Riscos... e Rabiscos
Riscos … E rabiscos
Caem estrelas, das mãos duma criança
Flores semeia numa folha d’esperança
Com o lápis assenta o bico duro…
Brotam rabiscos desenhados no futuro.
Arado lavra a folha de papel…
Um mar suave pintado sem pincel.
Emergem riscos projetados nesse mar
Neles, p’rá criança, golfinhos a nadar.
Mais além… Rabisca outros traços
Talvez nós, talvez laços
Enleados em baraços.
Mas não! Não há qualquer confusão!
Ladrando, aqui, está um cão.
Ali e acolá, em branco… espaços…
Mas logo, logo já… Nestas linhas, nestes maços
Estão meninos aos abraços.
E, nesta garatuja… Antes que nos fuja…
Um gatinho a miar
Mais longe… num céu aberto
Pombinhos a voar.
Um xi-coração
Uma festa, um afago…
Tudo risco, nada apago
Deste afeto que te trago
Em cada traço, cada risco
Garatuja e rabisco
Traçado p’la minha mão!
Publicado em:
Boletim Cultural Nº __do Círculo Nacional D'Arte e Poesia, Junho 2002.
“A NOSSA ANTOLOGIA” – Associação Portuguesa de Poetas, XI Volume, 2003