Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
A partir das 22h 10’. Episódios de cerca de 1h 30’.
3º Episódio – 3ª feira – 13 de Agosto
Pueril, classifiquei eu no primeiro texto sobre a série. Admito que não fui especialmente feliz na adjetivação. O enredo tem-se revelado mais complexo do que aparentava inicialmente. O termo pueril refere-se à forma como é tratada a questão da justiça. Os maus são sempre castigados, se não atua a justiça humana, acaba por intervir a divina. Afinal estamos na Irlanda, por demais católica, um padre é personagem atuante, fumador inveterado, e enamorado, platónico, da mãe de Jack. Sugestivos os nomes do icónico par: Brad e Angelina!
No 3º episódio mais uns quantos crimes em Galway. Que Jack, agora definitivamente acoplado ao seu parceiro, Cody, com direito a cartão de apresentação: Taylor & Cody! As ajudas sempre preciosas de Kate, pondo em risco o seu próprio papel oficial de “Guarda”.
Enredo complexo, daí pueril ser pobre no epíteto.
Que relação poderá haver entre assassinatos sequenciais de dois jovens irmãos, sem quaisquer antecedentes de marginalidade; o pedido de uma senhora para que Jack investigasse sobre uma antiga casa religiosa, “As Mónicas – Lavandaria Santa Mónica” - de acolhimento de jovens raparigas em risco, que aí eram especialmente maltratadas por uma freira, por elas denominada de “Lúcifer”; a decifração identitária deste cognome maldito; um diário que a mãe dessa senhora, que contratou Jack, escreveu enquanto esteve aí enclausurada, relatando as atrocidades e sofrimentos passados pelas raparigas; a exigência de um traficante de droga, doente de cancro e conhecido de juventude de Jack, para que o diário lhe fosse entregue; as leituras assombrosas e terríficas que o diário ia proporcionando ao nosso herói / anti-herói; a respetiva mãe, com quem tem um relacionamento tão agreste; o mergulhar no respetivo passado e no de Jack, criança e jovem; as lembranças do pai, o seu gosto por leituras, compartilhado pelo filho; a sua fuga de casa… a Justiça Divina”???!!!
Bem, foi todo o desenrolar deste novelo que os detetives particulares desbravaram no 3º episódio!
O traficante, mandante dos crimes dos jovens, morreu de cancro, no mesmo dia que a “Lúcifer”, senhora da cidade, de nome Rita Monroe. “Espero que aquela cabra arda no inferno”, vociferou o padre, para Jack, em lembrança do sofrimento infligido por ela às jovens de Santa Mónica, nomeadamente da mãe de Jack, que aí vivera a sua juventude. Rita, solteirona, era extremosa tia dos jovens e os assassinatos eram para a fazer sofrer. O traficante era filho de outra senhora que na juventude também sofrera os maus tratos da “Lúcifer”, pois frequentara a mesma Casa, de 60 a 66... E, por acaso, (!?) irmão da senhora que contratara o nosso investigador para descobrir quem era essa “Lúcifer”!!!
E a mãe de Jack, que ele através do diário, aprendeu a conhecer e perceber e com quem se passou a relacionar, teve um enfarte!
“Um tipo de justiça muito estranho! Espero que tenham levado o ódio com eles!” Disse um personagem sobre o enterro do traficante e da ex – freira.
(E, eu termino, que queria resumir dois episódios num post, mas não me é possível.)
A protagonista, a policial investigadora e detetive, Sandra Winckler.
Jovem profissional, divorciada, mãe de duas filhas, que tem à sua guarda, mas como difícil é conciliar profissão altamente exigente e absorvente e vida pessoal, em especial o exercício da maternidade…
Neste primeiro episódio, o surgimento de mais um crime macabro, com raios de surreal.
Num autocarro, estacionado numa estrada sem movimento, numa região quase deserta, encontravam-se quinze corpos de homens, congelados, sentados nos bancos, devidamente enfarpelados de fatos domingueiros, penteados, de rosa na abotoadeira, com ar festivo, como se aguardassem o início de uma viagem celebrativa e libertadora no Além…
Iniciadas as devidas investigações por toda uma equipa de vários técnicos especializados, de diferentes domínios, em diversos contextos, rapidamente (!) se cruzam as linhas investigadoras e se entroncam num ponto comum.
Todos eles haviam desaparecido, há pelo menos três anos e todos tinham em comum o conhecimento de uma mulher, fotógrafa de profissão, Catherine Keemer, também ela sem dar sinais de vida no mesmo espaço temporal. Que apenas dissera "adieu" ao marido e às filhas, acenando um adeus e até já e nunca mais ninguém lhe pusera a vista em cima…
Subitamente e nem a propósito, reaparece, perdida, amnésica, numa rua movimentada da cidade, não sei bem qual, saída de um carro, atarantada, perguntando: “Onde está ele? Onde está ele? …”
Perante a evidência dos factos, além de internada no hospital, também é presa…
(Cabe aqui um parêntesis.
Porque quem protagoniza esta personagem é nem mais nem menos que a talentosa atriz Audrey Fleurot, a célebre Josephine de “Um Crime, Um Castigo” e a celebérrima Hortense, de “Uma Aldeia Francesa”!
Promete esta 2ª temporada.)
Prosseguindo nas investigações…
Sandra Winckler descobriu a relação de semelhança deste crime com outro acontecido cinco anos antes.
Também um autocarro fantasma, onde fora encontrado também um corpo de homem congelado, também uma mulher envolvida, que à data, também fora recentemente mãe.
Ah, sim! Falta, entre muitas outras coisas que omito, dizer que, relativamente a Catherine Keemer, os médicos, nas observações que lhe fizeram, detetaram que ela fora recentemente mãe, há cerca de seis meses.
E este facto parece ser o elo que irá permitir à personagem ir recuperando a memória. (E à atriz compor o seu papel, que é sempre notável o desempenho de Audrey Fleurot.)
No final do episódio, enquanto Catherine, fugindo da enfermaria em que estava internada e prisioneira, se quedava extasiada a olhar os bebés na maternidade do hospital; Sandra investigava o autocarro fantasma de há cinco anos, abandonado num sucateiro de automóveis velhos.
Subitamente, como que por magia, ou descuido da investigadora que não apagara o cigarro (?), o dito autocarro fantasma incendiou-se…
Há algum tempo que não me debruço sobre a temática de séries. Praticamente este ano ainda mal abordei o tema. Não que não ande a seguir nenhuma. Que até tenho andado. Só que não me tem puxado para a escrita.
A última sobre que comentei foi “A Fraude – Bedrag”. Vi os dois últimos episódios, mas também não perorei sobre os mesmos. Que deveria tê-lo feito. Mas fui adiando, preguiçando, e acabei por não falar sobre os mesmos. Talvez ainda, um dia, teça alguns comentários, pois apontei algumas notas e verifico nas visualizações, que a temática do seriado ainda é procurada. Pode ser que desentorpeça.
A “Mafiosa”, tenho acompanhado desde o início.
Mas a temática não me motivou muito para escrever. E ainda bem. Porque se fosse escrevendo, episódio a episódio, como tenho feito nos seriados que me motivam, por vezes nem saberia como pegar nos assuntos.
E, ao princípio, nem entendia muito bem toda a trama e os personagens sempre a mudarem. Sim, porque nesta série são tantas, mas tantas, as mortes violentas e macabras, melhor dizendo, os assassinatos, que os personagens estão sempre a mudar.
A série já vai na quarta temporada. São cinco, de oito episódios cada uma. Quarenta episódios no total. Chegou ao trigésimo ontem, 4ª feira, 22/02, 6º episódio da temporada em curso. Temporada que está quase a terminar, em princípio, na próxima 6ª feira. Na próxima semana iniciar-se-ão os episódios da 5ª e última.
Mas vamos aos finalmentes. Deixemo-nos de entretantos.
A ação, na trama, decorre principalmente na Córsega, ilha mediterrânica, território francês. Pátria de Napoleão, o corso. Terra de corsos, nos vários sentidos da palavra.
Também Marselha e Paris acolhem cenas e excertos de episódios, à medida que os negócios dos Paoli se alargam e estendem ao território continental.
Sandra Paoli, desempenho de Héllène Fillières, é a personagem principal. Herdou os “negócios” do pai, François Paoli, que, oficialmente, seria seu tio.
Segredo que só lhe foi revelado em adulta.
Os “negócios” incluem todo o tipo de atividades lícitas e ilícitas, legais e não legais, ligadas ao submundo do crime organizado, na ilha e no continente. Portanto, predominantemente ilícitas e ilegais.
Não foi muito bem aceite a sua “legitimidade” nessa herda, dentro da própria família, nomeadamente, pelo “meio-irmão” Jean Michel Paoli. Ela foi-se entrosando no meio, construindo e conquistando esse “direito”, ao longo das primeiras temporadas, consolidando-o, e alargando-o até, afirmando-se como chefe do clã.
Essa construção assentou em dezenas de mortes “matadas”, assassinatos, por encomenda, por ordem sua, direta ou indireta, ou resultantes das guerras entre os vários gangs rivais, na Córsega e no território continental.
Nessa sua pretendida e conseguida afirmação, num mundo de “homens machos”, para além de ordenar mortes também as executou. Nem mais nem menos a de figuras poderosas no meio, “milieu”.
A de um dos chefes principais dos “nacionalistas” e a do próprio irmão.
Estas mortes trouxeram-lhe o almejado “respeito” e temor, mas também os ódios de muita gente e o enredar cada vez mais apertado nas malhas policiais.
Mas mais grave e forte e acutilante no seu ser, no seu sentir, no seu viver, foi o assassinato do irmão, às suas próprias mãos.
Foi esse assassínio, planeado e executado a sangue frio, por cupidez, vingança, calculismo, que a está a levar à sua auto destruição. Drogas, álcool, comportamentos psicóticos, visões, audição de vozes acusadoras, obsessão pela morte, fobia de perseguição, em todos vendo eventuais denunciantes.
Loucura que só engendra novas mortes, mesmo dos amigos indefetíveis, como Jean Santini, um pau mandado, “cão” fidelíssimo, que ela não teve pejo de mandar assassinar, nem os “amigos” de executarem a sentença.
Nesta quarta temporada assiste-se a esse caminhar inexorável para o abismo, à transfiguração física da sua própria personagem e imagem, cada vez mais masculinizada, andrógina, mórbida, cruel e vingativa, quase desprovida de sentimentos.
Às suas ordens tem uma série de assassinos, destacando-se Manu e Tony, capazes de matar qualquer um a sangue frio, despudoradamente.
Dos vários grupos envolvidos no enredo tem-nos praticamente todos contra ela. Os donos dos maiores casinos de jogo de Paris, os Acquaviva, mandantes do atentado que sofreu, mas que ela acaba por ter nas mãos, que além de um dos filhos do sócio principal, morto selvaticamente e queimado, também mandou executar o outro sócio.
O pequeno atentado que ela sofreu, executado por um dos destacados “nacionalistas”, para quem ela é um alvo a abater, também já foi retaliado, tendo sido esses nacionalistas também já vitimados pela ação dos “amigos” de Sandra. E o chefe principal também foi ameaçado para se remeter ao silêncio.
Pelo que, se no 5º episódio ela parecia até fisicamente em vias de derrotada, no sexto, parece ressurgir em toda a sua cruel criminalidade.
A polícia de Bastia, que para ali tem andado enredada nos novelos traçados pelos criminosos e pelas dificuldades de ação dimanadas na execução da Lei; finalmente, e pela ajuda preciosa de uma jovem polícia, tem um organigrama estruturado com o enredo das mortes, a partir de escutas e telemóveis. Aliás, eles já sabem, através da viúva de Jean Michel, que foi Sandra que o matou. Precisam de o confirmar e estruturar a informação, para eventualmente apresentarem em tribunal.
Isto se lá chegarem os criminosos. Que tanto se vão assassinando entre eles, que poucos restarão.
E será que Sandra lá chegará?! Certamente, que ainda está para vir a quinta temporada!
Internamente, parece que a própria estrutura ameaça ceder, pelas dissensões que vão surgindo entre alguns dos protagonistas.
Na própria família, o papel da sobrinha de Sandra e filha de Jean Michel, Carmen, está a ser relevante para o desenrolar e desfecho interno dos acontecimentos. Cada vez mais, questiona sobre a morte do pai, a todos interroga e pergunta, a todos os que sabem, mas não lhe dizem.
Até onde irá a sua capacidade de perguntar e até onde e quando os envolvidos e sabedores aguentarão as perguntas?!
Irão despachá-la como têm feito a todos os que os incomodam?
E até quando os que sabem irão guardar o segredo?
E a polícia conseguirá estruturar meios de prova contra os criminosos?
Haverá uma atitude pedagógica e didática na narrativa?!
E volto ao início, e à minha dificuldade em estruturar a minha escrita sobre o conteúdo da trama. Residia ela, entre outros aspetos, nos personagens principais e nas suas ações. Todos eles são execráveis. Não há ali ponta por onde se pegue. Não há a possibilidade de “pegar” nuns, contrapondo-os a outros. São todos, farinha do mesmo saco.
Só agora, a polícia parece estar a colocar alguma “ordem” na narrativa, com o surgimento daquela jovem idealista e cheia de genica!
E, comprometera-me eu no último post, nº 429, na 6ª feira passada, ao abordar o episódio 9, sobre que teci apenas algumas “Considerações”:
“Se tiver tempo e condições, ainda me debruçarei mais especificamente sobre o nono episódio e um pouco mais em pormenor.
Tentarei responder a algumas questões que deixei em aberto quando contei sobre o episódio cinco …”
Certo é que não só não me voltei a debruçar sobre o episódio 9, como entretanto também já decorreu o décimo e, ao escrever, não posso ignorar o conteúdo de ambos.
Começo pelo final - final em que surgiu, mais uma vez, a informação de que “… continuará…”, como se tivesse acabado a temporada. Mas ficando tudo em aberto, como é costume.
Aguardemos por 2ª feira!
Como já referi, cheguei a pesquisar sobre o 31º episódio!!!...
E no findar do décimo episódio, para além de mais uma morte certa, a do suposto contacto de Laura Hidalgo, ouviram-se novamente tiros, ao aproximar do super agente Morey.
Alguém morreu?! Com tantas mortes na trama, mais uma, menos uma...
Quem?!
Morey, como desejam os seus inimigos no seio do próprio CNI? E cuja incumbência foi destinada a Hidalgo, apesar de contrariada, mas em obediência cega a ordens?!
Ou este, não confiando nela, porque não confiava de todo e sabendo que andava ao engano, conseguiu dar a volta ao texto, que é como quem diz, de suposto caçado se tornou caçador?!
E, neste caso, terá sido Hidalgo a presa caçada?!
Quem estará tanto ou mais intrigado que nós, será o duplo ou triplo agente, Serra. Como necrófago, chegou ao local da emboscada, na hora exata do crime.
Mas apenas ouviu os tiros, que o duelo ocorreu no primeiro andar daquele prédio abandonado, possivelmente uma instalação desativada ou nunca começada, como é tão peculiar nas nossas sociedades atuais, mercê das megalomanias construtivas, interrompidas com a célebre “Crise”, iniciada no dealbar da primeira década do milénio.
E já que abordamos o C.N.I., continuamos por aí.
Serra é agente duplo ou triplo que não sei, recebe ordens de um chefão com quem tem telefonado, cujo nome ou função ainda não entendi muito bem, que julgo ser o mesmo que ordenou a Laura Hidalgo que matasse Morey, que se torna incómodo a certos propósitos que dirigem a narrativa e sobre que falarei.
Morey, como herói, a que só falta o cavalo branco, já está plenamente consciente de que há muita tramoia no CNI ou na “Casa”, que não sei muito bem se designam a mesma entidade. Consciencializa que corre perigo, que é na própria estrutura que está o inimigo, não o identifica plenamente, supusera que fora o Lopez, tome ele atenção e cuidado que o mandante das mortes está a seu lado.
Nós, como espetadores, sabemos sempre mais que os nossos heróis e conhecemos o criminoso já há algum tempo, plenamente revelado no episódio do assassinato de Lopez.
Serra é o mandante e como carniceiro, hiena traiçoeira, vai sempre confirmar as execuções. Tal como fizera relativamente ao expert informático, Lopez, também no referente a Morey lá chegou ele na hora da matança.
Mas, tal como nós, ficou na dúvida e na incerteza.
E que acha caro/a leitor/a …
Quem terá sido morto?!
Morey, conforme a encomenda superior, ou a agente Laura Hidalgo?!
(…)
Lembre-se, que uma fita não é nada sem herói! Nem heroína.
E esta última palavra poderia levar-nos a falar do modus vivendi do Bairro, o narcotráfico, mas ainda não.
Continuamos nas superestruturas que condicionam a trama.
O C.N.I. – Centro Nacional de Inteligência, instituição espanhola, sediada em Madrid, cujos agentes no terreno, na cidade de Ceuta, predominantemente no Bairro “El Príncipe”, são os que referimos: Morey, Serra, Lopez, Carvajal, Hidalgo.
Alguns já morreram, como sabemos.
Superintendendo estes, existem outros, agindo à distância na capital espanhola, sendo que uma Carmen Salinas é a chefe direta de Javier Morey.
Não me perguntem exatamente quem é quem, que não consultei o organograma estrutural.
Outra superestrutura que condiciona o desenrolar da trama e da tramoia é a Securité.
Este organismo é francês, como o nome indica, também tem agentes no terreno em Ceuta, um dos quais é uma mulher, Sophie, qualquer coisa.
Há outros, que não os fixei a todos.
Estes também agem contrariamente aos pressupostos de coerência e retidão que norteiam Morey na sua atuação e tal como Serra, bandeiam-se para o lado errado da questão.
Já sabemos que negoceiam com Khaled e direta ou indiretamente não se coíbem de apoiar a Akrab. (!?)
Como já mencionei, o enredo complexificou-se bastante nesta 2ª temporada, foram introduzidas variáveis novas, para além de outros personagens e o que parecia apenas situar-se e reportar-se ao Bairro, extravasou não só o âmbito da cidade e do enclave, mas também dos países limítrofes, enquadrando a União Europeia e adquirindo foros de globalização.
E há um leitmotiv, revelado julgo que no nono episódio, que condiciona a atuação destes dois organismos super estruturantes e que envolve muitos milhões de milhões, conforme abordado numa reunião dos chefões, chamo-lhes assim à falta de melhor epíteto.
E nesses contextos e enquadramentos, o que conta é o dinheiro. Money! Money! Neste caso, Euros. Que é com o financiamento europeu que o pessoal conta.
Pois! Mas de que se trata?!
Nem mais nem menos do que uns projetos mais que megalómanos, sobre que se fala há alguns anos: a travessia terrestre do Estreito de Gibraltar!
(Uma zona tão dada a sismos! Mas não será isso que trava o poder do dinheiro e o engenho humano. Que o diga o Japão!)
Para concretizar essa travessia projetam-se, na narrativa de “El Príncipe”, duas hipóteses: uma através de ponte com início em Ceuta, mais ligada aos consórcios e interesses de Espanha e outra mediante um túnel, que é defendida por interesses franceses.
Estas duas alternativas de facto têm sido abordadas já há alguns anos, ainda no domínio das conjeturas lobísticas, e os guionistas da Série resolveram enquadrá-las como suporte da narrativa.
E esse jogo de interesses em que o dinheiro envolvido será muito e certamente farto está a determinar o desenrolar da atuação dos personagens e a direcionar o desenvolvimento do enredo.
CNI e Securité e os respetivos agentes atuam a mando de outros superiores e no meio deles existem várias toupeiras que acordam com quem menos deveriam pactuar.
E aqui entra o espertalhão de Khaled Ashour, que além de maridão enganado, julga que vai ser pai; como raposa matreira, engana meio mundo ou o mundo inteiro.
Realmente, de facto, ele está de alma e de coração com a Akrab. Mas, perante as estruturas europeias, faz-se passar por agente infiltrado na organização terrorista.
Será, não será?! Este enredo dá tantas voltas que nem sei!
À sua conta também tem uma data de mortes, a maioria por telecomando, que diretamente julgo que só o vimos matar Nasser.
Quem o confronta diretamente é Morey, ajudado por Fran, que não se fiam nem um pouco nele. Ajudados pela mocinha heroína, Fátima, que se arrisca permanentemente junto do marido, daí a invenção da gravidez; para além das cenas em que se envolve, expondo-se e colocando a vida à beira da morte.
Vale-lhe a sua condição de heroína e, por vezes, a ação do seu herói.
E entramos no Bairro.
Labiríntico, a vida nele gira fundamentalmente à base dos tráficos.
Dois grupos de narcotraficantes dominavam o negócio, o de Faruq e o de Aníbal. Através de Khaled e dos seus negócios obscuros, processou-se a intervenção de um terceiro peixe graúdo, comandado por um galego, Lamela e respetivos homens de mão.
As coisas não correram como o previsto, mas mercê dessa intervenção e das ações subsequentes, em que se incluem as mortes de Aníbal e do galego, Faruq controla totalmente o tráfico de droga no Bairro em conluio com o cunhado.
Aí, Khaled busca financiamento para as suas ações ao serviço do jihadismo!
E sobre este último tema ocorre algo preocupante no Bairro que é o recrutamento de jovens para esta “causa”, socorrendo-se das redes sociais, através de um vídeo em que um rapaz do Bairro, de nome e origem ocidental, Sérgio, apela com veemência e convincentemente à adesão da juventude a essa “causa santa”!
Algo preocupante em todos os setores viventes de “El Princípe”, famílias, centro cívico, esquadra policial, investigação do CNI.
Os “Ben Barek” vêem, aflitos e desesperados, a fuga da sua caçula para essa irmandade, juntando-se a outras jovens que só verdadeiramente se terão dado conta da sua decisão, quando vestidas todas de negro, como viúvas de antigamente e enviadas para incógnito destino.
Nayat depressa se apercebeu do engano a que fora, pois o que pretendia era encontrar-se com o rapaz, por quem estava apaixonada, mas este não lhe ligou peva, a sua amiga Nasirah, respondeu-lhe com algo como “servas de Alá” e o facínora do Ismail, que na primeira temporada já andara a recrutar no Bairro, depressa a remeteu para uma carrinha, juntamente com as outras, para “servirem” de esposas e criadas dos soldados, na Síria!
Nem Faruq lhe conseguiu valer, que chegou tarde e foi recebido a tiros de kalashnikov.
Na Esquadra o trabalho não pára.
Fran reassumiu funções, na prática nunca as deixara, o tal polícia “betinho” foi remetido não sei para onde; Mati tem papel relevante na descoberta do criminoso químico, Yasin, ao serviço de Khaled, mas em momentos chave tem como que uma paragem decisional, bloqueia na ação e as coisas não correm pelo melhor.
Quílez coadjuva Fran, sempre com algum constrangimento e culpabilização pelo que lhe ocultou relativamente à morte do filho.
O chefe não força a situação, nem revela propriamente que o queira culpabilizar.
Essa atitude de aparente deferência ou indiferença, julgo que ainda fere mais Quílez.
Não sei se haverá ainda mais qualquer outro melindre!
A mulher de Fran regressou do hospital, mais remoçada. Ele, com novo visual e sem a "sua" Marina, que migrou para Málaga, à procura de melhor negócio e de amor mais firme, agradeceu o renovamento da mulher e retornou aos tempos iniciais do casamento.
Raquel, é este o nome da esposa, resolveu festejar com o casal amigo, Quílez e Isa, apesar do constrangimento destes. Fran nunca lhe contara do imbróglio em que o compadre os metera, mas não foi preciso muito para que Isa, em conversa de cozinha com a comadre, desse com a língua nos dentes.
E vou encurtar, que muito fica nos entretantos e nos entrementes, apenas lembro que Raquel foi fazer queixa na própria esquadra, diretamente ao subchefe, para que o processo de investigação da morte do filho seja reaberto, o que não foi surpresa para Quílez, que se manifestou aliviado pelo facto. Foi como se lhe tirassem um peso de cima.
Veremos no que isto vai dar!
Dê no que der eu vou terminar!
Supondo que a série vai continuar, não sei se ainda na segunda temporada, se já numa terceira.
A RTP 2 volta a transmitir uma série policial europeia, francesa: “Les Témoins” – “As Testemunhas”. Série de seis episódios, numa 1ª temporada.
Ainda não foi desta que deram seguimento à célebre “Les Engrenages” – “Crime e Castigo”, mas esta nova série (2014/2015) também é deveras interessante.
A ação decorre nos tempos atuais, em Tréport, na Alta Normandia, onde ocorrem crimes macabros, perpetrados por figuras sinistras, chefiadas por um serial-killer, Kaz Gorbier, (Laurent Lucas), supostamente morto num incêndio, na prisão onde se encontrava detido. Sendo que o fogo fora provocado e iniciado na cela por ele coabitada com mais dois presidiários. Supostamente morto e enterrado, mas na verdade solto, conforme se confirmou no 2º episódio.
Protagonizada por Marie Dompnier, no papel de Sandra Winckler, uma jovem polícia encarregue do caso e Thierry Lhermitte, no desempenho de Paul Maisonneuve, antigo polícia retirado e lenda da Polícia Judiciária de Lille, que, face às circunstâncias envolvendo o caso, reassume as suas funções e, conjuntamente com Sandra, lidera uma equipa de investigação, tentando desvendar os mistérios, as causas e enquadramentos dos crimes.
Atente-se no sobrenome do chefe de polícia: Maisonneuve – Casa Nova.
E porquê?
Porque os crimes acontecem numa zona residencial de vivendas novas, casas novas, em processo de lançamento e divulgação, precisamente nas casas modelos, destinadas a serem visitadas e mostradas aos futuros e potenciais clientes.
E em que consistem os crimes?
Foram profanados seis túmulos recentes e os respetivos corpos foram colocados em duas dessas casas modelos. Por entre os móveis impecáveis, um homem adulto, uma mulher e uma jovem, que não se conheciam entre si, são dispostos macabramente, como se formassem uma pretensa família ideal!
E também... na 2ª casa modelo, por entre as fotos e variados objetos de sala, uma foto emoldurada de Paul Maisonneuve! !!!
E este é o leitmotiv fundamental do enredo... Que é muito mais complexo...
No contexto geral do enredo, são afloradas, não sei se mais desenvolvidas no decurso da ação, questões tão correntes atualmente como sejam a especulação imobiliária e a desapropriação indevida, compulsiva e enganosa, de terrenos de particulares, ou mesmo públicos, para satisfação dessa febre gananciosa de construção. Neste caso, e paradoxalmente, de um cemitério. Chão sagrado!