CAMINHADAS
CAMINHADAS
Pouco a pouco, os Sonhos são quimeras
Arredados nos Caminhos percorridos em Outrora.
No tecido da urbe que habitamos
Os passos do presente registamos
Deixando sempre outros caminhos
Passos, ruas, por correr…
Entramos em casas, nunca em todas
Qu’impossível se torna estar em todas.
Saímos, fechando algumas portas
Que abertas, ficar deviam. Todas!
Mas nem sempre podem.
Vai havendo sempre novas portas
Para abrir.
Enquanto conseguimos.
E portas há que nunca abrimos
Fechadas “ab aeterno” pelos Deuses.
Mas cada vez mais quedados em nossas casas
Quando não no nosso quarto, já sem asas
Cada vez mais em si mesmo dados.
Por vezes nos achamos em becos sem saída
Ou em quartos sem janela
Nesta cidade cada vez menos construída
Para nós, Homens, vivermos nela.
Resta-nos rasgar paredes e, nelas
Inscrever o Sol, a Luz, o Mar de barcas – belas
O Tempo das calmarias sem procelas.
Sabendo que mais fácil é dizê-lo
Do que, todavia, será fazê-lo.
Marca-nos sempre ao Longe termos
O Campo Santo que a Natureza
Povoou d’esguias árvores apontando
O Céu, o Astro, o Sol, a Vida!
E, enfim, os olhos descansaremos
Nessa imensidão Sem Fim, do Mundo!
Escrito em1986.
Publicado: Revista “Família Cristã”, rubrica “Lugar aos Novos”, Fev. 1987.
"A Nossa Antologia" - APP - XIII Vol. 2006