante poder. Eram temidos!

Daí que praticamente ainda uma criança, como era Lurdes à data da violação, catorze anos, ela terá recalcado o autor do crime, nunca tendo revelado o respetivo nome.

*******

Essa revelação seria, a meu ver, um dos temas de futura saga do romance.

Contudo, conforme me foi referido, a modos que não irá haver continuação.

Fonte do Salto. Foto Original. 2021.07.11.jpg

A Fonte do Salto!

Encontro Literário no Cinco de Outubro!

Onde?! …Na Cinco de Outubro?!

…Não!

No cruzamento da “Azinhaga do Poço dos Cães” com a “Azinhaga da Fonte das Pulhas” ou do “Porcosunho”

Entroncamento de Azinhagas. Foto original. 2021.02.21.jpg

Encontro Literário com a Escritora Lénia Rufino.

Querem dióspiros?! (…)

Dióspiro. Foto Original. 2021.10.07.jpg

Ao final da tarde de cinco de Outubro, mais um dia de vaidades lá para Lisboa, vinha eu de um dos meus “escritórios”, quando estou na Aldeia. Neste caso, do “Vale de Baixo”. Não trazia as “canetas”, pois já deixara a ferramentaria e as colheitas, no “Quintal do Chão”.

Observei um casal descendo a “Azinhaga do Poço dos Cães”.

Azinhaga do Poço dos Cães. Foto original. 2021.05.22.jpg

Parei, porque pareceu-me conhecer a rapariga, apesar da distância e de nunca a ter visto pessoalmente.

O casal também parou, hesitando na continuação da marcha.

Instei-os que prosseguissem, pois gostaria de falar com eles.

Ao aproximarem-se, tomei a liberdade de perguntar o nome à rapariga.

Confirmava-se a minha perceção. Era Lénia Rufino, sobre cujo livro “O Lugar das Árvores Tristes” teci algumas considerações neste blogue.

No breve colóquio encetado, referi que conhecia os pais, que a mãe era da minha idade e fizéramos a 4ª classe no mesmo ano. Que lera o livro de Lénia e de que gostara.

Lénia agradeceu e tive oportunidade de abordar mais alguns aspetos da narrativa.

(Aliás, a Escritora, conforme frisou, vinha explicando ao companheiro, sobre as ambiências do livro e aqueles espaços inspiradores para o enquadramento do enredo, que faziam parte das suas memórias de infância, quando vinha para a Aldeia com os pais.)

Peculiar e simbólico, que tenha encontrado a Escritora, num espaço de contexto da história e não em qualquer salão literário ou livraria!

Quanto à “Fonte dos Pulos”, a fonte inspiradora foi a “Fonte do Salto” e não a “Fonte das Pulhas”. Contrariamente ao que eu, inicialmente, supusera.

Sobre a continuidade da condição de escritora, mencionou estar a escrever outro livro.

Face à questão que lhe coloquei se seria saga do primeiro, referiu que não. A continuar, se o fizesse, seria sobre o filho de Lurdes, o João.

Questionada sobre o “violador”, explicitou que a ele se refere na página duzentos. Não tendo eu, de momento, o exemplar do livro na minha posse, vou continuar na dúvida, sem saber se a minha suspeita do possível autor do crime será quem eu penso ou não.

A conversa foi breve, que ainda iam para Lisboa. Não sei que Lisboa. Que para nós, quando estamos no Interior, Lisboa é toda a Grande Lisboa!

Querem dióspiros?! Finalizei quase em remate de conversa. Recusaram e engelharam a cara. Pelos vistos não gostarão. Eu, pelo contrário, este ano tenho-me lambuzado com os dióspiros.

Diospireiro. Foto Original. 2021.10.07.jpg

Tinha colhido alguns e, caso gostassem, faria gosto em oferecer-lhes.

Continue a saga… ainda lembrei.

(P.S. - As fotos não se reportam ao dia referido. Foram tiradas em momentos diferentes. Fazem parte do acervo, vasto, que tenho. Os locais são os mencionados. Os dióspiros... bem, também já se foram.

Lá para Óbidos também estão a decorrer "Encontros Literários". )

Homenagem a José Régio – 120º Aniversário

Casa - Museu José Régio – Portalegre

17 de Setembro – 17h 30’

José Régio estátua. Foto Original. 2021.01.15.jpg

Texto de Convite recebido, a partir da Direção de Casa Museu:

“A Presidente da Câmara Municipal de Portalegre, Maria Adelaide de Aguiar Marques Teixeira tem a honra de convidar V. Exª para a homenagem a José Régio no 120º aniversário do seu nascimento, 17 de setembro, com a apresentação do livro Quando minh'alma fala, a sua voz é um grito- a coleção de Cristos nas casas de José Régio, com textos de José Régio e fotografia de Adalrich Malzbender, pelo Professor Fernando J.B. Martinho e reedição da Confissão de um Homem Religioso de José Régio, editados pela Opera Omnia.

Casa Museu José Régio, 17h30.”

*******

Muitíssimo Obrigado pela atenção.

Presto também a minha Homenagem ao insigne Poeta e à “Cidade de Régio”, transcrevendo um Poema de seu livro “BIOGRAFIA”.

Lírio roxo e Cidade. Foto Original. 2021.03.05.jpg

CRISTO

 

Quando eu nasci, Senhor! já tu lá estavas,

Crucificado, lívido, esquecido.

Não respondeste, pois, ao meu gemido,

Que há muito tempo já que não falavas.

 

Redemoinhavam, longe, as turbas bravas,

Alevantando ao ar fumo e alarido.

E a tua benta Cruz de Deus vencido,

Quis eu erguê-la em minhas mãos escravas!

 

A turba veio então, seguiu-me os rastros;

E riu-se, e eu nem sequer fui açoitado,

E dos braços da Cruz fizeram mastros…

 

Senhor! eis-me vencido e tolerado:

Resta-me abrir os braços a teu lado,

E apodrecer contigo à luz dos astros!

 

In. “BIOGRAFIA” – José Régio – OBRAS COMPLETAS – poesia – BRASÍLIA EDITORA – 6ª Edição – 1978. Pp. 71/72. (1ª Edição 1929)

 

*******

Li este Poema “Cristo”, na “Casa Museu José Régio”, em Portalegre, em Novembro de 2019. Ao lado de célebre "Cristo" exposto, destacado na Casa. Numa visita guiada, enquadrada num evento organizado na Cidade, associado à Enologia e diversificando-se por vários edifícios públicos.

 

Almas Gémeas: Florbela e Maria João

“Dialogando com… e glosando Florbela Espanca”

Rosas. Malvas rosas. Malvas sardinhas. Foto Original. 2021.04.29.

«EU

Eu sou a que no mundo anda perdida,

Eu sou a que na vida não tem norte,

Sou a irmã do Sonho, e desta sorte

Sou a crucificada… a dolorida…

 

Sombra de névoa ténue e esvaecida,

E que o destino amargo, triste e forte,

Impele brutalmente para a morte!

Alma de luto sempre incompreendida!...

 

Sou aquela que passa e ninguém vê…

Sou a que chamam triste sem o ser…

Sou a que chora sem saber porquê…

 

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,

Alguém que veio ao mundo pra me ver

E que nunca na vida me encontrou!»

 

Florbela Espanca, In. “Livro de Mágoas”

 

*******

«EU

Eu, em contrapartida, sei quem sou;

Poeta, fui-o sempre, a vida inteira,

Dos versos dedicada companheira,

Rocha, ou papoila, que do chão brotou

 

E, depressa demais, desabrochou,

Tomando a sua própria dianteira

Na caminhada junto à ribanceira

Em que o passo apressado a colocou,

 

Mas vive, agora muito lentamente,

Um tempo mais incerto e mais urgente

Que teima em não parar pr’a repousar

 

E que passa por ela e segue em frente,

Sem dar conta do mal que faz à gente

Que vai estando cansada de passar…»

 

“Maria João Brito de Sousa – 28.01.2016 – 11.00h”

*******

In. “Almas Gémeas – Maria João Brito de SousaFlorbela Espanca – pag.s 8 e 9

EUEDITO – www.euedito.com – 2016

Editor: Joaquim Sustelo

 

Poema sobre Serra da Arrábida

Foto Original. 20210715_104859.jpg

«A cadeia da Arrábida»

 

«És calcária cadeia montanhosa,

Na península de Setúbal, meridional,

Relevos, vultos, paisagem rochosa,

Notável orografia à vista da capital.

Proeminente e afortunada escultura,

Tuas serras se destacam da planura,

S. Francisco, S. Luís, Louro, Gaiteiros,

Teus vales são grenhas de verdura,

Barris, Alcube, Rasca e Picheleiros.

 

Na cordilheira, Arrábida sobressai,

A mais alta, debruçada sobre o mar,

Enamorado e meigo o Sado vai,

A sua alcantilada face beijar.

Serra-mãe, que de Deus és criação!

Será teu nome de origem Ribat?

Do muçulmano, lugar de oração,

Ou quem sabe, talvez Arrabdah?

Gelfa, pascigo, pastagem d’eleição. 

…   …   …   …   …   …   …   …   …    

Tu Arrábida, soberbo e mágico mirante,

Património histórico, científico, cultural,

Tua paisagem, desmesurada, fascinante,

Dádiva da natureza, meu parque natural!»

 

In. “Segredos da Natureza a dois passos de Lisboa”, pag. 26.

De: Professor Manuel Lima (Fotografias e Texto)

Edição de Autor

1ª edição – Dezembro 2012

Tiragem: 1000 exemplares.

 

Em postal anterior, “Passeios por Aquém Tejo”, na sequência de postais sobre Setúbal, havia escrito que publicaria um Poema sobre Arrábida. Só hoje foi possível.

Foto Original. 20210621_094621.jpg

Este livro citado é um trabalho de excelência, como pode ajuizar a partir do excerto do Poema, de que transcrevo apenas três estrofes. Doze estrofes o compõem. Onze nonas e uma quadra.

Excelentes Fotografias, excelentes Poemas, abordando seis grandes Áreas Temáticas: “Parque Natural da Arrábida, Cabo Espichel, Reserva Natural do Estuário do Tejo, Lagoa de Albufeira, Arriba Fóssil da Caparica, Parque Natural de Sintra – Cascais”.

Comprei o livro em 06/04/2013, num lançamento promovido pelo Autor. Não me lembro em que local de Almada. O preço não registei, contrariamente ao que costumo fazer. Mas sei que foi relativamente em conta, entre dez e quinze euros. Para o trabalho que nele está incorporado, que não tem preço e sem suporte de editora, foi baratíssimo.

 

Caro/a Leitor/a, desejo-lhe boas Leituras de Verão, com muita Saúde!

 

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