Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Em primeiro lugar, os meus parabéns à Rádio Portalegre, ao programa “Gentes da Gente”, ao Sr. César Azeitona, pela operacionalização desta iniciativa.
Vai ser, de certeza, um excelente programa, como habitualmente são programas em que o valor fundamental são as Pessoas.
Estou intrigado como irá o Sr. César Azeitona equacionar três questões fundamentais relativamente a esta “povoação perdida”.
O passado: valorização do respetivo património material e imaterial.
O presente: a romaria, romagem, presença atual, ligação ao passado. O património arbóreo.
O futuro: equacionar, estruturar a classificação do sítio como “Monumento”, interligando passado e presente.
Vou esforçar-me para, no próximo sábado, ouvir ainda com mais atenção este interessantíssimo Programa da Rádio Portalegre.
E o/a Caro/a Leitor/a, vai também ouvir a Rádio Portalegre no próximo sábado, entre as 7 e 9 da manhã?
*******
(Fotos cedidas gentilmente pelo Sr. César. Na segunda, junto à ponte centenária, está de camisola vermelha. Prenúncio de fim de semana que vai ser ao rubro. Não sei se ele é benfiquista ou não, nem importa ao caso. Quero um final de semana benfiquista!)
Mas o que eu quero e pugno realmente é para que valorizemos o nosso Património, nas suas vertentes: material, imaterial…
E, nesse objetivo, a Rádio Portalegre, o Programa “Gentes da Gente” cumprem, de forma excelente, o seu papel:
O 25 de abril e o 1º de Maio são datas importantíssimas. Deveria ser algo consensualmente aceite, embora na verdade não o seja. Não escamoteemos o assunto.
Podem e devem ser devidamente celebradas, lembradas e vivenciadas coletivamente.
Com manifestações, arruadas, grandes concentrações de gente, por tudo quanto é sítio e lugar deste País e ainda mais nas grandes cidades?!
NÃO! De todo, absolutamente NÃO!
Dadas as circunstâncias que vivemos, NÃO!
Portugal, dentro do contexto da pandemia, tem sido dos países menos fustigados. (Contudo os valores absolutos apresentados devem ter em conta os valores relativos. Rácio das mortes ou infetados / versus população total.)
Apesar de tudo e comparativamente com os países mais próximos, Espanha França ou Itália, Portugal, felizmente, está relativamente distante. Pelo menos, até agora. Não sabemos o que poderá ainda acontecer.
Para esses resultados têm contribuído as medidas adotadas e, não esquecer, o contributo da população que acedeu ao confinamento, sem grandes constrangimentos.
Agora, com a previsão de um certo desbloqueamento das medidas constrangedoras da liberdade individual, parece que já está tudo num afã de “andar tudo ao molhe e fé em Deus”! E andar de comboio ou metro lotados, sabem o que é?!
Penso que deve haver algum cuidado nessa pressa de começar tudo, nos mais diversos contextos e enquadramentos, como se já estivéssemos livres do perigo do “bicho”.
É necessário criar uma certa abertura, sim, mas com cuidados sérios.
Face ao que ainda vivemos, não vejo qualquer sentido em quererem que haja manifestações no 1º de Maio.
Porque, ideologicamente, sou contra o que tal data representa?!
De modo algum.
Se há recordação grata e bonita que tenho de manifestações, foi a do Primeiro 1º de Maio, em Liberdade. Em 1974!
Enormíssima a manifestação, não inferior em Sentimento: de Unidade, Liberdade, Fraternidade, Solidariedade, Esperança. Um mar de gente irmanada em Ideais, dos melhores que a Humanidade pode ter!
Não sou a favor de manifestações nestes tempos, nem é preciso explicar porquê.
Inventem uma forma de comemorarmos estas datas de outro modo.
Quanto ao Vinte e Cinco de Abriljá escrevi como deveria ser a celebração na Assembleia da República. (“Prestem atenção que eu não posso durar sempre!” Como diria o meu saudoso Pai.)
E, já agora. “Vinte e Cinco de Abril, Sempre!” E “Viva o Primeiro de Maio”!
(Fotos: As giestas floridas em terrenos na minha Aldeia – Tapada do “Rescão” – “Maio, maduro Maio” e as “Maias”!)
L'arrestation(26 octobre 1943) – A captura / A detenção
Le déménagement(27 octobre 1943) – O despejo / A mudança de casa (?)
La livraison(8 novembre 1943) - A entrega /A entrega ao domicílio (?)
Les trois coups(9 novembre 1943) – Os três golpes/pancadas/tiros (?)
Un acte de naissance(10 novembre 1943) – Um ato de nascimento / Uma escritura de nascimento (?)
L'Alsace et la Lorraine(11 novembre 1943) – “A Alsácia e a Lorena”
Le jour d'après(12 novembre 1943) – O dia seguinte (?)
Un sens au monde(13 novembre 1943) Um sentido para o mundo (?)
DESENVOLVIMENTO:
Episódio 9
“Un acte de naissance” – “Certidão de nascimento”
10 Novembro de 1943
Transmitiram ontem, 31 de Maio, 3ª feira, o episódio 9 desta 5ª temporada, de que relembro, no Prólogo, os títulos dos vários episódios, conforme apresentei quando ela se iniciou, realçando os que consegui visualizar, e os três que ainda faltam, concluindo-se a totalidade, em princípio, nesta semana.
“Certidão de nascimento”, documento imprescindível de que Eliane precisava para se casar com Jean Marchetti.
Fora-lhe prometida a respetiva devolução por Monsieur Raymond Schwartz, que com ela ficara, certamente no ato de a admitir como empregada na fábrica de serração, mas que nunca a devolvera, tantos os acontecimentos e a celeridade da sua ocorrência.
Em má hora conseguiu recuperá-la na fábrica abandonada. Raymond também já participa na Resistência e a segunda mulher Joséphine está morta e enterrada, que ele até já ressuscitou com o velho, mas sempre renovado amor, Marie!
E logo Raymond haveria de voltar nessa hora, juntamente com Antoine, para levarem os camiões para a ação que planeiam para o dia seguinte, 11 de Novembro.
Eliane obteve a certidão, mas não o casamento almejado. Morreu nos braços de Marchetti, seu prometido noivo, mas não Amor, que eles não se amavam, era um casamento de conveniência. Alvejada às mãos do Destino, que a fez morrer de bala disparada por Antoine.
Marchetti amparou-a nos últimos suspiros, tendo ela direito a visão de estrelas!
E este poderá ser o começo desta narração, com que o guionista findou a narrativa original do nono episódio.
Que o começo foram cenas de Daniel e Marcel, na cadeia. Feridos, partidos, esfolados vivos, enjaulados, à mercê dos torturadores boches.
Os dois irmãos mais uma vez unidos numa mesma Causa: Presos, mas em luta pela Liberdade dos Outros. Compartilhando infortúnios, num mesmo espaço e tempo, a que chegaram, ainda que por caminhos diversos.
Marcel preso pelas razões que já sabemos, que vinha sendo perseguido há anos, ainda antes do começo da guerra. Que até a mãe de Hortense, quando esta lhe telefonou e disse que Marcel iria ser fuzilado, lhe respondeu “que já não era sem tempo”!
Daniel foi preso, porque escondia uma judia, como sabemos: Sarah Meyer.
E neste campo de desgraça ainda assim têm tempo para se confrontarem nas suas trivialidades/rivalidades fraternais.
Que Daniel, mais velho, sempre se considerou pai substituto de Marcel. E censura-o por ele não ter comunicado com o filho, Gustave, há mais de um ano, que o miúdo já nem pergunta por ele.
Marcel não gosta dessas lições de paternidade e lhe devolve sobre as falcatruas na adoção de Tequiero e as mentiras relativamente ao verdadeiro pai, o espanhol Alberto Rodriguez, entretanto também fuzilado.
Caso para se dizer que não terá sido má a adoção da criança, bem pelo contrário.
Pelo menos teve pai e mãe, ainda que Hortense fosse mãe ausente, mãe apenas uma vez em cada seis meses, como lhe disse Daniel. Mas este desempenhou os dois papéis e também teve a ajuda de Sarah, esta mais numa de irmã mais velha, que ela é muito jovem.
E esta discussão entre irmãos, à beira do pelotão de fuzilamento, é interrompida com a chegada de soldados alemães para levarem Daniel para nova sessão de tortura.
De que voltaria derreado de pancada, por um brutamontes da SD, mas não tendo falado, nem denunciado sobre o paradeiro dos Resistentes.
E já que falamos dos Resistentes, e antes de abordarmos mais sobre o médico, informamos, sem denunciarmos, que eles estão mais ou menos acoitados numa floresta recôndita nas montanhas, provavelmente do Jura, ou dos Alpes, que não sei.
Um grupo, já bastante grande, heterogéneo, que Antoine comanda, coadjuvado por Claude, que os ensaia em cenas da peça “As Muralhas”. (Baseada em “Hamlet”, de Shakespeare?)
Como par amoroso, Antoine e Marie! Cheios de constrangimentos, mais pela pouca experiência do chefe, em cenas de beijo teatral.
Maior e total o constrangimento, após Antoine ter presenciado Raymond, o ex-cunhado, em cena de sexo real com Marie, sua ex-amante, e amada ainda que não declarada de Antoine.
Cena mais que suficiente para transmutar toda a peça a encenar.
Que por vontade de Antoine, ou não fora ele o chefe, mudou de possível espetáculo teatralizado para a realidade. Passaram a ensaiar sim, mas um desfile de tropas dos Resistentes, devidamente fardados, que se apresentariam publicamente, contra todas as previsões e afrontando todos os perigos, e contrariedades, na cidade de VIlleneuve, de modo a mostrarem a sua força perante a população, que assim ganharia mais confiança e ânimo na Resistência e na Liberdade que haverá de chegar. Cantando a Marselhesa, que estão pela “França Livre”.
E esta apresentação pública da força e coragem da Resistência, julgo que ocorrerá no próximo episódio, provavelmente o de hoje, dia 1 de Junho.
E face ao contraponto realidade - ficção, friso que a encenação prevista retrata ficcionalmente algo que aconteceu na realidade em 11 de Novembro de 1943, na cidade de Oyonnax e que os franceses ainda hoje comemoram.
E é sobre a preparação desse desfile que os resistentes concentram agora todas as suas energias, esforços, estratégias, envolvendo todos os que podem organizar-se nesse sentido.
E nesse fito comparticipa Marguerithe, envolvendo também, ainda que relutante e um pouco contrariada, a colega Lucienne, que não participa diretamente na Resistência, mas que neste caso, se vê na contingência da inevitabilidade da sua participação, dado que o marido, Jules, não está em Villeneuve. Além de que a função em que é necessária a respetiva colaboração se concretiza precisamente na Escola, onde funciona a estação de rádio alemã, que é preciso neutralizar no dia onze, antes do meio-dia.
Nesta fase da ocupação alemã, vários intervenientes, anteriormente colaboracionistas, já apoiam a Resistência.
Já falámos de Raymond.
A primeira mulher dele, Jeannine, atual esposa do atual presidente da câmara, também já é apoiante da “Causa”. Não vamos fazer comentários...
Apoia os resistentes com dinheiro, que é o que mais tem. E também com informações.
Conhecedora, pelo marido, de que havia um agente colaboracionista infiltrado entre a “Resistência”, de nome Galbier, vai disso informar um empregado do Café, designado Martin, que, como é natural, se faz de novas, mas regista a informação, pois houve resultados.
Mais tarde, o marido, Chassagne, dir-lhe-ia que Galbier fora morto com dois tiros na boca!
E ainda volto ao personagem Daniel. Para informar que ele foi libertado, precisamente pelo mais improvável personagem da série: Muller!
Na sequência deste ter estado na sua casa, aonde apareceu opulento, trajado a rigor, para visitar a sua amada Hortense, a fazer de ex-esposa dedicada, o ex-marido ausente, desconhecendo o seu paradeiro; e a cuidar do filho, Tequiero, e do sobrinho, Gustave, que fez de porteiro, franqueando-lhe a entrada.
Muller pediu-lhe desculpa, ele, o todo-poderoso SS. Almoçaram juntos, sopa, que Gustave sorvia fazendo barulho, incomodativo para o facínora, que, por momentos, temi que ele espetasse uma chapadona à criança!
E já pela noite, Tequiero a dormir, Gustave supostamente no quarto, Hortense preparou-se para amar!
Muller, inicialmente renitente, pelos condicionalismos envolventes, mas dada a persistência da amante, foi buscar mais morfina para se injetar!
E foi então que foi surpreendido por Gustave apontando-lhe uma arma!
E, por aqui me fico, neste “Dia Mundial da Criança”, com tantas crianças, ainda e passados setenta anos do findar da guerra, envolvidas e usadas e mortas e abusadas, e violentadas, em tantas guerras!
Relativamente a este 4º episódio, começo por referir que não o vi na totalidade, nem percebo o significado do título, talvez precisamente pela razão anterior.
Também fiquei surpreso pelo facto de, contrariamente ao que me apercebera no final do episódio três, Antoine e o seu grupo de refratários não aderiram à Resistência. Ignoro o porquê, pois pareciam bem encaminhados para tal.
Continuam em grupo, ainda maior, são cerca de vinte, vivem num acampamento bastante improvisado nas montanhas, são liderados por Antoine, coadjuvado por Claude, que continua a tentar empenhá-los através do teatro. Fazem exercício físico, bebem chá pela manhã, não sei o que comem ao almoço, se caçam ou não e tiveram uma visão do paraíso, na pessoa de uma Eva, nadando num lago próximo.
Eva, que não a Braun, mas também acompanhada por um boche, que afinal eram dois e elas também duas, mas francesas, que foram curtir a folga dos rapazes alemães para os ares da montanha, para não estarem sujeitos a olhares indiscretos, pois eles estavam proibidos de contatar com autóctones. Mas sabemos como são estas coisas de amores.
E afinal havia não só vários pares de olhos indiscretos, mas até um binóculo.
E ainda fica muito por contar...
E sobre discrição e indiscrição também relatamos que Hortense, por mais discreta que tivesse querido ser, acabou por ser presa pela polícia e levada para a câmara municipal.
E porquê?!
Munida de duas pistolas embrulhadas numa mala, sentada num carro, não sei de quem, se dela própria, trocou as ditas armas por um frasquinho de morfina, a uns traficantes, que, após a transação, lhe pediram para esperar cinco minutos antes de abalar. E ela esperou!
Isto é, deu tempo para que chegasse a polícia, lhe pedisse a documentação, a interrogasse sobre o que ela guardava na mão e a algemasse, com direito a sentar-se numa sala da câmara, que ela conheceria de outros tempos mais afortunados, mas agora estava ali como criminosa.
E o presidente, o novo, mas de ideias velhas, chegou.
E lhe disse que ela caíra numa esparrela trivial de traficantes e polícias, que, no final, dividem o lucro a meias. Graciosamente a libertou, lhe devolveu até o produto, a recomendou ao marido, que o favor que fazia era do atual presidente para a esposa do anterior. Tudo presidencial.
E que, quando quisesse mais daquela encomenda, se lhe dirigisse. Pelos vistos, deduzo que ele será o vértice de tal negócio.
Que nestas coisas de guerras e necessidades, há sempre quem se aproveite da desgraça alheia!
Que também ainda haveria mais que contar... Mas não deixo de referir que, quando ela voltou para junto do seu amante, a trabalhar no respetivo gabinete, o operador de câmara, não a municipal, certamente por ordem da realização, fez o favor de nos mostrar, evidenciando em grande plano, nem mais nem menos que a celebérrima bandeira da suástica!
Para que ficasse bem presente do que e de quem se tratava!
Para que nós, telespetadores não nos esquecêssemos, nem ignorássemos ao que Hortense ia e com quem ia.
Não sei se ela teria plena consciência desse significado!
E sempre de discrição se trata, se abordamos a forma ultra discreta como Jules Bériot e Marie Germain se reúnem, para tratarem de assuntos referentes à Resistência, no referente à fação (?) a que pertencem, a designada “França Livre”.
Encontraram-se na igreja. Bériot informou-a que o desejado “descarregamento” de armas saiu gorado, que os para-quedas não caíram no local certo, apesar do espaço devidamente assinalado com luzes.
Calharam-lhes umas quantas bíblias, por demais necessárias para as ações de guerrilha, certamente espiritual e caixas de bolachas. Deu-lhe uma bolachita e a moça não se fez de rogada, achou-a deliciosa.
Insistiu para que ela tentasse arregimentar os refratários, que os almejados apoios do exterior também dependem do número de aderentes.
Quanto aos Resistentes enquadrados no lado comunista, não temos sabido nada!
Quem também agiu com discrição, foi Lucienne que, ouvindo soluços do quarto de Marguerithe, com ela foi conversar e ambas desabafaram.
Não sabemos se a professora de Música foi totalmente sincera no que revelou, mas Lucienne confiou e, esta, sim, foi sincera e falou-lhe também dos seus amores passados, ignoramos se também futuros.
E sobre o futuro não sei. Nem vou especular, para não me enganar. Fico apenas por aqui!
E este episódio nº3 da 5ª temporada, episódio global nº 39, cuja ocorrência se reporta a 25 de Setembro de 1943, relata-nos precisamente a forma como emerge um chefe a partir, primeiro, do grupo desarmónico de jovens refratários e, no final, depreendemos essa chefia nascente, no próprio grupo de resistentes a que Antoine, convictamente, aderiu.
Quanto à estrutura narrativa confirma-se a metodologia já referenciada.
No prólogo, continua-se o final do episódio dois: Marie Germain e Antoine dialogam e articulam sobre a possível adesão de Antoine e eventualmente de outros refratários à Resistência. À “Causa” que os move: a “França Livre”!
No decurso do episódio esse é um assunto dominante, em diferentes contextos e envolvendo variadas personagens, e, no final, novamente Marie e Antoine, agora já aderente, analisam a situação. Situação que está um pouco aquém das expetativas de Antoine, que almejava haver mais ação. Marie explica-lhe que os “Movimentos Unidos de Resistência” pretendem criar um exército secreto, mas que não pode ser já. Não têm armas, não têm chefes, precisam de ajuda externa, que tarda, até porque a desejada invasão dos aliados não será ainda este ano. E os inimigos são fortes.
Antoine ter-lhe-á respondido qualquer coisa como: “Encontraremos armas e seremos fortes!”
E a temática da Resistência foi dominante na narrativa. As condições de vida dos Resistentes são muito precárias e enfrentam perigos de toda a ordem, em que se realça a perseguição que lhes é movida pelas próprias autoridades francesas, a “polícia de segurança”, encabeçada por Marchetti e os “gendarmes”; para além dos ocupantes alemães, “os boches”, tanto na pessoa dos SS, como do exército alemão.
A investigação ao assassinato do guarda alemão, acontecido no ano anterior, continuou. E, por dois mais dois, os colegas de Marchetti já sabem que ele foi o autor, e um deles deu-lhe isso a conhecer, na sua própria casa, na hora de jantar, já ele se preparava para a sobremesa, depois de uma deliciosa sopa de coisa quase nenhuma, que não havia nem azeite, nem toucinho.
Contrariamente, em casa do senhor presidente da câmara e da sua querida esposa, houve um lauto jantar de frango do campo, acompanhado de um, provavelmente delicioso, puré de batata. Mas que só e apenas sua excelência o senhor residente terá provado, que terá, pelo menos, lambido os beiços.
Para esse jantar foram convidados, excecionalmente, o SS Heinrich Muller e a sua concubina Hortense, que o presidente quer progredir na carreira política e para isso precisa do apoio alemão.
No decurso do jantar, o senhor presidente lá foi perorando sobre uns projetos mais ou menos estrambólicos que pretenderia concretizar em Villeneuve, sempre no pressuposto que os alemães vencerão a guerra e com eles, os franceses colaboracionistas e fascistas, como ele próprio, Philippe Chassagne. Ao mesmo tempo pretendia meter uma cunha a Muller, para um cargo ou função qualquer a que aspira.
Heinrich que, para além de alemão ocupante, boche, nazi, SS, morfinómano, louco, é igualmente inteligente, cada vez mais convicto de que a guerra será perdida pela Alemanha e farto daquele discurso irreal, não esteve com meias medidas. Depois de lhe fazer, ele também, uma prédica consistente sobre a inconsistência do puré, aproximando o rosto presidencial do mesmo, esborracha-lhe o focinho, que é o que Chassagne tem, no dito puré ainda não encetado. Sendo assim, apenas sua excelência presidencial, terá sido o único conviva que teve o prazer de saborear tão deliciosas batatas, adquiridas no mercado negro, e convertidas em puré.
Que o jantar se ficou por ali. E guerra é guerra!
Mas não ficaram por aí as bizarrias políticas de Philippe Chassagne.
Noutro provavelmente delicioso jantar, agora com o servil Servier e a sua amantíssima esposa, para além de Jeannine, já se vê, e o próprio Philippe Chassagne, continuou este com a explanação dos seus projetos futuristas, para que Servier interviesse junto dos ocupantes alemães, ele que tão bem sabe ser servil. (?!)
E é nisto que se entretêm as autoridades francesas colaboracionistas. Acomodadas na sua situação, aos pés dos ocupantes e servindo-os, servindo-se a si mesmas, renegam a sua condição de homens e franceses livres.
Organizassem-se eles para lutar contra o ocupante, e talvez essa ocupação tivesse sido menos aviltante!
Paralelamente, grupos de homens e mulheres, destaca-se na série o papel relevante de duas delas, com parcas condições, organizam-se e opõem-se à ocupação, com risco permanente das suas próprias vidas e de próximos e familiares.
Outros, mesmo não fazendo parte de nenhuma organização, caso do médico Daniel Larcher, diligenciam tudo o que podem para ajudar os seus semelhantes. Neste episódio, mais um judeu acolheu em casa, para além de Sara, mas esta é um caso diferente.
Trata-se de Ezechiel Cohen, que, entre outras situações observadas em episódios anteriores, foi ele o protagonista da célebre evasão da Escola, agora está ferido de bala, que foi de sua autoria o atentado falhado contra o atual presidente da câmara, ocorrido também na mesmíssima Escola.
Terá sido também ele o autor da encomenda de morte presidencial, que foi endereçada posteriormente, através de um modelo de caixão, em miniatura, muito bem trabalhado e envernizado?!
Relativamente ao Post nº 366, intitulado “Seres Humanos e Animais ...” com um subtítulo que não vou transcrever literalmente... referi que:
“ Sobre este assunto ainda voltarei e também, e novamente, e ainda, com um excerto do Clássico Almeida Garrett, sobre que ando há muito para trazer outra vez ao blogue. Os Mestres são assim! Conseguem cativar-nos mesmo passados séculos!
E, porque se trata de um Clássico, de uma pureza de linguagem dificilmente excedível, não transcrevi o subtítulo desse post, mas sim um pedaço de uma frase, incluindo latim, que de um Clássico se trata... (Não concorda comigo?!...)
Por isso o subtítulo é: “Pulverem Olympicum da praça de Sant’Ana...”
Neste post, Nº 374, volto novamente a um excerto do livro “Viagens na Minha Terra”, de Almeida Garrett, da “Colecção de Clássicos Sá da Costa”, da “Livraria Sá da Costa Editora, Lisboa”, 1ª edição 1963, Reimpressão 1966.
Lembrar-nos-emos que o Autor, neste Livro, relata, de forma muito livre e expansiva, a sua viagem a Santarém, ocorrida em 1843, a convite do seu amigo Passos Manuel, que aí residia, numa casa, atual museu e onde fora o antigo alcácer de D. Afonso Henriques.
Iniciou-se a viagem a 17 de Julho desse ano, uma 2ª feira, bem cedo, pela manhã.
“... Seis horas da manhã a dar em S. Paulo, e eu a caminhar para o Terreiro do Paço.”, refere o Autor.
Aí tomaria, juntamente com os seus companheiros de viagem, o barco “Vila Nova”, que se dirigia até Vila Nova da Rainha, já no Ribatejo, de onde seguiriam por terra, para Santarém.
Lembramos que, à data, ainda não fora inaugurado o comboio, os automóveis eram ficção, as estradas, escassas e más, viajar por terra, perigoso, e a melhor maneira de viajar era usando o barco, nesta altura já a vapor, uma grande modernidade. Que aproveitaria também a subida da maré, para chegar a montante, no Rio Tejo. Não sei se também usaria velame. O Autor que explana imensas situações, reflexões, considerandos e considerações, durante esta narrativa da sua viagem, neste aspeto é quase totalmente omisso.
Também não é o que interessa neste propósito narrativo.
De barco, seria o modo mais rápido, cómodo e seguro meio de viajar.
O que pretendo transcrever, e deixar à reflexão, são alguns trechos apresentados a partir da p. 12 do Capítulo I, que relatam o ocorrido na viagem de barco.
« ... Era com efeito notável e interessante o grupo a que nos tínhamos chegado, e destacava pitorescamente do resto dos passageiros,...
Constava ele de uns doze homens; cinco – eram desses famosos atletas da Alhandra, que vão todos os domingos colher o pulverem olympicum da praça de Sant’Ana,...
...
Voltavam à sua terra os meus cinco lutadores, ainda em trajo de praça, ainda esmurrados e cheios de glória da contenda da véspera.
Mas ao pé destes cinco e de altercação com eles – já direi porquê – estavam seis ou sete homens que em tudo pareciam os seus antípodas.
Em vez do calção amarelo e da jaqueta de ramagem, que caracterizam o homem do forcado, estes vestiam o amplo saiote grego dos varinos, e o tabardo arrequifado siciliano de pano de varas.
(...)
Ora os homens do Norte estavam disputando com os homens do Sul. A questão fora interrompida com a nossa chegada à proa do barco.
(...)
- Ora aqui está quem há-de decidir: vejam nos senhores. Eles, por agarrar um toiro, cuidam que são mais que ninguém, que não há quem lhes chegue. E os senhores, a serem cá de Lisboa, hão-de dizer que sim. Mas nós...
(...)
- A força é que se fala – tornou o campino, para estabelecer a questão em terreno que lhe convinha. – A força é que se fala: um homem do campo que se deita ali à cernelha de um toiro, que uma companhia inteira de varinos lhe não pegava, com perdão dos senhores, pelo rabo!...
E reforçou o argumento com uma gargalhada triunfante, que achou eco nos interessados circunstantes, que já se tinham apinhado a ouvir os debates.
Os Ílhavos ficaram um tanto abatidos; sem perderem a consciência da sua superioridade, mas acanhados pela algazarra.
Parecia a esquerda de um parlamento, quando vê sumir-se, no burburinho acintoso das turbas ministeriais, as melhores frases e as mais fortes razões dos seus oradores.
Mas o orador ílhavo não era homem de se dar assim por derrotado. Olhou para os seus, como quem os consultava e animava, com um gesto expressivo; e, voltando-se a nós, com a direita estendida aos seus antagonistas:
- Então agora, como é de força, quero eu saber, e estes senhores que digam, qual é que tem mais força, se é um toiro ou se é o mar.
- Essa agora!...
- Queríamos saber.
- É o mar.
- Pois nós, que brigamos com o mar, oito e dez dias a fio numa tormenta, de Aveiro a Lisboa, e estes, que brigam uma tarde com um toiro, qual é que tem mais força?
Os campinos ficaram cabisbaixos; o público imparcial aplaudiu por esta vez a oposição, e o Vouga triunfou do Tejo.»
São estes nacos de prosa, clara, límpida e esclarecedora, que deixo à V/ reflexão.
Omiti alguns pedaços desse belo texto, que merecem também ser lidos.
Todo o livro nos pode suscitar variadas reflexões. É um daqueles a que se pode voltar sempre! Para quem se interesse por Literatura, História, Política, Cidadania...
Embora eu, por vezes, ao abordar alguns temas, faça intenção de retornar-lhes para esclarecer algum aspeto e expresse essa intencionalidade, nem sempre o tenho feito e nem sempre me é possível concretizar essa intenção prometida.
Neste caso não quero deixar de o fazer.
Até para mostrar que a memória, de certo modo, nos atraiçoa nalguns aspetos, passados cinquenta anos.
E também porque localizei o livro de Francês: “Regardons vers le Pays de France”; Coimbra Editora, Limitada; 1967. Coordenação de Túlio R. Ferro Ramires Braz. Era destinado a “Classes du Deuxième Cycle des Lycées”.
Embora na estória que contei sobre o texto de Marcel Pagnol tivesse havido esse “dito de espírito” sobre o seu nome, o interlocutor direto de Marcel não foi o seu Professor de Latim, M. Socrate, mas sim o colega do lado, Jacques Lagneau.
Apresento o excerto do texto do post, com que iniciei as minhas prosas sobre a série “Uma Aldeia Francesa”.
“Lembra-me um célebre texto de Marcel Pagnol, apresentado no livro de Francês do antigo 3º ano (anos sessenta), atual 7ºano de escolaridade, que tanto me intrigava na altura e só bem mais tarde compreendi. Quando, no primeiro dia de aulas, o Professor lhe perguntava o nome, ele respondia “Je suis Pagnol”. Esta frase escrita percebe-se, mas quando dita oralmente pelo próprio, à data e certamente para quem ouvia, soaria “Je sui’spanhol”. E o mestre perceberia que Pagnol se dizia espanhol! E tudo isto dava uma grande confusão no texto, que eu só mais tarde entenderia, pela diferença entre texto escrito e oralidade. Mas, naqueles primeiros anos de Língua Francesa era difícil entender esses cambiantes.
(Estou a lembrar-me de factos de há algumas dezenas de anos e também de cor. Quando tiver acesso ao livro tentarei transcrever esse excerto!)”
E, agora, o excerto do texto, que faz parte de um trecho maior, intitulado no livro como “La Première Classe de Latin”, em que Marcel Pagnol nos conta sobre a sua primeira aula de Latim, no primeiro ano, no Liceu de Marselha.
Esse trecho integra-se no livro do autor, “Le Temps des Secrets. Souvenirs d’Enfance III. (Éditions Pastorelly)”
(Interessante que, na série, o 1º episódio da 3ª temporada também se designa “O tempo dos segredos”, ocorrências de 28 de Setembro de 1941!)
Parte do texto:
«...
..., mon voisin demanda:
- Comment t’appelles-tu?
Je lui montrai mon nom sur la couverture de mon cahier.
Il le regarda une seconde, cligna de l’oiel, et me dit finement:
- Est-ce Pagnol?
- je fus ravi de ce trait d’esprit(4), qui était encore nouveau pour moi.
(...)»
Nota de rodapé ao texto:
« (4) – Un trait d’esprit est l’expression vive, ingénieuse d’une idée. Ici le trait d’esprit consiste dans un jeu de mots amusant: “Est-ce Pagnol?” et espagnol se prononcent de la même manière.»
Não continuo com mais transcrição do excerto do texto, sendo os sublinhados de minha autoria.
Quem tiver oportunidade, dispondo do antigo livro de Francês, ou tendo o original de Marcel Pagnol, pode continuar a leitura do excerto, em que o “dito de espírito” continua com o nome do colega de Marcel, de sobrenome Lagneau, que oralmente se pode também confundir com l’agneau, “o cordeiro” e é sobre esse dito que há intervenção do Professor de Latim.
Por hoje, não maço mais com estas minhas idiossincrasias, obrigado por me ler até aqui e até breve!
Permito-me lembrar-lhe que tudo isto veio a propósito de, no 1º episódio da 1ª temporada, ter sido atribuído o nome de “Tequiero”, à criança nascida no consultório de Drº Daniel, filho da refugiada espanhola. Criança que foi adotada pelo casal Larcher!
“Le jour des alliances” – “O dia / O momento / O tempo das alianças”
24 de Setembro de 1943
A ação decorrendo ainda e sempre em Villeneuve e arredores, desenrola-se já em 1943, tomando a guerra outros rumos.
Que o próprio Heinrich Muller, cada vez mais dependente da morfina, ainda assim tem a clarividência de dar a conhecer à sua amada Hortense, que irão perder a guerra. Estão sempre a perder tanques, sem possibilidade de os recuperaram. Por cada um que perdem, os americanos e os russos constroem dezenas deles. É uma questão de matemática!
A “batalha de Estalinegrado” terminara, em Fevereiro de 1943, com a rendição alemã.
A “campanha do Norte Africana” também terminara com a derrota alemã, em Maio.
Estava imparável a vitória dos Aliados, mas ainda demoraria quase dois anos.
Necessitando de “carne para canhão”, para lutarem na frente Leste, os nazis precisavam de homens para combaterem. Para isso requisitaram todos os jovens franceses de 20 anos.
Em Villeneuve o novo presidente da Câmara, Philippe Chassagne, personagem peripatética da ópera bufa que era a república de Vichy, coadjuvado pelo servil Servier, promoveu uma festa na Escola, para apresentação dos jovens a enviar para a frente, ao serviço dos nazis. Escassa meia dúzia, cabisbaixos, tristeza em pessoa, cara de quem sabe que vai buscar a morte, como carneiros para o matadouro. Alguns algemados, que os jovens que podiam fugiam a essa incorporação no exército alemão, tornando-se refratários.
E os jovens refratários são um grupo de novos personagens que emergem na narrativa e na história.
Em oposição, o discurso empolgado, encomiástico aos alemães, do presidente, seria um texto de comédia, não fora a situação trágica que se vivia, de jovens arregimentados para o massacre, em que se tornara a frente Leste e posteriormente todas as zonas de guerra. Nada de heroísmos, apenas mortes aos milhões, na loucura a que um “cabo militar” levara toda a Humanidade.
Esta situação é o mote para o título do Episódio um: “Trabalho obrigatório”.
Neste episódio e sequencialmente ao discurso do novo e empolgado presidente, este sofreu um atentado. Foi alvejado por um tiro, disparado por um supostamente varredor, que se entretinha no pátio da escola, a fazer que varria, enquanto sua excelência presidencial se ajeitava nas fotos do acontecimento, com a sua esposa Jeannine, ex-Schwartz.
O atirador conseguiu fugir, seria certamente membro de algum grupo resistente, não sabemos qual.
A Resistência vinha ganhando mais adeptos e promovendo também ações de guerrilha. Os comunistas, a partir de ideia de Suzanne, planeiam atacar camiões alemães, que sabem trazerem armas. Se planeiam, aprovado pela direção do partido, passarão à execução e o assalto é concretizado. Não sem baixas, que Julien acaba por morrer, por falta de assistência médica, de todo impossível, que as condições de vida dos Resistentes eram duríssimas. Mas os alemães perderam três soldados e acréscimo de desânimo, que isso levou à afirmação anterior do psicopata, Muller, que ainda há poucos meses se considerava invencível, superior a tudo e todos. E até tinha que ouvir reprimendas do comandante militar alemão, Kollwitz.
Nesta sequência, o tresloucado impôs à cidade de Villeneuve, a deportação de mais cinquenta cidadãos, com a anuência complacente de Servier e o entusiasmo idólatra e bajulador do presidente Chassagne! (Que apresentou as condolências ao SS, em nome da cidade!!!)
O Episódio 2, intitulado “Le jour des alliances”, que traduzi por “O dia / O momento / O tempo das alianças”, pode transportar-nos para a emergência política da realização de acordos, alianças, entre os vários grupos de Resistentes: comunistas, gaulistas. E, agora, também aliar, juntar à Resistência, os jovens refratários, ideologicamente meio perdidos, mas esfomeados e a necessitarem de um enquadramento estruturante das suas errâncias. Foi o que visualizámos no final do 2º episódio em que reapareceu Marie Germain, comandando um pequeno grupo de “partisans”, “maquis”, chegando ao acampamento improvisado e rudimentar dos jovens refratários, provavelmente aliciando-os para a “Resistência”. Aguardemos.
Também nos pode remeter para a situação conjugal de Suzanne, da célula comunista, que sendo casada, mas cujo marido estivera preso durante três anos e que, tendo fugido, agora reapareceu, pretendendo reatar o casamento e saber da aliança de casamento que ela já não usava, desde aquela célebre morte encenada, pelo seu atual namorado, Marcel Larcher, supostamente seu executor. Mas tudo isso aconteceu no final da 3ª temporada, em Novembro de 1941. Muita água passou por baixo da ponte de demarcação.
Vimos que, após muita reflexão e análise entre os vários intervenientes, ela acabou por devolver a dita aliança ao ex-marido.
E explicado o enquadramento dos títulos, aproveito para abordar sobre a estruturação narrativa, no respeitante ao prólogo e ao final.
Também nestes dois episódios observei que se mantém a ligação que já referi em post anterior.
(Provavelmente tem sido assim em todos, só que eu, dado não ter visto a série completa, nem sequer vários episódios na totalidade, só agora constatei esse facto. Irei continuar a observar esse aspeto.
É como se a narrativa girasse em espiral, em torno de um leit-motiv, e, no final, circundasse paralelamente esse tema.)
O 1º episódio iniciou-se com o caso de Antoine, na serração, com Raymond, seu cunhado, problematizando a questão do serviço militar, da sua isenção ou fuga para a Suíça.
O final, após as diferentes peripécias do enredo, termina na ida de Raymond à casa abandonada por Crémieux, onde deixara Antoine escondido, no intuito de o levar para a Suíça, já não o tendo encontrado.
O 2º episódio continua com a temática dominante dos “refratários”. Inicia-se com a fuga de Antoine e de Claude, igualmente refratário, pelas ruas da cidade e a subsequente perseguição que lhes é movida pelos “gendarmes”, que os mandam parar, apontando-lhes as armas. Logrando eles, todavia, escapar.
O final, já o abordei parcialmente. Estavam os vários jovens no acampamento improvisado, subitamente invadido pela chegada do camponês a quem eles haviam roubado galinhas, de espingarda em punho. Acompanhado de mais guerrilheiros, comandados por Marie.
Resta-nos saber qual vai ser o destino que lhes cabe.
Por mim, penso que vão engrossar as fileiras da Resistência.
O que acha?!
Só têm a ganhar com isso.
E estes dois episódios e deduzo que também os subsequentes, centram-se bastante na importância crescente da Resistência. Esta 5ª temporada intitula-se precisamente “Escolher a Resistência”.
E sobre outros personagens?
Surgiu uma nova personagem em cena, na Escola, na pessoa de uma nova professora, colocada a meio do ano, para a música.
Suscitou principalmente a curiosidade e desconfiança de Lucienne, que não esteve com meias medidas, enquanto não soube o conteúdo de uma carta que a professora, de nome Margarida, recebera do suposto marido preso num stalag.
Arranjou um pretexto para ir ao quarto da rapariga arranjar-lhe a persiana, de a mandar sair a buscar um pano para limpar as mãos e lá está ela a abrir a carta.
Lida esta, confirmou ser de teor diferente e não haver ali marido algum.
Continuou de intriga com o marido que falou com a moça, que também não é menos curiosa que Lucienne e o que quer é saber se Bériot pertence à Resistência.
Ele negou, que todo o cuidado é pouco, apesar de ela lhe apresentar dados aparentemente fiáveis.
Vejamos o que dali sairá, que agora, e pelo menos, o que constatamos são muitas mentiras, ou, pelo menos, apenas meias verdades.
Sobre Marchetti, a quem já tínhamos atribuído algum crédito positivo, no final da 4ª Temporada, pelo apoio dado a Rita de Witte, constamos que não tem salvação possível. Continua o mesmo escroque, a usar e abusar discricionariamente do seu poder.
Matou, a sangue frio e pelas costas, um jovem refratário, como se abatesse um coelho; serve-se de Eliane; pretenderá enquadrar Bériot no atentado ao presidente, para protelar a pesquisa sobre a morte do soldado alemão, na fronteira Suíça, que, como sabemos, foi de sua autoria, para que Rita seguisse a sua viagem para a Liberdade.
Sobre Muller já sabemos que entrou num abismo de loucura e dependência da droga, consciente que a guerra está perdida, é só uma questão de tempo, e arrastando Hortense com ele.
Esta agarra-se-lhe, como se não houvesse mais luz no universo, vai implorar morfina ao ex-marido, que, agora mais lúcido, lha nega.
Não desiste, cede à fatalidade da sua condição de mulher e oferece a aliança, para o subalterno do amante ir adquirir droga ao mercado negro.
E já que falámos do médico, Daniel Larcher, sabemos que reside noutra localidade, Moissey, faz consultas em Villeneuve duas vezes por semana, e costuma trazer o pequenote Tequiero.
E foi comovente ver o miúdo a correr para a mãe adotiva, Hortense, e esta abraçada a ele.
E ficamos por aqui, aguardando próximos episódios e temporadas!