Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Concretizo, hoje, uma ideia que vinha congeminando há algum tempo. Publicar um postal com ligações para os vários postais sobre estes assuntos relacionados com o apelido “Carita”, o Chamiço e o Alto Alentejo.
Não sei se conseguirei operacionalizar todas as ideias pretendidas. Preciso publicar algumas informações que me foram disponibilizadas por Primo João Carita. Enquadrar os diversos assuntos, interligando-os. Pesquisar. Terei de me organizar. Não sei!
Independentemente do que faça ou venha a fazer, ficam desde já os itens que nos reportam ao que já foi abordado nos dois blogues.
À consideração e à disposição de quem queira conhecer um pouco mais sobre estes assuntos. Agora! E no futuro!
Obrigado pela atenção.
As fotos?! Novamente a Ponte da Ribeira do Chamiço! E Árvores autóctones!
Porquê?! Pela simbologia associada às Pontes. Pela Riqueza Patrimonial por ela testemunhada, no plano da História, da Geografia, da Arquitetura, da Engenharia…
Não acredita?! Se um dia tiver oportunidade, visite, SFF. Veja com os seus próprios olhos.
E porque o Monumento está em processo de degradação e é urgente “dar-se-lhe a mão”!
(Sobre a escolha das Árvores não são precisas explicações.)
Postal nº 1133: A velha “aldeia” do Chamiço, a partir de:
Etnografia Portuguesa – Tentame de Sistematização – Prof. Doutor José Leite de Vasconcellos – Volume IV –
Lisboa – Imprensa Nacional – 1958
Livro I – A Terra de Portugal – pp. 653 e 654
(…)
«… o Chamiço, no termo de Gáfete (Crato), que em 1532 era uma aldea chamada Monte do Chamiço, e encerrava 36 moradores «dos quais cinco viuvas»; Monte tem aqui significação rural, tão corrente no Alentejo, e aplica-se como parte componente do nome proprio. Ainda no sec. XVII se dizia assim; hoje diz-se apenas o Chamiço, sem Monte preposto.
Se o leitor perguntar em Gáfete onde ficava o Chamiço, indicar-lhe-hão perto da ribeira do mesmo nome e da ribeira de Margem, um terreno, de irregular superficie, com a área de uns 400 metros quadrados, alastrado de pedaços de telhas e onde ha troços de ruas, uma d’elas bem cortada na rocha granitica que forma o sólo, e restos de dezenas de casas. Algumas das casas, de paredes de alvenaria, tinham andar alto; nestas paredes e noutras vê-se ainda de onde em onde rebôco e cal. Numa elevação sobranceira ás ruinas ergue-se uma igreja, sem tecto e desmantelada, com pedaços de altares e de um pulpito por unicos vestigios de culto. Vid. figs. 122, 123, 124 e 125. Não se encontra no Chamiço um unico edificio habitado ou habitavel. … »
*******
(Algumas notas complementares:
Nesta descrição sobre o Chamiço, excerto do livro supracitado, procurei transcrever conforme o original, de 1958. Que terá respeitado a grafia do Autor, certamente manuscrita, muito provavelmente na década de trinta. Data a que o Professor faz referência sobre as pesquisas, in loco. Tive especial dificuldade nos acentos, pois, no texto que possuo, existem algumas diferenças significativas face à grafia atual, mesmo antes do “famigerado” Acordo / “Desacordo”.
- Frisar também que ainda no séc. XVIII se designava “Monte” conforme mapa de 1762, onde se refere “M.te Camisso”. E, nas Memórias Paroquiaisde 1758, também se designa de “Monte Chamisso”. -
O texto em que me baseio resultou de fotocópia tirada na Biblioteca Nacional – Lisboa. Em meados da 2ª década deste séc. XXI.
As figuras a que o Autor se refere estão a preto e branco. Em fotocópia, não dão para reproduzir.
Apresento novamente foto da igreja. E de alguns espaços – ruas. Fiquei intrigado com a referência a rua talhada em rocha granítica.
Também me intriguei com a referência que Primo António Carita me fez sobre a localização da casa da Trisavó.
Em futura visita irei observar melhor estes aspetos.
Em posterior postal ainda apresentarei referência ao “desmoronamento do Chamiço”, segundo livro mencionado e Autor citado.
E penso finalizar com a versão de Primo António, segundo o que sua Mãe lhe contava. Sua Mãe, minha Tia Maria Carita, que viveu, em jovem, em casa de Tia Maria de Sousa e Tio Francisco Carita, filho da Trisavó do Chamiço, Rosa de Matos. Saberiam bem como ocorreram os acontecidos.)
Carita não será propriamente um apelido muito vulgar.
Lopes, por exemplo, é muitíssimo mais difundido.
Todavia, no Alto Alentejo, conheço várias pessoas com este apelido. Dir-me-á: Pudera, é um dos apelidos na sua família, logo é natural que conheça um razoável número de pessoas assim apelidadas.
Verdade! Todavia muitas dessas pessoas não as conheço como pessoas da família. Aliás, essa é uma das minhas questões. Será que todos os Carita(s) têm ligações familiares entre si?! Não sei, realmente.
Os Caritas que conheço são da minha família, nomeadamente os que ascendem às localidades de Aldeia da Mata, de onde sou natural e os de Monte da Pedra. Mas no concelho de Crato, município a que pertencem as duas freguesias referidas, existem indivíduos com este sobrenome, mas que não conheço como familiares.
No distrito de Portalegre – Alto Alentejo, Norte Alentejano, este sobrenome também existe noutros concelhos. No próprio concelho de Portalegre existem Caritas. No de Castelo de Vide, no de Nisa e no de Campo Maior. Não sei se existem noutros concelhos deste distrito ou fora dele. Para além desta Região, também há pessoas assim nomeadas, mas integrantes da designada “Diáspora Alentejana”. Conheço em Almada e em Lisboa. Existirão também noutras regiões de Portugal?! Ignoro.
Relativamente aos Carita(s) da minha Família há uma particularidade que sempre me suscitou interesse e curiosidade. Uma parte significativa desses familiares teve ascendência num povoado que se extinguiu em meados do séc. XIX. Concretamente a aldeia do “Monte Chamisso”. Localizada no concelho do Crato, relativamente próxima de Aldeia da Mata, Monte da Pedra e Vale do Peso.
Uma das minhas trisavós paternas ainda viveu com a sua família nesta antiga aldeia. Daí tendo abalado, provavelmente nesses meados de Novecentos. Chamava-se Rosa de Matos, o marido, João Carita.
A minha Avó, Rosa de Matos Carita, 1893 -1978, falava dessa sua Avó e contava a história dessa abalada!
Em próximos postais irei escrevendo sobre este tema, contando algumas histórias.
(Umas em Aquém-tejo. Outras no Apeadeiro.)
Se O/A Caro/a Leitor/a conhecer algo relevante sobre este apelido, CARITA, comunique, SFF!