Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Nestes dois episódios, antepenúltimo e penúltimo, prossegue a narrativa da série, estruturando-se no modo habitual.
O caso particular do episódio oito assentou em duas meninas australianas que resolveram sair do continente-ilha, almejando chegarem a Londres pelos seus próprios meios, a bordo de um navio, “Orion Star”, inconscientes dos perigos desnecessários a que se sujeitavam.
Pelo meio, foram ameaçadas pelo comandante, raptadas por um “Falcão” tatuado no braço de um ladrão de rua, puseram-se em perigo na sua leviandade, houve recurso aos serviços da “Agência Cheng”, cooperação de Sam, e, no final, uma das moças, conivente no seu pretenso rapto para obter dinheiro, chantageando o pai da amiga, acabou por ser encontrada no jardim zoológico de Singapura a contemplar a verdura do arvoredo!
No caso geral, busca de pistas sobre o assassinato de Winston Cheng, a viúva, Dona Patrícia, acabou por se cruzar com a rapariga de vestido claro, que lhe fora deixar o relógio de bolso numa sacola, junto à porta da Agência e ao falar com ela, veio a saber que a jovem fora mais que amiga do marido, de quem tinha um filho de quatro anos, função maternal que cumprira a contento de Winston, que Dona Patrícia é estéril.
A moça apenas quer ajuda para criar a criança, não sei se Dona Patrícia se comoveu e irá auxiliar e sobre novas pistas acerca do assassinato também não se adiantou muito.
Sam andou, como sempre, numa fona a desatar os nós dos enredos dos casos peculiares, pouca assistência deu a Claire Simpson, nem lhe pode oferecer qualquer futuro estável. Isso mesmo lhe diz ele, após ter saído da curtição no opiário e também Lady Tuckworth alertará a rapariga para esse futuro sem saída com o detetive de Chinatown.
No episódio nove, a Lady reforçará esse facto junto do rapaz, quando este se dirige à recepção da Delegação Australiana, que, afinal, o edifício luxuoso é da representação austral e não americana, como eu julgava.
Pelos vistos, Claire seguiu os conselhos de Lady, não é qualquer uma que tem a sorte de ouvir bons conselhos de uma Lady, e, já no final do episódio nove, como chamariz para o décimo, ouviremos Frank, marido de Claire, a dar conhecimento a Sam de que o casal iria viajar junto, para a Europa.
O marido fez muito bem em dar conhecimento ao detetive, não só porque compartilharam a mesma mulher, como, sendo ele detetive, nunca se sabe não iria Sam andar a vasculhar do paradeiro de sua amada. Assim já ficou a saber, não precisa de procurar!
E sobre americanos e paixonetas, lembramos Conrad, jovem agente da CIA e apaixonado por Sue Ling, que por esse enlace se deixou enlaçar nos novelos e chantagens do M16, na personagem de Mrº Miller, a quem ficou de fornecer informações dos serviços secretos americanos, o que ele cumpriu.
No episódio nove, já farto das exigências e caprichos daquela raposa matreira, praticamente mandou-o às urtigas, deixando o último envelope, supostamente sobre o Vietname, no chão.
E já que falei várias vezes sobre o nono e penúltimo episódio, falta-me abordar a especificidade do caso habitual.
Também desta vez envolveu australianos.
Uma jovem e promissora jornalista australiana foi achada esfaqueada na cama com um amigo de Sam, um aborígene herói da segunda guerra, Robert Collier, Robbo, sem que este se lembrasse de nada.
Acusado e preso, o assunto deu pano para mangas, chamou a atenção do jornalista Macca, do chefe da Delegação Australiana, certamente embaixador e lá esteve Sam e a firma detectivesca a resolverem o caso.
Só a paciência, crença e confiança absoluta de Sam no amigo e salvador do tempo da ocupação japonesa, possibilitou ao ex-soldado herói salvar-se da forca. Que muitas forças ocultas, em que os preconceitos racistas dominavam, o ex–soldado é negro aborígene, direcionavam-no para morte certa.
Afinal, o verdadeiro assassino da jovem fora um Lee Kim Fong, que assim impossibilitou a concretização dos sonhos de uma talentosa jornalista, que não chegou a sê-lo nem demonstrá-lo.
E também se deduziu que esse mesmo destrambelhado pode ter sido o assassino de Mrº Winston Cheng.
E por aqui me fico, nesta estória, contada de modo tão parcelar. Por hoje! Que está para começar o décimo e último episódio, que quero acompanhar.
Não foi um seriado muito interessante, mas viu-se com agrado.
A série continua na sua saga, que não é assim tão longa, pois as produtoras, pelos vistos, só lançaram uma temporada, na dimensão mais estandardizada, que são dez episódios!
A ação decorre, quase exclusivamente, espacialmente em Singapura e, de facto, temporalmente em 1964, quando aconteceram os célebres conflitos raciais e religiosos.
O episódio três enquadrou-se, na sua narrativa, no âmbito e no meio dessas ocorrências de conflitos entre as comunidades malaia e chinesa.
Sam Callaghan, de origem australiana, mas vivendo na Cidade, à data, ainda em vias de se separar da Federação Malaia, é um de entre os milhares de cidadãos de múltiplas origens, a viverem em Singapura e que irão constituir a base do “melting-pot”, que estruturá a nacionalidade da futura Cidade Estado e é, atualmente, a base da sua identidade.
É o personagem principal, herói da narrativa, sempre em busca de “boas” realizações, membro ativo da firma de detetives, “Cheng Detective Agency”, dirigida por Dona Patrícia Cheng. (Dona é a forma de tratamento que acho dever atribuir-lhe.)
Su Ling, sobrinha de Dona Patrícia, não sei se de sangue, se por afinidade, é outro dos elementos ativos e imprescindíveis da equipa.
Constituem uma trilogia fundamental e peculiar, irmanada na resolução de casos mais ou menos difíceis, em que se empenham como almas de anjos de bondade e altruísmo, aspergindo um pouco de harmonia num mundo tão desencontrado. Fazem a sua parte no extinguir dos fogos, tal qual o colibri! Sempre na defesa dos mais fracos e dos que “tiveram algum azar na vida”!
Kang, de quem Sam é sócio na firma de import/export, de garrafas de uísque, galinhas, discos dos Beatles e dos Rolling Stones, e do que vier à mão e possa ser transportado no barco da “empresa”, acaba por ser também envolvido nas pesquisas detetivescas, ainda que não seja da sua especial apetência.
Mas Sam, emparelhado com as suas parceiras, consegue, com a sua bonomia, envolver nas suas pesquisas as personagens mais improváveis.
Em cada episódio, empenham-se construtivamente na resolução, pelo lado mais optimista de entre os possíveis, de casos que lhes vão indo parar às mãos na Agência.
Paralelamente, vão progredindo nas pistas sobre a morte de Winston Cheng. Preocupa-os o último caso em que ele estava a trabalhar, questionam-se sobre a eventualidade do envolvimento de sociedades secretas, que era uma premissa que Winston equacionava sempre, não aceitando casos em que elas estivessem enquadradas.
Uma das recentes pistas, ou sinal eventual, apresenta-se num relógio de bolso, com foto de um casal, (Winston e Patrícia ?) que uma moça mostra a uma colega, num bar em Chinatown, no final do episódio três.
Ao findar o episódio seis, esse mesmo relógio será deixado, num envelope, à porta da Agência, por uma senhora, encoberta por lenço e sombrinha, um vestido claro, alegre e vistoso, que Dona Patrícia apenas conseguiu ver ao longe, no dealbar da esquina da Rua.
Assim se vai desenvolvendo o enredo: resolução de caso peculiar, em cada episódio e avanços, mais ou menos significativos, no caso mais geral.
No episódio três, o pano de fundo da temática enquadrou-se nos tristemente célebres conflitos raciais e religiosos, “racial roots”.
O caso particular incidiu nos novelos de um amor impossível, documentado fotograficamente por Winston Cheng, entre um rico empresário chinês, viúvo, James Lin (?) e uma senhora casada, Susana Chong (?), da alta sociedade singapuriana, mulher de um político proeminente.
Dona Patrícia Cheng, na sua ânsia de descobrir pistas sobre o assassinato do marido, Winston, e na posse dessas fotografias enigmáticas e parcelares, destemida e serenamente, não receou avançar, num riqueshaw, por entre a turba multa…
E foi mais um conjunto de situações rocambolescas em que os detetives particulares se envolveram… e resolveram.
Sempre à espreita, a espionar e espiolhar, estiveram as agências oficiais, CIA e o M16, este na pessoa da raposa matreira, Mrº Miller, que tudo espia e manda documentar fotograficamente.
Mais disfarçadamente, que até agora ainda os não vimos, estarão também os serviços secretos dos russos, dos chineses…
(…)
No episódio cinco o assunto principal incidiu sobre a falsificação de um remédio de combate à malária, cujo componente principal era traficado e posteriormente diluído, de modo a surtir menos efeito debelador da doença. Paralelamente, era transacionado no mercado negro, a preços elevados, o remédio original e eficaz, a que só podiam aceder os que tinham posses.
Nesta falcatrua estavam envolvidas, uma empresa farmacêutica de marca e renome, a empresa do marido de Claire Simpson, a West Pacific e todas as empresas a ela ligadas, australianas, americanas, inglesas; um gangue de criminosos, a própria polícia e o M16, central de espionagem inglesa.
O papel de cada um deles era diferenciado e contextualizado, mas estavam todos enrolados no mesmo esquema de falcatrua e corrupção, mais direta ou indiretamente.
Para atacar esta tramóia, mais uma vez, esteve a equipa da firma “Cheng Detective Agency”, que, neste caso, teve a colaboração de Claire Simpson, pela primeira vez contactando com a verdadeira realidade de miséria em que viviam os aldeãos que trabalhavam na firma do marido. E para os interesses escondidos em que se moviam os seus detentores.
(…)
“- A senhora expõe-me e eu exponho-a a si.” Disse Mrº Miller, o chefão do M16, para Claire Simpson, quando esta se dispunha a divulgar esses interesses conluiados.
(…)
No episódio seis a temática envolveu diretamente a sociedade secreta “Dragões Negros”.
Uma jovem, Hue Lin, neta do ancião do clã e irmã do atual chefe operacional, Kay Song, após dada como desaparecida e as consequentes preocupações dos interessados, foi localizada morta, a boiar num braço de rio.
Paralelamente, junto à porta da Agência, Dona Patrícia encontrou uma caixa de madeira, de transporte de mercadorias, contendo uma criança recém nascida, vivinha da costa.
Terão os dois factos algo em comum?!
(…)
Após Sam ter conhecimento pelo chefe da polícia, Amran, um funcionário chinês, que, apesar da sua condição de policial, sempre consegue ser prestável com Sam, de que a rapariga não morrera afogada, que a morte ocorrera antes, resultante de complicações de parto… os dois factos são ligados pelos detetives e todo um processo de investigação entrou em curso.
E, uma vez mais, a “nossa” “Agência de Detetives Cheng”, resolve o caso o mais satisfatoriamente possível.
(…)
Habitualmente, cada episódio enquadra-se num contexto cultural específico da Cidade e da narrativa e, neste, contextualizava-se em China Town, bairro dos chineses e numa sua festividade, o “Festival Chinês do Espírito Esfomeado”.
E uma criança jurou a pés juntos à sua mãe que vira esse “Espírito Esfomeado” na pessoa de Sam.
(Não admira, pois é mesmo esse ar que ele muitas vezes aparenta. Na cultura ocidental chamar-lhe-íamos “Alma Penada” / “Alma Perdida”!)
O episódio sete enquadra-se nas lutas políticas e partidárias, desta fase crucial de Singapura e no papel dos vários agentes e interesses envolvidos. (Não necessária, nem apenas ideológicos, mas também nesta perspetiva e nas lutas geoestratégicas subjacentes, pelo contolo de uma cidade charneira, num espaço em convulsão geopolítica internacional, em plena guerra fria. Confronto entre ideologias e interesses: económicos, financeiros, … envolvendo britânicos, americanos, australianos, russos, chineses, malaios...)
A luta dos independentistas, o papel dos sindicatos, a perseguição aos comunistas, …
Neste episódio reaparece o personagem do empresário chinês, do amor impossível pela dama da alta sociedade, James Lim, que pretende que a “Agência Cheng” encontre o irmão, o Professor Lim Chee Kit, acusado de ser o mandante de uma ação bombista, que apenas destruiu, simbolicamente, um brasão da Cidade e cujo efeito mais devastador foi o de ter impedido a ida ao cinema, do parzinho amoroso Conrad - agente da CIA e Sue Ling - agente de “Cheng Agency”.
(…)
Pelo meio vários nós se atam e se desatam, de amores e de amizades.
(…)
Aguardemos o episódio oito!
*******
No esquema central da narrativa, no respeitante ao enredo romanesco, perpassa o namoro entre Claire e Sam, tomando ela, no episódio seis, a decisão de abandonar o marido, para ir viver com Sam, com a sua concordância.
No episódio sete, deu conhecimento do facto ao marido, Frank Simpson, à entrada para uma das habituais festividades na Embaixada Americana (?).
Abandonou todas as suas mordomias, em troca de uma verdade sentimental, dirigindo-se para a casa do amante, Sam. Mal sabia ela, onde ele se encontrava.
Calcorreou o seu calvário, da casa de Sam, para a de Patrícia, da desta para o barco de Kang e do tugúrio deste, para outro ainda mais marginal. Nem mais nem menos, que um opiário, onde Sam jazia adormecido e entorpecido pela droga.
Veremos como ela e ele irão lidar com a nova realidade em que se envolveram, passando da de amantes clandestinos para hipotético casal de noivos, a viverem à luz do dia e com as mordomias de Sam.
Outro romance que se foi delineando, muito timidamente, cheio de incertezas e dúvidas, foi o de Conrad, agente da CIA e Sue Ling, agente de “Cheng Detective Agency”.
No episódio sete essa concretização foi confirmada pelas partes envolvidas, personagens a quem e só a quem deveria interessar e deveria ser selada com uma ida ao cinema. Deveria, digo eu, porque não chegou a ser…
Que esse namoro mal nasce e já está sentenciado pela ação e prepotência da agência de espionagem inglesa, M16, na pessoa de Mrº Miller…
Que chantageia Conrad com o conhecimento comprovativo do passado estudantil falseado de Sue e as ações do jovem namorado, Conrad, para apagar esse passado forjado por um amigo despeitado da rapariga.
Veremos no que dá essa chantagem para que Conrad vigie a sua própria agência, CIA e dê informações ao M16!
Singapura, pela sua situação geográfica, pelo momento histórico que se vivia, pelos conflitos que no mundo se digladiavam na designada “guerra fria”, ocupava à data, no espaço e no tempo, uma posição de charneira, no contexto geo político, económico e financeiro e era, por isso, um ninho de vespas de espionagem e contra espionagem.
*******
Para finalizar, abordo a estrutura técnica da narrativa.
A sequência técnica da narrativa fílmica assenta sempre no mesmo esquema estrutural.
Inicia-se cada episódio com um resumodos anteriores, apresentando excertos breves, pequenos trechos fundamentais, relevantes para o que será abordado e desenvolvido.
Em seguida, um brevíssimo prólogo do episódio a ser apresentado.
Posteriormente, surge o “Genérico” da Série.
Inicia-se, então, o “Desenvolvimento” da narrativa do episódio em causa.
No final, deixam sempre um prenúncio do que surgirá em episódio posterior.
Não posso deixar de cronicar um pouco sobre o dia de ontem e sobre três acontecimentos mediáticos em que Portugal esteve envolvido. Sobre os quais friso, desde já, que opino sequencialmente por ordem cronológica da sua ocorrência.
Mais ou menos consensuais, tocando em maior ou menor grau a população portuguesa, sendo vividos e vivenciados, quer de forma tendencial ou claramente positiva ou predominantemente pelo lado negativo; de algum modo, todos, (e cada um deles), terão sido sentidos se não por todo o povo, pelo menos pela grande maioria.
Quer se gostasse ou não, houvesse ou não identificação, os media fartaram-se de perorar sobre os mesmos! E a realidade, quer factual, quer virtual, permanentemente nos chamou a atenção para estas ocorrências. Dificilmente nos poderiam deixar indiferentes!
Todavia uns serão, à priori, mais abrangentes que outros. Ou talvez não!
Em todos eles se verifica a permanência, a reminiscência ou persistência, do celebérrimo conceito identitário de Portugal associado à trilogia dos EFFES, atualmente, quer se aceite ou não, muito mais alargada.
Num deles, e no meu ponto de vista, tendencioso, já se vê, a imanência de um verdadeiro milagre!
A vinda de Sua Santidade, o Papa Francisco, a Portugal, mais especificamente a Fátima, foi, certamente o acontecimento que terá envolvido mais recursos quer materiais, quer humanos, terá consumido mais tempo e mais canseiras de milhares e milhares de pessoas. (Digo eu!)
Todavia, não poderemos afirmar que tenha sido totalmente consensual, dado que Portugal, ainda que, tradicionalmente, de maioria católica, religiosamente falando, não o é na totalidade.
E quem não segue essa orientação religiosa, não se identifica de todo, em princípio, com a situação.
E mesmo há quem, sendo católico, não se revê no objeto da visita de Sua Santidade, o Papa Francisco!
(E sobre o assunto, tenho dito. Por agora!)
O segundo acontecimento teve o seu espaço fundamental de ação e clímax ali para os lados da Segunda Circular, em Lisboa. O desfecho e epílogo no Marquês, coração, aonde convergiu o sangue de toda a nação benfiquista da Grande Lisboa, mas ter-se-á alargado a todo o País e comunidades onde haja adeptos do clube da Águia.
Falo de Futebol!
Não podemos esquecer, contudo, que para os benfiquistas festejarem e ficarem contentes, ficarão tristes… sportinguistas, portistas, pelo menos estes, de maior relevância numérica e de maior impacto em termos de aspiração a conquistas de campeonatos. Mas também não poderei esquecer os bracarenses, os vimaranenses, os pacenses, os flavienses, os setubalenses… eu sei lá…
Pela minha parte fiquei muito contente. Felicito o Benfica, a sua equipa e todos os que trabalharam para alcançar este êxito.
E, já agora….
E porque não, o penta?!
A terceira ocorrência, acontecida a partir das vinte horas, foi o Festival… da Eurovisão.
Aqui trata-se de Música, não apenas de fado, mas tem sido um Fado, triste, que Portugal, que concorre desde 1964, há mais de meio século, com algumas ausências pelo meio, nunca havia ganho nem obtivera classificações significativas.
E se Portugal concorreu com canções merecedoras e com verdadeiro impacto! Mas nunca haviam despertado os favores eurovisivos.
Não que ela não seja merecedora. Que o é, total e completamente! Só que, à partida, não seria festivaleira.
Não seria, mas foi! E ganhou o Festival!
Atrevo-me a afirmar que, neste ano de 2017, como acontecia nos anos sessenta e setenta, maioritariamente, Portugal esteve colado ao ecrã televisivo, durante a transmissão. Quanto mais não fosse durante a atribuição pontual. Nunca acontecera tal! Que Portugal estivesse sempre colocado no primeiro lugar, a receber tanta pontuação máxima, a ter a simpatia e preferência tanto dos vários júris nacionais, como do público, como da imprensa.
(Lembro que, nestas coisas da Eurovisão, não é a primeira vez que ganha uma balada, posso classificar assim a canção “Amar pelos Dois”?
(Mas isso já vai há tanto tempo, dir-me-á. Isso é quase do tempo da “Maria Carqueja”! Pois, é verdade, mas é do tempo em que eu via os festivais da eurovisão.)
Neste ano uma hipotética vitória começou a delinear-se logo cedo, nas redes sociais, que atualmente são um bom barómetro das opiniões, mas ao longo de diversos anos criaram-se tantas expectativas… relativamente a várias canções e intérpretes, que depois saíram completamente defraudadas… que seria mais um em que tal aconteceria.
Parabéns ao cantor, Salvador Sobral e à compositora, Luísa Sobral.
(Mas será que no meio disto tudo terá havido algum milagre?!)
E o dueto final foi magnífico!
(Interessante como este Salvador lembra o outro “salvador”, no célebre jogo de Portugal com a França, em que Portugal também venceu o Europeu de futebol.)
Série dramática, numa coprodução australiana – singapuriana: (ABC – Australian Broadcasting Corporation e HBO Asia – Home Box Office).
A ação decorre em Singapura, onde também foram filmados, maioritariamente, os vários trechos. Data de 2013, englobando dez episódios previstos, uma temporada.
O tempo da narrativa situa-se na primeira metade da década de sessenta, em 1964 (?), período conturbado daquela Cidade Estado, situado entre a proclamação das respetivas “independências”: do Reino Unido e da Federação da Malásia. Saída da administração colonial inglesa, conflitos raciais: “race riots”, surgimento de movimentos comunistas…
Tempos tumultuosos, como aliás têm sido os do pós-guerra, por todo o mundo.
Auge da “guerra fria”, numa região charneira onde se digladiam os campos opostos.
Regiões que haviam sido ocupadas pelos japoneses na 2ª grande guerra, e como foi selvagem essa ocupação no Extremo Oriente (!) Personagens marcadas por essas experiências traumáticas.
Mas a série consegue ser otimista nos vários desfechos que foi tendo nos dois episódios que já decorreram.
Deste modo, a RTP2 mudou o rumo das séries, e fez bem em mudar; apresentando esta, ocorrendo no Extremo Oriente, numa zona nevrálgica de entrecruzamento de culturas: chinesa, malaia, indiana, javanesa, ocidental... Com um elenco também multicultural e multirracial.
(De qualquer modo, não posso deixar de questionar, melhor, interrogar-me, sobre esta mudança de “rumo” da RTP2, rendendo-se às grandes produtoras.)
Todavia, assim, dá lugar a novas panorâmicas e esta série apresenta-se bastante “luminosa”.
Isto é, algumas das últimas séries europeias,”Amber”, “A Fraude”,“Jordskot”, “A Mafiosa”, “1992”, a que se prevê, “Gomorra”, apresentam, a maioria delas, problemáticas bem realistas e muito importantes de nos mostrar, como denúncia deste atual mundo macabro em que vivemos, mas acabam por não nos dar quaisquer sinais de redenção possível.
Bem sabemos que essa é a Verdade! Mas, nos seriados, uma certa “ilusão” não deixa de embelezar um pouco a narrativa e torná-la mais aliciante e apelativa.
E esta série, “Serangoon Road”, traz algum otimismo no conteúdo. Digamos que é uma série “à moda antiga”.
O personagem principal é Sam Callaghan, ator Don Hany. Um “herói” australiano, defensor dos justos e lutando por ideais altruístas, ajudando os elos mais fracos. Tem uma firma de importação / exportação com um parceiro chinês, viciado no jogo, presa fácil nas teias das seitas de jogo chinesas.
Sam também está bem marcado pela sua experiência de vida, que em criança foi preso e torturado pelos ocupantes japoneses.
A estrutura global da narrativa gira à volta da morte de Winston Cheng, dono de uma Agência de Investigação, cujo presumível assassinato, a esposa, Patricia Cheng, atriz Joan Chen, quer investigar e descobrir as razões motivadoras, assumindo ela a direção da “Cheng Detective Agency”.
Os fios dessa pesquisa vão-se desenrolando gradualmente, episódio a episódio, mas como é apanágio nestes seriados, só será, supostamente, desvendada a verdade no derradeiro, o décimo. Pouco a pouco, vamos sabendo mais um pouco!
Sam Callaghan ajuda, de forma altruísta, a senhora Cheng. E esta o que pretende é que se faça Justiça. Friso esta afirmação, proferida pela senhora, uma chinesa muito bonita e serena. Este ideal é crucial, pois, contrariamente ao que se propala habitualmente nestas filmografias, ela não pretende vingança, mas sim Justiça!
Há uma diferença acentuada na mensagem subliminar.
Em cada episódio ocorre um caso particular que a Agência, em que além de Patrícia também trabalha uma sobrinha, Su Ling (?), procura resolver com a ajuda de Sam.
No 1º episódio livraram da morte um marinheiro americano, negro, que era acusado injustamente, por outros marinheiros, brancos, de outro ramo da armada americana, da morte de um colega branco, de quem ele era o melhor amigo.
Graças a Sam, ao seu colega da firma e à empresa de detetives, ele foi salvo da morte por afogamento a que os verdadeiros culpados o haviam destinado.
No 2º episódio, uma senhora chinesa que fora casada em Singapura, também com um chinês, até 1942, data da invasão japonesa, regressou da China, em 1964, à procura do marido que entretanto se casara com uma javanesa, de quem tinha uma filha.
Só neste parágrafo se vê a complexidade da narrativa que eu estou a simplificar.
Cabe explicar que à senhora, na sequência da invasão pelos nipónicos, o marido enviou-a para a China, para junto dos pais, na expetativa de a poupar das atrocidades dos invasores. Entretanto a guerra acabou em 1945, a China, sujeita às mudanças ocorridas, fechou as fronteiras e a senhora ficou lá retida, só tendo conseguido fugir quase vinte anos depois.
Ao regressar de barco a Singapura e a salto, como se costuma dizer e literalmente falando, a senhora deparou-se com muitos obstáculos que, mais uma vez, Sam e a sua equipa conseguiram resolver a contento e de forma positiva.
E deprende-se ser esta a característica do enredo da série.
Vão surgindo situações mais ou menos complexas em cada episódio, que vão sendo resolvidas positivamente, enquanto aos poucos, também se vai destrinçando o enredo fundamental.
Resta dizer que o “Herói”, como qualquer um que se preze, também tem uma namorada, melhor, “um caso”, com uma senhora casada, Claire Simpson, não sei ainda se inglesa se americana, esposa de Frank Simpson, negociante, que se ausenta frequentemente em viagens.
Oportunidades para Sam e Claire irem pondo o amor em dia, que, afinal, moram na mesma Rua, Serangoon Road, que intitula o seriado e que fica entre “Little India”, bairro de indianos e “Kallang”, bairro residencial. Como eles se irão desenvencilhando deste novelo, veremos…
Nos subterrâneos da narrativa e da vida da cidade e da rua, uma seita de chineses, “O Dragão Vermelho”, numa estrutura de clã, que controla o jogo e os “negócios”, naquela parte da Cidade.
Ainda ligado ao campo das investigações, noutra perspetiva, mas também colaborando, encontramos Macca, ator Tony Martin, jornalista australiano, amigo de Sam, ajudando-se mutuamente, trocando favores recíprocos.
Naquele espaço e contexto temporal, não pode faltar um agente da CIA, Conrad Harrison, ator Michael Dorman, jovem agente que, além das investigações inerentes ao seu cargo, também investiga sobre a possibilidade de arrastar a asa à sobrinha de Patricia Cheng, cujo nome ainda não tenho a certeza.
E tendo sido Singapura uma peça imprescindível do “British Empire”, e recentemente independente, não podem faltar os representantes de Sua Majestade, arrumando as malas, de regresso a casa.
E, por agora, é o que posso perorar sobre a narrativa da série.
Já há muito tempo que não escrevia sobre séries, ainda pensei escrever sobre “1992”, mas preguicei.
Recomecei com esta nova, que só ainda decorreram dois episódios. Que acho divertida de acompanhar. E apetece-me, e faz bem, seguir uma temática assim um pouco mais ligeira do que tem sido habitual nos últimos tempos.
Acompanhe-me também nestas narrações, se faz favor!
(As imagens têm registadas as respetivas fontes. As dos bairros são atuais, não são da época. Se quiser ver algo da época, faça favor de consultar este vídeo. Obrigado pela sua atenção e paciência.)
…/ fez ressurgir em mim todo um passado que, apesar de tudo foi feliz. / …
Alguém disse que a saudade é irmã da eternidade. / …
Mas quero dizer-vos também, / …
Pai és o braço forte, terno amigo, / …
O dia chegou… deu-se o inevitável! / …
… / o que é pai até que crie, / …
… / Com vosso olhar brilhante
Beijando teu retrato com saudade, / …
… / E jamais, jamais, te esquecerei”.
… / Minha divina fonte de energia no Além
Certa noite sonhei / …
… / Benditos dias!
… / O meu Pai era a minha casa, o meu abraço, o laço, / …
Não penses que com o passar do tempo, deixei de te ouvir, / …»
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Pese embora este Mês de Maio seja habitualmente conotado com a celebração do “Dia da Mãe”, o “Dia do Pai” costuma ser festejado em Março, todas estas festividades escalonadas em determinados momentos específicos são sempre muito relativas.
Por isso mesmo não podíamos deixar de tentar organizar também um “Poema Coletivo”, com um verso de cada um dos antologiados na coletânea já referida.
Foi esse texto poético que apresentámos anteriormente.
Talvez um pouco abusivamente, “construímos” um novo Poema! Este dedicado aos Pais. A todos os Pais!
A maioria dos versos corresponde ao primeiro de cada um dos textos dedicados ou inspirados nos Pais. Mas nem sempre isso foi possível. Nem sempre havia um poema especialmente direcionado ao Pai. Quando esse facto ocorreu, escolhi um verso que, embora não sendo o primeiro ou não esteja especificamente destinado ao Pai, pudesse ser englobado nesse contexto e enquadrado no tema.
Penso que resultou bem, globalmente. Também ficou muito bonito. Acho eu.
“Quem há de gabar a noiva senão o Pai?!”
Esta metodologia pode ser utilizada, por ex., em trabalhos de criação artística, escrita criativa, em que a partir de uma base de vários poemas se constrói um outro poema, com um verso de cada um deles.
E chegou, agora, a altura de divulgação de todos os autores, apenas fora realizada uma divulgação parcelar, segundo a ordem em que estão publicados na Coletânea.
O lugar da Mãe é sempre no trono da alma e da memória. / …
A Mãe é ninho de Amor / …
Mãe, fazes-me falta… / …
A mãe é nascente de vida, de alma pura, / …
A minha fada do lar /…
Aconchego-me no teu colo / …
Mãe, com tua pele de seda, teus cabelos pretos, olhos verdes, eras uma menina linda. / …
Mãe / Muito jovem partiu / …
Minha mãe é pobrezinha / …
Quero-te Mãe / …
Chamarei sempre o teu nome / …
Porque são os vossos olhos tristes? / …
Estamos a chegar a mais uma Páscoa! / …
Já não tenho pai nem mãe, / …
Tu mulher querida mãe, / …
Outono da vida – Inverno, muito frio! / …
É o eixo entre os filhos e o marido e todos os familiares, / …
No céu existe uma estrela / …
Mãe… / Um nome suave, tão doce / …
Menino (lembro-me tão bem) / …
No teu perfumado e doce ventre, / …
O navio… ia navegando, / …
Saudosos dias… / …
… A Mãe era mais discreta… / …
Ser mãe é ser o farol / … »
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Este Poema dedicado a todas as Mães, mesmo às que só puderam sê-lo, espiritualmente, foi “criado” por todos os Poetas e Poetisas que participaram na “Coletânea de Poesia e Prosa Poética” – 2017, subordinada à temática “Pai e Mãe”, de vários Autores e coordenada pela vice-presidente da APP – Associação Portuguesa de Poetas, Maria Graça Melo.
De cada poema, recolhi o primeiro verso ou aquele primeiro em que primeiro se fala especificamente da Mãe. De duas prosas poéticas, os títulos, que realcei, que assim estão nos textos originais.
Alguns textos não estão unicamente direcionados para as Mães. Mas, deles, lá está o 1º verso!
Estruturei-os pela ordem em que se encontram alojados no livro e resultou, digo eu, um lindo Poema Coletivo.
Ou não?!
Sim! Eu atrevo-me a dizer que concorda comigo. Concretizámos um Lindo Poema!
Até seria muito interessante que, um dia, fosse lido em conjunto. Pode ser…
Ah! Falta frisar que, na concretização desta ideia, inspirei-me na metodologia utilizada no Prefácio da XX Antologia da APP, 2016, da Autoria de João Coelho dos Santos.
(P.S. – Dir-me-á que falta referir o nome de todos os Antologiados. O que é inteiramente verdade. Darei conhecimento no próximo post, em que estruturarei os versos direcionados aos Pais. Que conseguiremos também um lindo Poema coletivo!)
Realizou-se, na passada quarta-feira, dia três de Maio, na sede da APP, Rua Américo de Jesus Fernandes, 16 A -, aos Olivais, Lisboa, a apresentação pública da supracitada “Coletânea de Poesia e Prosa Poética”, subordinada à temática “Pai e Mãe”, coordenada pela vice-presidente da Associação, Maria Graça Melo.
Estão representados 31 Autores, com poemas dedicados ou inspirados pelos respetivos progenitores.
“Na Bíblia Sagrada, um dos Dez Mandamentos manda honrar o pai e a mãe”, refere a coordenadora, em jeito introdutório do posfácio.
E este foi o Valor primordial, no relacionamento da Família, que estruturou as atitudes e comportamentos dos Antologiados que tiveram a grata oportunidade de participar na sessão de apresentação.
Honrar, homenagear, lembrar, com Saudade e Amor, os seus ascendentes mais diretos.
Puderam estar presentes na apresentação, Maria Graça Melo, que igualmente dirigiu a assembleia, Ana Nunes Ribeiro, Francisco Carita Mata, João Francisco da Silva, Alexandre Aveiro, Manuel Rodrigues, Júlia Pereira, João Coelho dos Santos e Pais da Rosa. Para além do presidente da APP, Carlos Cardoso Luís, que, nessa qualidade, também participou na sessão poética, também disse poemas de outros autores da coletânea, embora não participante, enquanto antologiado.
Foi uma sessão muitíssimo interessante, pois para além do óbvio, apresentar a Antologia e “dizer Poesia”, tornou-se uma reunião em que as Pessoas presentes se “abriram” aos Outros de uma forma muito espontânea, livre e salutar.
Fosse pelo tema “Pai e Mãe”, as figuras primordiais do nosso entrosamento social; e as imprescindíveis lembranças que nos remetem, consciente ou inconscientemente, para o nosso universo infantil; para a presença ou ausência das figuras parentais; o certo é que houve uma apresentação não menos calorosa de quando a sede da APP está repleta de Associados.
Estivemos presentes dez Sujeitos, cada um com o seu jeito e modo de estar face à Poesia e à temática abordada, mas e para isso também não terá sido alheia, para além do número, também a própria disposição dos convivas, em círculo pequeno, sentados numa roda, sem qualquer mesa ou entrave entre eles, propiciadora que houvesse interação, espontaneidade, sentimento, abertura aos Outros, disponibilidade e acolhimento.
Foi, talvez, uma sessão com alguma componente terapêutica e igualmente com um cunho didático, pois também houve oportunidade para sugestionar, quiçá, ensinar alguns princípios e conhecimentos sobre metodologias poéticas.
Entrou em vigor, hoje, uma nova Lei que, no âmbito do Código Civil, categoriza os animais numa outra perspetiva, deixando de ser considerados, perante a Lei, como “coisas” e perspetivados como “seres vivos dotados de sensibilidade”.
Legalmente, não duvido que, no papel e, em teoria, há um progresso.
Na prática faltará mudar comportamentos, a começar, em primeiro lugar, pelos de muitos “donos” de animais.
Que os animais não são coisas, que são seres vivos dotados de sensibilidade, julgo que a grande maioria das Pessoas conscientes sempre teve noção desse facto.
Muitos “donos” de animais não!
Reforço esta afirmação, basta observarmos os respetivos procedimentos face aos animais em variados contextos.
Uma que me ocorre imediatamente, também já aqui levantada, situa-se no procedimento futuro das autoridades, dos poderes instituídos, quer a nível central, quer a nível local, perante “espetáculos” em que os animais são objetivamente torturados perante milhares de “seres ditos humanos” para respetivo gáudio e contentamento e, em muitos casos, esses acontecimentos são ainda transmitidos televisivamente. (?)
Haveria muitas outras questões que poderia levantar, nomeadamente sobre este assunto mais específico e também sobre a questão mais geral. Seria um nunca acabar de interrogações, algumas já referenciadas em textos anteriores.
Não quero deixar de abordar uma última, por agora, meio em jeito de sério e também a ironizar. Lá vai!
Quando se fala em animais, tal a diversidade e riqueza da Terra neste âmbito, a que animais nos referimos? Apenas àqueles que habitualmente são considerados no contexto de “domésticos”, ou a todos, desde o mosquito ao cavalo?!
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E nem ou mesmo a propósito, ontem, a RTP2 transmitiu mais um dos seus excelentes Programas.
(Lembrar-me-á, caro/a leitor/a, que há muito não abordo nada sobre séries. É verdade. Tenho visto algumas, tenho seguido “1992”, que nos prepara para “Gomorra”, mas não me tem puxado ainda para a escrita.)
Bem! Mas, ontem, a RTP2 transmitiu o filme documentário “Sal da Terra” sobre Sebastião Salgado, a sua trajetória de vida e a sua Obra!
Uma vida heroica, uma Epopeia, a sua Vida e a Obra artística produzida.
Um registo histórico e documental, através da lente fotográfica, sobre a Humanidade, o Ser Humano, a Vida e a Morte, a Condição Humana, nalguns dos seus registos mais trágicos e aterradores; noutros, na sua capacidade de redenção e subsistência nos limites inimagináveis, para quem vive vidas comuns.
A inserção e comunhão do Humano no contexto da Natureza e dos outros Seres Vivos, igualmente “Obras” da mesma “Criação”: “Génesis”.
Sublime!
Apesar de em muitos dos “relatos”, “Koweit”, “Jugoslávia”, “Ruanda”, ser aterrador!
Aterrador, pela capacidade, loucura descomunal, do “ser humano” ao infligir tamanho sofrimento, tamanha atrocidade ao seu semelhante e tamanha destruição na Natureza! E como essa prática é recorrente, acontece nos nossos dias, sem qualquer justificação plausível, e ocorre bem perto de nós!
Este refletir podia levar-nos para o primeiro ponto da crónica e ainda e também através de outra pergunta.
Sendo, supostamente (?), o Homem, o Ser Vivo mais inteligente à face da Terra, conhece algum outro Ser que provoque tamanha destruição do seu Semelhante e do Ambiente em que vive e de que depende a respetiva sobrevivência?!
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E ainda…
E sobre essa “nova categorização” dos animais e contrapondo à condição humana.
E em quantas situações e quantos milhares, milhões, de Seres Humanos não levam uma existência desprovida de quaisquer direitos, muito menos que coisas, em vidas e condições abjetas, abaixo do limiar das condições de sobrevivência?
Com quantas Pessoas, seres Humanos como nós, não nos cruzamos, no nosso dia-a-dia, nos mais diversos locais das nossas cidades, em situações por demais problemáticas e a que maioritariamente “olhamos” indiferentes?
E quantos de nós não nos sentimos já tratados como “objetos descartáveis”, mesmo e até por quem e pelas entidades que nos deviam tratar como Seres pensantes, de ideias, ideais e afetos, de inteligência e sensibilidade e nos consideram meros números, eventualmente consumidores, ávidos de coisas e de dinheiro para comprá-las?!
E com esta questão, termino. Muitas outras ficam na gaveta...
E lembro que hoje é “Primeiro de Maio” – “Dia do Trabalhador”!
E remeto para o que já escrevi.
P.S. – Depois das três da tarde, fui a uma conhecida superfície comercial que anunciou os célebres mega descontos percentuais. E não constatei a loucura do primeiro ano!