Nobel da Literatura – Bob Dylan
Um Nobel Dylan, ou uma Bob Literatura?
Ainda volto à abordagem do tema sobre a atribuição do Prémio Nobel da Literatura a Bob Dylan.
Sim, perplexo. Foi assim, desse modo, que me senti perante essa atribuição.
Por demérito do Artista?
Acha?! De modo algum.
Surpreso, pelo inesperado da situação. Ou realmente alguém esperava ou previa tal atribuição?!
Há por aí muitos Escritores a quem se espera essa honra, há anos, e nunca tal aconteceu. Em Portugal, inclusive.
De Outros, sempre se esperou que tal acontecesse, o que a não ter acontecido, jamais acontecerá, que já estão na “Terra da Verdade”!
Sobre Dylan, a atribuição do prémio resulta da sua veia lírica, da sua Poesia, de que a Música funciona como veículo divulgador.
E essa faceta não lhe pode ser negada ou renegada.
Terá sido essa face da sua Obra que a Academia valorizou para a atribuição do Prémio. Digo eu, que só nessa perspetiva a sua Obra pode ser valorizada, avaliada e avalizadora, para o Prémio em causa.
E em justa causa se diga que o Vate, herdeiro dos aedos da Antiga Grécia, dos bardos gaélicos, da matriz dos trovadores provençais e peninsulares, moderno poeta popular, “pop singer”, nesse campo, merece ou não a distinção?!
Se assim o disseram os juízes, membros do júri, que ajuizaram desse modo, conhecendo regras, normas e valores sobre que incide a avaliação do objeto em estudo é porque certamente será merecido.
Não deixando, contudo, de ser inesperado e inusitado. Tão somente!
Talvez porque nós tenhamos observado o Artista Bob Dylan, muito mais enquanto Músico e muito menos na perspetiva de Poeta.
E qual das perspetivas é de valorizar ou sobrevalorizar?
Poderão ser vistas separadamente?
Existe o Poeta sem o Músico? Ou a Música sem a Poesia?
E qual foi ou foram os pontos de vista da Academia?!
Não sei. E quem sou eu para saber?!
Se os membros do júri lhe concederam o prémio é porque o consideram merecedor. Não sou visto nem achado no assunto.
Apenas quero expressar a minha admiração!
Admiração pelo Artista, em primeiro lugar, e admiração pela concernente atribuição “premial”.
Ainda algumas perguntas finais:
- Irá Dylan aceitar o prémio?!
- Continuará mudo e calado?!
- Deve ou não aceitar?
- Aplica-se ou não a este caso também o tão falado aforismo: “A cavalo dado…”
- (...)
- E, por ex., José Régio e outros Escritores Portugueses, caso de Aquilino Ribeiro, não teriam sido merecedores? Estigma do tempo e espaço em que viveram: num "Portugal Amordaçado"!