Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Oliveira milenar tombada: Há impérios de mil anos ?!…
Conforme referi em “Apeadeiro” elaboro novo postal sobre as atividades no “Ginásio IV – Vale de Baixo”.
Com as devidas autorizações, na tarde de 1 de Março, procedi à queima de três montureiras de “inertes”, resultantes de limpezas parciais que vou efetuando. Especialmente de silvas, que vou cortando junto às árvores, que não gosto de ver enleadas pelos silvados. É um trabalho que vou fazendo, uma atividade que funciona a modos de ida ao ginásio. Com todas as vantagens inerentes. Faço à medida que posso, com calma, pouco a pouco. Mas vai sendo feito.
As companhias habituais:os dois manos em amena brincadeira.
(A mana fica sempre pelos aposentos de amesendação ou pela pousada do “Ti Zé Fadista”.)
Imagem da oliveira milenar, tombada em 2019, em Dezembro, na sequência de uma tempestade, julgo que de nome “Elsa”. (Em 2019, de 19 para 20 de Dezembro, o ano de 2019 quase a findar e a passar para 2020! Acho peculiar esta coisa dos números!)
(A Natureza tem destas ações, que deveriam ser lições para a Humanidade. Nem seres milenares resistem! Tudo tem um fim. Não há impérios de mil anos. Só nas mentes deformadas dos tiranos!)
Hoje, desde cerca do meio dia, está a nevar na Cidade de Régio. Uns farrapitos, quase nada, vieram engrossando, uma dança de alvéolos flutuando. Vistos do quarto andar, ganham outra dimensão, pequenas plumas silenciosas e acrobáticas, logo se desfazem, mal tocando o chão. A continuarem, esperemos que sim, talvez, amanhã, pela manhã, tenhamos as encostas da Serra matizadas de branco. Que saudades! Há muito que não vejo os campos alentejanos cobertos de neve.
Mesmo assim, já nevando e ainda antes da hora de confinamento, fiz parte do percurso do “Boi D’Água”. Não continuei na direção do Bonfim. Entre outras razões, havia gente a cortar lenha e a apanhar pinhas numa das propriedades. Provavelmente alguns dos proprietários. O caminho vicinal é público, apesar de estar vedado por portão. Mas, seguindo-o e desbravando-o, é possível chegar ao Bonfim, sempre por trajetos vicinais, alguns bem característicos de tempos antigos. É ver e olhar e observar.
É um trajeto ótimo para um percurso pedonal. É as pessoas caminheiras quererem aventurar-se. Só não gostei da parte entre o Areeiro e o Bonfim, que se processa na estrada, que é muito movimentada e as bermas são muito, muito estreitas. De resto, proporciona excelentes vistas, algumas já apresentadas noutros postais, outras neste.
E ficou muito por explorar. Que existem algumas casas em ruínas e o que parece ser um fontanário antigo. Que a Serra é riquíssima em água e as quintas nas encostas todas têm e tinham bons mananciais para consumo dos proprietários e regas das hortas e pomares. E é por aí que correm os primórdios da Ribeira da Lixosa. (Que raio de nome!)
Mas, paradoxalmente, sempre se encontra algum lixo. Um improvável fogão velho, atirado borda fora do caminho, numa ribanceira. Ele há gente que faz da Natureza balde do lixo de casa!
E algo que me impressiona e atemoriza. As encostas têm uma floresta vasta de pinheiros, prontos a cortar, a desbastar, com imenso mato autóctone, caruma por todo o lado, troncos velhos e podres, pinhas, giestas secas. Um rastilho de pólvora em verões quentes, que nos atormentam todos os anos.
Os terrenos não têm proprietários que mandem cortar os pinheiros? Desbastá-los? Uma limpeza a sério. Até renderá bom dinheiro, pois as árvores já são de grande porte. Muitos proprietários? Desconhecidos?
As entidades públicas, os serviços competentes nacionais ou municipais não têm capacidade ou poder de intervenção?!
Uma pena e um perigo. Para as dezenas de moradores que têm quintas ou vivendas nas redondezas. Para as centenas de habitantes dos bairros nas proximidades. Para todos os habitantes da Cidade. Porque a ocorrer uma catástrofe, todos perdemos!
Um pedido, um alerta, uma sugestão, a quem de direito.