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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

País de secas e de enxurradas!

Nestes últimos dias tem chovido água que Deus a mandou! Ou São Pedro!

"Deixa estar, que ela não fica lá". Dizia a Mãe, quase centenária, quando nos verões se falava da seca!

Tem chovido tanto que tem havido enxurradas pelos mais diversos lugares do nosso País. Este Outono tem tido características que, há vários anos, não observávamos. Depois de secas persistentes e de um ano particularmente quente no Verão, choveu ainda no final desta estação. Continuou chovendo regularmente, no Outono. As terras sequiosas foram absorvendo as águas. Pouco foi chegando às barragens, apesar de se irem compondo face à escassez de água que fomos lamentando todo este ano e anterior(es). Não chovia! As barragens não tinham água! Este drama atormentou-nos até há bem poucas semanas. E, era um facto!

Ponte moderna de Benavila. Foto Original. 03.10.19.

Posso exemplificar. Ainda no passado dia 7, do corrente mês, nem há oito dias vai, passámos por Benavila, junto à Barragem do Maranhão. Pudemos constatar como a represa estava vazia. A norte desta localidade, corre a Ribeira de Serrazola, que desagua na Ribeira de Seda, represada na mencionada Barragem, cujas águas chegam até bem longe de Benavila, quase até Seda, quando o reservatório está cheio. Não era, nem de longe nem de perto, o caso. Esse ramo poder-se-ia atravessar a pé, partindo do Santuário da Senhora D’Entre-Águas, localizado a norte, em colina sobranceira às duas ribeiras, que aí confluem. Ribeira de Serrazola desagua na Ribeira de Seda. A ponte antiga que atravessa aquela ribeira, habitualmente submersa, estava completamente descoberta. Permitiria atravessar, a quem o quisesse fazer. (Tive pena de não ter tirado foto, mas estávamos com muita pressa, já era tarde e estava ameaçando chuva, como já dura há dias. As fotos ficariam semelhantes às que tirei em Outubro de 2019, já postadas.)

Benavila. Barragem do Maranhão. Foto original. 03.10.19.

Em poucos dias, especialmente desde o final de semana, a chuva tem sido de tal intensidade que provocou estragos especialmente nas localidades. Particularmente nas ribeirinhas. Para essa situação, em especial na Grande Lisboa, contribui a orografia dos terrenos, sobremaneira o asfaltamento, a betonização. O deficiente Urbanismo! Mas o “mau tempo” continua por todo o lado.

Ontem, quando regressávamos a Portalegre, particularmente a partir de Estremoz, ainda mais após Monforte, os terrenos alagadíssimos. Regatos eram ribeiros! Estes, ribeiras! E aquelas, quase rios! Todas estas águas Monfortenses, Portalegrenses, irão desaguar direta ou indiretamente para a Ribeira de Seda e respetiva Barragem do Maranhão. Será que agora a barragem irá fazer o seu pleno?! Numa próxima viagem já a veremos completamente cheia?!

Av. Pio XII. Foto Original. 13.12.22.

Ainda Portalegre. Aqui as chuvas têm sido intensíssimas! Avenida Pio XII, descendo da Serra, tem parecido uma verdadeira ribeira!

Bem gostaria de ir ver a Ribeira das Pedras e do Salto – Aldeia da Mata - que já galgaram as respetivas pontes!

 

« Alentejo, Meu Alentejo»

«ALENTEJO, MEU ALENTEJO»

 

Original DAPL 2016 Primavera Alagoa.jpg

 

«Alentejo, meu Alentejo!

(boca fechada) mmmmmm

 

Alentejo dos loiros trigais

Onde os ceifeiros cantam madrigais

Alentejo, planura sem fim

Que, todo, cabes dentro de mim

 

Mais do que a neve da serra

Mais do que a espuma do mar

O Alentejo é brancura

À luz branca do luar.

Solidão do Alentejo

Fontes, cruzeiros e alminhas

Cantam rolas e cigarras

No silêncio das tardinhas!

 

O pastor do Alentejo

Encostado ao seu cajado

Vai namorando a campina

Que é a mesa do seu gado!

Olhos vagos e profundos

Num sonho distante imersos

Há neles mais poesia

Do que num livro de versos.

 

Alentejo das debulhas

Das ceifas e dos montados

Dos ranchos de mondadeiras

Fiéis aos seus namorados

E do cavador tisnado

P’lo sol quente do meio-dia

Rude, branco e altivo

Fiel à sua Maria!

 

Alentejo dos sobreiros

Azinheiras e olivais

Alentejo, minha terra,

Eu quero-te sempre mais.

Alentejo das searas

Em Abril a ondular

E das chaminés branquinhas

Ao sol posto a fumegar.

 

Dos tarrinhos de cortiça

Das samarras e safões

Dos pastores e dos morais

Dos manajeiros e ganhões,

Símbolos deste Alentejo

Que eu pra bem poder cantar

Hei-de beijar a planície

De joelhos a rezar.»

 

Exibiu-se no rancho de Aldeia em 1960.”

 

Original DAPL Alentejo 2017.jpg

 

Notas explicativas:

Mão amiga fez chegar no ano passado, 2016, um conjunto de “cantigas” impressas em duas folhas A4, às mãos de D. Maria Belo. “Cantigas” essas que faziam parte do espólio de Srª D. Maria Águeda, distinta Professora Primária, natural de Aldeia da Mata, que exerceu o Magistério em Vila Viçosa, terra natal da célebre Florbela.

Além de “ALENTEJO, MEU ALENTEJO”, nesse conjunto, incluem-se ainda:

“O sino da nossa Aldeia”, “As moças da nossa Aldeia”, “Namoro”, “Marcha de Aldeia”, “Festa de Aldeia”, “Cantigas das nossas ruas (desafio)”, “Balada de Aldeia”.

Estas cantigas eram precisamente para serem cantadas e foram exibidas “no rancho em Aldeia da Mata no Verão de 1960”.

Esta publicação e divulgação no blogue é também uma homenagem e tributo de amizade e de consideração pela estima mútua.

 *******

As fotografias são originais de D.A.P.L., de campos alentejanos, na Primavera, de 2016 e de 2017. A primeira tem como fundo a aldeia de Alagoa e a segunda foi tirada perto de Monforte.

 

"Almoço dos Primos"

“Proenças e Pereiras / Velez”

monforte in ionline.jpg

 

Atualmente muitas Famílias, entendendo este conceito no âmbito de Família Alargada, organizam eventos deste tipo, com esta designação ou outra similar, de modo a conviverem várias gerações e ramos de Famílias nucleares, com um tronco comum de ascendentes.

 

O “Almoço dos Primos”, a que me refiro, ocorre anualmente e nele se reúnem, em confraternização, Famílias de sobrenome Proença, Pereira e Velez, mesmo que, eventualmente, alguns membros já não usem este apelido.

 

Vila de Fronteira. in    jpg

 

Estas Famílias têm a sua origem geográfica nas Vilas Alentejanas de Monforte e Fronteira, remontando a sua estrutura nuclear de base ao século XIX, nas referidas localidades.

Atualmente, os descendentes destes Progenitores encontram-se domiciliados por todo o Portugal e também no estrangeiro.

 

Por ex., no almoço realizado no passado domingo, dia treze de Setembro, acorreram convivas provenientes desde o Norte de Portugal, da Cidade-Berço, Guimarães, até ao Algarve. Também muitos vieram das Lisboas e uma parte significativa do Norte Alentejano, aldeias, vilas e cidades dos Distritos de Portalegre e Évora.

No total estiveram mais de cem comensais. E teve a particularidade de ter sido o vigésimo quinto convívio organizado com estas características.

 

Têm-se realizado estes almoços em diferentes restaurantes e povoações dos referidos distritos, não só porque esta região é o núcleo de origem das Famílias mencionadas, bem como residindo uma parte significativa dos familiares em povoações destes distritos, a maioria até no de Portalegre, faz todo o sentido que o local de realização aí esteja sediado. Que me lembre, já houve almoço em Monforte, Estremoz, Portagem, Fortios e, ultimamente, em Cabeço de Vide.

Nesta localidade, o almoço tem-se realizado no Restaurante da Estalagem Rainha Dona Leonor, situada na emblemática e antiga Estação de Caminho-de-Ferro.

Gare Cabeço de Vide in wikipedia.jpg

 

A ementa incluiu os habituais aperitivos, à base das carnes fumadas de porco, azeitonas e queijo. Bebidas à discrição, para além da água e refrigerantes, também sangria e vinho tinto da Herdade dos Muachos. E cerveja, para quem preferisse esta bebida. Que me lembre!

Houve duas sopas, de legumes e de canja. Este ano só comi da canja e tive pena de não ter havido sopa de cachola, de que gosto sempre. Ficará para outra vez.

O cardápio incluiu dois pratos de base, um de peixe, bacalhau com broa e um de carne, bochechas de porco, com migas e batatas no forno.

No final, numa mesa bem composta, os doces, de que as pessoas se serviram à vontade. Não me perguntem os nomes de todos, porque não sei. Havia frutas, melão, ananás, pudins diversos, sericaia, e mais que desconheço.

Quem quis, bebeu ainda café e continuou a beber, se teve vontade!

Foi um almoço bem servido e bem composto, que dará gosto repetir.

Não me perguntem o preço, porque não sei. Agradeço à minha Sogra, que faz o favor de me convidar.

Antes, durante e após o almoço foi-se convivendo com os familiares, que nem sempre há oportunidade de estarmos todos juntos.

 

Pôr em ação um acontecimento destes, aparentemente simples, dá imenso trabalho. Só quem organiza, sabe bem dar o valor a tal!

E, neste caso e já há alguns anos, quem organiza é a Prima Bela. Coadjuvada pela Tia Bia e pelo marido, Tó. Deduzo eu. Talvez mais algumas pessoas deem alguma ajuda, não sei.

Bem, não importa, estão de Parabéns e o nosso Muito Obrigado!

E também muito obrigado a todos os convivas participantes, por compartilharmos todos uma tarde agradável, de convívio e degustação de boa comida e bebida.

 

E, por falarmos em organização, não podemos nem devemos esquecer a Alma Criadora destes convívios: o Primo Abílio! Durante vários anos, enquanto teve saúde e foi vivo, deve-se a este Primo a organização do “Almoço dos Primos”. Não sei durante quantos anos.

Que esteja em Paz com a sua Alma!

E este Voto é também para Todos os que, também já cá não estando, nos deram a Alegria da sua Companhia, durante os anos em que puderam comparecer.

A Todos Muito obrigado!

 

Finalizando, anexo uma foto memorial do convívio, com os participantes em pose de grupo. Gentileza do Primo Quilito, que tem um acervo documental extraordinário de fotos destes eventos.

Especificamente esta foto foi clicada por um funcionário do restaurante, mas penso que a idealização é do referido Primo. Obrigado, também.

 

almoço primos.JPG

 

Tenho sempre alguma relutância em colocar fotos de Pessoas na net, conforme já referi noutro post, especialmente quando incluam crianças, mas provavelmente será um preconceito meu.

Porque tudo o que colocamos na internet deixa de ser "nosso". Especialmente fotos!

Bem, de qualquer modo se alguém se sentir incomodado, agradeço que me dê conhecimento e colocá-la-ei em modo privado.

E até para o próximo ano. Se Deus quiser!

 

 

 

Retalhos do Alentejo...

AQUÉM TEJO

Há quem do Tejo só veja

O além, porque é distância

Mas quem de Além Tejo almeja

Um sabor, uma fragrância

Estando aquém ou além, verseja

Do Alentejo, a substância.

 

MATA, ALDEIA e encanto

Terra aonde eu nasci

Corra este mundo e tanto

Hei-de voltar sempre a ti.

 

À chuva e sol a pino

Com amor e devoção

Vai tecendo o seu destino

ARRAIOLOS, bordado à mão.

 

ARRONCHES, és linda terra

Vila grata, de agradecer

Teu poder em ti encerra

A arte de bem receber.

 

Monte forte e altaneiro

Tem nome e gente de fama

Sendo antigo é prazenteiro

Vila, MONFORTE, se chama.

 

MOURA, moira e mourama

Leve seja o teu penar

Que o destino te chama

Sem encantamento quebrar.

 

Ode ao Mira é ODEMIRA

Lindo som, lindo grafema

Quem a viu não se admira

Que tenha nome de poema.

 

Não sabia que havia

Uma igreja numa anta

Minha admiração foi tanta

Espantei-me em PAVIA!

 

Ser VILA é um privilégio

NOVA será uma condição

De MIL FONTES é sortilégio

Estar em nosso coração!

 

PORTALEGRE, porto ou porta

Na encosta, ridente alegria

Cidade e serra comporta

Capital do meu dia-a-dia.

 

Do nascer do sol ao poente

És Alma subtil, bem amada

De norte a sul está presente

Em nós, querida ALMADA.

 

NOTAS:

  • Este Poema, resultante da junção de várias quadras e uma sextilha, escritas em diferentes momentos, algumas quadras da década de 80, está publicado na VIII Antologia do Círculo Nacional D’Arte e Poesia, 2005.
  • As quadras sobre Aldeia da Mata, Arronches e Monforte fazem parte de décimas, também publicadas, na IX Antologia do Círculo Nacional D’Arte e Poesia, 2006.
  • Gostaria de as ilustrar com fotos ou desenhos originais.

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