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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Portalegre – Régio – Poesia

Estátua Régio lendo. Foto Original. 2021. 01. jpg

Está Régio, sentado… lendo. Perto, alguns dos seus ícones: livros, crucifixos…

“Evocação do Cinquentenário da Morte de José Régio”: É esse o leitmotiv do monumento escultórico, que a imagem documenta. Instalado perto da Casa Museu onde viveu e atualmente alberga o espólio das muitas coleções a que dedicou parte da sua vida.

Régio na Rua do Liceu. Foto Original. 2021. 01. jpg

Na Rua e no caminho que terá percorrido muitíssimas vezes, dirigindo-se ao Liceu de Portalegre, onde lecionou; na direção do centro da Cidade, aos cafés que frequentava. Indo e vindo, na sua vida, por aqui palmilhada vários anos. Foi bem escolhido o local para instalar a estátua.

Não poderemos dizer que a ideia seja cem por cento original. Deduzimos inspiração a partir da evocativa de Fernando Pessoa, instalada ao Chiado, em Lisboa. Mas isso também não é necessariamente relevante. Ademais, Pessoa e Régio foram contemporâneos, embora Pessoa fosse mais velho e tivesse morrido bem mais cedo. Régio era admirador de Pessoa e foi um dos primeiros divulgadores da respetiva Obra.

Não importa! Ou importa: Em Portalegre, porto ou porta…

Obra executada por Maria Leal da Costa e José Luís Hinchado, em mármore e ferro.

Régio lendo. Ícones Regianos. Foto Original. 2021. 01. jpg

É, todavia, relevante, frisar que este é um caminho a seguir pela Cidade. Valorizar a sua identidade como “Cidade de Régio”.

Institucionalizar a “Marca Régio: Portalegre – Cidade de Régio”.

Valorizar a Poesia – “PortalegreCidade de Poesia”!

(Todos estes Valores inerentes à Cultura, ao Turismo, atualmente estão algo adormecidos, com esta “coisa da Covid”. Mas atrás de tempos outros tempos virão. E sobrevirão outros e melhores tempos.)

E a propósito de tempos melhores, temos constatado que terrenos da Serra, em diversos locais, alguns bem dentro da Cidade, estão a ser limpos dos matos, das plantas infestantes. Estão fazendo limpezas, prevenindo e precavendo os fogos.

Muitíssimo bem. Aprovado. Parabéns! Foram assuntos que também abordámos e documentámos por diversas vezes no blogue. Voltarei a este tema.

Relativamente ao monumento, algumas dúvidas se me levantam. A escultura representa Régio ou um possível leitor de Régio?

E o que está o Personagem a ler?!

Ainda voltarei ao local, para observar melhor.

NATAL fora de moda!

 

POSTAIS de NATAL

de

APBP - Artistas Pintores com a Boca e o Pé

Caldas da Rainha

Rua Belchior de Matos nº 5 r/c Dto

 

Praticamente, hoje em dia, estará "fora de moda" o envio de Postais de Natal.

Com tantos recursos eletrónicos, sistemas on-line de envio de informações, poucas pessoas usarão tal meio de comunicar. Infelizmente!

Era muito gratificante escrever, enviar e receber estes lindos Postais Natalícios.

Por isso não resisto a divulgar alguns exemplares... 

É também uma forma de Solidariedade!

"A ESTRELA"

A Estrela P1226 original pintado com a boca por Johanna Gruszka

"ÁRVORE de NATAL"

Digitalização árvore natal 2. P1409, original pintado com o pé por Maria Goret Chagas

 "AMIZADE"

Feliz Natal.jpg

"NATAL às CORES"

Natal às Cores.jpg

"REFLEXOS DOURADOS"

Velas.jpg

"SOL DE INVERNO"

Sol de Inverno.jpg

"CORREIO DE NATAL"

Marco de correio.jpg

 

Então, de que está à espera?!

Escolha um exemplar, a Instituição tem muitos mais e mais artigos disponíveis, e envie um lindo Postal, escrito por si, a uma Pessoa que estime!

 

Pastor a Tempo Parcial

“Eu nunca guardei rebanhos

Mas é como se os guardasse.”

Alberto Caeiro

  

 Pastor a Tempo Parcial

 

Rebanho... Foto de F.M.C.L. (início anos 80)

 

Ovelhas, andei a guardá-las

Como se as não guardasse

No meio delas, a olhá-las

Não tardava me ausentasse.

 

Com elas falava, só falando

Gritava-lhes, estando calado

Ouvia-as, não as escutando

Festas fazia com o cajado.

 

Acariciava-as, magoando

Mandava o cão que não ia

Ou ia não o mandando

E, ao chamá-lo, fugia.

 

Ao vedar-lhes o trigal

Era certo que lá estavam.

Onde quer que fosse mal

Insistindo elas teimavam.

 

Se do fruto as separava um muro

Quantas vezes o galgavam.

E por um figo maduro

Corriam mal o cheiravam.

 

Era louca a correria

Ao cobiçado troféu.

Todo o rebanho fugia

E atrás dele ia eu.

 

Pequenos e fracos ficavam

Coxeando mais atrás

Pouco a pouco se atrasavam

Andando o que eram capaz.

  

Pela água ia tudo

Se fartando de beber.

Comendo figo ou embudo

Acabavam por morrer.

 

Morriam ovelhas, tal e qual

A Mestre de Filosofia

Que embude a cicuta é igual

Só que, à data, eu não sabia.

 

As ovelhas são assim

Sempre em rebanho.

Muitos homens, outrossim

São iguais, de igual tamanho.

 

À cabeçada, por vezes,

Lutavam duas ou mais.

E entre os cornos soezes

Sangue escorria demais.

 

Nove, dez horas, aquece

O sol quente de verão

Cada chocalho estremece

Na corna amarrada ao chão.

 

Em fila indiana indo

Sempre no mesmo carreiro,

Ao acarro vão seguindo

Na mesma azinheira ou sobreiro.

 

Primavera, erva e cheiros tantos

Dá gosto vê-las espalhadas

Aquecendo lanudos mantos

Pastando nas abrigadas.

 

De brancas ondas um mar

Na verdejante relva dispersas

Nas lombas, filhos a dormitar

Manchas brancas mais diversas.

 

Espelham reflexos de luz

Num verde "Mar da Palha"

Na erva que tanto as seduz

Tirá-las daí…Deus nos valha!

  

Era então que o sol

O fascínio da luz e da cor

Sinfonia de rãs, grilos e rouxinol

Das mil e uma ervas o odor…

 

Me afastavam do rebanho

Sem sair do meio dele.

O caminho era tamanho…

Partia, deixando a pele.

 

O apitar do comboio, ao longe

Era um convite à viagem.

Naquele deserto de monge

Seguia a minha miragem.

 

Uma águia esvoaçando

Meu passaporte assinava.

Era então, quando

Eu, com ela, voava.

 

Este poema, de inícios dos anos oitenta, é versão rimada de outro escrito em finais de setenta.

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