Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Lançamento de Livro, em Portalegre: Hotel José Régio
Como divulguei, em postal anterior, no dia 19/07/2025, passado sábado, foi lançado o livro “Quadras Tradicionais”, de Deolinda Milhano. No Hotel José Régio, espaço original da Cidade de Portalegre, onde, nos últimos anos, têm sido apresentadas as sessões de “Momentos de Poesia”.
Parabéns e Muito Obrigado a todos os participantes, promotores, “construtores”, colaboradores, diretos e indiretos desta produção poética, deste evento cultural, que muito valoriza a Cidade.
Especial realce à sua Autora – Drª Deolinda Milhano – pois este trabalho envolveu anos de pesquisa, diversos locais, múltiplos participantes, recolha, organização, escrita, materializada e concretizada, no Livro, ora apresentado pelo seu Prefaciador – Professor João Ribeirinho Leal e pela própria.
“Quadras Tradicionais (e não só) Um Património a Preservar”; Edição de 2025; Capa de Joana Nunes; Paginação, Impressão e Acabamentos: Fortisgraf – Artes Gráficas, Lda. – Portalegre.
Sobre o Livro, nada como citar participantes diretos:
“…. Ao divagar pelas páginas deste livro senti bem perto e bem forte o pulsar do coração português e pude fazer uma curiosa e muito agradável viagem pelas colinas dum passado em simultâneo tão presente e tão distante…” 08-04-2025 – Professor João Ribeirinho Leal. (Citado do Prefácio: “Duas Breves Palavras” – pag.5)
“…As quadras tradicionais ou populares, são textos curtos e simples, tal como os provérbios, que por vezes dizem muito, mas a que não se presta grande valor, contudo elas reflectem sobremaneira a sociedade, essencialmente a rural. Têm a ver com o quotidiano. Elas ensinam, revelam valores e comportamentos. Trata-se de uma tradição muito antiga. A sua riqueza, tal como a dos provérbios, varia consoante a classe social originária. Podendo ser mais simples ou mais erudita. (…)” – Drª Deolinda Milhano. (Citado de “Introdução” – pag.7)
Voltando à apresentação do Livro. Gostei muito de estar presente e de ver muitas das Pessoas que enquadram “Momentos de Poesia”. Renovados Parabéns e Agradecimentos.
(Estranhei a não presença de Órgãos de Comunicação Regional. De ninguém representante do “Poder Local”! Embora também não ache primordial, todavia considero que, estes Eventos, pelo Valor que têm, merecem outra divulgação e relevância. É também o que se passa com a Poesia e sobremaneira a Poesia Tradicional!)
A publicação desta “Cantiga” é uma Homenagem a esta Srª Professora de Aldeia da Mata, que exerceu o Magistério Primário em Vila Viçosa, terra natal de Florbela Espanca.
Estes versos fazem parte de uma quadra, que transcrevo e que também figura no livro “De Altemira fiz um ramo”. E é também uma quadra de autor erudito e consagrado, que foi incorporada no Cancioneiro Tradicional. Neste caso, de António Nobre (Porto – 1867 – 1900), inserta no livro “Só – O Livro Mais Triste Que Há Em Portugal”, editado originalmente em 1892.
Consultei numa edição de “Publicações Anagrama, Lda” – Porto - “Colecção Clássicos Anagrama Nº 19”. Especificamente no capítulo “Entre Douro e Minho”, subcapítulo “Para as Raparigas de Coimbra…”, quadra 16, pag. 51. Reportam-se, segundo o Autor, a Coimbra, 1890.
(O livro que tenho na minha posse não menciona data de edição. Sei que o comprei em 06/06/84, numa Feira do Livro, em Lisboa, por 125$00!)
“Nossa Senhora faz meia / Com linha branca de luz: / O novelo é a Lua – Cheia, / As meias são pra Jesus”.
Foi-me reproduzida, por D. Maria Belo, esta quadra, de modo ligeiramente diferente, no decurso da pesquisa efetuada sobre quadras tradicionais / cantigas de Aldeia da Mata, já neste quarto lustro do séc. XXI. Que a terá aprendido na sua infância ou adolescência, anos trinta ou quarenta do séc. XX.
Como se terá processado a incorporação desta e outras quadras já referenciadas, de autores célebres e eruditos, no contexto e âmbito do Cancioneiro Tradicional? (Afonso Lopes Vieira, João de Deus, …)
Na net também pesquisei e é igualmente mencionado que esta quadra também já fora recolhida nos anos trinta, em Elvas. E também foi cantada por Tristão da Silva (1927 - 1978).
Posso conjeturar uma hipótese, plausível, todavia sem certezas.
Certeza, apenas que não terá sido pelos meios ultra modernos que atualmente conhecemos.
Então como terá essa e outras quadras chegado ao conhecimento de pessoas trabalhando no campo, com poucos conhecimentos académicos, com imensas dificuldades de acesso a meios de comunicação?!
A hipótese que formulo é que terão sido estudantes de Coimbra que, no seu regresso às respetivas localidades de proveniência, cantassem essas quadras que haviam aprendido ou lido destes autores célebres, eles também frequentadores das tertúlias coimbrãs, nos finais do séc. XIX, princípios do séc. XX. Por essas vilas, aldeias e cidades do interior, em finais de séc. XIX, princípios de séc. XX, havia estudantes, filhos de famílias mais endinheiradas que frequentavam Coimbra, fosse em Medicina ou cursos de Direito ou Letras. É apenas uma hipótese.
Ao frequentarem, porque certamente o fariam, os arraiais e os bailes nas suas aldeias e vilas, também participariam nos despiques e desafios com os jovens das suas idades. Deste modo cantando e dando a conhecer as novas cantigas que traziam da Cidade dos estudantes, que seriam assim transmitidas oralmente, de geração em geração, de terra em terra.
Outra hipótese de divulgação: poderão ter sido os caminheiros, pedintes, cegos, que percorriam o Portugal de antanho, de lés – a - lés, que fossem os divulgadores dessas cantigas. Poderiam!
Esta quadra também a encontrei glosada em quatro quadras, por Teresa de Jesus, em “A Nossa Antologia” – Vol. X – 2002 – APP – Associação Portuguesa de Poetas. Foi aliás a partir dessa consulta fortuita que tomei conhecimento da respetiva autoria, que confirmei posteriormente na net e em livro.
E esta foi mais uma achega às aprendizagens a partir do livro “De Altemira…”
E oportunidade para recordar este Poeta. Quando puder, faça favor de ler “SÓ”!
Pessoa Amiga (Drª Deolinda Milhano / “Momentos de Poesia” – Portalegre) chamou-me a atenção que duas quadras integradas neste livro que editei, enquadradas no capítulo “Cantigas da Prima Teresa” seriam de Autores conhecidos. De Afonso Lopes Vieira e de João de Deus.
Através da internet, consegui confirmar o facto. (Parabéns pela perspicácia! E Obrigado!)
“A palavra saudade / Aquele que a inventou / A primeira vez que a disse / Com certeza que chorou.” (pag. 53 “De altemira fiz um ramo…”)
Esta quadra é de autoria de Afonso Lopes Vieira. Confirmado, via net. Não sei a que livro pertence. Inclino-me para “Poeta Saudade” – 1903. Já procurei nos meus livros do ensino primário, mas não encontrei. Afonso Lopes Vieira é um dos Autores consagrados que mais figura nos antigos livros da primária.
“Quem teve a grande desgraça / De não aprender a ler / sabe só que se passa / No lugar onde estiver.” (pag. 59 “De altemira fiz um ramo…)
Da autoria de João de Deus. Também confirmado via net. João de Deus também é um dos Poetas consagrados que mais aparece nos mesmos livros da antiga primária. Mas não encontrei esta quadra nem sei a que livro pertencerá.
Mérito dos Autores, que sendo consagrados e eruditos, conseguiram ser igualmente populares.
A respetiva Poesia é popular tanto na sua génese, a montante, como igualmente a jusante, na sua divulgação: público - alvo. Para a sua construção, estes Poetas beberam na Poesia Tradicional, tanto na forma como no conteúdo.
Inspiraram-se no Cancioneiro Popular, poetando segundo os mesmos moldes, nos temas abordados e também pelo modo e como o fizeram formalmente. Daí a sua aproximação ao Povo, tornando-se muito populares e conhecidas as suas produções poéticas.
Por outro lado, também beneficiaram do facto de serem muito divulgados nos livros oficiais da escolaridade. Nos livros únicos e obrigatórios em que estudei, editados nos anos cinquenta e sessenta, Estado Novo, lá figuram estes dois Poetas com variada frequência.
Nos livros em que minha Mãe e Prima Teresa terão estudado, nas correspondentes Primárias, nos anos trinta, no início do Estado Novo, não sei se terão figurado, que ainda não consegui obter estes livros para consulta.
A quadra de A. L. Vieira já a localizei num livro deste Autor: “Onde a Terra se Acaba e o Mar Começa”, editado por António Manuel Couto Viana, Veja Editora, 1998.
Esta quadra tem duas versões. Para além da já transcrita, mais antiga, também figura uma segunda versão diferente nos dois últimos versos: “… /… / por ser palavra tão doce, / ia chorar, não chorou.”
Mérito também da Prima Teresa que sendo uma Poetisa Popular, não erudita, incorporou na sua narrativa, na sua Sabedoria, na sua Cultura, estas bonitas quadras de Poetas eruditos e consagrados.
Aliás, como muitas outras quadras destes e outros Autores, o Povo integrou-as no seu saber, no seu conhecimento, como refere o editor mencionado na obra citada e outros autores também.
As pessoas teriam ou não consciência da respetiva autoria, aliás provavelmente pouco lhes importaria tal facto. Era mais uma das “cantigas” a fazer parte do reportório do respetivo “cantante”, que a utilizaria quando precisasse nos bailes e arraiais em que participasse.
Sede – Rua Américo de Jesus Fernandes 16 A – Olivais LISBOA
28 de Abril (Domingo) – 2019 – 15h
Conforme previsto, realizou-se ontem, dia vinte e oito, a Tertúlia de final do mês, da APP – Associação Portuguesa de Poetas, na Sede, aos Olivais – Rua Américo de Jesus Fernandes – 16 A - Lisboa.
Como habitualmente, Poetas e Poetisas presentes disseram Poesia!
Nesta Tertúlia, inicialmente e de forma muito gratificante para mim, a Poesia dita e até cantada, consta do livro “De Altemira fiz um ramo…”, que foi apresentado nessa tarde de “Domingo de Pascoela”, precisamente nesse enquadramento, conforme tenho feito questão: divulgar o livro e a “Poesia Tradicional”, no âmbito dos grupos poéticos em que participo, enquanto sócio.
Na sede daSCALA – Almada; no âmbito do CNAP, no Centro de Dia de S. Sebastião da Pedreira e domingo, enquadrado nas atividades da APP. O lançamento fora a 30 de Dezembro, em Aldeia da Mata, na sede da Junta de Freguesia, como só poderia ser.
Gostei! Gostei muito! Parabéns e muito Obrigado à Associação. Parabéns e muito Obrigado à Direção da APP, que disponibilizou a logística ao lançamento e respetiva divulgação. Parabéns e muito Obrigado aos sócios, que tiveram a amabilidade e a possibilidade de estarem presentes. Muitíssimo Obrigado aos que, simpaticamente, se aprontaram para lerem e até cantarem quadras simples, despretensiosas, mas ricas de conteúdo e filosofia de Vida! Obrigadíssimo ainda mais aos que puderam contribuir para a concretização deste Projeto, adquirindo um exemplar de “… Versos e prosas da Aldeia”.
No respeitante a livros de minha autoria, talvez até uma próxima oportunidade, quem sabe?!... Num futuro, porque não publicar um livro com as minhas poesias?! “O Futuro, a Deus pertence…”
Que, no Presente, irei continuando a participar nas Tertúlias… Sempre que puder!
E nessa tarde, também cada um de nós teve oportunidade de “Dizer Poesia”, de sua autoria ou de outros Poetas de sua estima. E também cantar. Os que têm essa maestria. Parabéns e muito Obrigado a todos e a cada um!
E Viva a APP, recentemente aniversariante. E Viva a Poesia!