Adiafa de Poesia – 1986 (II)
Sala Experimental do Teatro D. Maria II – Lisboa - Portugal
«O momento mais divertido…
Vitor Perdigão (à esquerda) e Zé Manel protagonizaram o momento talvez mais divertido desta primeira série de sessões da adiafa. Enquanto Zé Manel se fez eco das preocupações do homem que busca um sentido para a vida, Vitor Perdigão assumiu uma visão mais superficial da existência. O confronto de opiniões deu origem a algumas respostas curiosas, revelando, sobretudo no seixalense, um feliz repentista. O frente-a-frente ocorreu na sexta-feira.»
In. Diário de Notícias, de 23/12/1986. Transcrição de parte da notícia sobre o acontecimento, citando Manuel Dias, Jornalista do referido Diário matutino e autor da reportagem.
(Este “momento mais divertido” terá sido assim como que uma espécie de dueto entre palhaço pobre e palhaço rico, digo eu, que não estive de fora para observar.
“Zé Manel”, um dos personagens desse dueto, era o pseudónimo que usava, à data, e sob cuja identidade publiquei alguns textos no DN Jovem, nesses meados da década de oitenta do século XX.)
Este texto do “momento mais divertido” é a legenda de uma foto do Jornal, em que no centro da fotografia está uma mesa com folhas A4, com vários poemas escritos. À direita da foto está “Zé Manel” e à esquerda estão João d’Ávila, o “condutor / promotor” das sessões e Vitor Perdigão, o outro interveniente do “confronto de opiniões”.
(Agora e olhando para a foto do Jornal e para os poemas na mesa e lembrando-me dos trabalhos poéticos que produzi, a partir dessa segunda metade de oitenta, e que continuei mais tarde, faltariam sobre as folhas com os poemas alguns dos que estruturei no enquadramento da Poesia Visual. Os designados “Pisa Poemas”. Fotos que ilustram o postal. Alguns destes trabalhos figuraram em exposições que realizei em 2018, na sede da APP e em 2019, na sede da SCALA.)
Interessante a ideia que o jornalista recolheu sobre a minha perspetiva face à Poesia.
“…Zé Manel se fez eco das preocupações do homem que busca um sentido para a vida…”
De facto, nessa época, muita da poesia que escrevia enquadrava-se nessa preocupação/perspetiva, nesse modo de encarar a realidade e a construção poética.
Muitos dos meus poemas, dessa data e alguns publicados no blogue, vão de encontro a esse foco existencial.
Atualmente, embora focado nesse desiderato, o olhar o Outro, a realidade que me cerca, nomeadamente a social, é um dos objetivos, uma das temáticas dos textos poéticos e de prosa que escrevo.
(Os nossos focos sobre a realidade vão mudando…)