Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
A profissão de tosquiador é, obviamente, sazonal. Pelo menos no respeitante às ovelhas. Não sei se o senhor também tosquia outros animais! É bastante especializada, exige precisão, perícia, empenho e bastante esforço. O tosquiador deve ficar cá com uma dor de costas! Digo eu, não sei…
Mas fui observando o trabalho enquanto lá estive e presenciei o desembaraço na execução das tarefas. E a descontração. São quarenta e quatro anos de atividade! A dado momento o sr. António, enquanto tosquiava, foi assobiando uma melodia, por acaso bem “executada” musicalmente. Estava completamente envolvido na função. No final referi-lhe que assobiava bastante bem, se também cantava. Ficou assim um pouco surpreso, mas acabou por afirmar que cantava, mas só quando estava com os copos…
O que não podia ser demonstrado ali, que tinha de acabar a tosquia, parafraseou o Luís, que queria o trabalho concluído. Fica para próxima oportunidade.
No decurso da função, à medida que vão estando mais à vontade, vão surgindo umas larachas, umas adivinhas… adiante!
Voltamos às fotos documentais:
A primeira, tutelando o postal, mostra uma das primeiras ovelhas tosquiadas, a juntar-se ao rebanho por tosquiar.
As “madames” no salão, à espera de vez, terão pensado: “Mas onde é que esta foi, que vem de lá assim tão pindérica sem a trunfa?! É isto que nos espera?!”
Na 2ª foto, o protagonista do processo:
(O Sr. António “descabelando mais uma madame”, digo, tosquiando mais uma ovelha!)
Na 3ª, o gerador, na caixa da camioneta, fornecedor da energia à tesoura elétrica.
A seguinte: mais uma perspetiva da execução da tosquia.
Uma ovelha tosquiada, descontraindo no quintal.
E a sexta e última: foto de foto do Sr. António a tosquiar, com tesoura mecânica.
(Não sei quando, nem onde.)
Caro/a Leitor/a, espero que tenha gostado desta singela reportagem sobre uma atividade e profissão de realce, especializada e rara. Os meus Parabéns e Obrigado a todos os intervenientes, especialmente ao senhor António.
Para toda a Comunidade SAPO e muito especialmente para Si, Caro/a Leitor/a, que nos acompanha nestes postais, formulo Votos de um Santo e Feliz Natal!
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(Imagens sugestivas associadas à iconografia natalícia: ovelhas, faltam os pastores(!), mascimento, desvelos maternais... Faltam também os reis magos...)
Uma Passeata por um Alentejo especial. No Inverno!
E... Cabras e suas cabrioladas!
Hoje, apresento umas fotos de paisagens alentejanas. Pode parecer estranho a quem julgue que o Alentejo é uma extensa planura e quase sempre seco. Mas não é sempre assim. Agora, nesta fase de início de Outono e final de Verão, a secura ainda predomina. Mas, chovendo regularmente, como está acontecendo desde o final de Verão e continuando no Outono, os campos alentejanos adquirem muitas tonalidades de verdes. Que se prolongam pela Primavera. Atingindo a exuberância de cores garridas, marcantes em Abril e Maio.
As fotos que apresento são de 21 de Fevereiro deste ano. Andava a pandemia por aí à solta!
São vistas da Tapada das Freiras e do Chão da Pereira.
(Foi nestas Tapadas que decorreu, em 2017, parte do célebre evento designado de “O-Meeting”: um “Encontro de Orientação”. Extraordinário acontecimento!)
A 1ª foto, que titula o postal, é da Aldeia e alguns dos seus ícones: a Igreja Matriz, a Araucária de Norfolk, os telhados da Rua Larga.
As fotos que a seguem são de Árvores, em contextos de resistência e sobrevivência em enquadramentos adversos. Adquirindo posturas peculiares, de modo a resistirem às condições difíceis em que estão inseridas.
Uma azinheira e um sobreiro entre duas pedras, parecendo um torpedo!
Aroeiras também encasteladas entre pedregulhos
Oliveiras (Oliveira?), velhíssima(s), resiliente(s) a todas as intempéries da vida!
Uma azinheira, forçando a capacidade da rocha de granito onde teima em resistir! Há quanto tempo?! E por quanto tempo?!
Fotos de cabras e suas cabrioladas. Atualmente, ausentes da Tapada, há algum tempo, onde pontificavam reinantes e chocalheiras. Uma verdadeira orquestra, quando se deslocavam na pastagem! Estas fazem-se à foto!
Uma cabrada: no que mais gostam. Trepar às árvores!
Uma oliveira milenar, que adquiriu o molde artístico, que a foto documenta. No "Chão da Pereira".
Não resisto a publicar esta foto para terminar. Há sempre um final!
Já agora, Caro/a Leitor/a, saberá de que animal será esta caveira?!
A 1ª foto é de uma giesta florida, em toda sua explosão de amarelo.
São arbustos autóctones, que proliferam naturalmente por estes campos. Face ao contexto ambiental têm a particularidade de serem apreciadíssimas pelo gado: lanígero - ovelhas, e caprino - cabras.
Mesmo no final do Verão, as sementes são um maná para este gado. Havendo estes animais nos terrenos, desbastam-nas e assim controlam a respetiva propagação. Lembre-se do terreno que mostrei no anterior postal. Aqui não há sinais de gado e é pena! Como se observa também na imagem seguinte.
As antenas, rodeadas do pinheiral, que abunda excessivamente em toda a encosta.
Foto do matagal, um sobreiro e vislumbrando ao fundo, novamente a Cidade!
Sobreiro descortiçado em 2018.
Já agora... Sabe quando será novamente descortiçado?
Uma exótica, à beira do caminho! Não são muitas nestas encostas, apesar de tudo. São mais os pinheiros.
A Natureza sempre a renovar-se: um pequeno carvalho negral, novíssimo.
O pinheiral excessivo. A pedir um desbaste radical.
E terminamos, já no vale do Boi D’Água, com a imagem de um fetal.
Também autóctones, estes fetos. Neste vale, corre um ribeiro atrevido, perto há uma cascatinha que o ajuda no caudal sempre murmuroso, entoam sinfonias os rouxinóis, coadjuvados por melros, outras passaradas que desconheço nomes... e insetos.
Tenho hesitado na divulgação deste texto. Poético?! Não sei, embora tenha essa pretensão.
“Inspirado” na leitura de Alberto Caeiro e na minha própria experiência pessoal, parafraseando precisamente o “Guardador de Rebanhos”. Simples pretensão!
Escrito nos finais da década de setenta, inédito, atrevo-me a divulgá-lo, cumprindo um dos propósitos por que abri este blog. Dar a conhecer textos por mim escritos, originais, na sua maior parte já publicados noutros contextos e agora também alguns que ainda não o foram, até ao momento, em suportes de papel.
Este texto, em versos sem rima e de métrica não estruturada, é a primeira versão deste tema.
Já na década de oitenta escrevi uma versão rimada, dada a conhecer no blog em 03/12/2014.