Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
(As visualizações ocorreram praticamente só no dia do destaque.)
Neste mês de Junho, mês dos “Santos Populares”, a rubrica Quadras Tradicionais III teve 562 visualizações. Este conjunto de quadras versam precisamente essa temática.
Associadas também as “Quadras Tradicionais I” = 45.
As rubricas que têm visualizações mais ou menos regulares, figuram também.
Ilustrado com fotos de “Altemira”, do quintal. Fotos originais, para compensar quando publiquei o postal das Quadras Tradicionais III não ter utilizado fotos minhas, que não tinha, nem sabia tirar fotos, à data.
A foto que utilizei foi retirada da net. Se reparar na flor, verá que é “singela”, apenas tem um conjunto de pétalas formando a corola. As que apresento hoje são compostas: várias pétalas constituindo a corola.
Resultam estas “cantigas” de uma recolha efetuada em 1982! Tenho-as manuscritas, com as palavras na forma como me foram ditas oralmente. Nesta transcrição escrevo-as respeitando a ortografia atual.
Continuamos deste modo a homenagear a Poesia, a Poesia Tradicional e os seus Autores, cuja origem se perde na memória dos tempos. Fica o registo dos seus transmissores, desconhecendo eu completamente se seriam originais, mas julgo que não.
(A Srª Catarina Matono também me relatou vários contos tradicionais, que tenho manuscritos.)
1 – Estas cantigas foram recolhidas por uma Senhora de Aldeia da Mata, neste Outono de 2016, e que nos pediu o favor de não divulgarmos o respetivo nome.
2 – Como pode verificar, já vamos no sexto conjunto de “QuadrasTradicionais” e temos vindo a alargar o leque das respetivas Fontes.
3 – A Senhora designou-as precisamente por “Cantigas ao Desafio”, conforme de facto o eram. Subintitulei-as como “Cantigas de Amizade”. Porque elas são um Hino à Amizade!
Uma memória dos que ainda estão connosco e lembrança dos que já se ausentaram. Que para esses também se reporta a nossa estima e recordação.
4 – Estas são tipicamente de “Cantigas ao Desafio” e a respetiva sequência, organizada pela Senhora, induz-nos precisamente nessa metodologia de cantar.
Quando os grupos das raparigas e de rapazes cantavam, fosse nos arraiais, nos bailes, em lazer; ou no trabalho, nos ranchos das azeitonadas ou noutras atividades campestres, quando os trabalhos eram quase totalmente manuais. Também nas idas e vindas para e do campo, nos trabalhos diversos, conforme já mencionei em “Quadras Tradicionais IV”.
5 – A 1ª “cantiga” é original da mencionada Senhora, como forma de introduzir o “Desafio” com D. Maria Belo, em quem se inspirou.
6 – Da nona “cantiga” / quadra, D. Maria Belo apresentou-nos uma outra versão. Situação corrente nestas “cantigas”, em que, por vezes, são apresentadas versões ligeiramente diferentes, conforme também constatámos na Revista “A Tradição”.
*
“Vai de roda, cantem todos
Cada um, sua cantiga
Primeiro é a do rapaz
Segundo a da rapariga.”
7 - E, para finalizar, espero que tenha gostado!
8 – Mais uma vez, ilustro com uma foto original de D.A.P.L., obtida no “nosso quintal”, em 2015.
Estas quadras ou “cantigas” populares eram cantadas nos bailes e arraiais de Aldeia da Mata, nos anos quarenta, ainda nos anos cinquenta, do século XX, pelas raparigas, segundo a “moda e o estilo das saias”.
Os arraiais eram no meio da rua: Largo do Terreiro; no “Santo António”, perto da Cruz; à porta da Ti Rosa Bela.
Havia pessoas que cantavam muito bem: a Joaquina Amélia, a prima Rufina também cantava bem e, noutro tempo, também a Ti Natália cantava muito bem.
Nos arraiais habitualmente só se cantava. Umas cantavam melhor, outras pior.
Também cantavam ao desafio.
Os bailes eram feitos nos salões.
Nos salões eram fundamentalmente os tocadores de concertina que estruturavam os bailes.
Os salões que havia nessa época eram:
O Salão Martinho – era na Estrada Nova.
O Salão Trindade – era na Rua da Travessinha.
Nos bailes nos salões também se cantavam estas “cantigas”, nos intervalos em que descansava o tocador.
Havia também a “Sociedade”, que era para os “Mestres” e para as raparigas convidadas, era para as pessoas “consideradas mais finas”.
Na Sociedade também tocavam a grafonola.
E também se faziam bailes nas casas particulares, a que iam tocadores de harmónio.
Na Aldeia, os tocadores de harmónio, na época, eram: o Mestre Alfredo, o Ti Joaquim Branco, o Ti “Chanfana”.
Estas quadras, “cantigas”, eram fundamentalmente cantadas pelas raparigas, embora algumas pudessem ser cantadas indiferentemente por rapazes e raparigas.
Os rapazes cantavam outras.
E também cantavam ao desafio.
O Srº Manuel Mendes também cantava muito bem.
As raparigas também cantavam estas quadras / “cantigas”, quando andavam a trabalhar, tanto no campo, como em casa. E mesmo sem se estar a trabalhar, estando a conviver.
No campo: na azeitona, na monda, nas desfolhadas. E no caminho da ida e volta do trabalho também se cantava.
Toda esta recolha de “cantigas”, bem como estas informações, foram prestadas por D. Maria Belo Caldeira (04/11/1928).
1 - Haveria múltiplas e diversas considerações que seria interessante explanar sobre estas “Quadras Populares”. Neste post apenas pretendo registá-las, documentando-as e dando-as a conhecer, ou recordar, para quem eventualmente já conheça.
2 – “Altemira” é a designação “tradicional”, na Aldeia, da planta artemísia.
3 – A recolha destas “Quadras Tradicionais” foi da competência de D. Maria Belo Caldeira, Aldeia da Mata, 2015/2016.
4 - A foto foi retirada de "es.minutu.com". Tentarei arranjar uma foto original, para partilhar também na net, como muitas, noutros posts.
Neste "Post" evocativo do “Dia da Mãe”, que importa se ainda publicado em Abril, se os “Dias da Mãe” são todos os dias?!
É ele constituído por “Quadras Tradicionais”, e Fotos Originais, e dedicado a todas as Mães, sendo ou não biológicas. A todas as Mães de Afeto.
À nossa Mãe, à Mãe dos nossos filhos e filhas, à Mãe da nossa Mãe, à Mãe da Mãe dos nossos filhos e filhas, às Mães de todos e de cada um de nós. Às Mães ainda presentes e às Mães a que nos lembra o travo doce e amargo da Saudade!