Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Escrever num "blog" é ou acaba por ser uma forma de interagir com a própria realidade e as notícias veiculadas pelos "media". Apesar de haver temas que, propositadamente, prefiro "ignorar". Por enquanto...
Contudo, relativamente ao futebol, não posso deixar de tecer um brevíssimo comentário a estas notícias...
É sempre uma forma de falar de Cidadania.
Eis as notícias...
“ Jorge Jesus vai ser treinador do Sporting. ” In: www.dn.pt/
" 'Ultimate Champions' - Barça rejeita que Figo alinhe pela sua equipa de 'estrelas' "
In: www.noticiasaominuto.com
.. Reforçando o que já tenho dito noutros "posts".
Faz algum sentido a alienação, nomeadamente face ao futebol?!
Relativamente à 2ª notícia, não posso deixar de frisar que o “fair-play” fica bem a qualquer desportista, a qualquer dirigente, a qualquer adepto…
Muito melhor fica a uma equipa com o gabarito que tem o BARCELONA, um dos conjuntos futebolísticos por quem, aliás, nutro preferências, bem como pela cidade condal, sobre a qual irei escrever um “post” muito em breve.
Tenho plena consciência que a rivalidade entre o Futebol Clube de Barcelona e o Real Madrid está muitíssimo além do futebol. Não se compara em nada com a rivalidade Benfica – Sporting.
É uma “rivalidade” que entronca a sua matriz no conceito de identidade nacional inerente a Barcelona, à Catalunha, à nação catalã. De que o futebol é uma “montra” e de que durante dezenas de anos, por ex. no decurso da ditadura franquista, foi das poucas ou nenhumas manifestações possíveis de afirmação identitária.
Contudo, querer que um jogador estrangeiro, neste caso o supracitado português, tenha que obedecer aos preceitos da nação catalã, num mundo globalizado como o atual, acho que é exagerado. Se fosse um jogador catalão, formado nas escolas do clube, até compreenderia.
No fundo e tão somente o jogador não fez mais do que aplicar a máxima do futebol atual.
Foi atrás do dinheiro. Ou não?!
$$$$$$$
Daí o epíteto que ganhou…
“Aceitá-lo”, como membro da equipa a que realmente pertenceu e para cujos sucessos também contribuiu, só enobreceria ainda mais o Barcelona. Ou não?!
Tanto mais, agora, com o que se passa na FIFA! Ou também terá a ver com isso?!
P.S.
Ainda sobre o "football" e sobre um outro craque da bola que ainda por aí na praia da B. B., célebre artista francesa de cinema dos sixties, não o big brother... chamo a atenção para o sentido figurado do subtítulo do post que também sublinho:
Ao escrever num blog, ainda que fazendo-o da forma peculiar como o faço, um pouco arredio do “modus operandi” deste contexto comunicacional, não posso deixar de, por vezes, “interferir” nesse mesmo enquadramento de comunicação e refletir ou opinar sobre acontecimentos mais ou menos mediáticos, de caráter universalista e global.
E haverá assunto mais universal e global que o futebol e especificamente quando se trata do jogador Cristiano Ronaldo?!
Daí que não posso deixar de comentar a seguinte notícia:
“O Real Madrid está disposto a deixar sair Cristiano Ronaldo no final da época. A direção liderada por Florentino Pérez já deu indicação a Jorge Mendes, agente do jogador, para começar a tratar da venda, mas nunca por menos de 100 milhões de euros.” (…)
Não posso deixar de frisar. Chocante, não?!
Não só pelo valor numérico. 100.000.000 de euros!! São muitos zeros à direita de cem.
Mas pela situação, em si mesma.
À VENDA!!! Uma Pessoa à venda, pois é suposto que de uma Pessoa se trata, que é posta à venda como se de uma mercadoria qualquer se tratasse.
Bem sei, que não é uma qualquer mercadoria.
Mas o sujeito em questão é posto à venda pelo clube a que pertence, através do seu presidente de direção que transmitiu essa intenção ao intermediário das vendas. Como se fosse um produto, de alto valor diga-se, mas um objeto de uso, que deixa de interessar. Para todos os efeitos é disso que a venda trata.
O facto de a futura e provável transação envolver pelo menos cem milhões de euros, valor de troca, deixa de ser a venda e compra de uma pessoa? Um “dono” que vende e outro que irá comprar?
O facto de envolver uma organização importante, neste caso, um clube de nomeada, deixa de ser uma pessoa, representante de uma empresa, a vender outra pessoa sobre a qual tem posse, tem direitos de propriedade?!
Como se designa uma estrutura social em que pessoas são donas de outras pessoas?! Tem um nome não tem?! (…)
Bem sei que no futebol é assim que funciona “grosso modo”, que os jogadores assinam contratos, que tomam decisões, têm agentes é certo, mas em última instância são os próprios que decidem, mas de quem é o “passe”?!
Qual o contexto de autonomia que tem o jogador na tomada de decisão?
Os clubes têm ou não “direitos de propriedade” sobre os jogadores?!
É um contrato negocial inter-pares em plano de igualdade e reciprocidade ou os clubes têm efetivamente o direito de “posse” sobre os jogadores?
Será que o modelo negocial e funcional do futebol não poderá comportar uma estrutura mais civilizacional, mais democrática, menos a lembrar modelos de sociedades ancestrais em que homens eram donos de outros homens?! Quicá!
– Não deve ser fácil a um qualquer jogador de renome e valor mundial viver a permanente pressão a que está sujeito, não só no contexto de execução das suas funções, o jogo em si mesmo, o desporto propriamente dito, com todas as acutilâncias que o definem, mas todo o enquadramento social, mediático, todas as vivências associadas e os reflexos que têm no jogador enquanto ser humano, pessoa com todas as suas forças e fraquezas…
Em que medida a ida da “partenaire” se terá refletido no rapaz? E vê-la e sabê-la, que os media estão sempre a comentar, já “noutra onda”, que reflexos teve no seu mar?!
Enquanto durou o “affaire”, ganharam ambos, mas não venha ela dizer que não “cresceu” profissionalmente através da “ligação” que manteve com o “craque”…
Mas tudo isto são “fait-divers”… Mas, por vezes, também temos que “entrar nestas ondas”.
Ronaldo sempre ganhou a 3ª Bola de Ouro. Amplamente merecida esta distinção!
A mesma emoção de sempre, o mesmo apego à Família. Nos agradecimentos, o afeto demonstrado pela Mãe e pelo Filho. A lembrança do Pai!
A mesma ambição: quer ganhar a 4ª Bola e igualar Messi! Despique perfeitamente assumido.
Realçou e agradeceu às equipas a que pertence, o Real, a Seleção, os portugueses, o treinador, os colegas. Sem a equipa, no futebol, nada feito. Nunca será demais realçar e agradecer aos colegas das equipas, sem eles, por melhor que seja o jogador, individualmente nada fará!
Fiquei contente por ver que o atleta também “dá a cara” por Causas Nobres: Ele e outros atletas “Todos Juntos contra o ébola!”. Certamente estará envolvido noutras Causas.
Algumas trivialidades:
Irina não compareceu, nem o futebolista a incluiu nos agradecimentos!
Não entendi o grito final! Anda a ver muitos filmes de “cobóios”?
Para que servem aqueles brincos?
Ah, não beijou a Bola, pelo menos na transmissão apresentada, não vi.
(Lembrando Artur Agostinho a relatar os golos, nos anos 60!)
Parabéns?!
Então, mas Ronaldo já ganhou o 3º título de “Melhor Jogador do Mundo”?! A 3ª Bola de Ouro?!
Não! Não ganhou ainda. Mas merece ganhar.
Não só pelo seu desempenho no ano transato:
Nº de golos marcados na Liga Espanhola e na Liga dos Campeões, em ambas foi o melhor marcador; melhor marcador nos campeonatos europeus.
Conquista da Liga dos Campeões, Supertaça Europeia, Supertaça de Espanha.
Melhor jogador para UEFA e para BBC…
Bem sei que o Mundial, foi o que foi… Mas como ele próprio comentou: “não pode carregar a seleção às costas!”
Mas também e principalmente pela sua postura como atleta e como trabalhador. Sim, porque um futebolista para o ser a um nível de excelência, tem que trabalhar muito, no seu ofício, já se vê.
Tem qualidades de génio futebolístico, que terão nascido com ele, mas neste futebolista e atleta há um grande trabalho, treino, esforço, empenho, dedicação, motivação, que vêm desde miúdo. Segundo relato dos diversos treinadores, é um atleta que nunca se nega a treinar. Ele, enquanto atleta, é o resultado de todos estes fatores, intrínsecos, inatos, mas também o resultado de todo o seu esforço e dedicação a uma causa que para ele é nobre.
Pelas suas qualidades, pelo seu exemplo, sou fã deste jogador português, apesar de ter muitos detratores.
Tal como sou fã de Mourinho, apesar de tudo…
São ambos orgulhosos, mas orgulham-nos a todos de serem portugueses.
Voltando a Ronaldo que é uma figura de projeção mundial, um ícone à escala planetária, um modelo para milhões e milhões de jovens de todo o Mundo, de muitíssimos “deserdados de fortuna”, jovens a viverem no “limiar da pobreza”, muitos em condições sub-humanas, em regiões de permanente conflito, em locais sem esperança, para quem ele representa uma aspiração, um sonho, um ideal, a imagem de uma vida melhor, talvez inatingível, mas que os ajuda a viver, alimentando, idealizando esse sonho, que os faça sair do pesadelo em que vivem no seu dia-a-dia, nem que seja apenas por fugazes imagens de um jogo de futebol, um cartaz do futebolista, ou do jovem com um novo modelo de penteado e um fato completo do melhor corte.
Permite-lhes sonhar, nem que seja apenas isso! Sonhar! Sonhar que um dia poderão ser como ele, aspirar à posse de bens, estatuto, dignidade de vida a que todos os seres humanos têm direito, para quem tem pouco ou quase nada!
E é aqui neste plano que a análise também tem que ser situada.
RONALDO é inequivocamente um modelo e um exemplo. Como futebolista e como trabalhador. E este aspeto é relevante: frisar que, para se conseguir sucesso em qualquer atividade que se desempenhe, é preciso trabalhar! Aí ele não defrauda os seus seguidores. Tem sucesso, mas trabalha! É exemplar e modelar!
Sendo genial, no que faz. O que nem todos conseguimos ser, claro!
Tendo ele aquela pose glamourosa, é um manancial para a publicidade. Futebol é negócio, de milhões, de biliões, na escala e no patamar em que ele desempenha o seu “métier”. Por isso é supra solicitado para “emprestar” a sua imagem e pessoa para campanhas publicitárias, com mais ou menos bom gosto, mas certamente de acutilante recorte financeiro.
Promove originais penteados, que qualquer adolescente pode concretizar, até valorizar com mais criatividade, sentindo-se na pele do modelo; divulga fatos de excelente corte e marca, não tão acessíveis como “um corte de cabelo à Ronaldo”, mas pelo menos haverá imitações mais ou menos semelhantes pelas mais diversas feiras terceiro mundistas, em qualquer dos Mundos, no 1º , no 2º ou no 3º. Não sei se existe quarto!
Participa até em campanhas de publicidade enganosa, certamente bastante compensatórias. Mas neste contexto não tinha a mínima obrigação de saber ou vislumbrar o que se passava por detrás do espelho. Fez o seu trabalho, mais a Dona Inércia e fizeram-no bem feito. Certamente foram no logro como todos os cidadãos nacionais e estrangeiros que compraram o produto que eles anunciavam!
Outras pessoas bem mais relevantes no contexto nacional também participaram nessa promoção!... E essas sim tinham a obrigação e o dever de saber o que se passava, por detrás dos biombos, dos espelhos, dos cortinados… Ou não sabiam. E é grave! Ou sabiam e mesmo assim jogaram esse jogo… E, nesse caso, é gravíssimo! Mas isso são outros rosários…
Voltando ao facto de Ronaldo ser um modelo que tem uma projeção mediática universal, ser um exemplo para tantos “deserdados deste mundo” e que, à sua maneira, também o ajudam a ser quem ele é, a ser o que é e ter a importância que tem, não seria também relevante que, enquanto ser humano de referência planetária, ele “desse a cara” por CAUSAS de índole mais altruísta, mais solidárias, como por exemplo na “Promoção da PAZ” ou da SOLIDARIEDADE entre os Povos?!
Há tantos conflitos em que crianças e jovens são trucidados estupidamente… E há Instituições que procuram a promoção da Paz, pela inter-relação, entreajuda, comunhão de esforços entre as partes envolvidas. Não só entre quem promove, faz, executa a guerra, mas principalmente entre quem a sofre em cada um dos lados da barricada e quem realmente sente no dia-a-dia como a guerra é inútil e não leva a fim nenhum…
No conflito israelo palestino há instituições que procuram promover a Paz, socorrendo-se por ex. da Música e até do Futebol, envolvendo crianças e jovens, no sentido de “Construir a Paz de raíz”. Haverá muitas mais que desconheço.
Porque não “emprestar” o Ronaldo todo o seu carisma, o seu glamour, o seu “poder” mediático a CAUSAS e INSTITUIÇÕES deste tipo?!
Ele, com a ajuda de pessoas influentes e mais sabedoras que eu e com o apoio da sua Família, saberá certamente escolher.
Agora que se vai aproximando o “final de carreira”, que tenha ainda muitos sucessos, mas não seria de pensar nisso? Pode fazer toda a diferença. Embaixador de Boa Vontade, por ex. Eu sei, lá!
Provavelmente estarei a pecar, porque Ronaldo ajuda certamente causas e instituições de diferentes formas, de forma monetária ou de outras maneiras, seguindo o preceito cristão de “dar com uma das mãos de modo que a outra não saiba” e, por isso, essas ações não são nem têm que ser noticiadas.
Mas eu estou-me a referir a situações em que a publicidade, a imagem, o mediatismo são importantes e podem fazer toda a diferença pelo impacto que podem ter!
Um simples sugestão para quem nunca irá ler este texto!