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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

"O Lugar das Árvores Tristes"

Livro de Lénia Rufino, romance, 1ª edição – Manuscrito - Lisboa – Março 2021

Cedro no Vale. Foto original. 2021.02.19.jpg

O título reporta-nos para um dos locais que temos mais certos na nossa Vida. As árvores, como dedos apontando para o céu, são marcantes e identitárias do espaço, pelo menos em Portugal.

Nas imagens elucidativas, ilustrando o postal, não tendo nenhuma foto específica, optei por utilizar fotos de cedros, plantas que eu próprio semeei e plantei no Chão e no Vale. Para aí nos anos noventa. (Mas, com estes particulares, estou-me desviando do essencial.)

Cedro, visto de perto, no Vale. Foto Original. 2021.04.02.jpg

A ação da narrativa decorre no Alentejo Norte, em duas pequenas povoações, uma mais um lugarejo, outra, um pouco maior. Nos anos de 1992, tempo presente na narrativa e 1968, tempo pretérito.

As personagens principais?

Isabel, jovem estudante de dezoito anos, inquiridora, pesquisadora, “perguntadeira”, querendo obter respostas sobre pessoas da localidade, já falecidas, nomeadamente sobre as respetivas mortes, que a intrigavam sobremaneira. (Esta personagem funciona, de certo modo, como alter-ego da Escritora?)

A mãe de Isabel, Lurdes, alvo primordial das perguntas da filha. Ela será mesmo a personagem principal. Ao não responder, ou fazê-lo por evasivas, ou desviar o assunto e o rumo da conversa, só aumentava a curiosidade e o interesse de Isabel.

Esta sua curiosidade e perspicácia policial levaram-na a equacionar a possibilidade da mãe, Lurdes, ter um diário. Daí a procurá-lo, foi um ápice.

Encontrá-lo-ia no sótão da casa, entre papéis velhos e fotos.

E a partir da respetiva leitura, clandestina, todo um desenrolar de um ou diversos novelos sobre a vida da mãe, enquanto jovem e o seu modo de ser e de estar como adulta, vieram à superfície e conhecimento de Isabel. E também possíveis respostas ou pelo menos suposições, para as mortes inexplicáveis de algumas pessoas da localidade e que tanto intrigavam a jovem.

 

Nós, enquanto leitores, somos levados nesta inquietação de Isabel e, com ela, queremos também descortinar e esclarecer os segredos que aquele diário revela e os mistérios que pairam sobre mortes e vidas de algumas pessoas das localidades.

 

Outro personagem, também crucial no desenrolar do enredo, é Monsenhor Alípio: pároco nas duas localidades, cujos nomes desconhecemos. Primeiramente, na localidade mais lugarejo, nos anos sessenta, onde Lurdes nascera e vivera na infância e na primeira adolescência. E nos anos noventa, na segunda localidade, onde decorre a narrativa no tempo presente, onde passou a viver Lurdes a partir dos catorze anos, onde casou e lhe nasceram as duas filhas, Isabel, a mais nova e Luísa, a mais velha.

Ele, personagem enigmática e de poder, em ambas as aldeias, funciona como contraponto de toda a vida de Lurdes e do desenrolar da ação e enredo.

 

(Não vou contar a história, que não sou escritor, nem narrador.)

 

Mas, digo ainda, que Lurdes teve outro filho resultado de uma violação aos catorze anos. Violação, crime, a que Monsenhor assistiu, mas não interveio. Esse filho foi-lhe retirado por Monsenhor, que o enviou a criar por uma irmã, para os lados de Viseu. Mais velho que as duas meias-irmãs, estudará no Porto.

 

Este livro lê-se com muitíssimo agrado, envolve-nos na narrativa e queremos obter respostas para as dúvidas e questões da jovem.

 

Um livro nos moldes tão atuais: funcionará como uma saga. Digo eu, que não falei com a Escritora.

Surgirá outro volume, assim espero. E, nele, Isabel procurará encontrar o irmão, chamado João, em homenagem a João Tordo, mentor da escritora Lénia. É ela que o diz, nos “Agradecimentos”.

E esclarecerá quem foi o violador de Lurdes?!

Provavelmente, sim!

E Caro/a Leitor/a, se, por acaso, teve oportunidade de ler a narrativa, quem acha que foi?!

Na minha opinião foi uma pessoa de poder! Quem?! Tenho uma suposição, mas não a divulgo.

Muita coisa fica por contar.

Um último reparo, que pensara escrever inicialmente. Esta é uma obra de ficção, como refere a Escritora.

 

Azinhaga Poço Cães. Araucária. Igreja e adro. Foto Original. 2021.05.22.jpg

Parabéns à Escritora, a Si, Caro/a Leitor/a e Boas Leituras!

Outras Leituras:

"A Casa Grande de Romarigães"

"O Meu Pé de Laranja Lima"

"Tieta do Agreste"

Ai, as nossas "fezes"!

De Altemira...

“A Casa Grande de Romarigães” – Aquilino Ribeiro

Caro/a Leitor/a: Aventure-se na Natureza “Aquiliniana”!

Abrótea. Foto Original. 2021. 04. jpg

Das quase duzentas e cinquenta páginas deste livro, escolhi este pequeno excerto ou naco de prosa, para entusiasmar o/a Leitor/a no desbravar deste Romance(?). O Autor não quis propriamente considerá-lo desse modo. Talvez uma Crónica Romanceada, direi eu!

Carvalho negral. Foto original. 2021. 04. jpg

«… Do pinhão, que um pé-de-vento arrancou ao dormitório da pinha-mãe, e da bolota, que a ave deixou cair no solo, repetido o acto mil vezes, gerou-se a floresta. Acudiram os pássaros, os insectos, os roedores de toda a ordem a povoá-la. No seu solo abrigado e gordo nasceram as ervas, cuja semente bóia nos céus ou espera à tez dos pousios a vez de germinar. De permeio desabrocharam cardos, que são a flor da amargura, e a abrótea, a diabelha, o esfondílio, flores humildes, por isso mesmo troféus de vitória. Vieram os lobos, os javalis, os zagaias com os gados, a infinita criação rusticana. Faltava o senhor, meio fidalgo, meio patriarca, à moda do tempo.

Ora, certa manhã de Outono…

Um homem atravessou por ali, e não foi pequeno o seu pasmo. …»

In. "A Casa Grande de Romarigães" – Aquilino Ribeiro – Círculo de Leitores, Lda. (pag.12) - Clássicos da Língua Portuguesa - 2ª Edição – 7500 exemplares – Nov./1978.

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(Adquiri o livro, em Jan.1979, através do Círculo, de que era sócio na altura, por 195$00. Li-o por essa data, 79/80, e este ano, entusiasmado pelo “Guia das Aves de Aquilino Ribeiro, voltei a lê-lo, num ápice, nestes meados primaveris de Abril!

Vou voltar a relê-lo, aliás já recomecei, pois que ainda quero escrever um pouco mais sobre o mesmo.

Aquilino, 1885 – 1963, e esta Obra, são fundamentais. Foi escrito em 1957, tinha o Autor 72 anos.)

Carvalhal. Foto Original. 2021. 04. jpg

Com este Livro e este rico pedaço de Natureza escrita e descrita por este Mestre da Literatura Portuguesa, de certo modo, fazemos a ligação ao que vínhamos escrevinhando sobre a riqueza natural que nos cerca. Agora nesta escrita sublime, tão naturalmente genesíaca e riquíssima de verbo, da paisagem campestre, como a deste Ribeiro.

É sempre bom termos Dicionário à mão. A net, hoje, facilita-nos completamente o trabalho, pois nos proporciona a imagem. Eu, que tanto me interesso por plantas, socorri-me destes meios, para decifrar: abrótea, diabelha, esfondílio. Que cardo conhecia!

Afinal, as outras três também, que são plantas por demais correntes, de que tenho fotos, pelo menos da abrótea.

E é ela que ilustra o postal, juntamente com um carvalhal, que é essa uma das florestas que as bolotas criam. Outras serão os montados de sobros: azinhais e sobreirais. Ou os carrascais!

Sobreiral e cabras sapadoras. Foto Original. 2021. 04. jpg

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P.S. – As fotos deste postal, como da grande maioria dos anteriores, são Originais!

Foram tiradas, neste Abril, nas faldas da Serra de São Mamede.

 

Tieta do Agreste - Pastora de Cabras

Ou a Volta da Filha Pródiga, Melodramático Folhetim em Cinco Sensacionais Episódios e Comovente Epílogo: Emoção e Suspense!

Tieta. in. estantevirtual.com.br. jpg

Jorge Amado

Editora Record – 2ª Edição – 20/8/77

Capa de Carlos Bastos

Ilustrações de Calasans Neto

Retrato do autor por Flávio de Carvalho

Foto do autor por Zélia Amado.

 

Comprei o exemplar que tenho, numa Feira do Livro de Lisboa, em 6/6/80, há 40 anos! Li-o nessa data. Mais tarde, vi a novela que passou na TV portuguesa - (89 / 90).

Agora, resolvi voltar a lê- lo. Apenas comecei. Mas interessante (!), ao fazê-lo e imaginar as personagens, associo aos artistas que lhes deram corpo na novela, de que gostei muito, aliás.

Betty Faria na personagem principal, Tieta; a célebre Perpétua, representada por Joana Fomm e assim por diante.

Questiono-me: Quando li pela primeira vez, antes da novela, como imaginaria as personagens?! Será que as associava às de Gabriela que já vira em 77?! (Mistério… como diria Dona Milu.)

 

Jorge Amado (1912 - 2001) é, de entre os escritores brasileiros, aquele de que mais tenho lido. Certamente será dos mais conhecidos, mercê também da sua divulgação através dos audiovisuais: televisão, cinema.

Além do supracitado, também Gabriela…, duas apresentações novelísticas, e também cinema; Dona Flor… Mar Morto… pelo menos estes de que me lembro.

No caso de Gabriela… considero que o livro e as duas novelas subsequentes são três obras artísticas ricas e peculiarmente diferenciadas, embora partindo do mesmo universo narrativo. Não sei de qual delas mais gostei. Se ler, se visualizar as tramas novelísticas!

 

Voltando ao Escritor. Cidadão envolvido social e politicamente na vida do seu país, apesar da trama narrativa dos livros mais emblemáticos se situar geográfica e culturalmente no universo do seu Nordeste / Baía – Região do Cacau, consegue transpor nos seus personagens os sentimentos universais do Ser Humano.

Partindo dum contexto muito particular, alcança a universalidade no conteúdo da sua trama narrativa. Também gosto, na sua escrita, como transparece o sentimento geral do Amor e a luminosidade otimista da Vida de um país cheio de sol!

 

(Livro escrito em português do Brasil, frise-se, com quase 600 páginas.

No final da sua narração, o Autor, após registar “FIM”, escreve: “Bahia, Londres, Bahia – 1976 / 1977”.

Quer dizer que o escreveu no período da ditadura militar: 1964 - 1985.

Havia Portugal saído há pouco da sua dita dura e, aliás o Autor refere isso logo no início pag. 16: “… ninguém sabe o que pode acontecer no dia de amanhã, recente, aí está, o exemplo de Portugal, quem poderia prever?”

Também já Chico Buarque editara “Tanto Mar” – 1975 - e cantava: “Sei que estás em festa, pá / …”

Esta 2ª edição fora de 50.000 exemplares – A 1ª, de 120.000, datada de 3/8/77. Distribuição: Centro do Livro Brasileiro, Lda)

 

Divulgados todos estes dados o melhor é recomeçar a ler.

 

Mas antes e ainda, referir que a ação decorre “… nos idos de 1965 – data tão próxima, ainda ontem, parecendo contudo distante passado ante as transformações do mundo; …” (pag. 333)

 

E também, que Jorge Amado, após conclusão da escola primária, em Ilhéus, aos 10 anos, vai estudar para Salvador de Baía, como interno no Colégio António Vieira… de onde foge. (Esta informação tem a ver com a atualidade de ontem em Portugal!)

Imagem: in. https://www.estantevirtual.com.br

Ai, as nossas “fezes”!

“E se eu gostasse muito de morrer”

Rui Cardoso Martins

Romance – Publicações Dom Quixote – 2006 – 1ª edição

Fotografia original 2015.jpg

 

Momentos de Poesia” de Julho foi subordinado à divulgação de um Autor Portalegrense atual, Rui Cardoso Martins, que nesse contexto tive oportunidade de conhecer pessoalmente. Sabia da sua existência, apesar da imagem mental que tinha dele ser a de outra pessoa das “Produções Fictícias”. Situação, aliás, que reportei ao próprio. Também não é devidamente conhecido e valorizado na Cidade, como merece. Frise-se!

Posteriormente a “Momentos”, na net, pude aprofundar sobre o Autor. E pude constatar do seu valor.

Entretanto na “Nun´Alvares” comprei o livro “E se eu gostasse muito de morrer”. Que já li e estou a reler. Muitíssimo interessante. Todo o Portalegrense, todo o Alentejano deveria ler! E não só! Porque é um livro universal.

Lê-se muitíssimo bem, dada a forma como as várias narrativas se entrelaçam. Seguir as várias histórias num livro tão impregnado da Cidade foi uma experiência única!

Fotografia original 2018.jpg

 

Conhecendo os espaços da ação, como tão bem conheço, vários dos enquadramentos tantas vezes e por vários anos calcorreados por mim, foi um modo de ler e fruir a leitura com maior envolvência.

Vários dos locais vêm identificados pelo nome próprio (colégio, hospital, seminário, praceta de Camões, plátano do Rossio, castelo, sé, paço do bispo, algumas ruas também…)

Outros foram batizados com outros nomes, o que a partir de certa fase da leitura, o meu modo de integração do processo de compreensão do que ia lendo, foi escrever, por cima, o nome exato do local. (Café Cortiça / Tarro, Rua Directa / Direita, Assentados / Assentos, Penhasco / Penha, Senfim / Bonfim, Porta da Defeza / Devesa, tasca do Marchito / Marchão, Av. João XXI / Pio XII, …Café do Centro / Central, Corredor / Corredoura, Rua dos Canastros / Canastreiros, Ribeira da Lixeira / Lixosa, …)

 

Os factos narrados, vários são por demais conhecidos, alguns bem na memória de muito boa gente, outros ter-se-ão desvanecido com o tempo. Não conheço todas as situações, aliás questiono-me se terão todos, um fundo de verdade…?

 

Os / As personagens, melhor, as pessoas reportadas no romance, algumas também com os nomes ligeiramente alterados, outros / outras com o nome próprio. Alguns identifico, a maioria, não…

 

Saliento desde já, que acho que neste livro o Autor homenageia bem por demais a Cidade! Presta um grande tributo à sua vivência nesta Cidade Transtagana. Apresenta de modo peculiar, talvez até um pouco descontraído, as nossas tragédias, melhor a nossa tragédia máxima, que é a Morte, a única e acutilante certeza com que nascemos. E que a todos os seres humanos coloca em pé de igualdade. “Ninguém cá fica!”

Apesar da temática, a narrativa não é relatada de forma mórbida. Há muito sentido de humor, ironia por demais, até graça, no relato dos acontecimentos. Tão peculiar esta nossa forma alentejana de encararmos as vicissitudes do Destino! …As nossas “fezes”…

 

E por “sorte macaca”, caso o Autor viesse a dar continuidade a esses relatos de mortes violentas e trágicas, várias ocorreram na Cidade, após o término da ação transcrita no romance. Fatalidades! Todavia… “… Não devemos perder a capacidade de nos rirmos de nós próprios…” p.115. Cito!

 

Faça favor de ler! (Contudo, atrevo-me a vaticinar que muitíssima boa gente torcerá o nariz ao livro.) Atreva-se! Ouse, que é inteligente! Irá divertir-se, tenho a certeza!

 

“HOSPITAL REAL” (Síntese) Série de Television de Galicia

Série de Television de Galicia

Transmitida na RTP2

15 Episódios: De  1 a 18 de Setembro de 2015

 

máscara in youtube.com

 

Terminou recentemente, 6ª feira passada, esta excelente Série de “Television de Galicia” que a RTP2, em boa hora, resolveu adquirir. Aliás, na sequência de outras séries europeias que vem transmitindo, desde 2014 e com as quais me comecei a “prender”, a partir de “BORGEN”.

Sobre estas obras fui escrevendo alguns posts, sobre que fui notando o agrado crescente das Pessoas que têm a amabilidade de visitar o blogue. Assim também me fui entusiasmando na escrita e, após Agosto, em que apenas coloquei dois posts, em Setembro procurei responder ao crescente interesse constatado, colocando textos maioritariamente sobre a Série supra citada, mas também diversificando outros temas.

Obrigado a todos os Visitantes e Visualizadores, pelo estímulo e desafio a que me incentivaram.

 

E, agora e sob a forma de síntese, registaria alguns aspetos relevantes desta série, que me fizeram ficar “pegado” ao écran durante estas três semanas e ainda escrever textos comentando os episódios.

 

Par romântico in betafilm.com

 

A saber:

 

- O facto de ser uma série histórica.

 

- No respeitante a História, enquadrar-se numa época de grandes mudanças na sociedade europeia. O final do Antigo Regime, a eclosão da Revolução Francesa e o mais que virá, caso a série continue.

- Cuidado nessa reconstituição, embora não saiba muito sobre o assunto, mas o vestuário; os temas abordados tanto na medicina como na ciência; os objetos utilizados pelos médicos e enfermeiras, as plantas usadas na botica; o papel e transformações nas classes sociais; as problemáticas na Igreja e os vários posicionamentos relativos dos vários intervenientes, por vezes até contraditórios e contrários à própria essência do cristianismo; a Santa Inquisição.

A intencionalidade em ir-nos situando no tempo narrativo, referência à decapitação de Luís XVI, à declaração de guerra da Espanha a França. E, até no tempo meteorológico. Talvez nem sempre se reparasse, mas quando a narrativa foi avançando e já se estava na Primavera, após a declaração de guerra, quando apresentavam exteriores, tinham o cuidado de mostrar flores, aves a chilrear e saltitar nos arbustos.

 

- A ação decorrer em Santiago de Compostela.

 

- Os temas, o texto e os diálogos. Eram sugestivos e ricos.

Valores, atitudes e comportamentos da época e possibilidade de comparar com a atualidade, constatar mudanças ou verificar persistências.

Preconceitos e tabus, versus surgimento de novas ideias e problemáticas.

A estruturação classista da época, papéis sociais, funcionais e profissionais bem definidos. A estruturação sexista da sociedade.

 

- A representação. Os atores fizeram um ótimo trabalho individual e resultaram muito bem no plano coletivo.

 

- O enredo romanesco. Não posso de deixar de frisar o romance entre os protagonistas, Daniel e Olalha; o par engraçado que formaram Cristobal e Rosália. O Amor de Dom Andrés por Dona Irene.

 

- A intriga, a luta pelo Poder dos vários interessados. As alianças táticas que foram estruturando. Os conluios que foram congeminando.

 

- O mistério dos assassinatos que se vai desvendando, em termos de narrativa, embora não tenham chegado a conclusões finais, mas que para o espetador foi revelado mais cedo, quando Duarte retirou a máscara, após assassinar o Padre Damião.

Mas, e lá vou eu com opiniões, se só tivessem revelado quando ele matou o fidalgo, Dom Leopoldo, ter-se-ia ficado mais tempo na dúvida e consequente expetativa.

 

A estruturação da narração e desenrolar do enredo, como se de uma partida de xadrez se tratasse, sugestão que o narrador formula num diálogo entre Mendonza e Elvira.

 

- A caraterização das personagens através das ações que vão executando e como também vão evoluindo, mudando até na sequenciação temporal e também conforme o contexto e a contracenação.

Destaco mais especialmente Duarte, que foi ganhando protagonismo.

Dona Elvira que se foi afundando, tal qual a classe que simboliza.

…   … …

- O enquadramento num perfil psicológico e de personalidade, personagens que nos vão revelando princípios, valores, atitudes caracterizadoras, agindo nos seus comportamentos em função desses princípios. Os seus conflitos interiores, os seus dilemas, ... 

 

Contudo, acho que se esta série fosse produzida por outros canais televisivos com muitos mais recursos, teria sido tecnicamente muito mais enriquecida.

Veja-se que nos exteriores não há utilização de quaisquer outros meios que não os humanos.

Estando-se em guerra ou em vias disso, não há qualquer sinal, para além da presença de três atores, vestidos de soldados. Não há cavalos, coches, canhões… Não circula qualquer veículo de transporte. A explosão foi filmada como se estivesse a ver-se ao longe…   …

Mas cada um faz o que pode, com o que tem e, nesse aspeto, o trabalho de Television de Galicia foi excecional, sob todos os pontos de vista.

 

E como não tenho a pretensão de esgotar o assunto, diga-nos também a sua opinião sobre o que reteve como síntese da Série. Se faz favor!

 

Ah! E por último: Seria de todo importante que a RTP2 pensasse numa reposição desta série, como está a fazer com Borgen!

Concorda comigo?

16º Episódio

 

"Hospital Real" - Episódio 7

 

Série da RTP2

3ª Feira – 8 de Setembro

 

org.wikipedia.pt.jpg

 

E o “assalto” ao Hospital Real já se equaciona às claras, não se subentende apenas...

 

O Alcaide e os seus apaniguados, reunidos no Clube só para homens, congeminam o ataque e definem estratégias e objetivos. Tomar conta do Hospital em duas frentes.

Economicamente, através de um fornecedor de víveres, que seja da sua confiança, alguém comandado por eles e que certamente já terão escolhido. Daí o assassinato do marido de Dona Irene, e das agressões e ameaças que lhe têm sido movidas, de modo a afastá-la dessa função.

Política e administrativamente, controlarem o Conselho do Hospital através da colocação de um elemento do grupo conspirador nesse mesmo órgão de decisão da Instituição. Presumo que o Alcaide, por inerência das funções exercidas na Cidade, já faça parte desse mesmo órgão decisor.

 

Paralelamente, os elementos do Clero também planeiam, verbalizam e expõem esse mesmo objetivo. Colocar o reverendo Somoza, inquisidor, nesse mesmo Conselho, no lugar vago deixado pelo fidalgo, entretanto assassinado, pelas mesmas razões de controlo da mina de dinheiro que é o Hospital.

 

Posta a situação neste ponto, com dois candidatos, a votação para a respetiva seleção estaria empatada, segundo as contas do Inquisidor, sendo que teria que ser o Administrador do Hospital a ter o voto de desempate. Será caso para dizer que “venha o diabo e escolha!”

 

O Administrador carregando nos ombros e no rosto todo o peso e fardo institucional, segundo disse a própria comerciante, vive atormentado, não só pela gestão e administração normais em qualquer instituição, mas pelos imbróglios que nela surgiram.

Primeiro, os assassinatos em série, todos relacionados com o Hospital; as mortes por envenenamento casual de funcionários e quase envenenamento dos doentes; a descoberta de um desfalque, aparentemente realizado pelo fidalgo; o roubo do livro da contabilidade, de que este era responsável.

Para além do peso e preocupação sempre presente na filha, portadora de uma doença psíquica, para que não encontram tratamento.

E, descobriu-se no final, que afinal a esposa não está morta, mas antes vive resguardada ou enclausurada, por ser portadora também de uma doença mental, que, à época, era um anátema que estigmatizava quem quer que dela fosse portador, bem como toda a família. Daí serem estas pessoas escondidas, isoladas do convívio social, quando os familiares tinham condições económicas para tal.

O facto de a mulher ainda ser viva faz-nos agora perceber a sua recusa e hesitação em aceitar outras mulheres, situação que até a “enfermeira entontada”, amada do boticário, uma vez se lhe referiu designando-o como “trouxa”.

 

E o nosso “Dragão”, de Komodo, lhe chamaria eu, sempre fareja o que de podre existe, a carniça morta. Está empenhada em descobrir o que o administrador esconde. O que nós já sabemos e que acabámos de revelar. A respetiva esposa ainda é viva!

Nesta sua obsessão em torturar e aproveitar-se sempre dos mais fracos e desvalidos, Irmã Úrsula, sempre à frente dos acontecimentos, com o vestido de noiva de Clara, que era o da sua própria mãe, encenou uma visita desta, supostamente morta, para que, Clara, a noiva prometida, imaginasse que seria a própria mãe que a teria vindo visitar de além-túmulo, deixando-lhe o nome, Clara, escrito a sangue na parede!

Cena macabra, que a todos deixou estarrecidos, mas que ela soube muito bem controlar, sempre impávida, serena, seráfica, santa, auto beatificada já em vida.

 

Mas sempre a organizar enredos e tramas.

Tendo sido interpelada pelo facto de ter supostamente descuidado as chaves do gabinete e armário do Administrador, o que foi um facto, ela, conhecedora dos meandros em que se movimenta nos corredores do Hospital, e das personagens com que se cruza, depressa deduziu que quem lhe terá roubado as chaves, assaltado o armário e levado o livro vermelho, só poderá ter sido Duarte.

E foi este interpelado nesse sentido.

“Tu não vales nada. Ninguém sabe que existes e se desapareceres também ninguém dará pela tua falta.” E lembrou-lhe a sua condição de exposto, marcado a ferro e de que fora ela que lhe valera, quando ele vagueava sem rumo pela Cidade. “Sei que foste tu que roubaste o livro, não sei ainda porquê… Que tu és mudo, mas não és parvo. O que te vale é o teu silêncio!” Terão sido sensivelmente deste teor as palavras proferidas pela enfermeira mor, para Duarte, moço de fretes e assassino.

 

E assim este rapaz, que serviu para tudo o que lhes convinha, agora vai-se tornando um estorvo, um empecilho a eliminar.

O Alcaide também já o informou diretamente desse propósito.

E, pelo que vislumbrámos do episódio que será transmitido hoje, atuou!

 

Aguardemos pelo que irá suceder.

 

E o destino do dinheiro roubado, melhor dizendo, desviado, pelo fidalgo, Senhor de Rastavales, para onde foi destinado?!

Esta pergunta também formula a equipa de investigação, agora formada pelos dois médicos e pelo administrador. A iniciante de enfermeira já não pertence a esta equipa, muita coisa mudou no enredo, para além dos handicaps que lhe são inerentes: ser mulher, jovem, aprendiz, de profissão subalterna, como o próprio amado, Dom Daniel, lhe fez ver!

 

E outros personagens e muitas outras questões ficam em aberto…

 

E Dona Irene?!

 

E Dona Elvira de Santamaria?

 

E Dom Cristobal, o boticário?

 

E o Capitão Ulloa?!

 

E os enredos romanescos?

E o par romântico e protagonistas da série?!

 ...   ... ...

protagonistas in. mag.sapo.pt.jpg

Mas caríssimo leitor/leitora, que teve a amabilidade e paciência de chegar até aqui, situação por que lhe estou eternamente grato, se eu fosse a rever tudo seria o guionista da série, não acha? E também não quero privar-lhe o prazer de congeminar as suas próprias análises e conclusões…

Pois, visualizemos o episódio oito, que ocorrerá dentro de poucas horas.

 

P.S. – Será que esta série terá sido baseada nalgum livro já existente?

 

 

 

"Crime e Castigo" - Temporada 5

Crime e Castigo”

Saison 5

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Concluída a 4ª temporada, a série já entrou na quinta, tendo decorrido, ontem, nove de Junho, o quadragésimo quinto episódio, 45º, quinto da quinta temporada. E eu não tenho escrito nada sobre a mesma, apesar de continuar a visualizar os episódios que a RTP 2 vai transmitindo todos os dias, pelas 22h.

Ter-me-ei desinteressado?! Não, continuo fã. De facto, o enredo e os desenlaces continuam apelativos, as temáticas interessantes. Os crimes acutilantes! Talvez por me ter dedicado a outras escritas, fui deixando de escrevinhar sobre os assuntos da série.

Aliás, o finalizar da 4ª temporada foi dramático! Inesquecível!

A capitã Berthaud é, sem sombra de dúvidas, a principal protagonista do seriado, título que conquistou não só pelo seu desempenho artístico, mas também pela importância relativa que adquiriu no próprio enredo e no desenrolar da ação enquanto policial.

É, efetivamente, a Chefe, tendo-se imposto, com denodo, trabalho e profissionalismo, a todos, com especial relevância, ao seu chefe de Departamento, apenas ou principalmente preocupado com a eventual subida da sua conceituada pessoa na hierarquia policial, sempre em amabilidades e salamaleques com as chefias políticas!

les engrenages. tvmag.lefigaro.fr.jpg

 

Pois, “la capitaine” sofreu um enorme desgosto no último episódio da “quatriéme saison”. Chorou, sem ofensa, eu diria que “berrou” desalmadamente, sendo que os seus gritos se ouviram em todo o prédio e chocaram, inclusive, todos os moradores da minha vizinhança.

E, porquê?! Só porque eu ponho a TV muito alto?!

“Alors”…

 

Ela, obsessivamente centrada no trabalho, aliás como os seus outros dois mosqueteiros, “Gilou et Tintin”, apaixonou-se.

Perguntar-me-ão: e cair de amores não será um direito que lhe assiste? Pois, claro…

Só que e como diz o ditado “não há fome que não dê em fartura” e ela, em vez de um apaixonado, arranjou dois: Brémont e Sami, que foi repescado de outra temporada e por quem ela já estivera de “beiço caído”. Mas ele abalou, água vai e não disse nada.

Felizmente o guionista resolveu repescá-lo, como já mencionei.

Mas, então o que aconteceu?

Nessa quarta temporada, o principal crime que se foi desenrolando centrava-se numa equipa de bombistas jovens, novatos, desajeitados e tresloucados quanto baste. Mas efetivamente perigosos, como se viu…

De ideal libertário, que se focalizava precisamente na destruição do estado policial, representado simbolicamente e, para efeitos de enredo, na esquadra da nossa capitã, Laure Berthaud, onde planeavam rebentar uma bomba.

 

Com peripécias várias e avanços e recuos diversos, sempre acabaram por colocar, numa casa de banho da esquadra, a bomba, ativável à distância via telemóvel, como tudo o que é atual e moderno nesta sociedade de telecomunicações.

Aliás, quem a transportou, colocou e, no final, fez explodir, foi a jovem do grupo bombista, uma destrambelhada rapariga de pendor romântico por amor ao parceiro e chefe do grupo, que, na hora H, muito prosaicamente resolveu desaparecer incógnito entre os transeuntes, pelas margens do Sena, fugindo à sua heroicidade e responsabilidade de mentor do dito grupo.

Só que, como disse, a bomba efetivamente foi colocada, ativada e feita explodir pela mocinha.

Mas, e há sempre um mas… o nosso amigo Sami e apaixonado de Laure, estava a tentar desativá-la…

Dá para imaginar?! Pois, só imaginando mesmo, visto que a realização da série apesar de já ter apresentado situações muitíssimo chocantes, neste caso, teve o bom senso de não mostrar nada.

Nem a nossa Laure foi ver, não que ela não quisesse, já se vê, sendo sempre grande a coragem que ela demonstra ao observar e tocar naqueles mortos macabros, com todos aqueles efeitos especiais…

Sim, não foi ver, não que não gritasse e berrasse para ir... Só que o amigo de todas as horas, o 2º mosqueteiro, Gilou, não deixou. Não permitiu, porque se imagina como estaria o corpo de Sami! E os amigos são para isso mesmo e Gilou não é apenas amigo, ele é um amigão!

Bem, e foi assim que terminou a quarta temporada.

 

E não vos falo das outras personagens…

Os advogados: Pierre Clément, “o ingénuo”; Joséphine, “a malévola”, agora unidos em romance, separados de escritório.

Do “idealista” Juiz Roban, reabilitado profissionalmente… da sua escrivã…

Dos políticos que, a todo o custo, querem colher dividendos, através de quem pisa e dá duro no terreno.

E haveria tanto a descrever, mas não há nada como visualizar os episódios, que já vão no quadragésimo quinto, na quinta temporada, friso novamente.

 

Ah, como referi… Laure, a principal heroína da história, envolveu-se sentimentalmente com Brémont e Sami, falecido no último episódio da 4ª temporada.

“Et, alors?!”

Então... E daí que ficou grávida.

E este tem sido um dos assuntos que perpassa por toda esta 5ª temporada, mas com conhecimento apenas da própria, do amigão Gilou e dos médicos que ela tem consultado.

E quem será o pai?! Sami? Brémont?

 

E dará ela seguimento à gravidez? Tem feito diversas tentativas para abortar. Mas as peripécias do trabalho impedem-na de lhes dar continuidade.

Mas como dar seguimento à gravidez com uma vida profissional tão preenchida, praticamente sem direito a vida pessoal?

E avançar com o aborto estando a gravidez já adiantada?

E com quarenta anos, gravidez de risco, mas também uma derradeira oportunidade de ser mãe…

E quem assumir de pai?!

O amigo indefectível, para todas as ocasiões, o mosqueteiro Gilou, nomeadamente já se ofereceu para coabitar com ela e partilhar o encargo na criação da criança…

 

Que irá a nossa capitã fazer?!

O que acham que ela deverá fazer?

Já tentou ir até à Holanda, numa derradeira tentativa para abortar. Só que o trabalho, sempre o trabalho, a fez ficar em Paris.

O que acham que ela deverá fazer?

O que acham que ela irá fazer?

Tantas perguntas… E quantas respostas?

Visualizem a série, que eu não pretendo ser o guionista da mesma, nem gosto de saber antecipadamente os desfechos!

“Et, voilá.”

Les Engrenages saison 5

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Feira do Livro 2015

Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett

Editora Livraria Sá da Costa, Lisboa

1ª Edição, 1963

Reimpressão, 1966

 

85ª Feira do Livro de Lisboa.html C. M. Lisboa.jp

Está a decorrer a Feira do Livro, de Lisboa, na sua 85ª edição, no espaço tradicional, Parque Eduardo VII.

É um local de visita obrigatória, para quem goste de ler, folhear livros, ver novidades, passear… e eu estou a propagandear, mas já lá não vou há alguns anos… principalmente por comodismo.

Mas, nos anos setenta, principalmente a partir de 74, quando estudava na capital, confesso que me perdia na Feira e nos saldos… para além dos catálogos e todo o tipo de panfletos e acessórios das edições.

E, nos “Livros do Dia”!

 

Mas como estamos nesta época, resolvo partilhar convosco o livro que estou a (re)ler, de que apresento imagens digitalizadas da capa e contracapa:

Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett; Editora Livraria Sá da Costa, 1ª Edição, 1963; Reimpressão, 1966.

 

almeida garrett pt.wikipedia.org..jpg

 

Não vos vou falar nem do Autor, Almeida Garrett, 1799 - 1854, possuidor de uma atribulada biografia, que de algum ou diferentes modos transpôs para a sua Obra, notabilíssima, sendo Autor de uma bibliografia extraordinária.

Viveu em pleno os tempos conturbados dessa primeira metade do século XIX, enquanto Homem, Cidadão, Político,… paralela e concomitantemente publicando as suas Obras, precursoras e introdutoras da Modernidade. É considerado o “Pai do Romantismo” em Portugal.

A minha pretensão é simplesmente sugerir a leitura da Obra mencionada, 1846, um clássico da Literatura contemporânea.

Viagens na minha terra. Digitalização da capa jpg 

Esta edição tem um excelente prefácio e notas do Professor José Pereira Tavares, datado de 1953 e explanado em quatro momentos: 1 – “Escorço da biografia de Garrett”, 2 – “ A Obra”, 3 – “História das “Viagens” ”, 4 – “A nossa edição”. E o Prefácio dos Editores de 1846.

Só após, se inicia a Obra propriamente dita, até ao Capítulo XLIX.

Estou a iniciar a leitura do Capítulo XXVII, quando, na narrativa, o autor/narrador chega a Santarém.

Santarém. Torre das Cabaças. in wikipedia.jpg

 

O livro lê-se relativamente bem, sem pressas, lendo e refletindo, interrompendo, intervalando, ao sabor da narrativa, das considerações e divagações do Autor, das notas de rodapé. Os capítulos são curtos, o exemplar facilmente manuseável.

Exige, contudo, algum conhecimento do contexto espácio temporal, cultural, social e político em que se desenrola a ação.

Mas… e quando não se conhece algum significado, é sempre bom ter um dicionário e sobre os assuntos, uma enciclopédia ou a net também ajudam.

Aprende-se muito, para além da riqueza verbal e ideativa que o acompanha e que nele se explana.

O enredo romanesco, o romance propriamente dito entre Joaninha e Carlos, começa bem tarde na trama, nem sei mesmo se será a parte mais importante... Os diálogos dessa parte da narrativa são muito claros, transparentes, acessíveis, simples e compreensíveis, lembrando muito os do teatro, ou não fosse Garrett o criador do teatro moderno em Portugal.

Ao ler esses excertos, só imagino uma peça de teatro, de que tenho saudades, aliás. A televisão praticamente não transmite e é pena!

Viagens na minha terra. Digitalização da contracapa.jpg

Concretamente, o exemplar de livro que possuo tem alguma história associada.

Ganhei-o, sim foi ganho num concurso promovido pela antiga Emissora Nacional, não sei se nos finais de sessenta, se já no início de setenta do século XX, de qualquer modo antes de 74.

Foi dos primeiros livros meus, para além dos escolares, que os meus pais, apesar das dificuldades da época e dos sacrifícios que tinham que fazer para eu poder estudar, sempre fizeram questão de me comprar e que ainda guardo com carinho e estima.

Nessa época, anos 60 / primeira metade de 70, ter livros próprios era um luxo!

Por todas e as mais diversas razões, económicas, principalmente, mas também sociais e políticas, frise-se!

Por isso mesmo, quando foi a explosão de Liberdade após 25 de Abril de 74, a 1ª Feira do Livro em liberdade foi uma Festa!

Voltando ainda a este exemplar que possuo foi para mim uma enorme satisfação ao obtê-lo, não só pelo concurso, algo sem importância certamente, qualquer coisa como responder a alguma pergunta ou tema de que não me lembro, mas cuja resposta era “Lourenço Marques”, que anotei na 3ª página do exemplar. Só me esqueci de apor a data…

Eram tempos em que havia falta de tudo, não vivíamos, nem vislumbravamos viver alguma vez numa sociedade como a atual, nomeadamente no que concerne ao consumo e revolução tecnológica, às mudanças políticas e sociais.

Seria pura ficção científica imaginar sequer que poderia estar algum dia a comunicar neste “blog”! !!!!!!!!!!!!!!!!

Por isso, à data, ter um livro meu, para além dos escolares, e no âmbito da Grande Literatura era estar no píncaro!

Contudo e pelo que expliquei anteriormente, algum desconhecimento do contexto espácio temporal, cultural, social e político em que se desenrolava a ação; falta de vocabulário, praticamente nulos recursos de pesquisa, tive alguma dificuldade em ler e compreender a Obra.

Essa é uma das razões por que estou a reler o livro.

 

E, agora, lê-se maravilhosamente!

 

Procurem-no na Feira do Livro, SFF!

 

Feira do Livro de Lisboa 2015

 

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