Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Nas últimas semanas tenho andado muito pelos campos. Para além dos aspetos sempre positivos que é andar em comunhão com a Natureza, experiência imersiva que toda a gente deveria experienciar mais regularmente, porém, também se observam e vivenciam lados mais negativos.
Ultimamente tenho presenciado, com mais regularidade, a ação “destrutiva” dos javalis. E, certamente, também das javalinas. As “raves” que essas bichezas fazem pelos valados! A fossadeira nas bouças e terrenos até será vantajosa. À cata de bicharadas, de bolbos de jarros, venenosos (!), não lhes fará mossa, nem a nós. O piorio é quando esgaravatam nas cercaduras e as deitam abaixo. No sábado passado, passei o dia arranjado as redes do "Chão". Uma trabalheira!
Mas ainda o mais pernicioso é surgirem-nos esses bichos desalmados a meio das estradas, nas viagens noturnas. Algo por demais frequente, ocorrendo a diversos viajantes, várias vezes com efeitos desastrosos, provocando acidentes.
Bem… toda esta conversadeira é para introduzir o que quero propor às Entidades competentes.
Não será já altura para reiniciarem as batidas aos javalis e javalinas?!
Não sei se será o momento adequado em termos cinegéticos, as entidades especializadas saberão, todavia, defendo que é necessário fazer alguma “limpeza” nesses animais. Umas batidas. Umas caçadas.
Algumas recomendações prévias: obrigar os caçadores e participantes à realização de testes Covid, por sua conta e risco; restringir o número de pessoas envolvidas aos concelhos limítrofes; outros itens a salvaguardar, de modo a precaver situações de risco face ao Corona.
Outros aspetos a equacionar, os vários organismos que tutelam estas ações têm obrigação de saber.
Cães que morderam a mão do dono que lhes deu de comer!
Com uns futebóis de entrada.
Ainda em tempo de Futebol, de Mundial.
Depois da última crónica a este tema dedicada, de forma obtusa é certo, Portugal jogou com Marrocos. E, mais uma vez, valeu à equipa o São Ronaldo! Tivessem os marroquinos um artilheiro assim e nem sei o que seria o resultado!
Amanhã Portugal jogará com o Irão. (Agora aparece escrito Irã, por todo o lado!?!?) Esperemos que Portugal ganhe, que a equipa se estruture e organize melhor como tal e que o santo milagreiro continue em forma. Agora estamos na altura dos Santos Populares, este será mais um a acrescentar.
Agora acrescento eu uma das minhas peculiaridades. Quando tocar o Hino Nacional como Irão reagir Carlos Queirós e a sua equipa de técnicos portugueses?! E perante o Hino do País que orientam?! Curiosidades e trivialidades minhas…
Mas o tema do post pretende ser um pouco diverso. É antes uma estória… A do Paciente que mordeu o Dentista! E uma metáfora.
O Senhor Fulano de Tal tem um contencioso, de anos, com os dentistas. Tanto que adia, ao máximo, a ida a tais consultórios e assentar-se nas célebres cadeiras e perante tais aparelhagens.
Finalmente em idos de Abril e Maio atreveu-se a frequentar tais ambientes de pesadelo!
Após uma primeira intervenção em que lhe foi extraído um molar no maxilar inferior, lado direito, precedida de idas preparatórias e tomada de calmantes e inibidores do vómito, combinou a desvitalização de um segundo molar na mesma queixada!
No dia aprazado, apresentou-se. Ficou logo apreensivo por o interventor ser uma pessoa diferente da que o atendera nas vezes anteriores. (Necessita de sentir alguma empatia e confiança com o dentista.) Mas não quis dar parte de fraco, nem parecer deseducado. Sujeitou-se ao que viesse…
Iniciada a desvitalização, com os recursos certamente habituais, os vómitos sobrevieram. Não havia como continuar. Decidiu que, preferencialmente, lhe extraíssem o dente. Desvitalização não dava.
E foi-lhe tirado o molar.
Mas não sabe o senhor a que propósito, praticamente sem o consultarem, aliás não estaria sequer em condições de tomar uma decisão consciente, tal a toma de sedativos, anestesia e sofrimento de tirar um dente, repito, não sabe o Senhor Fulano de Tal a que propósito, a Dona Dentista e Dona Assistente resolveram extrair-lhe também um do siso, no mesmo maxilar.
Suprema tortura!
A anestesia já não estava a cem por cento, e todas as ações anteriores e um siso é sempre um siso, de modo que esta última intervenção foi, e repito, uma verdadeira tortura, que até esperneou na cadeira. Ficou de rastos.
Andou assim semanas.
Não quis deixar em claro a situação e voltou ao consultório para dar conhecimento ao Senhor Doutor Dentista, que o atendera inicialmente e que é o diretor da clínica.
Este ao vê- lo chegar e após os cumprimentos de praxe, questionou-o.
- Então, Senhor Fulano de Tal, vem tratar de outro dente?
Resposta do Senhor Paciente:
- Saiba, Senhor Doutor Dentista, que, face à recente intervenção da sua colega e assistente, a minha reação perante um dentista é simplesmente a de querer morder-lhe a mão!
Resposta não menos lesta do Senhor Doutor Dentista.
- Pois saiba, Senhor Fulano de Tal, que isso agora é moda! Que até os cães mordem a mão do dono que lhes deu de comer. Nem mais! Que também, verdade seja dita, tal dono é mesmo o que merece. Aliás o que mais merece é que o prendam a uma trela e lhe coloquem um açaime. Mas não seria agora, que já é tarde, deveria ter sido há uns bons dez anos atrás.
O Senhor Fulano de Tal ficou assim um pouco a olhar para a conversa que não entendeu muito bem.
E o Senhor Doutor Dentista disse que era uma metáfora e que até nem se estava a referir a casos mediáticos recentíssimos, que ignora completamente, mas a um caso acontecido já há alguns meses.
Também não sei se o contador da estória está a ser suficientemente explícito, mas também não sei se isso interessa. Se o quisesse ser, sê-lo-ia…
E o Srº Paciente mordeu, de facto, a mão do Srº Drº Dentista?!
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O post é ilustrado com um alho-porro, dado que hoje é dia de São João. E o que me apetece tantas, mas tantas vezes, é dar pelo menos com um alho-porro na cabeça de muito boa gente. Alho-porro, também é metáfora. Porque, na realidade, muito boa gente merece mas é com um cacete, como dizia a minha saudosa Avó Carita!
A fotografia, como quase sempre, é original de DAPL.
Continuo divulgando acontecimentos respeitantes a Poesia.
Porque nunca é demais dar a conhecer o que se realiza nesse âmbito, um pouco por todo o País, mas de que eu conheço apenas uma parcela.
Que Poesia é Luz! E, parafraseando o "Provérbio", 'não se acende uma luz, para fechar numa arca!'
E ainda reportando-me a uma metáfora, que cada um faça como fez o colibri para apagar o fogo, digamos, também metaforicamente, para iluminar a escuridão. Da ignorância...
Neste post, dão-se a conhecer as atividades integradas no contexto da Associação Portuguesa de Poetas, sobre que já me tenho aqui debruçado, por variadas vezes, no blogue.
“ ( ...) – andava o triste pai perguntando-se quem apresentaria o composto de virtudes necessário a um bom aio do príncipe...
Percorria, em espírito, os nomes de todas as individualidades mais em destaque na corte. Mas nenhum nome o contentava: Este era um ambicioso, esse um intriguista, aquele um hipócrita, estoutro um amoral, essoutro um fútil, aqueloutro um avaro... Não sem razão concluía o rei que nem sempre o valor moral acompanha um certo brilhantismo intelectual ou mundano; (...)
(...)
E a verdade é que nunca, desperto, vira tão claro como via agora, sonhando, serem a ambição e a vaidade os principais móveis de seus ministros, conselheiros, governantes, delegados, secretários; posto encobrissem todos a ambição, o egoísmo e a vaidade sob esplêndidas capas de ideais eternos. Como entregar a tais homens o filho amado? Como confiar deles a desgraça do principezinho perfeito?... Qual deles não especularia com ela?”
pp. 42, 43, op. cit.
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P.S. - Hoje, ainda, resolvi elaborar um Post a partir do célebre Livro do escritor José Régio. Um Escritor genial, Poeta emérito, um pouco esquecido talvez, que a partir de um “Conto Tradicional”, nos legou este Romance “O Príncipe Com Orelhas de Burro, História Para Crianças Grandes”. Edição da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 2001. Introdução de Eugénio Lisboa. Com Desenhos de “Júlio”, pseudónimo do irmão do Poeta. A 1ª edição foi da Editorial Inquérito, Lisboa, 1942.
Este Romance é pleno de metáforas. Leio, nele, metáforas pessoais, relativas ao próprio Autor; sociais, concernentes à Sociedade, da época, das várias épocas, porque ainda plenamente atuais; e Políticas! Sim, está cheio delas. Não esqueçamos que o Romance foi editado em 1942! E Religiosas também!
Um Romance imperdível!
E, perdoe-me José Régio, é também como uma metáfora que divulgo estes excertos do seu Romance!