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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Fontes de Aldeia

Passeios e Passeatas (V)

Fonte do Salto

Fonte do Salto. Foto original. 2021.07.11.jpg

Fonte da Bica

Fonte da Bica. Foto original. 2021.07.09.jpg

Fonte do Boneco

Fonte do Boneco. Foto Original. 2021.07.09.jpg

Fonte de Alter

Fonte de Alter. Foto Original. 2021.07.09. jpg

Fonte da Ordem

Fonte da Ordem. Foto original. 2021.07.09.jpg

Fonte das Pulhas

Fonte das Pulhas. Foto original. 2021.07.08.jpg

Duas Quadras de João Guerreiro da Purificação 

Quadras do Srº João. Foto original. 2021.07.08.jpg

As Fontes estão ou não bonitas? Convidam a passeios e passeatas.

(Parabéns e Obrigado a todos que contribuíram para tal.)

E as Quadras?! Bem bonitas também e com bons conselhos.

 

Quadras Tradicionais IV - “Cantigas” de Amor e Desamor!

“São saias, meu bem, são saias…”

 

Preâmbulo:

Voltamos, no blogue, à Poesia.

À Poesia popular e tradicional.

 

Malva Rosa - Foto original DAPL 2016.jpg

 

“São saias, meu bem, são saias

São saias que andam na moda

Cautela-te amor, não caias

Que as saias não têm roda.

 

Gosto de ouvir cantar

Moças da fala toeira

Quando chegam aos arraiais

São as que ganham bandeira

 

Amar e saber amar

Amar e saber a quem

Amar a luz dos teus olhos

Não ter amor a mais ninguém.

 

Janelas avarandadas

Mora lá algum doutor

No caminho me disseram

Que era a mãe do meu amor.

 

Ó minha mãe, minha mãe

Ó minha mãe, minha amada

Quem tem uma mãe tem tudo

Quem não tem mãe não tem nada.

 

Eu gosto de ti, não sei

Não sei se isto é gostar

Sei que me sinto feliz

Quando te ouço falar.

 

Foste dizer ao meu pai

Que eu andava a namorar

O meu pai te respondeu

Que a inveja faz falar.

 

Foste dizer mal de mim

Ao rapaz que me namora

Se muito me queria antes

Muito mais me quer agora.

 

Malva rosa, malva rosa

Malva rosa sem ter pé

Quem te disse, ó malva rosa

Que o meu amor era José.

 

Maria, Isabel e Ana

Rosa, Teresa, Rosalina

Júlia, Josefa, Damásia

Antónia, Bernarda, Jaquina.

 

Francisco, por ti me arrisco

Por ti perco o meu valor

Se foras padre Francisco

Eras o meu confessor.”

 

 

NOTAS:

Estas quadras ou “cantigas” populares eram cantadas nos bailes e arraiais de Aldeia da Mata, nos anos quarenta, ainda nos anos cinquenta, do século XX, pelas raparigas, segundo a “moda e o estilo das saias”.

Os arraiais eram no meio da rua: Largo do Terreiro; no “Santo António”, perto da Cruz; à porta da Ti Rosa Bela.

Havia pessoas que cantavam muito bem: a Joaquina Amélia, a prima Rufina também cantava bem e, noutro tempo, também a Ti Natália cantava muito bem.

Nos arraiais habitualmente só se cantava. Umas cantavam melhor, outras pior.

Também cantavam ao desafio.

 

Os bailes eram feitos nos salões.

Nos salões eram fundamentalmente os tocadores de concertina que estruturavam os bailes.

Os salões que havia nessa época eram:

O Salão Martinho – era na Estrada Nova.

O Salão Trindade – era na Rua da Travessinha.

Nos bailes nos salões também se cantavam estas “cantigas”, nos intervalos em que descansava o tocador.

 

Havia também a “Sociedade”, que era para os “Mestres” e para as raparigas convidadas, era para as pessoas “consideradas mais finas”.

Na Sociedade também tocavam a grafonola.

 

E também se faziam bailes nas casas particulares, a que iam tocadores de harmónio.

Na Aldeia, os tocadores de harmónio, na época, eram: o Mestre Alfredo, o Ti Joaquim Branco, o Ti “Chanfana”.

 

Estas quadras, “cantigas”, eram fundamentalmente cantadas pelas raparigas, embora algumas pudessem ser cantadas indiferentemente por rapazes e raparigas.

Os rapazes cantavam outras.

E também cantavam ao desafio.

O Srº Manuel Mendes também cantava muito bem.

 

As raparigas também cantavam estas quadras / “cantigas”, quando andavam a trabalhar, tanto no campo, como em casa. E mesmo sem se estar a trabalhar, estando a conviver.

No campo: na azeitona, na monda, nas desfolhadas. E no caminho da ida e volta do trabalho também se cantava.

 

Toda esta recolha de “cantigas”, bem como estas informações, foram prestadas por D. Maria Belo Caldeira (04/11/1928).

 

Foto original de D.A.P.L. – “Malva Rosa” – 2016.

Quadras Tradicionais III

“Quadras e Santos Populares”

  

artemísia in. es.minitu.com

 

“De altemira fiz um ramo

De alfazema bem composto

O Amor que agora amo

Foi escolhido ao meu gosto.”

 

“Santo António é a treze

São João a vinte e quatro

São Pedro a vinte e nove

Santa Isabel no cabo.”

 

“São João perdeu a capa

No caminho do estudo

Juntaram-se as moças todas

Compraram-lhe uma de veludo.”

 

“São Pedro é um velhinho

Homem de muito juízo

Foi a quem Deus entregou

As chaves do Paraíso.”

 

“No altar de Santo António

Estão umas fitas amarelas

Santo António subiu ao Céu

A pedir pelas donzelas.”

 

“Orvalhadas, orvalhadas

Orvalheiras, orvalheiras

São João subiu ao Céu

A pedir pelas solteiras.”

 

“No altar de São Pedro estão

Umas fitas encarnadas

São Pedro subiu ao Céu

A pedir pelas casadas.”

 

“Santo António é uma cana

São João uma bandeira

São Pedro por ser velhinho

Senta-se numa cadeira.”

 

“Oh, meu rico Santo António

Um favor lhe quero pedir

Mande umas pinguinhas de água

Para o milho não dormir.”

 

“São João para ver as moças

Fez uma fonte de prata

As moças não vão lá

São João todo se mata.”

 

“São Pedro adormeceu

No colo da sua tia

Acorda, Pedro acorda

Que amanhã é o teu dia.”

 

“Nossa Senhora faz meia

A linha é feita de Luz

O novelo é Lua Cheia

As meias são para Jesus.”

 

Notas:

1 - Haveria múltiplas e diversas considerações que seria interessante explanar sobre estas “Quadras Populares”. Neste post apenas pretendo registá-las, documentando-as e dando-as a conhecer, ou recordar, para quem eventualmente já conheça.

2 – “Altemira” é a designação “tradicional”, na Aldeia, da planta artemísia.

3 – A recolha destas “Quadras Tradicionais” foi da competência de D. Maria Belo Caldeira, Aldeia da Mata, 2015/2016.

4 - A foto foi retirada de "es.minutu.com". Tentarei arranjar uma foto original, para partilhar também na net, como muitas, noutros posts.

Consulte também, SFF.

Quadras Tradicionais I

Neste mês dos Santos Populares e, hoje dia 13 de Junho, Dia de Stº António, divulgamos umas quadras populares, de tradição alentejana, algumas certamente de caráter nacional.

Cantar-se-iam nos bailes, nos anos quarenta...

E porque, hoje, também é Dia de CANTE...

coco_preto. in: afabricadoschapeus.jpg

 

Quadras Populares

 

Da minha janela à tua

É um saltinho de cobra

Quem me dera chamar

À tua mãe minha sogra.

 

Chapéu preto desabado

Faz figura de ladrão

Ainda nunca me encontraste

A roubar teu coração.

 

Chapéu preto não se usa

Quem o tem não é ninguém

O que há–de o meu bem fazer

Ao chapéu preto que tem.

 

Já lá vai, já acabou

O tempo em que eu te amava

Tinha olhos e não via

Na cegueira que eu andava.

 

Minha mãe é minha amiga

Amiga de me compor

Põe-me o lenço na cabeça

Vai à missa, linda flor.

 

O coração mais os olhos

São dois amigos leais

Quando o coração está triste

Logo os olhos dão sinais.

 

Tu andas por aí dizendo

Que o meu rosto não tem graça

Também eu me posso gabar

Que te dei uma cabaça.

 

Teu pai, tua mãe não quer

Que eu contigo à porta fale

Queres tu amor, mais eu

Que o falar deles não vale.

 

 

Quadras recolhidas por D. Maria Belo, Aldeia da Mata, 2014.

Publicado em Jornal "A MENSAGEM" 2015.

Boletim Cultural de "Mensageiro da Poesia" Nº 135 - Jul. / Ago. 2016

 

 

P.S. - Não sei se ainda hoje volto a escrever sobre "Crime e Castigo"

Consultar também:

quadras-almada-santos-populares

sete-quadras-soltas-

poesias-mata-aldeia-e-encanto-saudade 

encontro-de-cantares-alentejanos

Quadras Tradicionais VI

Cantigas de Oito Pontos - Amor pra Toda a Vida!

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