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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

XIII Antologia de Poesia do CNAP – Poema: “Eu Vivi Abril (Abril de 1974)”

Círculo Nacional D’Arte e Poesia

 

Antologia

 

Neste Post nº 267, divulgamos uma Poesia de Manuel Faria Bento, de Gomes Aires (Almodôvar).

 

Flores Ondulantes original pintado com a boca Marthinus Pretorius

 

“Eu Vivi Abril (Abril de 1974)”

 

“Eu vivi Abril

Abril em revolução,

Estava na flor da minha idade,

Vivi abril com grande emoção,

Abril foi uma festa…

Uma passagem p’ra liberdade,

Abril foi uma festa…

Com muita responsabilidade,

Abril em Portugal…

Foi uma grande oferta

Dos militares em geral,

Abril por todos criado,

Ainda hoje é estimado

Por derrubar a ditadura…

Abril foi uma alegria

Que há muito se esperava

Para acabar a amargura,

Que há muito se vivia.

Com Abril Portugal evoluiu

Num modo diferente,

De um modo que nunca se viu,

Que faz confusão a certa gente.

Mas é próprio da vida,

Porque o homem se habituou

A viver no seu cantinho

Que com tanto gosto criou

Ali perto do seu vasinho.”

 

“Abril foi uma grande vontade

Que tanta força criou,

Ao longo de tantos anos,

A um povo vivendo sob crueldade,

De uma ditadura que os obrigou

A sofrer golpes tiranos,

Daqueles que viviam da repressão,

Recebendo dinheiro

Para aos outros arrancar o coração,

Destruindo vidas inteiras

Durante cinquenta

Cometendo tantas asneiras,

Perseguindo trabalhadores,

Gente pobre e carenciada,

Que ganhava fracos valores

Que não dava para nada,

E ainda lhe chamavam… traidores.”

 

“Abril nasceu em Portugal

Filho de toda a gente,

O estudante p’ra isso lutou,

O trabalhador por isso sofreu,

O militar nisso pensou,

O adolescente isso vivia,

Qualquer pessoa por isso era presa,

Mesmo que nada fizesse,

Era isso que toda a gente sentia,

Já nada era surpresa,

Na amargura que um povo vivia,

O pai era preso sem saber porquê,

A mãe era mal tratada,

O filho que fugia,

Para o estrangeiro emigrava,

A pide o perseguia,

Em qualquer lugar o matava,

Foi por isso que Abril nasceu!...

E que todo o povo aceitou,

Foi por isso que Abril nos deu.

A liberdade de viver,

A liberdade de trabalhar,

A liberdade de amanhecer,

A liberdade de ser português,

A liberdade de todos amar,

A liberdade de falar e ver,

A liberdade de aqui estar.

Isto é…

Vinte e cinco de Abril!..”

 

 

Manuel Faria Bento, de Gomes Aires (Almodôvar)

 

Retomámos a divulgação de Poemas da 13ª Antologia de Poesia do CNAP, de 2015, agora já em 2016.

Estamos ainda em Janeiro, é certo, mas sabe sempre bem antecipar Abril, que virá… e relembrar, a data marcante de Abril de setenta e quatro!

 

Na ilustração da poesia resolvi fugir ao mais óbvio, que seria ilustrá-la com o célebre “cravo vermelho”, optando por “papoilas”, numa pintura original de Marthinus Pretorius, pintada com a boca, em reprodução digitalizada de um cartão de A.P.B.P. – Associação de Pintores com a Boca e o Pé, Caldas da Rainha.

 

E tb, s.f.f. ...

 

 

 

 

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