Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Ontem, sábado, dia 2 de Janeiro, a RTP2 brindou-nos com mais um dos seus excelentes documentários, no cumprimento da sua função de “serviço público”.
Não sei porque este conceito não deveria ser aplicado a todas as televisões, mesmo às “designadas privadas”, que maioritariamente só produzem esterco das “quintas” e “caixas de segredos”… Adelante… que se faz tarde!
Este documentário com o título de “O Caminho de Ferro Impossível”, centrando-se na designada “Linha do Douro”, que do Porto seguia a Barca de Alva, em território português e, posteriormente, através de La Fregeneda, seguia para Salamanca e por essas “Espanhas” até à Europa. Analisando o assunto em diferentes perspetivas, com múltiplos e esclarecidos interlocutores, abordando e mostrando dificuldades, mas sugerindo, quiçá equacionando, também possíveis aberturas e soluções…
Uma parte desse trajeto está desativada, desde finais dos anos oitenta, nomeadamente do Pocinho até Barca de Alva. Bem como desativada está a parcela que percorre paralela ao Rio Águeda, na margem direita, já em Espanha e que seguiria para a Cidade Salamantina.
Muitos agentes sociais, de natureza pública e privada, almejam a reabertura da totalidade da linha, pelo menos para fins turísticos, embora alguns dos intervenientes também vislumbrem outras possibilidades de exploração rentável.
Toda a Linha do Douro é um trajeto espetacular, especialmente quando serpenteia paralela ao Rio ou o atravessa nas suas majestosas pontes do século XIX.
Nos finais de setenta, julgo que em 1979, fiz todo percurso até Barca de Alva, ainda de comboio, para ver as amendoeiras floridas. É um passeio extraordinário! Foi da estação de Barca de Alva que trouxe a primeira amoreira que plantei no “Vale”, de uns ramos que cortei de uma árvore existente no cais da estação, enquanto esperava o comboio de regresso novamente ao Porto.
Mais tarde, já neste milénio, fizemos o trajeto do Douro, mas de barco, do Porto a Régua, com regresso de comboio, na mencionada Linha. Oportunidade de perspetivar a beleza da Região Duriense sob dois prismas complementares.
Não conheço o trajeto de Barca de Alva até Salamanca. Mas pelo que se mostrou no documentário e se pode pesquisar na net é igualmente pujante de força e beleza.
Trajeto esse que o conceituado “Jacinto”, do romance “A Cidade e as Serras”, de Eça de Queirós, percorreu, quando de Paris regressou à sua Tormes ancestral, certamente nos anos noventa do século XIX. Nessa altura especialmente preocupado com o extravio das malas…
E, de regresso ao passado e à Escola, ainda alguém se lembra do nome das Linhas de Caminho de Ferro, que aprendíamos nos anos sessenta?! E as Linhas de Trás-os-Montes…!
E ainda nas memórias… e de memória. Foi também numa Linha de Trás-os-Montes que ainda fiz uma viagem em comboio a vapor. Da Régua até Chaves. Linha do Corgo. Em 1974, ou por aí.
Voltando à Linha do Douro e aos comboios. Durante muitos anos viajei de comboio, já falei neste blogue várias vezes sobre comboios e sou um aficionado de comboios!
E, como muita gente mais sabedora do assunto que eu, também acho que foi um erro grave que neste, como em outros países, se tenha desinvestido, (propositadamente!) neste meio de transporte, que podia ser todo eletrificado e, portanto, usando energia mais limpa. (Em Portugal esse desinvestimento ocorreu principalmente a partir das décadas de setenta/oitenta do século XX.)
Os interesses das petrolíferas, e de todas as empresas a montante e jusante, assim determinaram!
E vejam-se as Guerras que continuam a ser travadas nos países nevrálgicos na extração petrolífera! Atente-se nessa situação!
Mas voltando à Linha do Douro.
Será ou não possível reativar a totalidade da Linha?! Nem que seja fundamentalmente para fins turísticos. Mas também há quem defenda para outros fins…
Desejável e imprescindível, é!
E com o potencial que tem toda aquela Região, que inclui não só Portugal, mas também Espanha. Abrangendo desde ao Porto, pelo menos até Salamanca. E por essas Espanhas e Europa.
Se em finais do século XIX, com os meios e tecnologia da época, com dois países independentes e separados politicamente, foi possível construir-se aquela obra de engenharia, não será atualmente, hoje, friso, possível recuperá-la?!
Haja Vontade de o fazer.
Que há todo um potencial enorme naquele espaço geográfico e cultural!
Entidades públicas e privadas; portuguesas e espanholas e europeias; nacionais, regionais e transnacionais, dos poderes centrais e locais, que se unam face a um Projeto Global.
Buscando financiamentos, inclusive através dos cidadãos. Uma mobilização, publicitação, marketing, merchandising, nacional, transnacional, global, desde que devidamente fundamentados e cimentados na “Confiança”, despertaria muitos apoios.
Bem sei que o “confiar” nas instituições e grandes projetos anda muito em baixo…
Mas que é urgente, imperioso, indispensável, fundamental, que se recupere aquela e outras Linhas, lá isso é!
Sim. O Benfica ganhou. No campo do adversário, a uma equipa como o Sporting, no estádio José Alvalade, empatar, e fazê-lo como foi feito e quando foi feito, é ganhar. Ganhou, pelo menos ganhou um ponto!
Parabéns Jardel! Parabéns Benfica!
Infelizmente, também ganhou o F. C. do Porto. Ganhou dois pontos relativamente a cada uma das equipas: Sporting e Benfica.
*******
Já que me aventurei a fazer esta pequena abordagem sobre futebol, aproveito para deixar uma questão em aberto…
Faz algum sentido o fanatismo relativamente ao futebol?!
Aliás, faz algum sentido o fanatismo relativamente ao que quer que seja?!
Nos mais diferentes campos, nas mais diversas interações sociais, o fanatismo tem levado às maiores loucuras cometidas pelo ser humano.
Mas ainda neste campo do futebol, qual o sentido da fanática loucura de alguns adeptos?! Seja qual for a sua equipa, existem em todas as equipas e em todas as sociedades e países e provavelmente na maioria dos desportos… Para que serve?! Hipoteticamente para aliviar frustrações… Talvez! Quando esse “fanatismo” é espontâneo, não quando organizado…
Mas analise-se, veja-se só e apenas a composição do plantel de ambas as equipas, estas duas como exemplo, porque são paradigmáticas. Observe-se a nacionalidade de cada jogador. A grande maioria é de cidadãos estrangeiros. Não que esse aspeto, não serem nacionais, per si, tenha algum problema, bem pelo contrário. Vivemos num mundo à escala global e também muitos portugueses jogam e muitos exercem outras profissões no estrangeiro.
E o mesmo se passaria se fossem todos nacionais!
Nesta época, estes jogadores estão no Benfica, estão no Sporting…
Onde estiveram em épocas anteriores?! Onde estarão na próxima época?! O que os move?! O que os liga a esta ou outra equipa?! O amor à camisola?! A afiliação ao clube?! A ligação à terra onde está sediado o clube?! A amizade aos colegas da equipa?! A adulação dos adeptos?! O respeito e consideração pelos sócios do clube?! Tantas perguntas que podem ser formuladas. …? …? …?
Na altura em que a formulámos ainda os media estavam ofuscados pelo brilho do Ouro da Bola...
Entretanto a dúvida que nos suscitava a questão foi respondida. Os orgãos de comunicação social acabaram por responder...
Se isso nos preocupava?!... Se isso nos interessava?!... Se isso nos dizia respeito?!... ?!... ... ...
Intrigou-nos a situação, que nos levou a formular a pergunta. Verdadeiramente pretendíamos também "despertar" leitores e leituras... Sem querer parecer imodesto, há já alguma temática neste blog que merece ser lida! E comentada! É sempre importante termos algum "retorno" sobre o que escrevemos...
Mas não foi por isso que estivémos estes dias sem "postar".
Pois então...
Depois deste interregno de alguns dias, voltamos a divulgar Poesia.
E uma linda fotografia, inédita e original!
Viagem…
De uma jovem para o futuro!
… … …
No seu ombro, encosto e recosto
A menina que fui.
Projecto e sonho
Outros sonhos que me fazem ser árvore da vida
Gaivota voando
Planando sobre o mar.
Na hora dos afectos, outros afectos e sentimentos…
Se cruzam nas estradas e caminhos
Que quero percorrer.
No meu navio
É o mastro que me falta
A bússola que me norteia.
Chegou a hora de largar amarras
Lançar-me a navegar…
Mas, sempre, tendo o seu porto
de afectos
onde me abrigar.
Escrito em 2006/07.
Publicado em: X Antologia do Círculo Nacional D’Arte e Poesia, 2009.
“Hoje, dia 14 de Dezembro de 2014, vamos divulgar um poema que já anda para ser publicado há algumas semanas.
Teria que ser publicado em domingo, de preferência em Novembro e com sol, porque futebol há sempre!
Conviria ser também em dia de “Clássico”, preferencialmente o Benfica a jogar em casa.
Com tantas premissas e restrições, nunca mais calhava o dia!
Chegou hoje.
É Domingo, não me parece que haja sol, há futebol e os dois grandes a jogarem. Só que o Benfica não joga na condição de visitado, pois vai ao Porto. Não há, hoje, um Benfica Porto, mas sim um Porto Benfica!
No “Clássico” que o poema indiretamente evoca, o Benfica ganhou por 3 -1. E também venceu o campeonato, ficando o Porto em 2º lugar.
Pois o que desejamos é que a história se repita hoje, 14/12/14. Que o Benfica vença no Dragão e que ganhe o campeonato!
Segue o poema…”
O texto anterior foi escrito no sábado, 13/12/14, à noite, para ser publicado no domingo de manhã. Só que a Vida, por vezes, “prega-nos partidas” inesperadas e, por isso, só hoje, 3ª feira, volto a ter possibilidade de “pegar” no computador.
De modo que o poema mantem-se. O enquadramento explicativo é que é diferente.
O que era prognóstico e desejo passou a ser uma certeza.
O Benfica ganhou, no estádio do Dragão e também com um diferencial de dois golos. Continua a liderar, agora com seis pontos de avanço relativamente aos segundos classificados.
Que assim continue e no final do campeonato se repita o facto de 1982/83: O Benfica a vencer o campeonato!
Divulga-se então o poema:
“BARRETES”
“Domingo de Futebol”
Hoje é domingo…
E cheio de sol.
Lisboa é linda
Pois que ainda
Tem futebol.
Muitos barretes
E cachecóis.
Peúgas soquetes
Dos apanhados
Apaixonados
Dos futebóis.
Que barretes enfia
Somente quem quer.
Azuis ou vermelhos
Ou outro qualquer
Novos ou velhos…
Dão ilusão
Espontânea alegria
A quem os enfia.
Homem ou mulher
Criança ou adulto
Integram num culto
Na mesma irmandade
Da fraternidade.
E quem na cidade
De qualquer idade
Solitário entre gente
Que não conhece…
Se os vê de repente
Logo lhe apetece
Travar amizade
Com outro alguém
Também zé-ninguém
Da mesma irmandade.
Notas:
- Poema escrito em 14/11/1982, em Lisboa, num domingo de sol, em dia de Benfica - Porto.
Publicado em: Boletim Cultural nº42, do Círculo Nacional D’Arte e Poesia, Junho 1996.