Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
A RTP1 vai transmitir uma série sobre este célebre romance de Eça de Queirós.
Se quiser saber um pouco sobre a temática e enquadramento do romance, consulte aqui, SFF.
Segundo ouvi na publicidade, pretendem ser fiéis ao contexto espácio-temporal em que decorreu a ação da narrativa.
Algo que me intriga! Como irão passar ao écran, o conteúdo que realcei na crónica…
«…surge exacerbado um amor afogueado de um jovem padre, Amaro, correspondido por igual amor piegas de uma jovem beata, Amélia, eros que acha satisfação numa enxerga velha de uma cama podre, num quartinho de telha vã no 1º andar da casa do sineiro, nas traseiras da Sé.
Amor amaldiçoado por uma entrevada, filha do sineiro, que agarrada à cama onde jazia a sua invalidez, pressentia o aconchego dos amantes, como se fora “cio de cães”.»
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Que seja uma série interessante. Boas vistas da série!
A história de uma Família, entrosada na História e outros considerandos de maior ou menor relevância…
Foi transmitido ontem, dia 13 de Outubro, 3ª feira, o 1º episódio desta série alemã sobre esta célebre família de industriais, ligados ao nascimento da indústria no território alemão, desde inícios do século XIX. Industriais produtores de aço, indústria siderúrgica. "Aciaria!"
A visualização da série era para ter-se iniciado anteontem, 2ª feira, mas devido a um problema técnico na RTP2, a emissão foi interrompida. Facto de que, ontem, antes do início da emissão pediram desculpa.
E eu que pensara que era um problema apenas da minha TV, que, de vez em quando, me prega essa partida.
Foge a imagem ou fixa-se parada numa cena qualquer, esquecida do que vem a seguir, é como se tivesse lapso de memória visual. Depois, desfoca-se, abala o som, desfaz-se em cores abstratas como se ensaiasse uma pintura de Vieira da Silva, até que foge também a cor, aparece um “sem sinal” e a sigla “Ext”, ou qualquer coisa assim parecida e era uma vez…
Mas esta situação é comum em diferentes TVs que usam essa tecnologia TDT, que nem sei o que significa e, periodicamente, ocorre em variadas localidades por esse País fora.
Mas continuamos a pagar sempre a taxa áudio visual, na fatura da eletricidade. O que ainda não vi foi que, num mês ou até mais, na fatura não viesse esse valor acrescentado à despesa. Um aviso tal como: “Este mês não paga taxa audiovisual, porque a TV nem sempre se porta bem!”
Mas a quem é que nós nos podemos queixar?! Já o fiz para o Provedor do Cliente, mas não tive qualquer resposta!
A forma como este negócio das telecomunicações funciona, das várias operadoras, dos vários meios de comunicação, das várias televisões, dos media e das ligações e interligações entre eles, da concorrência feroz, da manipulação da opinião pública, o seu “modus operandi” deixa muito a desejar…
Mas vamos ao que titula o post.
Ainda bem que foi um problema geral.
Assim alteraram a programação e apresentaram o 1º episódio da série.
Acho que vale a pena seguir. As temáticas que aborda. A História da Alemanha por mais de meio século, desde o início do século XX. Os ambientes e ambiências retratadas. Os conflitos e paixões, o entrosamento entre a vivência desta família e dos seus trabalhadores como se fossem uma grande Família, mas cada um no seu lugar, que cada rato tem seu buraco.
E, nesta família, vão-se descobrindo muitos buracos.
A ligação umbilical ao Poder, sendo também eles parte e suporte desse mesmo Poder. Em determinados momentos competindo de igual para igual.
O seu suporte desse mesmo Poder Político e Militar. E Económico. Base do desenvolvimento e poderio, primeiro da Prússia, potência continental emergente no século XVIII, e cujas guerras com a Áustria e França sustentou, ainda em meados do século XIX, consolidando esse estatuto de potência continental.
Depois da Alemanha, a partir da sua constituição como Estado unificado, em 1871, precisamente após a vitória sobre a França, na Guerra Franco-Prussiana. Base económica do Império Alemão até à 1ª Guerra. Pilar e estrutura fundamental da indústria alemã, sendo que a siderurgia, a produção de aço de alta qualidade era a matriz de múltiplas e variadas outras indústrias, na Alemanha e nos outros países em processo de industrialização acelerada. E também do expansionismo ultramarino alemão, com a colonização de África, que a Alemanha também partilhou com as outras potências europeias.
Base da indústria de guerra, da corrida aos armamentos, prenúncio, preparação e sustentáculo da Primeira Grande Guerra. E de outras Guerras… E o mais que estará para vir, que apenas ainda veio o primeiro episódio…
A qualidade técnica. A música. A interpretação dos personagens. Não são artistas que conheçamos, como aliás acontece com as outras séries europeias, excetuando as britânicas, pois nos últimos cinquenta anos a quase monopolização da cultura cinematográfica tem sido exacerbada pelo domínio anglo-saxónico, com especial realce para o lado americano.
E, o enredo?
Neste episódio, a ação decorreu em dois momentos temporais marcantes.
Em 1957, já bem após a 2ª Grande Guerra, em que os Krupp tiveram um papel relevantíssimo. E nos primeiros anos do século XX, 1901 e 1902, antes ainda das Guerras, mas em que as respetivas sementes estavam já lançadas e eram ensaiadas e testadas noutras guerras “menores”. E os armazéns e celeiros dessas mesmas guerras, de ódios assassinos e irracionais, estavam a ser recheados, na corrida aos armamentos. Papel fundamental que a Família desempenhou na Alemanha recentemente unificada, sob a égide imperial, nesse 2º Reich! E, mais tarde, também no terceiro. Mas ainda não vimos nada disso. Não nos adiantemos!
O espaço em que decorre a ação situa-se principalmente na cidade de Essen, ainda hoje um dos pólos industriais da Alemanha da Senhora Merkl, nesta Alemanha reunificada. Cidade situada no Centro Oeste do Estado Alemão.
Na villa Huguel, palácio residência da família, edifício monumental, mas austero; nas indústrias siderúrgicas, com demonstrações do funcionamento das máquinas colossais e do seu grau de precisão minuciosa, visitas de clientes nacionais e estrangeiros, até do Extremo Oriente, que o Japão também iniciava a respetiva industrialização. Visitas que as meninas da família, Bárbara e Berta estavam proibidas de realizar, que segundo a mãe, a fábrica não era lugar para mulheres.
Cenas episódicas em Berlim, no palácio do Kaiser Guilherme II, que os Krupp e o Império andavam entrançados, de braço dado.
Passagens por Capri, ilha italiana, no Mediterrâneo, lugar de descanso, veraneio, sonhos, paixões e devaneios, onde estavam atracados os iates da família.
A narração centra-se em Berta Krupp, jovem solteira ainda, no início do século XX, mas que em 1957, após ter vivenciado e vivido todos os enredos, enlaces e desenlaces da primeira metade do século XX, sofre um ataque de coração, estando a Vida entre cá e lá. Como o seu País também estava na época, Guerra Fria, Alemanha dividida, na linha de fronteira entre Ocidente e Leste.
E, convalescendo, não assumindo a doença, mas sentindo que a “Ceifeira de Gadanha” se aproximava, prepara a sua sucessão no império industrial e vai recordando a sua vida nesse meio século de história familiar, da História da Alemanha e do Mundo, que como sabemos, se entrosam e entrelaçam para o Bem e para o Mal.
Mas tudo isso ainda veremos. Que ela ainda nem ao casamento chegou. Apenas vimos o funeral de Estado do pai, Frederico Krupp, em 1902, a que o próprio Kaiser Guilherme II compareceu, seguindo isolado atrás do caixão, como comandante supremo das Forças Armadas, numa encenação político militar, mas igualmente de consideração e estima pelo industrial a que o Estado tanto devia.
E, a propósito de Berta, lembramos que foi este o nome de batismo dos célebres canhões de longo alcance, que bombardearam Paris na 1ª Grande Guerra.